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domingo - 06/07/2014 - 08:21h

Van Gaal mostra novamente o futebol como “metáfora da vida”

Por Carlos Santos

Zapeando canais de TV, minutos antes das cobranças de pênaltis no jogo Holanda 0 x 0 Costa Rica (sábado, 5), deparo-me com o “comentarista” e ex-jogador de futebol Roberto Carlos em mais uma de suas pérolas. Outro disparate. Sobretudo para quem já jogara futebol, era uma estupidez esférica.

 

Krul pula novamente no canto certo e resolve jogo para sua equipe: ousadia e conhecimento (Foto: reprodução do G1)

Ficou abismado porque o treinador da Holanda, o azedo Van Gaal, colocou o terceiro goleiro do seu time – Tim Krul – no lugar de quem jogara toda a partida e prorrogação, o titular Cillesen. Krul entrara “só” para pegar pênaltis, sem o calor do jogo jogado.

Para o ex-jogador, aquilo era um “desrespeito” ao goleiro que atuara toda a Copa do Mundo, o jogo e a prorrogação que terminava em 0 x 0.

Quanta besteira.

Van Gaal, Krul e a história mostraram que o novo comentarista global soltou outra bomba, parecida com aqueles seus chutões, que raramente acertavam o gol adversário.

O goleiro defendeu dois pênaltis e levou a laranja holandesa para a semifinal. Em todas as cobranças, acertou a direção do arremate adversário.

Robeto Carlos sequer teve a palavra retomada para se despedir do público ou comentar o resultado final do que muitos veem como loteria, de forma errônea. Pênalti não é loteria.

Van Gaal e Krul ensinaram ao comentarista, ex-jogador e que se arvora em ser treinador fora do país, que um jogo pode ser decidido pela ousadia e conhecimento.

Deve ser lembrado, que a Holanda fora eliminada nos pênaltis nas Eurocopas de 1992, 1996 e 2000. Lembre-se que também parou nas mãos de Cláudio Taffarel na Copa do Mundo de 1998? Sobravam-lhe maus presságios.

A ciência prova que algumas pessoas tem a capacidade quase “paranormal” de responderem a estímulos externos com maior agilidade que outras.

A reação e simbiose neuromuscular de Krul lhe dão, tudo indica, maior capacidade de percepção quanto ao canto escolhido pelo batedor. Responderia com maior agilidade/velocidade/elasticidade ao toque da bola na direção do gol.

Contabilize-se, ainda, uma estatura de 1,93 metro, envergadura que cresce diante do batedor, além de muito, muito treinamento e estudo quanto aos adversários.

Claramente, o treinador holandês provou que conhece bem seu plantel e tem o domínio da equipe, recheada de jogadores famosos e outros nem tanto.

LOUIS VAN GAAL (Treinador da Holanda, sobre Tim Krul): “Cada jogador tem suas habilidades específicas. Todos nós achamos que o Krul era o melhor goleiro para uma decisão. Vocês devem ter percebido que ele sempre mergulhava para o canto certo. Temos grande orgulho que isso tenha funcionado.”

O próprio goleiro substituído, com cara chorosa, foi o primeiro a saltar para dentro do campo após o resultado vitorioso. Abraçou afetuosamente quem o substituiu.  Antes, recusara um aperto de  mão de Gaal, irritado, sentindo-se humilhado.

No próximo jogo, deverá ser novamente titular.

Num gesto de humildade, é provável que tenha pedido desculpas ao chefe.

Talvez o comentarista, ex-jogador e imberbe treinador Roberto Carlos tenha aprendido a lição que lhe servirá muito adiante.

Desrespeito, em futebol, é tratar adversário como inimigo; cuspir no rosto alheio, dar cotoveladas, entrar com “carrinho” por trás, na ânsia de sequelar o contendor ou tentar fazer um gol usando a “mão boba”.

Da mesma forma que um treinador muitas vezes faz substituição no curso do jogo de alguém de linha, para bater pênalti, por considerá-lo mais preparado,  pode e deve mudar o goleiro por outro com maior potencial neuromuscular e psicológico.

Na vida lá fora, também é assim: às vezes precisamos ser mudados de lugar, de função, de papel, para que o time possa vencer – para ganharmos também.

Não é uma regra infalível, mas quem comanda precisa ser Van Gaal, assumindo risco pela ousadia, mas com base no conhecimento que possui da equipe e o foco no resultado.

Enfim, eis o futebol de novo ensinando. Como costumo dizer, “o futebol é a metáfora da vida”.

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Categoria(s): Esporte / Opinião da Coluna do Herzog

Comentários

  1. Aldenilson diz:

    Carlos, você mais uma vez foi espetacular na externar sua opinião.

  2. João Maria diz:

    Uma verdadeira comprovação de que a gestão estratégica de pessoas passa longe de meros controles de horários ou o tapinha nas costas que aprendeu em um curso que é motivador.
    Gestão estratégica de pessoas é focada em resultados. Como um grande líder focado em pessoas, Van Gaal percebeu o valor e mais notável talento do terceiro goleiro, ainda durante os vários testes que fez.
    Também como um grande líder, que deve ser focado em resultados, colocou em campo aquele que de forma mais eficiente poderia cumprir a difícil tarefa. Os riscos existiram, mas foram ameaças estudadas e minadas pelo técnico.
    Com relação aos comentários do Roberto Carlos vejo como normal, pois atitudes inovadoras como as que Van Gaal tomou sempre serão alvos de discórdias, principalmente quando vem de analistas pouco preparados para sua tarefa de comentar. Ele como jogador acertou mais.

  3. AVELINO diz:

    É no que dá essa rude valorização de quem só aprendeu na vida a chutar uma bola: jogador é pra jogar, tudo bem… Se também fosse pra comentar, exigiria-se do atleta, em sua formação, pelo menos algo um pouco a mais do que o simples ensino fundamental!!!

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