De vez em quando me vem à mente lembranças da infância e adolescência. Das brincadeiras, principalmente.
Com os meninos da minha rua jogava bola quase todos os dias, até arrancar o “chaboque” do dedo do pé. Às vezes, é certo, a coisa dava ruim, quando, por exemplo, a bola caía no quintal de uma vizinha chata. Ela sempre ameaçava cortar a bola. De faca, gostava de dizer.
Quando chegava da escola ia assistir aos desenhos animados. O Sítio do Picapau Amarelo era bom demais. O dever de casa? Fazia-se depois.
Aqui ou acolá, junto com a meninada, ia brincar no patamar da “Igreja de lampião”. À época Corria-se à boca miúda que frequentava uma galera “pesada” por lá. A “turma do patamar”. Na verdade, mais uma fofoca tão comum em cidades do interior.
Um amigo, metido a descolado, colocava tampa dos potes de margarina nos aros dos pneus de nossas bicicletas. Fazia um barulho parecido com o de uma moto. Para nós, aquilo era o máximo.
Os mais traquinos ficavam em cima do casarão de Dr. Leodécio Néo jogando cajaranas nos carros e nas pessoas que passavam na rua. Colecionávamos maços de cigarros e, claro, “andávamos” de bicicleta, pra lá e pra cá. Ah, como era massa o Autorama de Nelson Piquet.
Quando íamos ao parque de diversão brincar na roda-gigante, e essa parava no ponto mais alto, passava um frio na barriga. As cadeiras, quase sempre enferrujadas, ficavam balançando e “rangendo”. Outrora, os parques eram armados onde hoje se localiza o Teatro Dix-Huit Rosado.
Inúmeras vezes fui da rua Tiradentes, onde morava, até a rua 06 de Janeiro para jogar futebol e brincar de bola de gude com os meus primos. Ficava por lá até o início da noite e jantava na casa de minha avó ou da minha tia, que ficavam próximas.
Qual criança não voltou para casa sujo e suado, com a mãe reclamando no pé do ouvido ou debaixo de chineladas?
Cuidado com o sereno, menino! Quem nunca ouviu essa recomendação?
Pois é. Bateu saudade da infância. Das brincadeiras. Da sopa de feijão da minha tia. Do arroz de leite de minha vó.
Odemirton Filho é bacharel em Direito e oficial de Justiça
Você, Odemirton, nos leva a um mergulho no passado.
Como tenho mais idade, minhas recordações são outras.
Lembro todas as tardes ficar esperando passar o trem carregado de gigantescas pedras grandes e muito brancas. Gostava da cor daquelas enormes pedras. E quando o trem passava era hora de jogar bola num terreno baldio bem em frente ao matadouro. E nunca esqueci da tarde em que a bola furou e a turma resolveu ir ver o abate dos bovinos. Os animais em fila espremidos por uma cerca. O primeiro seguiu tranquilo, apenas mexendo muito o pescoço. Já o segundo, quando viu o primeiro caído e sangrando, mugia de forma desesperada. Olhei para o terceiro animal e vi lágrimas caindo dos seus olhos. Os homens vendo minha tristeza, apontavam para mim e gargalhavam. Nunca mais consegui entrar num matadouro.
Imagens que carrego comigo até hoje.
Não existia televisão. A diversão era o rádio. Rádio que tinha até torcida. Tapuyo ou Difusora. Eu preferia ler histórias em quadrinhos e me imaginava o mascarado montando Silver. Ficava meio sem entender como máscara tão pequena conseguia esconder a identidade do herói.
Tinha as normalistas, saia azul e blusa branca. Nos pés das lindas mocinhas, meias brancas curtas e o sapato com fivela. Torcia por uma forte rajada de vento…
Quando o sol no horizonte iniciava o seu desmaio de todo fim tarde, anunciando que a noite estava chegando meu coração não se enchia de medo, mas era tomado por uma tristeza somente agora compreendida. É que, inconscientemente, o menino percebia não só a morte do dia, mas um pouco dele mesmo.
Na época a lambreta estava na moda. Depois chegaram as Vespas com uma trazeira roliça. Interessante é que mesmo trazendo um na garupa não provocavam medo nas nossas mães e muito menos em nós.
Élooca em que a violência ficava restrita as famosas brigas de índios contra a cavalaria na tela do PAX.
Mais coisas tenho para relatar, infelizmente escrevo deitado por conta de uma artrose que me causa enormes dores quando fico sentado. E deitado, os braços começam a doer por conta de segurar o aparelho com uma mão e com a outra digitar.
Pensei até em falar da namoradinha que morava numa enorme casa perto do cine Caiçara. E das minhas andanças pelo setor onde hoje se localiza a CAERN …
Fica para outra vez.
Ao professor ODEMIRTON FILHO meus parabéns pela bela crônica.
Aos leitores peço descjulpas pelos erros. Não me é possível fazer a leitura antes de publicar. Por tentar fazer isto já perdi textos. O meu aparelho é baixa renda…
Cada desculpa esfarrapada para jusficar erros…
Beleza, meu amigo. Seus comentários/crônicas são sempre um deleite.
Saúde!
Tempo bom que não volta mais ! Tenho boas lembranças do nosso futebol na Francisco Ramalho, das bolas que caiam no muro do velho vizinho seu Pedro Borges, e que nunca mais voltavam, dos banhos de piscina, das brincadeiras, era uma turma muito boa.
Certeza, bons tempos.
Pelos relatos acima, Albinha e o velho Odemirton Firmino, devem ter tirado por muitas vezes as havaianas dos pés pra fazer vezes de cinto nas nadegas do autor…kkkk
Naquele tempo, sair da rua Tiradentes até a Seis de Janeiro, era uma peraltice sem medidas, só chinelo no rabo, como dizia e fazia minha mãe, era o que resolvia. Num é Odemirton ?
Meu amigo, num entregue o jogo, rsrsrs.
Abraços, Rocha.
Beleza de Crônicas, a do Prof.Odemirton e a do Sr.Inácio. Tempos de alegrias, do pouco para ser feliz. Parabéns!