Como a política é dinâmica: antes satanizada pelo petismo, Rosalba Ciarlini (DEM) é “protegida” agora no final de gestão.
A aposta de Rosalba foi na vitória da deputada federal Fátima Bezerra (PT) – já obtida – ao Senado.
No segundo turno, reforça o que fez subliminarmente no primeiro: é Robinson Faria (PSD) ao Governo do Estado desde pichototinha.
Uma vitória de ambos e da presidente Dilma Rousseff (PT), à reeleição, forma ponte para que a atual governadora alce novos voos sob outra roupagem. Nessa reengenharia, a Prefeitura de Mossoró não pode ser esquecida. Nem o prefeito Francisco José Júnior (PSD).
Quem já foi “socialista morena” com o PDT, em sua primeira eleição à Prefeitura de Mossoró em 1988, não terá dificuldades de se agrupar na base de apoio petista.
O grupo de Rosalba tinha começado essa operação de mudança de “plumagem” bem antes da cisão com o senador e presidente nacional do DEM, José Agripino. Mas não avançou.
Perda do PSD
Quando o PSD foi criado, a ideia no rosalbismo era desembarcar na sigla, que ancorou na base de apoio de Dilma. Como demorou, quem foi mais rápido no gatilho foi o vice-governador Robinson Faria (PSD), que já brigara e se afastara da companhia de Rosalba, vomitando cobras e lagartos da governante.
A outra alternativa para Rosalba “colar” em Dilma e no PT surgiu através do seu cunhado, o deputado federal Betinho Rosado (PP). Ele obteve controle do PP no estado e pode ser o seu próximo endereço partidário, sobretudo se Dilma e Robinson forem eleitos.
Seu sobrinho-afim, Betinho Segundo (PP), filho de Betinho Rosado, foi eleito à Câmara Federal na Coligação Liderados pelo Povo, encabeçada por Fátima Bezerra e Robinson.
Deve ser um nome a ser ouvido por Robinson, caso o vice-governador “dissidente” seja eleito à sucessão da própria Rosalba.
Rosalba não tem do que reclamar dessa “parceria”. Na campanha, apesar do agravamento da crise financeiro-administrativa do Estado, agudizando até a relação com o servidor público, houve uma trégua tática nas mobilizações contra a gestão.
Rosalba e Francisco José Júnior
Daqui para frente, tudo estará nas mãos do eleitor. Dilma reeleita e Robinson “na cabeça”, será a hora de fazer rescaldo de seu desastre administrativo e político.
O saldo, mesmo assim, pode ser positivo para o ressuscitamento.
Haverá disputa municipal em 2016, em que seu grupo terá de investir em candidatura própria contra o prefeito Francisco José Júnior. O problema, a princípio, é que o prefeito – com uma eventual vitória de Robinson, deverá ser um dos nomes mais prestigiados (veja AQUI) pelo novo governo. Rosalba ficaria em segundo plano.
Entretanto não é bom descartarmos o “improvável”: Robinson, Fátima, Rosalba e Francisco José Júnior num mesmo palanque em futuros projetos políticos, a começar por Mossoró.
A campanha estadual deste ano no primeiro turno foi quase assim. Um pouco antes, nas eleições suplementares a prefeito de Mossoró, maciçamente o rosalbismo votou em Francisco José Júnior, para derrotar adversários históricos e familiares.
Como se vê, o contorcionismo político da governadora não é fácil. Ao contrário de um passado recente, muitos fatores externos comandam seu destino. Uma decisão que lhe favoreça hoje, pode ser o seu fim amanhã.
Mas lutar é preciso.
Tempos cruéis!