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sábado - 24/09/2022 - 16:14h
Luto

Mary Cantídio, símbolo da distinção das grandes damas de Mossoró

Por Honório de Medeiros

Com o falecimento de Mary Cantídio, perdemos um símbolo da distinção que caracterizava as grandes damas da antiga Mossoró.

Mary Cantídio: boas lembranças (Foto: redes sociais)

Mary Cantídio: boas lembranças (Foto: redes sociais)

Elegante, discreta, requintada, Mary foi casada com Aldo Fernandes, primo “legítimo” – como dizemos por aqui – de minha mãe, o filho caçula de Ezequiel Fernandes, grande condutor de Alfredo Fernandes e Cia. Ltda., nos áureos tempos da riqueza que o algodão proporcionou.

Mary Cantídio e Aldo estão em minhas mais antigas lembranças de menino adolescente atrevido, sempre carinhosamente recebido na residência deles, quando voltava da missa dominical na Catedral de Mossoró. Ambos, sentados em cadeiras de palhinha Gerdau, tomando o frescor da noite na entrada da casa que possuíam em frente à lateral da Praça do Codó, vizinha a de Dix-neuf Rosado, simpaticamente me acolhiam para alguns dedos de prosa.

Conversávamos basicamente acerca de livros: Aldo, amante da leitura, teve, inclusive, uma plaquete publicada pela Coleção Mossoroense, que eu já tentei localizar, mas não consegui. De Mary, não esqueço os livros de M. Delly, paixão de minha mãe, que com ela se abastecia regularmente em visitas semanais em minha companhia.

Nos veraneios em Tibau do Norte, para chegarmos à praia, nós, os primos que lotávamos a casa de Tio Chico Sena, tínhamos que passar por entre as casas de Aldo e Mary e a de Seu João Cantídio, pai dela, onde Coconha, seu irmão, viveu até a morte.

Sempre havia tempo e gentileza para acolherem uma ou outra palavra do menino atrevido. A distinção característica de Mary é algo que o tempo está levando, portanto rara, atualmente. Está circunscrita a uma época que desaparece lentamente, consumida pela vulgaridade, a falta de educação, a sofisticação vazia baseada em consumo desenfreado.

Dizem alguns que é assim porque houve uma democratização nos costumes. Que a realidade, hoje, é outra. Pode ser. Se assim o é, para mim faz muito sentido dizer “Oh tempos!; Oh costumes!”, parodiando Cícero, em seu discurso no Senado, nas célebres Catilinárias.

Concordo com ele, e, pelo meu lado, lamento muito o falecimento de Mary Cantídio neste sábado (24), em Mossoró, símbolo de uma época na qual a elegância era uma condição natural.

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Categoria(s): Crônica

Comentários

  1. José Marconi Varella Amorim diz:

    É com tristeza que informo o falecimento de Dr. Divani da Silva Costa.
    Aos familiares de Dona Mary Cantídio, meus sentimentos.
    Boa noite

  2. Rocha Neto diz:

    Difícil aceitar a morte, mais é uma certeza que todos nós temos.
    As irmãs Mary Esther e Vera, filhas de dona Mary Cantídio, que Deus dê a devida força para superar difícil momento vivido por vocês e demais familiares.
    Só o tempo e a fé em Deus acomodarão a saudade que ficará eternizada nas lembranças de todos.
    Meu abraço fraternal a amiga Rose Mary Cantídio, lembrando que sua irmã Mary sempre foi exemplo de fidelidade fraternal durante sua permanência ao vosso lado. Amiga, palavras são vãs neste momento, sua crença em Deus te acomodará tenha certeza.

  3. Odemirton Filho diz:

    Belo texto. Bela homenagem, meu caro Honório.
    Meus sinceros sentimentos à família de Dona Mary Cantídio.

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