Por Ricardo Rosado (Blog Fator RRH)
Não importa se o manual de redação é novo ou velho.
Se sou um dinossauro na profissão de jornalista., depois de 41 anos na área.
Sequer se é manual de jornalismo.
Pode ser mesmo de boas maneiras.
Também não quero dar aula.
Meus 32 anos na UFRN já vão longe e percebi que estou aposentado há cinco anos.
Mas chamou minha atenção para as novas formas de tratamento que repórteres estão dando para as fontes.
Aquele tom formal e cerimonioso, tratando a fonte pelo cargo ou antecedendo a pergunta por um protocolar “senhor”, “senhora”, está fora de moda.
Repórter agora trata fonte com uma grande intimidade.
Não importa se é o Governador do Estado, um Ministro, um deputado, um secretário municipal, um vereador ou líder comunitário.
A regra é tratar por você a todos.
Assim destrói a necessária distância que o repórter precisa ter da fonte e do próprio fato.
A linguagem jornalística, em sua maior parte, refere-se a algo exterior ao repórter.
A fonte também.
Muitos dos entrevistados de hoje tem a idade que tenho de profissão.
Ou menos.
Mesmo assim costumo tratar a todos com um certo respeito.
Salvo uma outra exceção, onde já catalogo na condição de amigos pessoais.
Mesmo assim, se for diante de todos, ou numa entrevista coletiva, prefiro manter a distância.
Não é frescura acadêmica.
Receio que em pouco tempo o repórter tratará a fonte por “meu bichim, brother, mano, cara, tá ligado, boy, boysinha.
Ou por doidim e doidinha, o que será uma catástrofe.
Tão simples chamá-los de senhor, senhora, ou pelo cargo.
A mudança de tratamento com as pessoas, não se dá apenas na profissão de jornalismo. É geral. O aluno com o professor, o filho com os pais, com o vizinho mais idoso e com qualquer pessoa que exerça as profissões listadas no texto acima. Hoje existem pessoas, quase sempre jovens, que se precisar se dirigir a um juiz, desembargador, a um governador de estado ou ministro, não sabem que existe um tratamento especial para cada um deles. Será que os pais ou a escola não ensinou? Ou eles acham que isso não tem importância?
Foi ensinado, tem nos livros, mas em nome da modernidade (e seus dogmas) o importante é informar o mais rápido possível, independente da qualidade, o que importa em nossa sociedade atual é a quantidade, nada de parar, respirar e tentar entender com profundidade o que está escrito.
Gente, chamar um governador dessas coisas ? Se ele for íntimo é ” brother”, se ele usar droga escuta um ” tá ligado”, se for parente é “mano’ , se for novo é “boy”, se for feio é “meu bichim”, e se fizer besteira no governo, vira o “doidim”. Sem palavras, kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
E se ele for gago, alienígena e incompetente???
Gaguinho, ET., Parasita.
Muito bom texto, Ricardo Rosado. O respeito, por mais que o tempo passe e a modernidade se instale, deve ser preservado. A cerimônia, resguarda relacionamentos. Parabéns!