O percentual de pessoas sem nenhum fator de risco entre os mortos por covid-19 no Brasil sobe há 6 meses e chegou a 27,4% em março. É o número mais alto desde maio de 2020 (32%), quando havia menos protocolos para lidar com pacientes nos hospitais. Nos últimos 6 meses, a alta foi de 7,5 pontos percentuais.
Ou seja, o agravamento da pandemia coincide com aumento da presença de pessoas sem doenças prévias entre os mortos.
Os dados são de levantamento feito pelo Poder360 em 295.834 registros de mortes por covid que têm informação sobre presença ou ausência de doenças pré-existentes no banco de dados do SUS. As informações vão de março de 2020 a 29 de março de 2021.
A maior circulação de pessoas jovens e sem doenças prévias contribui com esse cenário. Há outras razões, como a sobrecarga do sistema de saúde brasileiro.
Mais mortes
“O grau de infecciosidade das novas variantes é muito alto. As pessoas sem doenças pré-existentes ou mais jovens circulam mais que os outros, estão mais expostas. E o jeito como elas têm chegado às UTIs contribui com o aumento de mortes. Já chegam precisando de ventilação mecânica, de diálise, de ECMO (pulmão artificial). Pacientes que chegam nessa situação também morrem mais“, diz o médico Ederlon Rezende, que faz parte do conselho consultivo da Amib (Associação de Medicina Intensiva Brasileira).
A última vez que o percentual de mortos sem nenhuma comorbidade esteve tão alto foi durante a 1ª onda de contágios. Em abril e maio de 2020, 32% dos mortos não tinham condição pré-existente. Além de se saber menos sobre a doença naquele momento, os sistemas hospitalares do Norte e de algumas regiões do Nordeste entraram em colapso nos meses iniciais da pandemia.
Doenças pré-existentes
Embora esteja em queda nos últimos 6 meses, o percentual de mortos em março que já tinham alguma doença pré-existente é alto: 72,6%. Se considerarmos dados de todo o período da pandemia, 3 em cada 4 mortos possuíam alguma comorbidade.
Dos quase 296 mil registros de mortos analisados pelo Poder360, 125 mil indicam alguma doença pré-existente relacionada ao sistema cardiovascular. A 2ª condição mais presente nas pessoas que morreram é a diabetes: 31,4% de todos os óbitos por covid foram de diabéticos.
“As duas condições são também muito comuns na população brasileira como um todo, o que ajuda a explicar, em parte, a presença no grupo dos mortos por covid-19“, diz Bozza.
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