"Se você odeia alguém, é porque odeia alguma coisa nele que faz parte de você. O que não faz parte de nós não nos perturba." (Hermann Hesse, escritor alemão, autor de Sidarta, Demian e outros livros clássicos)
"Feliz Ano Novo!"
Esse chavão atravessa o planeta num pipocar só comparável aos fogos de artifícios, em cada final de ano. Não importa se o calendário é romano ou chinês. É assim que passou a ser desde alguns séculos e séculos.
O ser humano talvez tenha mudado pouco ou quase nada nesse tempo. Biologicamente, a tese da evolução da espécie do naturalista Charles Darwin insiste em se confirmar, com os mais fortes escravizando os mais fracos. É a chamada "seleção natural".
Noutra vertente, a espiritual, ouvimos falar em princípios que nos tornariam um só, todos iguais, apesar das visíveis – e ocultas – diferenças. Não importa a religião ou se o indivíduo é ateu: há muita coisa a nos unir.
A ciência está desfazendo mitos e preconceitos quanto ao Quociente de Inteligência (QI), em relação aos códigos genéticos e desmanchando teses relativas à superioridade racial. Queiram ou não alguns, somos iguais na essência; diferentes na atitude e no pensar.
Então, o que nos separa do bem-comum e da fraternidade? Por que tantas guerras entre povos, a desavença familiar, a carnificina urbana e a competição predatória do cotidiano?
Primeiro, sinto-me incapaz de oferecer respostas definitivas. Com base na ciência e na fé, na fusão delas, mesmo naquilo que são excludentes, parece uma equação impossível de ser fechada. Ou bastante difícil, em face de valores pessoais e conhecimentos condensados até aqui por mim.
Diminuir distâncias, aplacar sentimentos menores e vencer às próprias fraquezas são desafios pessoais necessários, para que possamos transformar o Feliz Ano Novo numa aspiração e não apenas num clichê social. Eu não o pronuncio da boca pra fora. O suplício da hipocrisia não me proponho a adotar.
Trata-se de má vontade?
De modo algum. Apenas não quero ser injusto com os sinceros de coração e que me respeitam, distribuindo Feliz Ano Novo a torto e a direito. Jamais vou banalizar o que deve ser cultivado como oferenda afetuosa.
A quem passa o ano agindo e torcendo para transformar a vida alheia no inferno, desejo que continue se envenenando. Não contente com os próprios êxitos, precisa que alguém esteja mal para se sentir realizado. Afinal de contas, esse é o jeito que encontrou para tentar ser "feliz." Continue sorvendo esse coquetel de recalque, ódio e inveja.
A felicidade é plural. Possui força irradiadora e contaminante. Tem sido assim, vai ser assim em 2008. O período será excelente para mim e para muitos que assim crêem. Acredite.
Feliz Ano Novo!