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quarta-feira - 10/06/2015 - 11:18h
Jornalismo

O tratamento com a fonte vem mudando muito

Por Ricardo Rosado (Blog Fator RRH)

Não importa se o manual de redação é novo ou velho.

Se sou um dinossauro na profissão de jornalista., depois de 41 anos na área.

Sequer se é manual de jornalismo.

Pode ser mesmo de boas maneiras.

Também não quero dar aula.

Meus 32 anos na UFRN já vão longe e percebi que estou aposentado há cinco anos.

Mas chamou minha atenção para as novas formas de tratamento que repórteres estão dando para as fontes.

Aquele tom formal e cerimonioso, tratando a fonte pelo cargo ou antecedendo a pergunta por um protocolar “senhor”, “senhora”, está fora de moda.

Repórter agora trata fonte com uma grande intimidade.

Não importa se é o Governador do Estado, um Ministro, um deputado, um secretário municipal, um vereador ou líder comunitário.

A regra é tratar por você a todos.

Assim destrói a necessária distância que o repórter precisa ter da fonte e do próprio fato.

A linguagem jornalística, em sua maior parte, refere-se a algo exterior ao repórter.

A fonte também.

Muitos dos entrevistados de hoje tem a idade que tenho de profissão.

Ou menos.

Mesmo assim costumo tratar a todos com um certo respeito.

Salvo uma outra exceção, onde já catalogo na condição de amigos pessoais.

Mesmo assim, se for diante de todos, ou numa entrevista coletiva, prefiro manter a distância.

Não é frescura acadêmica.

Receio que em pouco tempo o repórter tratará a fonte por “meu bichim, brother, mano, cara, tá ligado, boy, boysinha.

Ou por doidim e doidinha, o que será uma catástrofe.

Tão simples chamá-los de senhor, senhora, ou pelo cargo.

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Categoria(s): Artigo / Comunicação

Comentários

  1. Railda Lopes diz:

    A mudança de tratamento com as pessoas, não se dá apenas na profissão de jornalismo. É geral. O aluno com o professor, o filho com os pais, com o vizinho mais idoso e com qualquer pessoa que exerça as profissões listadas no texto acima. Hoje existem pessoas, quase sempre jovens, que se precisar se dirigir a um juiz, desembargador, a um governador de estado ou ministro, não sabem que existe um tratamento especial para cada um deles. Será que os pais ou a escola não ensinou? Ou eles acham que isso não tem importância?

    • Junior 100 diz:

      Foi ensinado, tem nos livros, mas em nome da modernidade (e seus dogmas) o importante é informar o mais rápido possível, independente da qualidade, o que importa em nossa sociedade atual é a quantidade, nada de parar, respirar e tentar entender com profundidade o que está escrito.

  2. ROSANA diz:

    Gente, chamar um governador dessas coisas ? Se ele for íntimo é ” brother”, se ele usar droga escuta um ” tá ligado”, se for parente é “mano’ , se for novo é “boy”, se for feio é “meu bichim”, e se fizer besteira no governo, vira o “doidim”. Sem palavras, kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

  3. naide maria rosado de souza diz:

    Muito bom texto, Ricardo Rosado. O respeito, por mais que o tempo passe e a modernidade se instale, deve ser preservado. A cerimônia, resguarda relacionamentos. Parabéns!

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