Por Ney Lopes
O desfecho da eleição no Chile (veja AQUI) revela sinais sócio-políticos, que merecem reflexão.
Ocupará o Palácio de la Moneda, sede do governo, Gabriel Boric, 36, com a idade mínima necessária para exercer o cargo de Chefe de Estado.
O derrotado foi José Antonio Kast, ex-deputado e advogado de 55 anos.
O segundo turno mostrou um país sacudido por manifestações populares nunca vistas, desde o retorno à democracia em 1990.
O perfil político do candidato Kast não escondeu a sua admiração pelo general Pinochet, que governou com mão de ferro por 17 anos e deixou mais de 3.200 mortos e desaparecidos.
Filho de imigrantes alemães, o pai de Kast alistou-se no exército, durante o regime nazista alemão.
A sua proposta era a continuidade do liberalismo ortodoxo e predominância absoluta das forças do mercado na economia.
Boric, após a vitória, disse diante de uma multidão, que “haverá no Chile mais direitos sociais, porém faremos isso enquanto permanecermos responsáveis, do ponto de vista fiscal”.
A propósito de ser acusado de comunista, Gabriel Boric declarou que o presidente será ele e não o Partido Comunista.
Pretende promover reforma tributária para garantir programa de melhor acesso à saúde, à educação e à criação de novo sistema previdenciário, atualmente inteiramente privatizado e em decadência, gerido por empresas privadas, desde a ditadura militar.
Foi implantado por um grupo civil, de profissionais formados na Universidade de Chicago, os chamados “Chicago boys”.
O objetivo era diminuir a contribuição das empresas.
Entre os profissionais esteve o ministro da economia do Brasil, Paulo Guedes.
O Chile ainda está mergulhado no tsunami de protestos realizados em 2019 – chamado de “explosão social”.
Os marginalizados sociais, unidos a classe média, buscaram na eleição um discurso, independente de esquerda, ou direita, que lhes assegurasse a sobrevivência mínima, diante de modelo econômico-social ineficaz.
Veja-se o exemplo histórico de Roosevelt nos Estados Unidos, considerado à época “comunista, quando adotou políticas assistenciais.
O seu “discurso” democrático foi de que desejava ser eleito presidente para mudar o país, e não para fazer reformas cosméticas, sem mexer com ninguém, ou mexendo apenas parcialmente.
Opinou sem “meias palavras”, que o mercado não poderia ser deixado por conta própria, pois seria um risco à economia coletiva.
Roosevelt desejava salvar também os capitalistas.
O bem-estar coletivo, garantido pelo Estado, era, na sua interpretação, benéfico a todos.
Mas, determinados empresários não pensavam assim.
O chileno Gabriel Boric aliou-se a grupos de extrema esquerda para lançar-se candidato.
Ao final, agregou apoios dos ex-presidentes Ricardo Lagos e Michelle Bachelet, que integraram a histórica “Concertación” (1990), uma coalizão eleitoral de partidos políticos chilenos de centro-esquerda, onde confluíram várias tendências ideológicas.
Enquanto isso, o seu opositor Antonio Kast usou o discurso econômico herdado da ditadura Pinochet.
Esqueceu que não basta o desenvolvimento econômico para o aprimoramento social.
Omitiu o verdadeiro liberalismo social de John Stuart Mill, que recomendava distribuição justa de oportunidades, diminuída a distância entre ricos e pobres.
Lord Beveridge, o criador do estado social, insistiu que ser livre pressupõe ter chão firme para apoiar-se.
Portanto, esses princípios não são privilégio da extrema esquerda.
O velho brocardo tomista ensina: “A virtude é o meio termo entre dois vícios, equidistante de ambos”.
A conclusão da análise é que a vitória de Gabriel Boric é atribuída ao seu discurso, a ser testado no mandato.
Ele defendeu que a “responsabilidade social e a austeridade fiscal” podem ser alcançadas, juntamente com as políticas de redução das desigualdades sociais e investimento público na geração de empregos, sem que isso signifique extremismos.
A reflexão sobre o “porquê” da esquerda vencer no Chile abre os olhos da classe política brasileira, na eleição de 2022, em busca da união política, com base em propostas sensatas, para evitar a predominância dos radicalismos.
Platão já advertiu, “que o preço a pagar pela não participação na política é ser governado por quem é inferior”
Espera-se, que Boric seja um espelho na América Latina, voltado para soluções democráticas, redução da influência das nocivas polarizações de esquerda, direita e adoção no governo de prioridades econômicas e sociais.
Ney Lopes é jornalista, ex-deputado federal e advogado
Vamos observar as palavras de Plantão, pra não repetir o erro.Entederam? Ou quer que desenhe?
Duvido -de-o-do.
O Chile agora se funda de vez! kkkkkkkkkkkkkk
Talvez não como o Brasil de Bolsonaro
Engraçado esse povo vir falar “agira o Chile afunda de vez”, “agora a Argentina afunda de vez”, esquecendo que a esquerda foi eleita nesses lugares exatamente porque a DIREITA que estava antes no governo deixou os países em situação de terra arrasada e convulsão social.
São os mesmo que diziam quando Fátima ganhou que “agorabo RN afunda de vez!”. E apesar da situação de calamidade das contas públicas enconteada pela governadora, seguimos pagando atrasados e reabrindo museus, teatros, vacinando, investigando…
Mas quem nasceu pra cachorro, miar é que não vai. Lhes resta latir.