A razão de José Augusto
Político de expressão na primeira metade do século XX, no Rio Grande do Norte, José Augusto de Medeiros governa o Estado e recebe, no mesmo dia, dois aliados políticos que não se bicam.
Sem delongas, o primeiro a entrar em seu gabinete começa logo a espinafrar o adversário que espera lá fora, para ser o próximo a ser recebido por José Augusto.
– Você está coberto de razão, você está coberto de razão – reforça o governante, a cada esculacho emitido pelo interlocutor contra o intrigado.
Fim da audiência, entra o outro aliado. Mas a ladainha é a mesma: ele sataniza quem saíra.
E, mais uma vez, José Augusto repete sua performance:
– Você está coberto de razão, você está coberto de razão!
Ao final das duas audiências, um assessor direto do governador, que testemunhou as duas situações em sequência, comenta com perplexidade: “O senhor disse, para cada um, que estava ‘coberto de razão’, mesmo com os dois falando um do outro?!”
Com a mão sobre o ombro do auxiliar, encarando-o com olhar cândido, José Augusto solta um leve sorriso e dispara:
– Você tem razão!
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