Tenho um amigo-irmão há mais de 30 anos. Trato-o por “Neguim” ou “Negroide”.
Nem lembro quando o abordei por nome próprio a última vez até aqui, nesse tempo de amizade perene, praticamente sem sobressaltos.
Tenho outro amigo que ao chamá-lo pelo prenome, é até estranho. Ele gosta de ser interpelado como “Negão”.
Ambos são bem-resolvidos no que são: negros, gente.
Eles não se sentem ofendidos e gostam da forma amistosa e carinhosa como são acolhidos pelos amigos de verdade.
Raça? Somos uma só: somos humanos.
Raridade o que li logo acima, viu? Pois depois do governo, que estipula cotas segregando mais ainda a raça, o próprio negro é o mais racista de todos, né, não???
Não sou antropólogo, mas tenho um argumento infalível contra qualquer manifestação racista:
Com a destruição da camada de ozônio pelos gases de efeito estufa a tendência da radiação solar é aumentar, dessa forma a raça negra por ter mais melanina na pele é a mais capacitada a suportar o ambiente hostil que se vislumbra em futuro não muito distante aqui na terra.
Portanto, as gerações futuras verão cenas como uma branquela correndo atrás de um negão para cruzar e ainda sair agradecida (quem agradece é o negão!) por ganhar melanina que dará maior possibilidade de sobrevivência a sua descendência.
A natureza é sábia e nada existe por acaso, aguarde e verão!
Me assusta quando se trata com carinho uma pessoa chamando-o: “Silveirinha” essa pessoa se ache agredida e aproveita para NÂO explicar como está a sindicância da “folha de pessoal” da Prefeitura de Mossoró. Será se é porque quem cometeu os deslizes agora está em seu palanque? e o povo como fica? Na verdade são todos “farinha do mesmo saco”…
E nós òòòòò…
Caro jornalista Carlos Santos, claro, óbvio e ululante…somos todos seres humanos.
Data Vênia, o eufemismo não cai nada bem quando se comprova, que, por traz da aparente e inocente forma de tratamento, na verdade estamos aprofundando, através da linguagem cultural, traços, formas e símbolos originários de uma construção de quatro séculos, em que no presente, não obstante o interlocutor dê assentimento e se sinta aparentemente feliz com tal manifestação de diálogo e de tratamento, representa, de fato, a internalização e a naturalização da desigualdade, ainda latente e contemporânea.
Sabemos que, a comunicação é a base da vida em sociedade. A linguagem e a sociedade relacionam-se intimamente: uma não existe sem a outra. O desenvolvimento humano e o avanço das civilizações dependeram principalmente da utilização da linguagem.
Os seres humanos acumulam e transmitem conhecimento s de uma geração a outra pela linguagem, fato que não ocorre entre os animais.
A LINGUAGEM É UM SISTEMA SOFISTICADO DE COMUNICAÇÃO QUE REVELA A CAPACIDADE DO SER HUMANO DE CRIAR UM CONJUNTO DE SIGNOS PARA REPRESENTAR AS ENTIDADES (PENSAMENTOS) DA NOSSA REALIDADE.
O secular processo de discriminação e a exclusão social a que foram e são submetidos os negros em nosso país, não só aprofundou as diferenças sociais, como “naturalizou” as desigualdades e, por conseguinte, introjetou e criou ao longos dos anos, linguagem própria e permeada de racismo quando da interlocução entre negros e brancos.
Nessa toada, o racista médio, naturalizado pela sociedade brasileira, é neto ou bisneto de “gente de cor”, assume que tem um “pezinho na senzala”, mas acha que “macumba é coisa de preto” e que um negro correndo na rua, necessariamente, é suspeito. Em resumo, é um alienado, homogeneizado pelas políticas eugenistas que assolam o Brasil há mais de 300 anos.
Dada a nossa condição cultural que ainda hoje apregoa vivermos e vivenciarmos uma democracia racial, não é incomum constatarmos em nosso cotidiano, que, racista é alguém que recebe em sua casa o coleguinha negro da filha, mas passou a vida toda dizendo para a menina que é preciso “clarear a família”. É aquele que nega a discriminação racial, acha as cotas uma aberração jurídica e quando é perguntado sobre a sua cor, que culturalmente no Brasil define a identidade e a origem do vivente, fica sem saber como classificar aquele tom “de burro quando foge” e não sabe se é preto, mulato, marrom-bombom, mameluco, indígena ou japonês. E se convence que é branco.
Em fim, não podemos esquecer, que, subliminarmente, quando utilizamos, vivenciamos e gostamos – inclusive o interlocutor – da linguagem… negão, neguinho, negróide e outros “epítetos” construídos ao longo dos séculos, manifestamente nada mais nada menos, demonstramos o nosso empedernido e silencioso racismo.
Pena que, não obstante sermos todos seres humanos, a vida prática, guarda e coleciona inúmeros fatos e acontecimentos do cotidiano e da vida diária, os quais manifesta e notoriamente respondem que não basta sermos seres humanos pra que necessariamente as minorias políticas (Dentre as quais os negros historicamente foram e são os maiores cerceados ao exercício da cidadania) possam gozar e usufruir da distribuição equitativa das riquezas e dos bens construídos por todos que fazem parte da nação brasileira.
Essa possibilidade de inserção social e de avanço qualitativo da questão em apreço, não se dará, se não através de continua e aguerrida luta dos negros e dos movimentos sociais no tocante a implementação de políticas publicas, as quais efetivamente possibilitem um nova compreensão social e cultural da interação dos negros em sociedade, que resulte, isso sim em uma nova e transformadora cultura, também, por que não, no ato de ver, de sentir e de agir quando da interlocução com os chamados homens de etnia africana.
Com isso, cabe a todos nós refletirmos minimamente que não basta avançarmos na direção de uma igualdade econômica e social na resolução de tão importante e delicada questão. Precisamos isso sim, através de uma gradativa mudança também de modos, costumes e cultura no âmbito das inter-relações sociais, culturais e inter-raciais. Tentarmos inserir em nossa agenda de MUDANÇAS E TRANSFORMAÇÕES, o mínimo que seja de uma nova e revigorada visão transformadora, na qual o negro também seja ouvido e se transforme não apenas em figurante, mas sim protagonista das muitas alas das muitas escolas de samba, educação e pedagogia de uma nova nação que se assuma como tal com eqüidade, altivez e originalidade.
FRANSUÊLDO VIEIRA DE ARAÚJO.
ADVOGADO – OAB/RN. 7318.
Prezado jornalista e blogueiro,
Infelizmente, a raça humana ainda precisa evoluir bastante. Em todos os quadrantes do Mundo, inclusive na parte mais rica e pretensamente mais intelectual do Velho Continente, na Europa, a discriminação em razão da cor da pele continua muito forte.
É algo banal, bestial, irracional, desumano.
Assim como seu amigo, citado na postagem, também tenho amigos que, carinhosamente, chamam-me de “negão”, “neguinho”, e nunca me senti ofendido com isso, porque sei que eles não me fazem ofensa racial, mas, do contrário, trazem com os epítetos muita amizade.
No entanto, ainda para a nossa surpresa, chegam ao nosso conhecimento diariamente notícias de atos de puro racismo. Ultimamente, os palcos do futebol, que deveriam ser holofotes para o talento e para a arte, têm se constituído em arenas do preconceito. E isto tem sido verificado no Brasil, no Peru, na Europa…
De fato, como dito por você, somos todos membros de uma só raça: a dos seres humanos.
Que Deus possa tocar profundamente a mente e os corações desses doentes mentais que acham que a cor da pele torna alguém melhor ou pior que seus pares.
Alcimar Antônio de Souza
Messias Targino-RN