domingo - 01/05/2011 - 09:19h

Como entrou no céu o primeiro advogado


Logo que Santo Ivo morreu, encaminhou-se ao Céu e bateu à porta, que São Pedro não se atreveu a abrir, subestimando as razões do bom santo.

— Faço o que quiseres — repetia o porteiro do Céu —, mas não acho que deva permitir a entrada a um advogado, não só porque nem um tem assento entre os santos, mas também porque; muito ao contrário, juraria que se encontram no inferno todos os de tua profissão.

Santo Ivo não se desconcertou; antes, como bom advogado, teve tão convincentes razões para rebater as de São Pedro que este lhe permitiu finalmente entrar no Céu, mas com a condição de permanecer junto à porta.

O hóspede entrou calmamente, sentou-se no lugar indicado por São Pedro, que foi participar a Nosso Senhor o sucedido…

— Fizeste mal! Muito mal, Pedro! — respondeu Deus, quando acabou de escutá-lo. — Havia resolvido que nenhum advogado entraria no Céu, e tinha cá minhas razões para isso. Mas já que está, deixa ficar; sem embargo, não deixes que ele se misture com os outros santos, pois do contrário acabarão no Céu a paz e a boa harmonia. Não o deixes passar além da porta.

Aborrecido e cabisbaixo, voltou São Pedro aonde estava Santo Ivo e comunicou-lhe as ordens dadas pelo Senhor. O Santo advogado encolheu os ombros e, à guisa de passatempo, começou a entabular conversa com São Pedro.

— Que posto ocupas aqui no Céu?

— Não sabes? Sou o porteiro.

— Por quanto tempo?…

— Para todo o sempre.

— Deixa disso. Só se tiveres algum contrato firmado…

— Não há contrato nem coisa que o valha, e para dizer a verdade não há necessidade disso.

— Como assim? Então não estás vendo, grande ingênuo, que qualquer dia Deus pode ter a idéia de te destituir, sem mais nem menos, do cargo que com zelo vens desempenhando há tanto tempo, sem que possas fazer valer teus direitos?

São Pedro coçou a orelha, e, mais amofinado que antes, foi novamente falar com Deus.

— Vamos lá, que é que pensas?

— Preciso de um contrato em que se declare que sou o porteiro do Céu para todo o sempre. Até hoje temos deixado as coisas andar à vontade; mas se vos der na idéia, qualquer dia me destituís do cargo que com tanto zelo…

— Não te dizia eu? Tudo isso são trapaças daquele advogadozinho que tens na porta e que soube encher-te a cabeça.

E ajuntou depois, tomando uma resolução:

— Anda, Pedro, corre e manda-o entrar imediatamente, pois prefiro tê-lo perto de mim a vê-lo junto à porta.

Eis como entrou no Céu o primeiro advogado.

Apparício Fernando de Brinkerhoff Torelly "Barão de Itararé" (1895-1971) – Jornalista e humorista

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domingo - 01/05/2011 - 08:06h

Robinson diz que PSD é novo braço de apoio a Rosalba


“O PSD não nasce num ato de rebeldia, porque hoje eu tenho a honra e a alegria de ser vice-governador da minha amiga e governadora, Rosalba Ciarlini (DEM). Aqui só tem coerência, só tem a verdade. O PSD será um braço mais forte no Rio Grande do Norte para reeleger a governadora Rosalba em 2014”, frisou. 

Esse pronunciamento foi feito nesse sábado (30), no Hotel Praia Mar (Ponta Negra, Natal), pelo vice-governador Robinson Faria (PMN), diante de cerca de 800 pessoas e ladeado pelo prefeito paulistano Gilberto Kassab, articulador do nascimento nacional da sigla.

Sobre a criação do partido no Rio Grande do Norte, Robinson afirmou que foi discutida com a governadora.

Gilberto Kassab falou sobre a origem do partido nos estados do Brasil, que já conta com cerca de 100 deputados federais. O Rio Grande do Norte é o décimo estado que recebe o encontro do PSD. “O partido está pronto, não tem nenhum problema, não se preocupem com a eleição. Em três meses o partido estará efetivamente criado”, disse.

Além de vários deputados estaduais, prefeitos, vereadores e outros nomes da política do RN, o evento recebeu a presença do deputado federal Henrique Alves (PMDB), num gesto de cordialidade. O vice-governador da Paraíba, Rômulo Gouveia, também participou do lançamento do PSD, no qual estará filiado em breve.

Nota do Blog – Em mais um ato falho, recentemente a governadora satanizou o nascimento do PSD, dizendo que ele nascia impondo prejuízos ao seu partido.

Alertada quanto ao desconforto das declarações, as remendou um dia seguinte, dizendo que se referia a uma situação em plano nacional e não estadual.

Já seu secretário de Agricultura e cunhado, deputado federal Betinho Rosado (DEM), não fez qualquer esforço para botar discurso politicamente correto. O mesmo fez o deputado federal Felipe Maia (DEM). Ambos vêem o PSD nascendo e criando um ambiente de instabilidade para o DEM potiguar.

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domingo - 01/05/2011 - 07:40h

Só Rindo (Folclore Político)

Ku e Rôla

Secretário da Indústria e Comércio do Rio Grande do Norte, o empresário Múcio Sá é anfitrião em visita de uma delegação chinesa ao Estado. Querem conhecer o potencial econômico do território potiguar.

No rol de contatos fica definida um pouso na Maisa, indústria da área de fruticultura, que tem entre seus sócios o próprio Múcio e o cearense Geraldo Rôla.

A delegação chinesa é liderada por Fu Chang Ku.

Em seu papel, ciceroneando os chineses, Múcio recebe ligação telefônica do governador Garibaldi Filho. Ele pede-lhe uma síntese do que acontecera até ali.

– Então, quer dizer que está tudo bem, né!? – indaga Garibaldi já em tom afirmativo.

Múcio solta um leve sorriso e retruca. Confessa-lhe temor quanto a um embaraço:

– Governador, minha posição é difícil. Eu estou com Fu Chang Ku de lado e vou apresentá-lo a Geraldo Rôla. É complicado!

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domingo - 01/05/2011 - 07:19h

João Pessoa


Aqueles tiros abalaram o Brasil; foram desferidos no interior de um restaurante de luxo por um político de expressão nacional contra um ex-governador e trouxeram, para o presente, um passado não muito distante de questões pessoais resolvidas, pelas elites, por intermédio da violência física – a mesma que originara o homicídio de João Pessoa, João Dantas e João Suassuna, todos com nome começando em João, aquela mesma que não perdoara a beleza e inteligência transgressora de Anaide Beiriz, ainda aquela mesma que fomentara o levante de Princesa, Massilon, Sabino Gomes, o coronelismo e o cangaço, esse retrato bifronte de um Sertão tão peculiar quanto real.

Pois falo em Ronaldo Cunha Lima a quem vi decrépito no físico, preso a uma cadeira de rodas, o braço esquerdo imobilizado e voltado para dentro, os dedos recurvos, enquanto a mão direita, erguida, desenhava o entorno das palavras que saíam ligeiras, encadeadas pelo ritmo, musicalidade e métrica, na resposta ao desafio brincalhão do gênio da raça Oliveira de Panelas, provando a si e aos outros que sua mente continuava intacta. Viajei no tempo enquanto o escutava.

Lembrei-me de uma Convenção do PMDB, muitos anos atrás, para a qual fora com meu pai somente para escutá-lo discursar em versos, de improviso. Ali fora também atraído pela inteligência luminosa do homem que ganhara um concurso de perguntas e respostas respondendo sobre Augusto dos Anjos. O tempo fora inclemente.

Difícil acompanhar Oliveira de Panelas.

Estávamos na Bienal do Livro de João Pessoa. Os estandes já tinham sido visitados. Eu já procurara o que me interessava: as publicações do Senado Federal, Literatura de Cordel e o Sebo Cultural. Fizera as compras que me interessavam.

Marcara uma visita ao Sebo para a manhã seguinte.

Então escutei Oliveira de Panelas. E, mais uma vez, pensei quão rico de talento este País é. Como não admirar, extasiado, uma demonstração de genialidade daquela?

Durante um tempo considerável as palavras foram brinquedos artisticamente engatados uma nas outras, compondo um traçado brilhante tanto quanto ao conjunto como quanto a cada elemento isolado. O começo de cada repente deixava-nos angustiados – será que ele consegue retomar o ponto de partida? Qual o quê.

Santa inocência…

No outro dia o espanto com o Sebo Cultural: uma entrada singela, em uma casa pequena de rua estreita; um corredor conduzindo a uma sala no qual está postado, perpendicularmente, um balcão; e do lado direito, tomando todos os espaços possíveis de uma área imensa, milhares e milhares de livros aos quais se chega através de escadas, mezaninos, degraus, corredores entre estantes, labirintos, pó, e aquele peculiar cheiro de livro velho. Espantoso.

Lembra um conto de Borges. Lembra Borges. Borges. E entram e saem pessoas e mais pessoas; sobem; descem; conversam – é um mercado persa. Caro, por sinal.

Surpreendi-me com o preço de uma segunda edição de “Vingança, Não!”, do Pe. Pereira, não muito bem conservado: R$ 62,00.

No final, o contorno e o mistério da Lagoa que é o centro de João Pessoa. Ali, muitos morreram e não foram recuperados, dizem. Suas águas escuras, olhadas em um final-de-tarde chuvoso despertam velhos medos imemoriais de desconhecidos deuses úmidos e frios, distantes como aquelas estátuas de pedra dos templos Maias.

Pergunto a uma senhora que passa se é verdade que não se consegue dragar a lagoa. Ela me olha e responde: “tentou-se, mas, inexplicavelmente, as máquinas sempre quebravam…” E me endereçou um meio sorriso zombeteiro, à guisa de despedida.

Honório de Medeiros é professor, escritor e ex-secretário da Prefeitura do Natal e do Estado do RN

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