• Cachaça San Valle - Topo - Nilton Baresi
terça-feira - 31/01/2017 - 10:07h
Eike Batista

O escárnio, o recalque e o “X” da questão

É provável que seja mais fácil ser feliz rico, do que compondo a ralé – lá no subsolo da pirâmide social. Pelo menos para ter bens de consumo, sim. Deve ser ótimo.

Nem posso me arriscar a falar desse patamar humano, porque não herdei nada, sou incompetente para acumular capital e sem coragem para tentar o apogeu por via tortuosa.

Mas nem por isso, em face de minha condição de “liso estável”, desejo a qualquer um que esteja no topo, a pobreza e a infelicidade. Aplaudo os vitoriosos, sem qualquer constrangimento.

Eike: careca, humilhado (Foto: Globo News)

Vendo Eike Batista preso, humilhado e careca, não obstante ainda milionário, não me estimula qualquer faceta sádica. Não me compraz seu infortúnio.

Percebo, no entanto, que muitos que o desdenham por viver o escárnio público, o fazem mais por recalque do que por senso de justiça.

Particularmente, não nutro admiração por ele. Como se fala no populacho: “Nem é carne nem é peixe” para mim.

Nunca li seu livro autobiográfico (hagiográfico, diz-se), mas identifico que se trata de um corrupto diferente da grande maioria que está nesse redemoinho fétido da política do país.

Ao se desvencilhar do xadrez, ele voltará à ativa como empreendedor vitorioso, logo fazendo nova fortuna em larga escala. Não tenho dúvidas.

Arrogante ou autoconfiante? Não sei. Talvez Eike seja um misto disso. Contudo é também um pouco símbolo desse Brasil em que a esperteza mais do que constranger, estimula muitos a serem vencedores a qualquer preço.

Feio, dizem, é perder.

Outros tantos, dessa horda, precisarão mais uma vez do ambiente insalubre dos subterrâneos da política. Só assim voltarão a juntar dinheiro e arrotar riqueza com o sofrimento de milhares e milhões de pessoas. É-lhes imprescindível o esgoto, seu habitat.

De aprendizado para cada um de nós, testemunhando as intempéries de Eike, fica a reflexão de que realmente… “tudo passa!”

Eike deve estar percebendo isso, até mesmo para tentar renascer do ocaso.

É o “X” da questão.

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Categoria(s): Opinião da Coluna do Herzog

Comentários

  1. Alberto Lopes diz:

    Muito boa a sua reflexão. Comungo em gênero, numero e grau com tudo que vc falou.

  2. Amorim diz:

    Compartilho com seu ponto de vista.
    O erro dele foi aderir as “regras do jogo político”.
    smj.

  3. Inácio Augusto de Almeida diz:

    Somente quem foi enganado por este meliante sabe o mal que ele causou a MILHARES de brasileiros que tiveram suas economias indo pelo ralo do engodo e da mentira. Este biltre anunciava que estava comprando um BILHÃO DE DÓLARES de ações da sua empresa de petróleo a fim de segurar o preço das ações por algumas horas e aproveitava este espaço de tempo para se desfazer das ações que tinha antes do preço derreter.
    EU NÃO TENHO PENA DE CORRUPTO. SEJA ELE MILIONÁRIO OU PÉ DE CHINELO QUE FAZ EMPRÉSTIMO CONSIGNADO E SE ESCAMA DO PAGAMENTO DAS PRESTAÇÕES.
    Este Eike levou centenas de pessoas ao desespero.
    Merece apodrecer na cadeia, como todo corrupto.
    E muito me alegra vê-lo algemado e de cabeça raspada para pagar parte da canalhices que praticou.
    Pagar todas as canalhices só se reencarnar milhares de vezes.
    Interessante é eu nunca ter lido uma só linha em defesa de um pobre que furta num supermercado uma lata de leite para dar a um filho faminto. Vejo muitos escrevendo que o linchamento destes pobres deserdados da sorte resolveria o problema.
    Na China o destino do Eike não seria a cadeia.
    Que Eike e todos os outros corruptos morram numa cela imunda.
    ////
    OS RECURSOS SAL GROSSO SERÃO JULGADOS NESTE TRIMESTRE. AGUARDEM!

  4. João Claudio diz:

    Na minha visão, não existe diferença entre um corrupto e outro corrupto. Não existe diferença entre um corrupto como menos posse, e um Eike Batista ou Marcelo Odebrecth. Todos são corruptos e todo corrupto é ladrão. Todos os corruptos e ladrões, são farinha do mesmo saco, sem distinção de cor, crença, condição social e financeira. Todos fazem mal aos cidadãos e todos merecem cadeia.

    E se é ladrão, seja pé de chinelo ou Eike Batista ou Marcelo Odebrecth, tem de ser achincalhado.

    Não me canso de repetir: só passa a mão na cabeça e sente peninha de ladrão e bandido, seja ele quem for, quem nunca foi roubado.

    O ”Eikinho” passou a perna em milhares de pessoas no brasil e no mundo. Perguntem a essa gente se eles torcem pelo retorno do corrupto?

    Ora, ora.

  5. FRANSUÊLDO VIEIRA DE ARAÚJO diz:

    Caro Jornalista Carlos Santos, Data Vênia à sua tentativa de dialogar com o Web-Leitor João Cláudio, porém, de há muito constato que, ante um fascista, não há, efetivamente não há, possibilidades de diálogo, posto que o mesmo, está preprado pra qualquer coisa, claro, menos para o diálogo.

    Nesse contexto, peço Vênia para transcrever, interessante, lúdico e ludico artigo publico na revista Carta Capital, vejamos:

    Conversar com um fascista: um desafio

    Em Adorno, a ignorância, a ausência de reflexão, a identificação de inimigos imaginários, a transformação dos acusadores em julgadores (e vice-versa) e a manipulação do discurso religioso são, dentre outros sintomas, apontados como típicos do pensamento autoritário.

    Pensem, agora, na naturalização com que direitos fundamentais são afastados e violados no Brasil, na crença no uso da força (e do sistema penal) para resolver os mais variados problemas sociais, na demonização de um partido político (que, apesar de vários erros, e ao contrário de outros partidos apontados como “democráticos”, não aderiu aos projetos a seguir descritos), no prestígio novamente atribuído aos “juízes-inquisidores”, nos recentes linchamentos (inclusive virtuais), no número tanto de pessoas mortas por ação da polícia quanto de policiais mortos e nos projetos legislativos que: a) relativizam a presunção de inocência; b) ampliam as hipóteses de “prisão em flagrante” em evidente violação aos limites semânticos da palavra “flagrante” inscrita no texto Constitucional como limite ao exercício do poder; c) criminalizam os movimentos sociais com a desculpa de prevenir “atos de terrorismo”; d) impedem o fornecimento de “pílulas do dia seguinte” para profilaxia de gravidez decorrente de violência sexual e criminalizam médicos que dão informações para mulheres vítimas de violência sexual; e) eliminam o princípio constitucional da gratuidade na educação pública, dentre outras aberrações jurídicas. Conclusão? Avança-se na escala do fascismo.

    O fascismo recebeu seu nome na Itália, mas Mussolini nunca esteve sozinho. Diversos movimentos semelhantes surgiram no pós-guerra com a mesma receita que unia voluntarismo, pouca reflexão e violência contra seus inimigos. Hoje, parece que há consenso de que existe(m) fascismo(s) para além do fenômeno italiano ou, ainda, que o fascismo é um amálgama de significantes, um “patrimônio” de teorias, valores, princípios, estratégias e práticas à disposição dos governantes ou de lideranças de ocasião (que podem, por exemplo, ser fabricadas pelos detentores do poder político ou econômico, em especial através dos meios de comunicação de massa), que disseminam o ódio contra o que existe para conquistar o poder e/ou impor suas concepções de mundo.

    O fascismo possui inegavelmente uma ideologia: uma ideologia de negação. Nega-se tudo (as diferenças, as qualidades dos opositores, as conquistas históricas, a luta de classes, etc.), principalmente, o conhecimento e, em consequência, o diálogo capaz de superar a ausência de saber.

    Os fascistas, como já foi dito, talvez não saibam o que querem, mas sabem bem o que não suportam. Não suportam a democracia, entendida como concretização dos direitos fundamentais de todos, como processo de educação para a liberdade e de limites ao exercício do poder. Essa mistura de pouca reflexão (o fascismo, nesse particular, aproxima-se dos fundamentalismos, ambos marcados pela ode à ignorância) e recurso à força (como resposta preferencial para os mais variados problemas sociais) produz reflexos em toda a sociedade.

    As práticas fascistas revelam uma desconfiança. O fascista desconfia do conhecimento, tem ódio de quem demonstra saber algo que afronte ou se revele capaz de abalar suas crenças. Ignorância e confusão pautam sua postura na sociedade. O recurso a crenças irracionais ou anti-racionais, a criação de inimigos imaginários (a transformação do “diferente” em inimigo), a confusão entre acusação e julgamento (o acusador – aquele indivíduo que aponta o dedo e atribui responsabilidade – que se transforma em juiz e o juiz que se torna acusador – o inquisidor pós-moderno) são sintomas do fascismo que poderiam ser superados se o sujeito estivesse aberto ao saber, ao diálogo que revela diversos saberes.

    Diante dos riscos do fascismo, o desafio é confrontar o fascista com aquilo que para ele é insuportável: o outro. O instrumento? O diálogo, na melhor tradição filosófica atribuída a Sócrates. Talvez esse seja o objetivo do diálogo proposto pela filósofa Marcia Tiburi em seu novo livro, que tive o prazer de apresentar (o prefácio é do sempre excelente Jean Wyllys).

    Em “Como conversar com um fascista: reflexões sobre o cotidiano autoritário brasileiro” (Rio de janeiro: Record, 2015), a autora resgata a política como experiência de linguagem, sempre presente na vida em comum, e investe nessa operação, que exige o encontro entre o “eu” e o “tu”, apresentada como fundamental à construção democrática. De fato, a qualidade e a própria existência da forma democrática dependem da abertura ao diálogo, da construção de diálogos genuínos – que não se confundem com monólogos travestidos de diálogos – em que a individualidade e os interesses de cada pessoa não inviabilizam a construção de um projeto comum, de uma comunidade fundada na reciprocidade e no respeito à alteridade.

    Ao tratar da personalidade autoritária, dos micro-fascismos do dia-a-dia, do consumismo da linguagem, da transformação de pessoas em objetos, da plastificação das relações, da idiotização de parcela da população, dentre outros fenômenos perceptíveis na sociedade brasileira, Marcia Tiburi sugere uma mudança de atitude do um-para-com-o-outro.

    Nos diversos ensaios deste livro, a autora conduz o leitor para um processo de reflexão e descoberta dos valores democráticos, bem como desvela as contradições, os preconceitos e as práticas que caracterizam os movimentos autoritários em plena democracia formal.

    Mas, não é só.

    Ao propor que a experiência dialógica alcance também os fascistas, aqueles que se recusam a perceber e aceitar o outro em sua totalidade, Marcia Tiburi exerce a arte de resistir. Dialogar com um fascista, e sobre o fascismo, forçar uma relação com um sujeito incapaz de suportar a diferença inerente ao diálogo, é um ato de resistência. Confrontar o fascista, desvelar sua ignorância, fornecer informação/conhecimento, levar esse interlocutor à contradição, desconstruindo suas certezas, forçando-o a admitir que seu conhecimento é limitado, fazem parte do empreendimento ético-político da autora, que faz neste livro uma aposta na potência do diálogo e na difusão do conhecimento como antídoto à tradição autoritária que condiciona o pensamento e a ação em terra brasilis. O leitor, ao final, perceberá que não só o objetivo foi alcançado como também que a autora nos brindou com um texto delicioso, original, profundo sem ser pretensioso. Mais do que recomendada a leitura.

    Aproveito para convidar a todos/todas para os lançamentos já confirmados:

    05/11 – Rio de Janeiro. Local: Travessa do Leblon.

    10/11 – São Paulo. Local: Espaço Revista Cult.

    23/11- Belo Horizonte. Local: Sempre um Papo.
    Rubens Casara é Doutor em Direito, Mestre em Ciências Penais, Juiz de Direito do TJ/RJ, Coordenador de Processo Penal da EMERJ e escreve a Coluna ContraCorrentes, aos sábados, com Giane Alvares, Marcelo Semer, Marcio Sotelo Felippe e Patrick Mariano.

    Um baraço

    FRANSUÊLDO VIEIRA DE ARAÚJO.
    OAB/RN. 7318.

  6. jbsouto diz:

    No Brasil até corruptos e corruptores são “contra” a corrupção,pois qual não foi minha surpresa ao assistir, ontem, no Jornal Hoje o empresário Eike Batista tecendo elogios a operação lava-jato. Quanto a queda do empresário existe uma expressão que mostra como o poder é efémero:”Do Capitólio à rocha Tarpeia não vai mais que um passo”. No Capitólio também fica a Rocha Tarpéia, onde os condenados a morte eram atirado para caírem no Fórum Romano embaixo para alegria dos plebeus e para sujar a toga dos Senadores.
    Dejectio e Rupe Tarpeia: A Rocha Tarpeia era um precipício onde eram feitas execuções de traidores e criminosos, que eram jogados para sua morte do seu topo. O nome, segundo o magistrado Plutarco, vem da história de Tarpeia, uma romana que traiu a cidadela aos sabinos. Tarpeia propôs um acordo: ela abriria os portões da cidade em troca do que carregavam em seu braço esquerdo (braceletes de ouro). Após tomar a cidade à noite, o general Tito Tácio cumpriu sua promessa ao pé da letra, arremessou os braceletes de ouro sobre Tarpeia assim como seu escudo e seus soldados fizeram o mesmo. Em sinal de desprezo, ela foi esmagada pelo peso de sua traição. Existem outras versões da história, porém todas partem do mesmo princípio de traição envolvendo Tarpeia. Ser jogado da rocha Tarpeia era de certa forma um destino pior que a morte, pois carregava um senso de vergonha.
    Fontes: //arspblica.blogspot.com.br, //desciclopedia.org/wiki/Capit%C3%B3lio e //historiadodireitofmp.blogspot.com.br/2015/11/punicoes-romanas.html

  7. João Claudio diz:

    O destino de ”Eikinho” nos EUA também seria EX-TRE-MA-MEN-TE diferente.

    Lembrando que ”ele’ está preso em uma cela ”especial”, frequentada por policiais corruptos e da mesma laia que o ex dublê de milionário.

    Em assim sendo, eu continuo a me chamar João Claudio (o terror dos PTralha$ desesperados), e a dizer que a justiça no brasil funciona de uma forma para uns, e para outros não. Ou seja, no país que foi descoberto por acaso, ”dotô” sempre será ”dotô” e Zé Pé de Chinelo será sempre Zé Pé de Chinelo.

    Não deveria, mas juridicamente no brasil a diferença entre os dois é abissal.

    Lembrando que o Jean Willy também é um ”SEMPRE EXCELENTE” cuspidor KKKKKKKKKKKKKKKKK

  8. naide maria rosado de souza diz:

    Muito bom texto, Jornalista Carlos Santos. A essência da humanidade. Não se trata da defesa de ninguém. É não apoiar o escárnio. Existe um limite quando se analisa uma punição, mesmo a válida. Quando pisamos e cuspimos nos tornamos feras.

  9. João Claudio diz:

    ♫ Você vai me matar de rir (◕‿◕) (◕‿◕) (◕‿◕) (◕‿◕) (◕‿◕) (◕‿◕) (◕‿◕)

    ♫ Fazendo cócegas

    ♫ Por que me maltratar assim

    ♫ Fazendo cócegas

    ♫ Vou desmaiar, não aguento mais

    ♫ Fazendo cócegas

    ♫ Estou sorrindo, mas posso chorar (͡๏̯͡๏) (͡๏̯͡๏) (͡๏̯͡๏) (͡๏̯͡๏) (͡๏̯͡๏) (͡๏̯͡๏) (͡๏̯͡๏) (͡๏̯͡๏) (͡๏̯͡๏) (͡๏̯͡๏) (͡๏̯͡๏)

    ♫ Fazendo cócegas…

    ♫ Ai, KKKKKKKKKKKKKKKKKKKK (◕‿◕) (◕‿◕) (◕‿◕) (◕‿◕)

    ♫ Ai, KKKKKKKKKKKKKKKKKKK (◕‿◕) (◕‿◕) (◕‿◕) (◕‿◕)

    ♫ Ai, KKKKKKKKKKKKKKKKKKK (◕‿◕) (◕‿◕) (◕‿◕) (◕‿◕)

    ♫ Ai, KKKKKKKKKKKKKKKKKKKK (◕‿◕) (◕‿◕) (◕‿◕) (◕‿◕)

  10. João Claudio diz:

    ”Na terra onde a justiça só prende puta, preto e pobre, quando um rico é encarcerado a ”massa” vai ao delírio. Isso é fato”.

    (João Claudio)

    E haaaaaaja coração. E haja gritos de ladrão.

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