Daqui a poucas horas, um de meus filhos – Carlos Júnior – levanta voo.
Inquieto, tem o ímpeto dos jovens conquistadores. Melhor: sabe exatamente o que quer; traça o próprio destino.
Vai pro Velho Mundo.
Não lhes digo que meu coração apenas pulsa. É diferente. Há aquele aperto, uma contração que parece me fazer sumir um pouco.
Adianto-lhes, entretanto: não tenho medo. Sou todo sentimento. Sinto-me leve, paradoxalmente.
A existência humana é feita de ciclos.
Estamos, eu e ele, vivendo o “ritual da provação”, em que a distância em vez de vácuo – definitivamente será nossa “ponte”. Caminhamos de mãos dadas sobre ela.
Ver a cria partir e, desgarrar-se, é testemunhar que a missão paternal venceu todas as dificuldades e medos.
Agora é com você, meu filho.
Qualquer coisa estou aqui, ao seu lado, na “ponte”.
Prezado Carlos,
Mais uma do (des)Governo de Rosalba Ciarline. Hoje pela manha, na sede da secretaria de educação do estado, nos foi negado o direito constitucional de certidão. Buscavamos uma certidão com informações pessoais de minha mãe, professora estadual aposentada, que buscará, por meio de ação judicial, receber os direitos que deveriam lhe ser garantidos já administrativamente.
Mas, como falar em garantia de direito ainda em sede administrativa quando o mais básico (e constitucional) dos direitos, o direito de certidão, previsto no art. 5º, XXXIV, b) (SIM, É UM DIREITO FUNDAMENTAL, CLAUSULA PÉTREA) nos foi negado.
Um governo que nega direitos fundamentais dos mais básicos, NUNCA irá garantir direitos fundamentais mais complexos como saúde, educação, segurança, moradia, etc.
Resta-nos buscar a tutela jurisdicional para garantir o simples, porém imprescindível ao Estado Democrático de Direito, direito de certidão.
Revoltante!
Rio Grande do Norte, a ditadura é aqui!
Jonas Yuri Carlos da Costa
Estudante de direito.
Parabéns, grande Carlos Santos. Como são parecidos os nossos corações. Conforme você escreveu na sua bonita crônica, é como se tivesse acontecido comigo. Eu também amo muito os meus filhos. Fazer o que quando eles precisam ganhar o mundo, se o mundo é deles mesmos!
Boa sorte pra ele e Sucesso nessa nova jornada dele!
As minhas pontes.
Quem atravessou a ponte pela primeira vez, aqui, foi Paula, minha primogênita. A travessia deveu-se ao casamento, então seguiu aquele trâmite habitual. Habitual para quase todos, não para mim, sempre agarrada aos meus filhos. Hoje, acho engraçado pq , em pouco tempo, a família cresceu…ela, médica, com inúmeros plantões e ele, o marido, jornalista, com carga horária de trabalho longa e variada, praticamente retornaram ao nosso aconchego, com dois filhos maravilhosos, alegria para nossas vidas. Voltavam para a casa deles só à noite, quando não dormiam aqui.
A segunda travessia quis partir meu coração. A minha segunda filha, Fernanda,um tempo após assumir a magistratura, a exemplo de suas colegas, quis partir para seu próprio apartamento. A cada juíza amiga que se mudava, ouvia meu coração dizer: a próxima é Fernanda. Mas ainda havia uma que morava aqui perto. Então, estava meio tranquila até que…até que esta última se mudou. Pronto, a lista terminara. Não conseguiria escapar. Pouco tempo depois, comecei a achar recortes de jornais, anunciando apartamentos. Meu coração começou a tremer, pior do que doer. Ela não tocava no assunto, para me poupar sofrimento antecipado. Chegou o dia. “Mãe, encontrei um apartamento ótimo, perto do Forum…veja que bom, chegarei em cinco minutos…! Segurando as lágrimas, ainda consegui festejar! Depois, recolhi-me e chorei tudo o que pude. Demorei a compreender a hora do voo. Questionava, a mim mesmo, o que poderia haver de errado em nossa casa, para ela querer nos deixar…Não entendia que, de fato, chegara a hora de seu crescimento.
Pois bem…eis como Deus me ajudou, pq eu estava muito triste, Carlos. Numa hora do jantar, Fernanda comunica o seguinte:” Mãe, Pai, vcs podem fazer a minha mudança? Não vou ter tempo!” E aí, aquela mãe “despedaçada” e aquele pai sereno (Sérgio aceitou tudo com tranquilidade: ordem natural das coisas), passaram parte de dias no novo apartamento, aguardando móveis, eletricista, bombeiro, marceneiro, vidraceiro, etc… Aquele “estágio” preparou minha alma. Então, subitamente, passei a encarar melhor. Temia pela pouca idade de minha criança. O fato de ela ser juíza, não a tornava adulta aos meus olhos de mãe. Outro fator que me ajudou muito foi ter passado a minha secretária para ela: Jurema, amor em nossas vidas.
Enfim, tudo calmo! Ela vem muito aqui…tem vaga em nossa garagem, tem quarto, dorme conosco várias vezes na semana. Viaja pelo mundo, é poliglota, a minha pequena! Há algum tempo veio com a novidade que me levou, novamente, aos prantos. Do nada e com a simplicidade que lhe é habitual, disse: “Mãe, quando lembro de minha infância, vejo vc, brincando, cuidando da gente e ensinando, ensinando, ensinando sempre pacientemente. Parece que deixou sua vida para se dedicar a nós , filhos.”. Ora, querida, que beleza, disse eu, isto é uma linda declaração de amor. Mas Fernanda não acabara e prosseguiu: “Então, mãe, quero lhe dar uma mesada, pq tudo o que sou, devo a vc.” Então, Carlos, vários sentimentos vivi naquele instante. Surpresa, pq não esperava por isto, alegria por tudo de lindo que ouvi, espanto pelo oferecimento da mesada pq jamais tive uma e uma vontade de chorar e rir pelo inusitado do acontecimento.. Respondi que ficava muito agradecida com a oferta, mas que não precisava. Ela imediatamente retrucou : “A mesada é compulsória. ” E, assim, tornei-me uma mãe que recebe mesada. Agora, Fernanda comprou um apartamento. Simples, como ela…mas vejo o voo, o progresso. Então pedi para que ela suspendesse a minha mesada,pelo menos por um período.
O meu terceiro filho, mora conosco. É advogado, mas prestou concurso especial para a Polícia Civil e passou. Quando saiu o resultado do concurso ele vibrou, comemorou, olhos brilhantes de alegria…me abraçou muito, e eu me segurando para não chorar de tanto medo. Neste dia, Carlos, no que me recolhi para chorar, desmaiei!
Veio Deus tb para me ajudar. O curso preparatório foi muito demorado e neste meio tempo, fui me acostumando. Afinal, sempre esperei à janela, a chegada de meus filhos em seus passeios. Ele é tão correto, bom, humano e ótimo filho! Deus haverá de protegê-lo! Tenho fé.
Lembro de Mário, dizendo:” minha irmã, vc é igual à Carolina : Eu bem que mostrei a ela, o tempo passou na janela e só Carolina não viu.” Meu irmão querido sempre requisitou a minha companhia, mas eu estava ocupada ou à janela.
Tanto escrevi, mas o que quero, realmente, dizer é que desejo um voo espetacular para Carlos Jr. E que a ponte do amor, do carinho e da atenção torne vcs ainda mais próximos, de mãos dadas e corações unidos.
Um abraço solidário, por seu momento, por conseguir magistralmente ultrapassar o “ritual da provação”, e pelo belo texto escrito por seu coração.
Naide.
NOTA DO BLOG – Bela crônica, Naide. É-me fácil perceber que falas com o coração. Falamos. Vai dar tudo certo. Amém.
Prezada Naide, vc nos emocionou com seu texto. Obrigada.
Que ele seja bem sucedido e muitas bênções.
Prezado Carlos, desejo boa sorte ao seu filho e que todas as metas traçadas tenham suas expectativas superadas. Prá vc, deve ser motivo de orgulho.
Que ele abrace o novo caminho que surge. O aprendizado será de grande importância. A ponte entre vcs sempre existirá. Não deve ser fácil esse “desgarrar”, mas dá um orgulho danado ver um filho saber o que quer e ir buscar isso. Que ele faça grandes conquistas! É o que desejo! Abraço
NOTA DO BLOG – Obrigado, querida. Aí, logo, vem à minha memória as imagens de Canindé e Ivanilda. Foram-se, sem perda de vínculo. Deixaram a maior parte aqui: o bem-querer. Beijos.
Parabéns pro filho e pra toda a família
Um dos textos mais lindos que já li até hoje. Tenho com Alvino dois filhos que daqui a alguns anos farão a mesma ponte. Pelo emnos, é o que esperamos deles. Quiçá tenha a mesma coragem de seu garoto!
NOTA DO BLOG – Obrigado, Líria e Alvino. A boa origem e os cuidados que vocês revelam cotidianamente, lógico que serão “a ponte” para o futuro de suas crianças. Abração.
Prezado Carlos, boa sorte ao seu filho que Deus ilumine seus caminhos. Deixo para ele as palavras: força, fé e foco. Para você também, mas lembre-se que seu filho também é Filho de Deus e por isso com certeza esté bem cuidado.
Sra. Naide, que linda crónica, que nos faz rir e chorar, uma bela história de família. Parabéns. Permita-me repassá-la para algumas pessoas que conheço que estão precisando administrar algumas mudanças.
Faz parte amigo. Sucesso ao Carlos Júnior. E a você como pai exemplar e cuidadoso que és, resta somente o apoio a empreitada do seu filho, e como mesmo disse: “Qualquer coisa estou aqui, ao seu lado, na “ponte”.”
Abraços.
Prezada Iris.
Você é muito gentil. Obrigada! Sim, pode passar aos seus amigos. A “crônica” é simples. Seus olhos leram com carinho.
Um abraço.
Naide.
Carlos.
Obrigada! Sim, vai dar tudo certo!
Um abraço, amigo.
Naide.
Ana.
Obrigada por suas palavras elogiosas. Fiquei muito contente.
Um abraço!