Para Flávio Rocha, as conquistas brasileiras recentes, como a estabilidade da moeda e a redução das desigualdades dependem fundamentalmente de o país recuperar espaço não só no mercado externo mas, também, no interno. À frente de uma rede com 257 lojas espalhadas pelo país, Rocha é enfático ao defender o papel do varejo na melhoria de renda da população brasileira a partir dos anos 2000. “Tem muita gente querendo ter a paternidade desse milagre do varejo, mas isso não tem a ver com bolsa isso ou aquilo, crédito, não”, sustenta.
“O crédito se deu naturalmente, com o controle da inflação.”
Ex-deputado federal pelo Rio Grande do Norte, Rocha vê no monopólio estatal a raiz do escândalo de corrupção que assola a Petrobras. O antídoto natural para o problema, acrescenta ele, é o livre mercado.
“O que nos move, o que nos tira da cama de manhã e nos faz dormir tarde é concorrência. É a concorrência que é o motor da humanidade”, acredita o presidente da Riachuelo.
Qual a sua expectativa para a gestão do novo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior?
Na última segunda-feira, foram duas reuniões com o Armando Monteiro. Lá na Federação do Comércio, onde estive representando o IDV (Instituto de Desenvolvimento do Varejo), que eu presidi, e, depois, na Fiesp, usando meu outro chapéu, de industrial. Ele está muito focado nessa questão da exportação. Com muito menos esforço, você consegue capturar US$ 100 de mercado que os chineses ou a concorrência internacional estão perdendo aqui dentro. O esforço para você atravessar o oceano e ganhar essa quantia é muito maior.
O país tem condições de concorrer com os chineses?
Tanto na Fecomércio como na Fiesp, a constatação geral é a perda vertiginosa de competitividade. Primeiro, você pede a capacidade de exportar. Depois, começa a perder o seu quintal, o mercado doméstico. Isso ficou muito claro. Nós tivemos um grande momento de exportação, por volta de 2005, quando foi o pico de exportação. Deixamos de exportar, a balança se tornou negativa e começamos a perder terreno dentro de casa. O ministro só está falando em armas, linhas de crédito subsidiadas pelo BNDES, só fala em exportação. Só que é tão mais fácil você recuperar o terreno que perdeu aqui. Primeiro, você já causou uma estranheza no varejo, que foi o grande propulsor do que aconteceu de bom nessa década. Foi o instrumento da inclusão, de que o governo tanto fala.
A inclusão social não tem a ver, também, com o aumento da renda da população?
É uma discussão entre o que veio primeiro, a galinha ou o ovo. O ganho de produtividade da economia que leva ao aumento da renda. Se essa revolução, cujo grande impacto é o aumento de produtividade, não só no varejo. Nasce no varejo, mas contamina toda a cadeia com aumento de produtividade. O melhor cenário seria se nós tivéssemos conseguido conter a pesada carruagem que nós carregamos nas costas, chamada Estado, no mesmo tamanho de quando esta revolução começou, de 20% do PIB. Aí, a China seria aqui. Mas, infelizmente, nesse ganho de produtividade, os efeitos positivos foram parcialmente consumidos pelo inchaço da parcela improdutiva da sociedade pelo Estado, que cresceu por causa da formalização.Enquanto ela tem um efeito positivo de aumento na produtividade, tem um negativo de aumento no tamanho da carruagem. É como se você tivesse um automóvel, no qual você colocou um tubo compressor que ficou duas vezes mais potente. Mas a carroceria ficou duas vezes mais pesada. E a sinalização do governo é o ajuste fiscal pela via fácil, com ainda mais aumento no peso da carruagem. Ninguém está preocupado em mexer nas raízes da perda de competitividade, que é o inchaço dessa carruagem.
Qual o peso da formalização nessa expansão do varejo?
Na última reunião do IDV, a gente apresentou um estudo feito com a McKinsey, que mostra uma transformação muito interessante, na qual o varejo é protagonista. Foi a década da formalização. O Brasil é o país que mais se formalizou nesses dez anos. Dentro desse universo do Brasil, o setor que mais se formalizou foi o varejo. E a correlação entre formalização e produtividade é de um para um, total. Quando você formaliza, automaticamente vem um ganho enorme de produtividade. Uma farmácia de cadeia, de alta produtividade , é oito vezes mais produtiva do que a farmácia de fundo de quintal. Um supermercado de alta produtividade, um Carrefour, um Extra é seis vezes mais prod<CW0>utivo do que um supermercado de fundo de quintal. A loja de departamentos é cinco vezes mais produtiva. Esse efeito de ganho de produtividade tem um contágio em toda a cadeia de suprimentos. Quando você formaliza, o varejo tem esse poder de contágio.
A ênfase nas exporações atrapalha o varejo?
Acho que ele (Armando Monteiro) vai pegar o artilheiro, que fez boa parte dos gols nesse período, e colocar no banco de reservas.
Não dá para varejistas e exportadores caminharem juntos?
Não sei qual é a dose de competitividade adicional que ele (Armando Monteiro) tem na manga do colete para nos proporcionar. Tomara que seja grande a ponto de nos permitir recuperar não só o mercado doméstico, como vender camisa para a China. Não sei qual é a dose de surpresas boas que ele tem. Mas com a mesma dose de competitividade que ele puder proporcionar à indústria hoje, ou à economia brasileira… O timing é este: você perde a capacidade de exportar. A balança comercial de cada setor, em diferentes momentos, vira negativa. Ele (o concorrente estrangeiro) começa a invadir o seu jardim. Em nossa empresa, por exemplo, nós produziamos 80% de toda a confecção vendida. Nossa importação era de 5%. Isso em 2010. Em cinco anos, nós fomos de 5% para 35%. E nossa produção própria caiu para os mesmos 35%. A diferença é de terceiros.
Como avalia a política industrial brasileira?
A melhor política industrial é um ambiente de negócios business friendly. Nós temos um ambiente de negócios hostil. Não é só a carga tributária, que cresce absurdamente. No meu tempo de deputado, a carga tributária era 20% do PIB. De lá para cá, mais do que duplicou, porque tem o déficit. E as alíquotas são mais ou menos as mesmas. Quer dizer, a formalização, que trouxe todo esses fatores positivos, liderados pelo varejo, tem um lado perverso, que é o aumento da quantidade de dinheiro que vai para o que existe de mais ineficiente para um país, seja qual for, que é Estado. Com as mesmas alíquotas de 1994, a arrecadação foi de 20% para 37%, pela simples formalização. E ela vai continuar. Nós competimos com países que têm carruagens de 15% do PIB. A competitividade de um país é a relação de duas forças: a de tração, que puxa a carruagem, e o peso. Enquanto estamos correndo a mesma maratona com concorrentes nossos, com a Coreia e a própria China, que são corredores com uma mochilinha leve nas costas, só com o essencial, com uma mala sem alça de 37% do PIB, que, ainda por cima, nos traz um excesso normativo, regulatório, absurdo. O Código de Defesa do Consumidor é absurdamente exigente, a lei ambiental mais exigente do que a da Dinamarca; um aparato trabalhista absolutamente anacrônico, uma usina de conflitos que gera três milhões de causas trabalhistas por ano. Nós geramos, por hora, mais ação trabalhista do que o Japão em um ano. Por dia, geramos mais do que os EUA em um ano. Isso é custo Brasil na veia.
O ministro Joaquim Levy afirmou que o novo modelo econômico não será mais baseado no consumo, mas no investimento. Não há uma certa contradição aí?
É um falso dilema. Esse momento maravilhoso do consumo na última década não teve nada a ver com interferência estatal. Tem muita gente querendo ter a paternidade desse milagre do varejo, mas isso não tem a ver com bolsa isso ou aquilo, crédito, não. O crédito se deu naturalmente, com o controle da inflação. Mas o driver dessa boa revolução foi o desabrochar do varejo de alta produtividade, a criação de um terreno que era inóspito. Essa revolução estava acontecendo desde os anos 80 lá fora, e não chegava aqui por causa da erva daninha da clandestinidade econômica.
A previsão de um crescimento minúsculo do PIB para 2015 não assusta?
O varejo tem crescido mais do que o PIB, em média três vezes mais. Mas com um crescimento tão baixo do PIB, é um número frustrante. Tem tudo a ver com o fenômeno de aumento do peso da carruagem. Seja qual for o ano que você analise, concluirá que a carruagem vai parar. Ela não vai parar só porque está pesada demais para sua força de tração. O excesso normativo pesa tanto quanto a carga tributária.
Vários governos já prometeram a reforma trabalhista, mas não a realizaram…
Falta um direcionamento de propósito. Se você fala em reforma tributária, todo mundo quer. Os prefeitos querem, sob a alegação de que os municípios estão morrendo a míngua. Entre os governadores, 100% de adesão, porque precisam de mais dinheiro para gerir os seus estados. A União quer a reforma para resolver o déficit público, como está fazendo agora. Todo mundo tem sua visão sobre a reforma, mas são colidentes. A reforma que está na cabeça de 7 mil prefeitos não é a que está na cabeça dos empresários, nem a mesma que está na cabeça dos sindicalistas. Não precisamos convocar forças com visões tão díspares para uma reforma tributária genérica. Precisamos de reformas com vistas à competitividade. Ou nós recobramos a competitividade ou estão em risco todas as conquistas recentes. A redução da desigualdade, a estabilidade da moeda e, em última análise, até a democracia. É isso que essas forças precisam entender. São as três grandes conquistas recentes, que vieram através de consensos. Agora, o consenso que parece estar ficando mais claro na cabeça de toda a sociedade brasileira é o da competitividade. Não existe melhora na qualidade de vida sem prosperidade. A melhoria das condições de trabalho não se dá por leis e bondades aprovadas no congresso, mas pelo aumento da demanda por mão de obra.
Houve aumento, nos últimos anos, no número de casos envolvendo utilização de mão de obra escrava por empresas ligadas ao vestuário. Como você enxerga essa questão? Tem relação com o excesso normativo?
Graças a Deus, nosso modelo de negócio nos protege de um dilema muito sério do setor de confecção. O elo crítico da cadeia têxtil é o da costura. Esse elo virou refém de uma coisa que, em teoria, é boa, mas que traz desdobramentos negativos, que é a questão da lei do Simples. Tirando a nossa empresa, e outras duas ou três, a totalidade do setor de confecção, 35 mil empresas, são reféns do Simples.
Nos últimos anos, o varejo vinha crescendo num ritmo bastante acelerado. No ano passado, até novembro, o IBGE apontava um crescimento nominal de 8,7%, o que dá um crescimento real de pouco mais de 2%. Essa desaceleração era esperada pelo setor?
O varejo vem de uma década de crescimento robusto. Essa desaceleração já era previsível porque não é sustentável uma década de demanda crescente e produção declinante. É como uma fazenda que passa dez anos colhendo, colhendo e colhendo e não semeia. Mais cedo ou mais tarde essa queda da produtividade — que acontece para todos os setores produtivos — mostra a fatura. Por que o varejo continuou crescendo tanto mais do que o PIB e a indústria? Porque a indústria compete diretamente com a concorrência internacional. O varejo — apesar do e-commerce que vai globalizar essa concorrência — a briga ainda é regional. A disputa concorrencial é regional. Varejo e serviços conseguem repassar esse aumento vertiginoso da inflação, mas a indústria não. Ela sente isso na pele. Daí a discrepância de uma banda do Brasil que disputa internamente, varejo e serviços — e a produção, que é quem mais está sofrendo.
Como o senhor enxerga o escândalo de corrupção na Petrobras?
Acredito que é o momento de colocar o dedo em uma ferida que precisa ser tocada: que o monopólio é o habitat natural da corrupção. O que nos move o que nos tira da cama de manhã e nos faz dormir tarde é concorrência. É a concorrência que é o motor da humanidade. É totalmente previsível que uma empresa monopolista caia na preguiça, caia na zona de conforto e a última escala disso é a corrupção. E a solução pra isso é dar concorrência a esse processo. Da mesma forma que o monopólio é o habitat natural da corrupção, o livre mercado é o único antídoto natural da corrupção. Se aqui na Riachuelo eu tivesse um comprador de gravatas que fosse corrupto, que se associasse a um fornecedor de gravata para cobrar uma propina, o mercado puniria automaticamente. Sem nem mesmo saber, a gravata da Riachuelo seria mais feia, seria mais cara do que a gravata do meu concorrente. Então, eu acho que esse é o momento apropriado pra mostrar a que leva o monopólio. E a sociedade brasileira paga um custo altíssimo. O custo da energia está caindo vertiginosamente no mundo inteiro e aqui nós pagamos esse alto preço pra bancar uma máquina absolutamente contaminada pela corrupção.
O senhor defende a privatização da Petrobras?
Bem, eu não preciso de voto. Então posso dizer que sou absolutamente a favor da privatização da Petrobras. Seria a grande solução, teríamos energia muito mais barata: é o que aconteceu com todas as privatizações. O problema é que se demonizou (a privatização) de uma forma…Tenho uma fé religiosa no livre mercado. Eu acho que é isso que distingue o ser humano dos animais. Eu acho que quando Deus criou os seres humanos, ele deu a habilidade de se negociar, de fazer trocas mutuamente consentidas, voluntárias, em benefício comum. Aonde, milagrosamente, acontece o ganha-ganha. Que parte ganha numa negociação? As duas partes ganham. E o PIB de um país é a soma desses ganhos. A visão mais à esquerda acredita que numa negociação tem um ganhador e um perdedor. Um está explorando o outro. Mas na nossa visão liberal é justamente o contrário: em cada negociação tem dois ganhadores. Livre mercado é isso: essa coisa sublime e que trouxe tantos ganhos a outros setores que foram privatizados e estão submetidos aos freios e contrapeso do mercado.
O cenário macroeconômico desfavorável alterou os planos de investimento da Riachuelo para este ano?
Nós não alteramos nosso programa de investimento. Nós tivemos um recorde no ano passado, inauguramos quase 100 mil metros quadrados de área de venda. Nós iniciamos 2014 com 500 mil metros quadrados e encerramos com quase 600 mil metros quadrados. Foram 45 lojas, de grande porte. São lojas com mais de 2 mil metros de área na média. E estamos mantendo o mesmo ritmo. Inclusive, o volume de investimento será um pouco maior do que no ano passado porque estamos investindo em um grande centro de distribuição de última geração, o mais moderno do Brasil e um dos mais modernos do mundo, em Guarulhos.
E o comércio eletrônico? A Riachuelo ainda não vende diretamente pela internet…
Deste ano não passa. Nós temos uma presença online forte, mas não temos venda online. O que já fizemos, com algumas coleções, foi a venda click on colect: de comprar online e retirar na loja. Mas nós vamos ter realmente a logística B2C (business-to-consumer) até o fim deste ano, no máximo no início de 2016.
Nos últimos anos, a Riachuelo, como outros varejistas, vem incorporando à sua operação serviços diversificados, como assistência para automóvel, odontológica… O varejo puro morreu?
A sinergia entre a produção e o varejo é muito grande. O ser humano tem a tendência natural de fatiar o problema. Esse é o retrato fiel da confecção no Brasil. A suposição é que se tiver uma fiação eficiente, uma tecelagem eficiente, uma confecção eficiente, um varejo eficiente, terá o todo eficiente. Mas a Zara e a Toyota mostraram, pelo just in time, que este é um pressuposto falso e não é suficiente para atingir um patamar superior de eficiência e de excelência.
Por quê?
Há decisões que fazem todo o sentido dentro de quatro paredes de uma fiação ou tecelagem, mas podem ferir de morte a eficiência global do sistema. A nossa crença é que o ótimo local é inimigo do ótimo global. A nossa gestão é holística. Pra dar um exemplo simples: fomos a vida toda uma empresa verticalizada e nós estimulávamos esse fatiamento. Mas o bom momento que a empresa está vivendo se deve ao fato de ter rompido com esse mundo do ótimo local para o ótimo global e gerir em função do ótimo global.
Pode dar um exemplo prático?
Na época do ótimo local, a gerente da empresa de logística estava com 70% da carga no CD de Guarulhos numa sexta-feira para ir para a loja de Center Norte. Ela esperava a segunda-feira para completar o 100% da carga e extraía 100% de eficiência do todo local, que é o que ele gere. Alcançava o ótimo no negócio dele, que é o caminhão, mas era um desastre do ponto de vista do ótimo global. O fast fashion é a gestão holística globalizada da cadeia têxtil. A Riachuelo, em relação aos cases bem sucedidos lá fora, acrescentou mais um elo que é mais sinérgico ainda: o elo financeiro, que sofre muitos conflitos pois as diferenças do varejista com o banco são maiores ainda. Então, colocando o produto financeiro embaixo do mesmo guarda-chuva acionário você ganha uma elasticidade em termos de planos de parcelamento, de juros — ao invés de ter, como nossos concorrentes, a cabeça de banqueiro pensando na fatia financeira, sem nenhuma visão comercial do processo. Isso é que o que diferencia o nosso modelo: ir do fio até a última prestação depois da venda. Uma visão holística, gerindo a eficiência global do sistema e escapando armadilha do ótimo local.
Qual a sua fonte de inspiração, na gestão da Riachuelo?
Somos — desculpe a pretensão — nós queremos ser a Apple da cadeia têxtil. A Apple fez essa mesma inovação: na cadeia Microsoft você entrava no Magazine Luiza, comprava um computador Positivo, rodando sistema operacional Windows, tirava foto com câmera Sony, editava com Photoshop e fazia o upload com o Picassa da Google. Você tem aí seis ótimos locais. Seis fatias do problema. A Apple se libertou desses ótimos locais e está tudo embaixo do mesmo guarda-chuva acionário, tem a visão holística do problema. Ninguém está pensando na estreita fatia do problema. Está todo mundo pensando no todo. Essa é a diferença: por isso nós somos a Apple do varejo os outros estão sujeitos a todas as armadilhas do ótimo local.
* Entrevista originalmente publicada pela revista online Brasil Econômico em 09/02/2015 (veja AQUI).
“Certas expressões usadas pelo povo são, muitas vezes, inteiramente equivocadas. Assim, atribuem-se a capitães de indústria e a grandes empresários de nossos dias epítetos como “o rei do chocolate”, “o rei do algodão” ou “o rei do automóvel”. Ao usar essas expressões, o povo demonstra não ver praticamente nenhuma diferença
entre os industriais de hoje e os reis, duques ou lordes de outrora. Mas, na realidade, a diferença é enorme, pois um rei do chocolate absolutamente não rege, ele serve. Não reina sobre um território conquistado, independente do mercado, independente de seus compradores. O rei do chocolate – ou do aço, ou do automóvel, ou qualquer outro rei da indústria contemporânea – depende da indústria que administra e dos clientes a quem presta serviços.
Esse “rei” precisa se conservar nas boas graças dos seus súditos, os consumidores: perderá seu “reino” assim que já não tiver condições de prestar aos seus clientes um serviço melhor e de mais baixo custo que o oferecido por seus concorrentes.” Ludwig von Mises, em ‘As 6 Lições’
BOMBÁSTICA NO FANTÁSTICO
Programa ‘Fantástico’ de hoje abordará suposto envolvimento de José Agripino (DEM/RN) com a Operação ‘Sinal Fechado.
Como qualquer dito empresário aficcionado ao DEUS MERCADO, o “economista” Flávio Rocha tenta de todas formas desmerecer qualquer conquista relacionada à melhoria indiscutível da qualidade de vida do povo brasileiro, suas conquistas sociais, econômicas e políticas, mais ainda a incrível guinada do mercado de consumo interno ocorrida durante a gestão do Partido dos Trabalhadores.
Claro óbvio e ululante que o combate a inflação e a estabilidade econômica tem seu grau de importância no conjunto das ações e da realidade atual da economia brasileira (Não esqueçamos, inflação essa que sempre interessou diretamente aos aficcionados e aos que fazem apologia ao Deus Mercado e mais aidna àqueles que vivem diretamente da agiotagem, seja ela oficial ou não) ,. Todavia,O modelo econômico e de gestão promovido pelo Partido dos Trabalhadores tinha e tem como primado o crescimento com inclusão social.
Sendo que, de fato, houve crescimento e rompimento com a era dos pibinhos de FHC. No caso um outro paradigma no campo da política externa. Houve também distribuição de renda e riqueza que é o passaporte da inclusão social. Milhões de brasileiros passaram a ter acesso a bens e serviços em todas as áreas do desenvolvimento, como jamais havia ocorrido antes.
Não obstante os ideólogos do udenismo e do catastrofismo de plantão tentem disseminar uma visão diametralmente oposta, porém, basicamente o que diferencia o modo e o modelo governança do Parido dos Trabalhadores da era FHC, particularmente, no seu segundo mandato, não são questões econômicas. A diferença está na esfera política, com os consequentes resultados na economia. Lula governava como um líder, Lula mandava mensagens à sociedade e ao mercado quase todos os dias. Quando precisou e se antecipando a grande crise, em 2008-2009, atacou o “Deus mercado” e valorizou o papel das empresas estatais. Lula estava presente no front de batalha. Quando precisou enfrentar a crise, em 2009, teve a coragem política de reduzir o superávit primário e ampliar os gastos do governo.
Na atual conjuntura brasileira, o grande dilema que efetivamente se enfrenta são as condições políticas, as quais infelizmente ainda não existem para que, uma nova concepção de desenvolvimento para o Brasil que se faz necessário. Essa nova política deve exigir muitos sacrifícios dos setores que sempre se beneficiaram do
desenvolvimento brasileiro e hoje estão mais que aquinhoados. Isso somente se implantará somente se os movimentos Sociais e um Governo verdadeiramente progressista unirem suas forças. Essa união p ode mobilizar o Estado e a Sociedade Civil em favor do projeto nacional popular e, assim, canalizar os recursos econômicos p ara atender o anseio de cidadania da pop ulação brasileira. Caso, porém, suas forças se divid am e se dispersem, o Brasil continuará refém do livre mercado e de suas imp osições danosas aos mais pobres
De uma maneira considerada radical para muitos, pode-se afirmar que a Lutar somente pelo crescimento econômico, na linha atual, significa a defesa do status quo. Dessa maneira, é mais sensato implementar reformas estruturais e buscar novas formas menos elitistas de desenvolvimento ou, quem sabe, até esquecermos o crescimento econômico realizando apenas uma melhor distribuição de renda no Brasil, de tal sorte a eliminarmos a miséria, a fome, a exclusão e a injustiça, ainda infelizmente, tão predominantes no quadro da ainda adolescente democracia brasileira.
Por último cabe lembrar ao “economista” Flávio Rocha que o Brasil não se resume apenas e tão somente ao Deus Mercado e muito menos às 257 Lojas Riachuelo, pensar assim é mais uma vez mergulharmos no discurso fácil, hipócrita e mentiroso do neo liberalismo e suas manifestas e nocivas demonstrações de aprofundamento do caos social e da miséria para muitos, e que atualmente catapulta os países que cegamente implementaram tais políticas, vide a atual conjuntura de grande parte dos países europeus.
Por derradeiro, apenas e tão somente uma indagação, até quando o nosso dito empresariado pensante, continuará entendendo e apreendendo que eles são capitães e o nosso Brasil ainda é uma capitania hereditária moldada ao século XXI.
Um baraço
FRANSUÊLDO VIEIRA DE ARAÚJO.
OAB/RN. 7318.
apenas e tão seoemtne contiunaumros pensado como capites das capitanias heridtéiras em pleno século XXI
Surpresa com o texto. Talvez porque jamais tenha lido uma entrevista com Flávio Rocha. Questão de oportunidade. Concordei com, praticamente, tudo o que li. Não a carruagens pesadas, sim à competitividade, sim ao seu anseio de maior crescimento.
A China bate à minha porta para me vender do prego ao mais lindo vestido. O prego, não comprei, mas o lindo vestido, sim. O preço, muito convidativo. Quase inacreditável. Arrisquei. Ele chegou, armazenado numa caixa minúscula…um palmo, talvez. Abri e o vestido desabrochou como uma rosa, sem um amassado.
A carga tributária brasileira é desanimadora. É preciso ter a visão de um Flávio Rocha para sucesso em empreendimentos.