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domingo - 04/10/2020 - 12:10h

De volta às boas lembranças

Por Paulo Menezes

Quando não estou no mundo fascinante das abelhas Jandaíra, atividade que adoro e tenho como uma terapia ocupacional, sem querer, vivo muitas vezes mais do passado que do presente. Acho que é devido à violência dos dias atuais comparado com a tranquilidade de um passado cheio de paz, felicidade e, que por isso mesmo, é sempre motivo de muita saudade.

Ao romantismo de uma época de ouro confrontado com a selvageria do mundo presente. Violência e droga, naquela época, nem pensar. Na minha juventude, por sinal muito bem vivida, quando em Mossoró reinava harmonia, afeto, benquerença, bate papo nas calçadas, tínhamos uma turma de amigos que se autodenominava os 7 cabeludos.

Eu, Bira Menezes, Emery Costa, João Vieira, Guga Escóssia, Raul Caldas e Joãozinho de Neco Carteiro, formávamos o que se poderia chamar de um grupo de “bons vivants.” Emery Costa, Raul Caldas e Joãozinho de Neco Carteiro, infelizmente, já partiram e estão numa outra dimensão.

O nosso encontro diário era à noite no coreto da praça da Catedral de Santa Luzia. Lá funcionava a rede social da época. Estávamos sempre atualizados.

O rádio era o meio de comunicação mais eficiente.

Alí, vivíamos  os tempos dourados dos anos sessenta. Todos muito jovens, tínhamos muitos sonhos e fantasias. Tempo em  que nascia  na distante Liverpool, os  Beatles que iriam revolucionar toda uma geração. Revolução essa, que até hoje, me impressiona pelo fato de ver meus netos ao ouvir “I Want to Hold Your Hand” dizerem: – “vozinho, que música bonita, como o senhor tem bom gosto musical.”

Imagine nós que vivemos àquela época.

Recordo também, que com exceção de Joãozinho, os demais componentes de grupo prestaram no mesmo ano, o serviço militar no glorioso “Tiro de Guerra 188”. Sargentos Leite e Maurílio eram os instrutores.

Já naquela época se usava o cargo para benefício próprio, misturando o público com o privado.(esse país não tem jeito). Explico: um dos sargentos, além da farda, explorava um bar vizinho à sede do Tiro de Guerra. Num festivo dia de sábado, nosso grupo tomou 96 cervejas (não havia a Long Neck) ouvindo o sonoro violão de Wellington Couto, que também fazia parte da tropa militar e da boemia.

Dinheiro que era bom, ninguém tinha.

Ao perceber que não ia receber o valor do produto vendido, não deu outra. Na primeira instrução o sargento foi curto e grosso:

– Em 48 horas se vocês não pagarem a conta serão todos excluídos do serviço militar. Não tinha razão o enganado nem os enganadores.

O fato é que na pressão, o dinheiro apareceu e entre mortos e feridos escaparam todos.

Assim é que com pontas de saudades acabei de assistir e narrar mais um filme de um passado glorioso e extremamente feliz. Sobre o tema assim se expressou Bob Marley: “Uma das coisas mais belas da vida é olhar para o céu, contemplar uma estrela e imaginar que muito distante existe alguém olhando para o mesmo céu, contemplando a mesma estrela e murmurando baixinho: “

Paulo Menezes é meliponicultor

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Categoria(s): Crônica

Comentários

  1. Odemirton Filho diz:

    Beleza de crônica, Paulo. Nada melhor do que recordar o passado que nos fez bem.
    Abraços!

  2. Q1naide maria rosado de souza diz:

    Beleza de Crônicas, Paulo. Aliás, você surgiu na nossa live “Aos Vivos”.

  3. Fernando diz:

    Suas crônicas me faz mergulhar na saudade..

  4. Joao Batista Alves diz:

    Eu não vivi nos 60, porque essa época eu era criança, mais alcancei os anos 70 que também foi uma epoca muito boa, eu morava no centro da cidade, perto do mercado central em frente ao antigo ACEU, onde tinha muita festa boa, e trabalhei muitos anos no Tiro de Guerra 07-010, e realmente viviamos numa cidade muito tranquila sem essa violencia de hoje, so tenho boas lembranças daquela epoca, eu vivi a epoca das discotecas.

  5. SULENA FREIRE diz:

    Sou de Mossoró, filha de Freirinho.
    Moro no Rio de Janeiro desde 1975. Fiz concurso p/o BB e fui chamada para trabalhar aqui.
    Sempre leio sua crônicas.
    Queria saber como posso adquirir mel, pois um colega ficou interessado e eu disse que ia tentar saber.

    • Paulo menezes diz:

      Prazer seu contato. Moramos muito tempo quase vizinhos a você, na Dix-sept Rosado. Me lembro de todos vocês. Vivemos um tempo muito bom. Quanto ao mel, este ano, infelizmente não tenho. Talvez só no próximo ano. Meu e-mail é probertodemenezez@gmail.com
      Um abraço.

  6. Gustavo Woltmann diz:

    Crônica flashback, muito boa!

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