Por Odemirton Filho
Quando se diz que a vida é passageira, efêmera, pode até ser um clichê.
Porém, em mundo de multiplicidade de afazeres, esquecemos desse “pequeno” detalhe e continuamos a percorrer a vida com o egocentrismo de sempre.
Na luta cotidiana para garantir o pão deixamos para depois o que realmente importa. Somos eternos prisioneiros de nossa individualidade.
Se volvermos o olhar para o que realmente vale a pena, veremos como estamos a gastar nossa sinergia com pormenores, que nos fazem embrutecer enquanto humanos. Estamos de olho no porvir, esquecemos do hoje.
A proximidade com o outro está em uma “curtida”, não em um abraço. Observamos a vida de soslaio. Para aprofundar ainda mais o fosso da individualidade, as redes sociais despertaram sentimentos rudes.
Se no passado não tínhamos a tecnologia do presente, esse nos faz relembrar o pretérito. Lá, parece-me, as relações pessoais eram mais estreitas, com um sopro de calor humano.
Atualmente, por trás dos nossos computadores e smartphones soltamos nossas “feras”. Falamos sem sopesar as palavras e suas inevitáveis consequências.
Quem somos? A pessoa do mundo real ou virtual?
Nesse contexto, rever conceitos e, sobretudo, atitudes, não nos diminui. Somente as almas nobres conseguem perscrutar as suas falhas e resgatar os bons sentimentos.
Em tempos de intolerância, nos quais a discordância de ideias é sinônimo de inimizade, nada mais producente do que uma profunda reflexão do nosso eu.
A divisão é perceptível em todos os quadrantes de nossas vidas, seja em casa, na sociedade ou no trabalho. Fechamo-nos ao outro, marcados pela impessoalidade.
Assim, nesses tempos difíceis, nada melhor do que ruminar sobre nossa vida, embalados pela simplicidade do poema de Jenário de Fátima:
“ (…) porque a vida é fugaz, tão veloz, tão passageira. A gente sofre demais, por bobagens, por besteira. Tudo um dia se desfaz. Mesmo que queira ou não queira”.
Odemirton Filho é bacharel em Direito e oficial de Justiça
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