Por François Silvestre
Posto nos ombros de um gigante, um anão vê mais longe do que o próprio gigante.
Quando, numa conferência, alguém atribuiu a Isaac Newton o maior feito da física pela descoberta da gravitação universal, ele disse: “Eu me pus sobre os ombros de gigantes”. E pronunciou a frase, originária de Bernardo de Charters, que abre o texto.
Dentre os gigantes elencados estavam Pitágoras, Arquimedes, Copérnico, Bruno, Galileu e outros feitores de descobertas e desvendadores dos mistérios infinitos do Universo.
Einstein pôs-se sobre os ombros de Newton e viu mais longe. Percebeu que a atração da matéria, entre os corpos, não se limitava à relação proporcional do produto da massa e a inversa proporção do quadrado das distâncias. Acrescentou a percepção de que até a luz sofre alteração pela atração de uma grandiosa massa.
À gravidade de Newton, de massa e distância, agora se acrescenta movimento e velocidade.
Não apenas acrescentou, mas pôs uma pulga atrás da orelha no conhecimento do Universo até então. Ficou o dito precisando de comprovação.
Essa comprovação veio bem depois, na circunstância de dois eclipses do Sol, quando os observadores, postados em lugares diferentes e distantes, fotografaram os fenômenos. E viram que a luz de uma estrela, vista por nós, mudava de lugar ao passar pelo Sol.
A estrela ainda está no mesmo lugar, mas a sua luz, vista da terra, sofre alteração gravitacional ao passar por uma enorme massa. No caso, o Sol. Essa descoberta revolucionou a física e diplomou a credibilidade de Einstein. Para nós, leigos e escassos, não é fácil compreender o alcance dessas descobertas.
Stephen Hawking encangou-se nos ombros de Albert Einstein e foi mais longe. Aproveitando o avanço da relatividade, na comprovação de que o Universo não é composto de espaços planos, mas ondulados, Hawking ousou negar uma “verdade” cristalizada. A crença de que os Buracos Negros engolem matéria e carecem de irradiação.
Hawking anunciou a existência de luz nos Buracos Negros, radiação térmica resultante de efeitos quânticos. Essa radiação recebe o seu nome.
Como ele defende a tese da existência de outros Universos, não seriam os Buracos Negros apenas canais de ligação? Que em vez de engolirem a matéria apenas a transfere para outros espaços universais?
Você conseguiu entender tudo isso? Eu também Não. Ocorre que é mais fácil ver a radiação de Hawking do que ver um raio de luz no “buraco negro” da vida político-institucional do Brasil.
Aqui, no Brasil de hoje, não há gigantes. O país é visto e observado por anões nos ombros de pigmeus. Té mais.
François Silvestre é escritor
Metáfora perfeita, François! Parabéns!
A luz que vejo no fim do túneo é de um trem vindo em sentido contrário.
Sou otimísta!
Matou a pau.
Grande, François Silvestre. Somos sortudos , muito sortudos, em poder ler o que escreve! Não preciso ir para Parságada. Aqui, sou amiga do rei.
Bela digressão em forma de metáfora, mais uma vez pelas lentes do nosso François Silvestre que inteligente e desassombrosamente nos brinda com suas missivas em forma de artigos, e nos faz enxergar sem um mínimo de miopia e (ou) hipermetropia acerca dos fatos em epígrafe.
Um baraço
FRANSUÊLDO VIEIRA DE ARAÚJO.
OAB/RN. 7318.
Se os anões olhassem para cima e para frente, vá lá. Seria menos mal.
Mas, o que se vê é eles olhando para baixo. Apenas para baixo.
Alguns vão mais além. Descem dos ombros dos gigantes e entram ‘e$goto’ adentro. De vez em quando eles sobem à tona sujos de lama podre carregando malas cheias de dinheiro, dólares na cueca, tríplex, sítios, terrenos e o escambou, mas de olho no ‘e$goto’, o seu lar ‘do$e’ lar.
Captei a vossa mensagem, grande comentarista.
Basta ver os anões do orçamento.
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TENHO A IMPRESSÃO DE QUE OS RECURSOS SAL GROSSO SERÃO JULGADOS EM ABRIL.
Ops! Descem dos ombros dos PIGMEUS.
muito bom mesmo!