Depoimento do padre Sátiro Cavalcanti Dantas:
Apenas quero relembrar fatos presenciados por mim como protagonista.
Padre Alcir, alguns internos do Colégio Diocesano e eu passamos a noite quase toda ao pé do rádio ouvindo notícias sobre o acontecimento nacional, movimentação de tropas militares.
No dia seguinte prisões e boatos.
Na mesma semana fui, como diretor de escola, convocado para uma reunião no Tiro de Guerra, estando presentes os importantes da cidade, presidida pelo capitão D’Oh (não sei se escrevi certo) representante do Exército.
Lideranças estudantis e rurais eram acusadas de comunistas. Defendi os que conhecia, entre os quais o presidente do Centro Estudantil Mossoroense (CEM) e o líder ruralista ligado à Diocese. Progressistas sim, comunistas não, pois era o clima do País.
Depois de muita discussão, o Sr.Dix-Neuf Rosado, defendendo a minha posição diz:
– “Pe. Sátiro tem razão, ele assume a responsabilidade.”
Infelizmente em outra reunião para a qual não fui convocado, substituíram o presidente do Centro Estudantil. Houve a comemoração da “Revolução”, organizada por um grupo de senhoras da sociedade.
As escolas se fizeram presentes, entretanto, o Colégio Diocesano não participou. Surgiram as censuras, reclamaram ao Sr. Bispo.
Graças a Deus, o Sr. Bispo respeitou a nossa atitude.
São Fatos!
Tem razão o Sr. Cardeal Dom Evaristo Arns ao proclamar: “Ditadura, Nunca Mais!”
Nota do Blog – Admirável Sátiro. Nunca mais, nunca mais!
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Pe.Sátiro , parabéns! Suas atitudes são dignas de exemplo.
Diz Freud que quem apóia a ditadura, em 100% dos casos, é porque tem a pêia mole.
Tenho muita admiração pelo padre Sátiro. E essa frase “DITADURA NUNCA MAIS” Me faz lembrar de minha irmã Nina, que trabalhou 36 anos na Diocese de Mossoró e era muito amiga dele. Ela trabalhou desde o tempo do Bispo Dom Gentil até o perído do Bispo Dom Mariano, e que faleceu em novembro de 2019. Quando cheguei de SP em 1985 ela me presentiou com um livro que o titulo era “BRASIL NUNCA MAIS” Com o prefácio do Cardeal Arcebispo de SP na época. Dom Paulo Evaristo Arns. Tenho esse livro até hoje como uma relíquia. Mas é assutador os terriveis relatos escritos no livro, sobre as torturas contra quem fazia qualquer tipo de oposição ao regime militar daquela época. E o mais assustador, e quando eu vejo hoje algumas pessoas pedindo intervenção militar. Com certeza, quem pede isso, não tem noção como foi o perído militar naquela época.