Num quarto de hotel, em Recife-PE, o infatigável candidato a governador Aluízio Alves (PMDB) resolve relaxar na cama. Acomoda a cabeça no travesseiro, empalma as mãos com os dedos em feixes entrelaçados e faz deles um anteparo à própria nuca. Em tese, relaxa.
Olha para o teto, pros lados…
– O que é isso?Animem-se – provoca. Mexe com assessores e outros aliados que dividem o espaço. Cabisbaixos, monossilábicos ou com olhos e cenho que denunciam o próprio desânimo, ninguém “obedece” o maior líder político populista/popular do RN em todos os tempos.
O ex-governador potiguar Aluízio Alves retorna de longo período de amputação de seus direitos políticos, em face de alcance do Ato Institucional número 5 (AI-5) em 1969, que o impediu de ser candidato a qualquer cargo eletivo por mais de dez anos. Era outra vez concorrente ao governo do Estado.
Sua episódica estada em Recife era para participar de debate eleitoral numa emissora de televisão. Vivia o ano de 1982. Ano de eleições gerais, de vereador a governador, menos à Presidência da República, o que só aconteceria em 1989.
Aluízio enfrentava especialmente o nome de José Agripino Maia (PDS), ex-prefeito biônico do Natal, engenheiro e filho do ex-governador Tarcísio de Vasconcelos Maia.
A poucos dias do pleito marcado para 15 de novembro, desabafa e justifica sua postura, sem esconder que teria uma derrota iminente. Justifica o sacrifício: “Eu preciso marcar posição”.
Pós-ditadura
Já sentado na cama, ele esclarece qual sua missão como provável derrotado: puxar o PMDB à formação de bancadas estadual e federal, manter espaço na oposição e trabalhar as condições políticas para um projeto nacional peeemedebista de conquista do poder, pós-ditadura.
Nas urnas, Aluízio foi derrotado por maioria de 106.352 votos, mas sua candidatura puxou a eleição de três dos oito deputados federais – Henrique Alves (seu filho), Antônio Câmara e Agenor Maia. Ensejou ainda a eleição de uma bancada com nove dos 24 deputados estaduais.
Quanto à única vaga ao Senado, acabou sendo eleito o radialista Carlos Alberto de Sousa (PDS), ligado a Agripino, enquanto que os concorrentes peemedebistas Roberto Furtado, Odilon Ribeiro Coutinho e Olavo Montenegro ficaram em segundo, terceiro e quinto lugares, respectivamente.
Eleições ao Governo do RN em 1982
José Agripino (PDS) – 389.924 (57,58%);
Aluízio Alves (PMDB) – 283.572 (41,88%);
Rubens Lemos (PT) – 3.207 (0,47%);
Vicente Cabral de Brito (PDT) – 441 (0,07%);
* Foram apurados 677.144 votos nominais (90,36%); 56.537 votos em branco (7,54%) e 15.717 votos nulos (2,10%), resultando no comparecimento de 749.398 eleitores.
* À ocasião, a legislação contabilizava os votos em branco no cômputo do quociente eleitoral para as eleições proporcionais, o que foi extinto em 1997.
Vencer Agripino e a máquina do estado era quase impossível. Um emaranhado de dispositivos casuísticos da legislação eleitoral foi feito também para impedir a ascensão oposicionista, em qualquer parte dos 23 estados da federação.
Os militares impuseram o instituto do voto vinculado (eleitor tinha que votar em candidatos do mesmo partido), a sublegenda (partido podia ter mais de um candidato para o Senado e prefeito). No pleito, não tinha ainda a prerrogativa de se formar coligação partidária.
O PMDB só possuía 13 prefeitos e menos de 40 vereadores no estado àquela ocasião.
Devido sua maior organização e estrutura no poder, o PDS “passou por cima” de Aluízio e seus candidatos. Porém a expressão “não ficou pedra sobre pedra” é inconsistente para o caso.
A história mostrou adiante que Aluízio estava certo ao “marcar posição”.
Em 1985 o PMDB venceu as eleições à Prefeitura do Natal (Garibaldi Filho), a primeira nas capitais brasileiras com disputa pelo voto direto desde o período de exceção iniciado em 1964; em 1986 ganhou o governo estadual com o ex-vice-governador Geraldo Melo e antes disso, pela via indireta, teve José Sarney (PMDB-MA) ascendendo à Presidência da República em 1995, com a morte do presidente eleito (no Congresso Nacional) Tancredo Neves (PP).
* No boxe constante dessa postagem, o Blog Carlos Santos reproduz a “Lambada do Tibúrcio”, ou “Melô do Tibúrcio”, como também é conhecida, composta e gravada pelo grupo paraense “Os Populares de Igarapé-Miri”, ainda na década de 1970, que se transformou na locomotiva musical da campanha de 1982 da campanha de Aluízio Alves.
Acompanhe o Blog Carlos Santos pelo Twitter clicando AQUI.
Boa tarde Carlos, François, Inácio, Claudio e Naide. Tô vivo; apenas os fatos atuais superam a minha curta compreenção.
Voltou, fooooooooi??????
As línguas ferinas andaram dizendo que o ”sinhô” tinha sido abduzido.
Eu estava esperando um contado seu de ”lá”, para saber se ”lá” está melhor que ”cá”.
Eu tenho absoluta certeza de que pior do que ”cá”, ”lá” não está, até porque ”lá” não há Encantador de Burros, a pior desgraça de ”cá”.
Abduzido ou não, vamos à luta.
Não provoca!!! kkkkkkkkkkkkkkkkk
Eu falei com o Mestre Yoda de lá, mas ele disse: meu filho a coisa tá difícil, nem nós de cá podemos ajudar os terráqueos de lá!