segunda-feira - 28/04/2008 - 07:30h

O título que o Potiguar não perdeu

O padre católico Adelir de Carli, desaparecido no litoral do Paraná desde o dia 20 de abril passado, resolveu subir aos céus amarrado em mil balões com gás hélio. Seu destino seria a cidade de Dourados no Mato Grosso.

O vento o levou, de Santa Catarina, justamente para o sentido inverso: o litoral. Até hoje não foi encontrado. Esse é o resultado típico de um projeto com foco, mas sem organização e planejamento.

O exemplo se enquadra à vida pessoal ou qualquer empreendimento coletivo, como o futebol. Perto de perder contato com a terra, o padre avisou por um telefone celular que não sabia operar o aparelho de localização por satélite que carregara (GPS). Parecia não ter conhecimento sobre outros aspectos necessários à estranha viagem a que se propôs.

Quem tenta explicações técnicas ou sobrenaturais para o fato do ABC ter ganho o Campeonato Estadual de Futebol do RN-2008 e não o Potiguar de Mossoró, precisa se despir de paixões. Ou pelo menos tentar. Os argumentos para o título ter ficado em Natal, na sala de troféus do ABC, são facilmente localizados.

O Potiguar não perdeu o título. Deixou de ganhar. Não se preparou para a conquista. Poderia vencê-la. Perdeu e não tem do que se queixar muito. Não houve falta de sorte. Nem cabe a partícula "se". Talvez fosse campeão "se" tivesse pelo menos empatado com o América em Mossoró, na semifinal. Tolice.

A equipe mossoroense foi irregular e inconfiável durante toda a corrida até a final.

Do time que entrou em campo contra o alvinegro no domingo (27), no Estádio Frasqueirão, ficando no 2 x 2, nenhum dos jogadores tinha começado a temporada 2008. Ou seja, tivemos outro time completo. Do goleiro ao camisa 11.

No primeiro turno, o alvirrubro mossoroense jogou com um time e no segundo apresentou outro. Foi ainda favorecido pela paralisação do campeonato durante um bom tempo, o que o ajudou na afinação do novo plantel. O mesmo ocorreu com o ABC.

O diferencial do ABC é que tinha uma base. O grupo campeão é remanescente da temporada de 2007. Ganhou o primeiro turno em cima disso. Mas no segundo, sequer se classificou entre os quatro semifinalistas, tamanha suas limitações.

Com o tempo a seu favor, a diretoria enxertou mais alguns reforços. Mesmo assim, graças à desorganização do campeonato, há um quadro estranho e próprio de disputas amadoras.

Do plantel campeão do ABC, pelo menos onze jogadores não atuaram sequer um dos turnos do Campeonato Estadual-2008. Foram contratados para dois jogos da decisão contra o Potiguar, porque o regulamento permitia essa anomalia.  Sem essa brecha, pouco provável que fosse campeão.

O ABC conseguiu ser o menos ruim de um Estadual medíocre, com escassos talentos e outra vez tomado por brigas no chamado "tapetão". Raros foram os jogos a empolgar. Pelo menos a final valorizou o título merecido do ABC.

Que a temporada 2009 seja menos sofrível e de mais respeito ao torcedor.

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Categoria(s): Blog

Comentários

  1. antonio tarcísio diz:

    parabéns carlos pela belíssima análise/comentário a respeito do péssimo futebol do nosso estado, que, a cada ano menos empolga ao torcedor potiguar.

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