Segue com grande repercussão o debate promovido pela TV Cabo Mossoró (TCM-Telecom) nessa quinta-feira (22), às 20h15, sob moderação do jornalista Moisés Albuquerque. A pergunta clássica pós-debate é sempre a mesma: “Quem venceu?”
Vamos lá.
O eco pós-debate é o senhor da verdade, acima de nossa visão, interpretação e parcialidade. Somos parciais, graças a Deus.
As ruas e as redes sociais dizem muito de como foi visto esse embate entre os seis candidatos à municipalidade: Rosalba Ciarlini (PP), Allyson Bezerra (Solidariedade), Cláudia Regina (DEM), Isolda Dantas (PT), Irmã Ceição (PTB) e Ronaldo Garcia (PSOL). Elas têm muito mais valor do que nosso comentário e entendimento.
Debate é medido após o debate. Apesar de ser oportunidade para apresentação de propostas, o seu formato e a própria quantidade de participantes, não permitem melhor avaliação quanto a esse conteúdo.
O debate é acima de tudo um jogo tático, de movimentação de peças, cheio de estratégias para sobrevivência com o menor número de arranhões possíveis ou capaz de dar ao participante a grande oportunidade de disparar um tiro letal e decisivo.
Allyson Bezerra
O deputado estadual Allyson Bezerra é quem melhor aproveitou o debate e o pós-debate, até aqui, sobretudo porque ficou nítida sua projeção como polarizador da candidata e nome favorito à reeleição, Rosalba Ciarlini. Desnorteou a contendora Cláudia Regina, que começou debate no ataque (lendo a própria pergunta por escrito), tratando-o como falso, dissimulado, despreparado, produto de marketing e a reprodução do ex-prefeito Francisco José Júnior.
A partir daí, tomou conta do debate a ponto dos adversários evitarem fazer perguntas a ele, tentando impedir sua fala. Mas, quando as regras permitiram se pronunciar, o fez com maior segurança, dissertando sobre números, avaliações econômicas, sociais e da gestão pública. Apenas num duelo elevado com Isolda Dantas, ele apresentou resposta genérica à inquirição dela.
No fim, ainda ganhou de presente a ironia de Rosalba, que o tratou por “pobrezinho”, epíteto perfeito para tanger um fim de campanha. A prefeita teve dificuldades de falar em corrupção, em processos que remontam à sua passagem no Governo do RN, vinculados ao Hospital da Mulher Parteira Maria Correa. Ao tentar contra-atacar, se perdeu.
Cláudia Regina
Cláudia Regina foi, com certeza, a grande e inesperada decepção do debate. Loquaz, equilibrada, inteligente, com bom conhecimento sobre as coisas do município e da municipalidade, ela se revelou o inverso desse perfil. Deu demonstrações de nervosismo, encontrou dificuldades para formular perguntas simples e foi facilmente envolvida por Allyson, Rosalba e até a Irmã Ceição, que tripudiou de condenações suas advindas das eleições de 2012.
Ao mesmo tempo, passou a impressão de que não é candidata da “oposição” para derrotar Rosalba. O debate a mostrou como força-auxiliar de sua ex-líder, Rosalba, para impedir que alguém mais competitivo vença a prefeita favorita.
Ficou devendo muito, depois do desterro de oito anos da política. Tende a sair da campanha bem menor do que entrou. Poderia ser vítima, virou algoz e suposta parceira de quem teria de combater. Não mostrou, em momento algum, que é alternativa e nome à mudança. Se Rosalba for reeleita terá muito a agradecê-la.
Isolda Dantas
A candidata petista teve participação equilibrada, sobretudo porque praticamente não foi molestada. Sua posição esquálida em pesquisas, procurando não passar vexame nas urnas e eleger pelo menos um nome à vereança, fez com que adversários não a fustigassem.
Mesmo quando tentou esgrimir com nomes mais acima, teve escasso lampejo de contundência e pouca eficácia na tarefa.
Fechou participação falando de um prosaico telefonema que teria recebido do ex-presidente Lula.
Rosalba Ciarlini
A prefeita e candidata à reeleição Rosalba Ciarlini começou o debate evitando entrechoques, pois sabia que em tese seria o principal alvo das perguntas. E depois de testemunhar Cláudia Regina ficar zonza em duelo com Allyson Bezerra, a prudência falou ainda mais alto. Passou a ser ainda mais cautelosa, fugindo do embate com ele.
Na condição de governante e favorita, mas com vulnerabilidade de sua gestão e biografia, carregadas de problemas de denúncias em relação ao dinheiro público, Rosalba agiu taticamente de forma correta. Todavia, outra vez foi pródiga em promessas e pobre em ideias.
Chegou a tabelar perguntas tipo ‘levanta que eu corto’ com Cláudia Regina, sua adversária, digamos, mas só se perdeu no fim do programa.
Ao arriscar ironia em relação a Allyson, tentando fugir de pergunta sobre desvio de quase R$ 12 milhões do Hospital da Mulher Parteira Maria Correa, inclinou-se para o deboche com a expressão “pobrezinho”. Sua própria assessoria presente nos bastidores da TCM-Telecom quase tem um colapso, ao testemunhar o deslize.
Mas, no geral, com respostas genéricas e carregadas de clichês, salvou-se do pior. O pós-debate é que pode lhe ser caro.
Irmã Ceição
A candidata do PTB, Irmã Ceição, foi um show de simpatia, e teve a coragem de tentar emparedar nomes como Rosalba e Cláudia. Nos intramuros da política, havia zunzunzum de que seria ‘levantadora’ para servir à Rosalba e fustigar adversários. Não foi isso que se viu.
Foi uma debatedora de verdade, sem dissimulação. E ainda aproveitou para pedir voto ao adversário Allyson Bezerra.
Falou a seu modo simples, deu seus recados e mostrou quem é com muita naturalidade.
Ronaldo Garcia
Homem de conhecimento, professor universitário, Garcia teve dificuldades de participar de um programa que é novo em sua vida, cheio de regras, imposição de tempo, estilo etc.
Acabou passando suas mensagens de forma muito confusa e não teve paciência sequer para tratar de números e argumentos que procurou formular.
Parece mais um anticandidato, mas nem assim em momento algum foi deselegante ou incendiário.
TCM-Telecom
Todos os parabéns possíveis à direção da TCM-Telecom pela iniciativa. O alto padrão do programa, o zelo por seu público e o respeito aos candidatos, tratando-os de forma equitativa, reforçam a imagem que a empresa passa para telespectadores e cidadãos.
O velho Milton Marques de Medeiros deve estar vivo de orgulho. Ele perguntaria-nos: “Gostou, camarada?”
– Gostei, Milton!
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