Preá em carne viva
Prefeito de Almino Afonso, o médico José Fernandes entabula uma prosa com o amigo Lauro Maia, e lhe faz uma promessa: pagará dívida de cerca de R$ 200 mil contraída há algum tempo com ele.
Lauro anima-se. Ajeita-se na cadeira e solta um sorriso de menino-passarinho – com vontade de voar.
– Você recebe em carne? – emenda José Fernandes, sondando o interlocutor.
“Por que não, heim?”
Lauro responde na bucha que está tudo certo: “Claro, Zé!”
Com a concordância do credor, José Fernandes resolve detalhar como será o pagamento.
– Eu tenho uma criação de preá. Eu lhe passo os bichos vivos – adianta.
Atordoado, Lauro chega a imaginar que tudo não passa de outra brincadeira do seu devedor. Não é.
Levado até um local da fazenda onde o prefeito cria uma manada de preás, o credor fica abobalhado com quantidade de animais que passaria a seu “patrimônio”.
– Amigo, agora você trate logo de levar os bichinhos porque eu cobro estadia por cada dia de permanência deles – avisa José Fernandes.
Numa rápida reflexão, Lauro bota uma gota de racionalidade na negociação bizarra e percebe o prejuízo maior com a aquisição dessa carne viva.
– Vamos deixar isso pra lá, Zé – escapa, de fininho, Lauro Maia.
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