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domingo - 11/03/2018 - 03:22h

Direita, centro ou esquerda?

Por Odemirton Filho

As eleições que se avizinham serão marcadas por matizes político-eleitoral diversas. No dia a dia é comum os candidatos, os seus partidários e a sociedade usarem as expressões direita, centro e esquerda, como forma de definir a sua tendência ideológica.

Apesar de muitos considerarem essas nomenclaturas ultrapassadas, o fato é que diariamente vemos essas expressões serem usadas.

Historicamente foi na Revolução Francesa que se cunhou os termos “direita” e “esquerda”, quando os liberais girondinos e os jacobinos sentaram-se respectivamente à direita e à esquerda no salão da Assembleia Nacional.

Mas, o que vem a ser esses alinhamentos ideológicos? Será que quem levanta essa bandeira entende, realmente, o que pensam essas tendências?

Cumpre esclarecer que o termo ideologia vem da junção das palavras gregas “idea” mais “logos”, significando “doutrina das ideias”. Há, ainda, um significado positivo de ideologia, isto é,    um conjunto de ideias que pretende explicar a realidade e as transformações sociais.

No sentido negativo, no entendimento de Karl Marx, seriam as contradições sociais para manter a superestrutura da sociedade.

Desta forma, diz-se que ser de direita é apoiar o Estado (neo) liberal, baseado na livre iniciativa, com base no capitalismo. Os direitistas apregoam o Estado mínimo, no qual este se abstém de interferir, de forma mais efetiva, nas ações sociais.

Doutro lado, ser de esquerda, é aquela pessoa mais alinhada com a participação do Estado na sociedade, atendendo às necessidades vitais dos cidadãos, com ações afirmativas, a fim de diminuir as desigualdades sociais, sempre mencionando o socialismo ou o comunismo como base.

No meio termo, existem aqueles adeptos que se colocam como no centro, isto é, que não adotam filosofia nem de direita ou de esquerda. Acham que convergem interesses diversos, sem o radicalismo que permeia as outras ideologias.

Acrescente-se que essas definições são apenas um pouco dos pensamentos que presidem esses posicionamentos políticos e há sempre críticos de uma ou outra ideologia.

Com efeito, os candidatos postos à disposição do eleitorado brasileiro radicalizam suas ideias e passam a imagem que são defensores ardorosos desses pensamentos ideológicos. O mais das vezes, desconhecendo qual o fundamento e as raízes dessas expressões.

É de se indagar: é necessário toda essa discussão e defesa ardorosa dessas posições políticas? Vale a pena todo o radicalismo e agressões que presenciamos diariamente, sobretudo, nas redes sociais?

Cabe-nos, é certo, nos posicionamos em relação à nossa tendência político-partidária, porquanto a cidadania é feita com a participação popular nos debates que envolvam os interesses da sociedade.

Entretanto, o radicalismo inflamado com paixões por candidato ou partido nos impede de rever nossos conceitos e escolher, com razoabilidade, aqueles candidatos que possam atender as necessidades atuais do Estado brasileiro.

Insta lembrar que a política é arte da conveniência e eles, os políticos, fazem toda espécie de acordos para ascender ao poder, não se apegando a roupagens ideológicas.

Que o cidadão se posicione de acordo com sua linha ideológica, com mais razão e menos paixão.

Pelo nosso bem.

Odemirton Filho é professor e oficial de Justiça

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Categoria(s): Artigo

Comentários

  1. jb diz:

    A propósito de “a política é arte da conveniência e eles, os políticos, fazem toda espécie de acordos para ascender ao poder, não se apegando a roupagens ideológicas.” Lembrei-me deste excerto de a Teoria do Medalhão:”Podes pertencer a qualquer partido, liberal ou conservador, republicano ou ultramontano, com a cláusula única de não ligar nenhuma idéia especial a esses vocábulos, e reconhecer-lhe somente a utilidade do scibboleth bíblico.”Machado de Assis. O ‘schibboleth bíblico’ a que Machado alude refere-se a passagem bíblica narrada em Juízes 12:4-6:”E ajuntou Jefté a todos os homens de Gileade, e combateu contra Efraim; e os homens de Gileade feriram a Efraim; porque este dissera-lhe: Fugitivos sois de Efraim, vós gileaditas que habitais entre Efraim e Manassés,
    Porque tomaram os gileaditas aos efraimitas os vaus do Jordão; e sucedeu que, quando algum dos fugitivos de Efraim dizia: Deixai-me passar; então os gileaditas perguntavam: És tu efraimita? E dizendo ele: Não,
    Então lhe diziam: Dize, pois, Chibolete; porém ele dizia: Sibolete; porque não o podia pronunciar bem; então pegavam dele, e o degolavam nos vaus do Jordão; e caíram de Efraim naquele tempo quarenta e dois mil.” De acordo com professor Cláudio Moreno – //sualingua.com.br/2009/10/23/xibolete/ :”Cada língua tem sons que só seus falantes nativos são capazes de distinguir e, por isso mesmo, de reproduzir… Há vários exemplos conhecidos desse uso hostil da linguagem para diferenciar grupos humanos. No massacre das Vésperas Sicilianas, no séc. XIV, os odiados franceses eram reconhecidos pela maneira como pronunciavam ciceri (uma espécie de ervilha seca). Nas revoluções de 1893 e de 1923, no Sul do Brasil, quando foi amplamente empregada a execução por degola, os mercenários castelhanos eram identificados fazendo-os pronunciarem palavras que contivessem algum desses fonemas exclusivos; exemplos conhecidos são o jota (o nome da letra) e doispauzinhos. Em qualquer um dos casos, o estrangeiro estava perdido, porque teria de produzir sons que o falante nativo do Espanhol não conhece: a resposta, com suas fatais conseqüências, era sempre algo como /rôta/ ou /paucinhos/.”
    xi·bo·le·te (hebraico shibboleth, espiga, rio [palavra usada pelos habitantes de Galaad para reconhecer os de Efrém, que pronunciavam sibboleth])
    substantivo masculino
    1. Sinal ou gesto combinado. = SENHA
    2. Característica distintiva.
    “xibolete”, in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, //www.priberam.pt/dlpo/xibolete [consultado em 11-03-2018]. Segundo Flavio Morgenstern – escritor, analista político, palestrante e tradutor:”Na lingüística moderna, chamamos de shibboleth qualquer traço de pronúncia que permita identificar um grupo. Alargando-se o conceito sem se restringir à pronúncia, também o uso de determinados termos pode identificar shibboleth’s modernos… Talvez os maiores do debate público nacional sejam “coxinha” e “petralha”, cuja mera pronúncia já determinam a qual corrente ideológica a pessoa pertence.”

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