Por Honório de Medeiros
“Iluminar a realidade”, disse-me o poeta/filósofo. Ou seria filósofo/poeta?
Não importa.
Hoje a filosofia não mais se expõe poeticamente. Veste outra vestes, sem elegância.
Foi-se o tempo de Heráclito de Éfeso: “não se pode entrar duas vezes no mesmo rio”, célebre fragmento que tanto impressionou Wittgenstein. “Tudo flui”…
Ah!, a beleza da filosofia dos gregos arcaicos…
Quem terá sido o último dos filósofos/poetas? Talvez Gaston Bachelard: “o Conhecimento é sempre a reforma de uma ilusão”. Ou mesmo: ” O pensamento puro deve começar por uma recusa da vida. O primeiro pensamento claro é o pensamento do nada.”
Suprema gnosiologia…
Certa vez, quando exposto um senão, o horizonte foi apontado, naquela linha onde se fundem mar e céu, e a resposta enunciada por um filósofo/poeta: “procure iluminar a realidade”. Somente assim podemos enxergar.” Simples assim.
A poesia – ela transfigura e sintetiza o comum, o banal, o trivial.
Muitas palavras lavradas na árida linguagem técnica diriam o mesmo, até de forma mais precisa, reconheçamos.
Entretanto essa frase descerrou véus e foi possível enxergar claramente, pois há sempre uma nesga, um fragmento de realidade a ser iluminada, revelada, exposta, onde antes nada havia além de escuridão e ignorância.
Então, assim, o Homem é muitos, mesmo sendo nenhum.
Honório de Medeiros é professor, escritor e ex-secretário da Prefeitura do Natal e Governo do Estado do RN
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