Amanheci sob a batuta do poeta-letrista-jornalista Torquato Neto.
Não, não imaginem que estou “down”. Não mesmo. Muito pelo contrário.
A cabeça efervescente de Torquato Neto remete-me à geleia geral, a ebulição da Tropicália, ao inconformismo, à inquietação criativa.
Pena que tenha partido tão cedo (28 anos). Nem tive tempo de cogitar um bate-papo.
Mas, até no adeus, ele foi incomum.
Antes de ligar o gás de seu apartamento, para dizer “bye” à vida, o jovem artista piauiense deixou bilhete para a mulher, entre sarcástico e compenetrado:
“FICO. Não consigo acompanhar a marcha do progresso de minha mulher ou sou uma grande múmia que só pensa em múmias mesmo vivas e lindas feito a minha mulher na sua louca disparada para o progresso. Tenho saudades como os cariocas do tempo em que eu me sentia e achava que era um guia de cegos. Depois começaram a ver e enquanto me contorcia de dores o cacho de banana caía. De modo q FICO sossegado por aqui mesmo enquanto dure. Ana é uma SANTA de véu e grinalda com um palhaço empacotado ao lado. Não acredito em amor de múmias e é por isso que eu FICO e vou ficando por causa de este amor. Pra mim chega! Vocês aí, peço o favor de não sacudirem demais o Thiago. Ele pode acordar”.
Thiago era o filho único de Torquato, de dois anos de idade. Não se transformou em poeta ou ativista cultural etc.
Thiago virou piloto de aeronave, atuando em voos comerciais. Enfim, tinha que voar também, a seu modo.
Grande Torquato Neto!
Faça um Comentário