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domingo - 25/08/2024 - 10:52h

Até tu?

Por Bruno Ernesto

Arco de Tito no Foro Romano, em Roma (Foto do autor da crônica)

Arco de Tito no Foro Romano, em Roma (Foto do autor da crônica)

No último dia 23 de agosto, comemorou-se o aniversário de nascimento de Nelson Rodrigues (23/08/1912 – 21/12/1980), um dos mais influentes escritores brasileiros, e que, apesar de polêmico, foi o responsável por renovar a cena teatral brasileira no século XX.

Dentre tantas falas, a ele se atribui o célebre vaticínio: “Os idiotas vão tomar conta do mundo; não pela capacidade, mas pela quantidade. Eles são muitos.” 

A despeito disso, também há outro célebre personagem da arte brasileira, que foi igualmente polêmico, especialmente pela exaltação à malandragem, o cantor e compositor, Bezerra da Silva, autor de diversas músicas que foram imortalizadas no cenário cultural brasileiro, especialmente a sua famosa “Malandro é Malandro e Mané é Mané”, cuja letra exalta que a sabedoria, a vantagem e a arte de enganar o outro, é a marca registrada daquele que utiliza de recursos engenhosos e condenáveis para viver.

Dentre outras coincidências dessas figuras do cenário cultural brasileiro, o interessante é que ambos, Nelson Gonçalves e Bezerra da Silva, são Pernambucanos.

Apesar de Chico Buarque já ter dito que hoje o malandro pra valer não espalha, aposentou a navalha, tem mulher e filho e trabalha e tal, é certo que ainda podemos ver os malandros cantados por Bezerra da Silva em nosso dia a dia.

Em quase toda esquina ou, por vezes, no prédio ao lado, grande ou baixinho, eles estão aí, com o seus bodejados.

Alguns desses malandros lembram os famosos idos de março, onde Caio Júlio César – um dos maiores chefes militares da história -, além de ser o famoso amante de Cleópatra, foi covardemente apunhalado no interior da Cúria de Pompeu, um grande salão retangular do Senado Romano, onde as reuniões eram realizadas.

Um fato interessante sobre esse episódio é que, antes der ser covardemente apunhalado, Caio Júlio César era coberto de bajulação e honrarias pelos senadores romanos, que o espreitavam.

Evidente que Caio Júlio César, assim como seus antecessores – e o mesmo se deu com os seus sucessores -, sabia que não poderia baixar a guarda ou se descuidar.

Entretanto, talvez mais célebre que o próprio assassinato, talvez seja a frase que Caio Júlio César proferiu no momento em que estava sendo atacado, e que ao ver o seu filho adotivo, Marcus Julius Brutus, dentre os que lhe apunhalavam covardemente, disse, surpreso: “Até tu, Brutus?

Apesar de ter ocorrido há 2068 anos, essa história ainda hoje é carregada de um intenso simbolismo e deve ser muito representativa, posto que, além de uma dura lição, é um antigo lembrete para que sempre se tenha cuidado com aqueles malandros que lhe bajulam e cobrem de honrarias, mas lhe aguardam na escadaria do Senado, tal qual fez o filho adotivo de Júlio César.

A despeito da história de Júlio César e da malandragem enaltecida por Bezerra da Silva, ouso discordar de Nelson Rodrigues pois, o erro do malandro, é pensar que todo mundo é idiota.

Bruno Ernesto é professor, advogado e escritor

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Categoria(s): Crônica

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