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domingo - 03/05/2015 - 06:25h
Presente e futuro

‘New York Times’ vê ‘ilhas de crescimento’ para impressos

Entretanto leitura em dispositivos móveis é cada vez maior no mercado norte-americano, diz pesquisa

Do jornal O Globo

Para o “New York Times”, o digital é o futuro. Mas seu diretor executivo, Mark Thompson, afirma que “não vai desistir do impresso”. Após divulgar os resultados do “NYT” no primeiro trimestre, Thompson afirmou em entrevista à agência de notícias Reuters que o jornal vai se dedicar a “ilhas de crescimento” na sua versão impressa.

Operador da Bolsa de Nova York lê jornal durante o pregão - Andrew Harrer / Bloomberg News

O jornal teve um prejuízo de US$ 14 milhões no primeiro trimestre, puxado por gastos extraordinários com uma ação na Justiça e por uma queda no lucrativo segmento de publicidade impressa. O resultado operacional melhorou e ficou em US$ 59 milhões, contra US$ 57 milhões em igual período do ano passado.

— O digital é a principal área de crescimento. Mas onde podemos investir no que chamamos de “ilhas de crescimento” na versão impressa, nós investiremos — explica o executivo.

A circulação digital média do NYT cresceu 14,2%, para 1,55 milhão. A circulação digital do domingo subiu 10,7%, para 1,48 milhão. No impresso, a média de circulação de segunda-feira a sexta-feira caiu 6,8%, para 625.951; aos domingos, caiu 5,2%, para 1,15 milhão. O número de assinantes digitais subiu 20%, para 957 mil.

Segundo o executivo, o jornal mantém seus planos de cobrar assinatura no seu aplicativo para celulares e tablets, hoje gratuito, a partir de maio.

A versão em papel do jornal ainda representa mais de dois terços da receita total de publicidade. No impresso, a seção Casa e Automóveis foi descontinuada recentemente.

Mas nasceu a seção mensal “Men’s Style”, focada em moda e estilo de vida para homens, no mês passado. Em fevereiro, o NYT relançou a “New York Times Magazine”. A revista e a “T: The New York Times Style Magazine”, vêm ampliando receita, afirmou Thompson.

— Estamos determinados a fazer tudo o que podemos para preservar a publicidade impressa — disse Thompson.

O “NYT”, como outros jornais, vem sofrendo pressão para encontrar novas vias de crescimento num momento em que a receita da propaganda impressa está encolhendo e se desloca em direção aos anúncios digitais, que custam menos e oferecem retorno rápido e mensurável.

A receita com a venda de anúncios impressos caiu 11% no período, enquanto a do digital subiu 10,7%. No total, a receita com publicidade recuou 5,8%.

Celulares e Tablets

O estudo “State of the News Media”, divulgado nesta quarta-feira pelo Pew Research Center, traz um retrato do mercado de mídia dos Estados Unidos. Com dados da Nielsen, o relatório aponta que 56% dos consumidores que leem um jornal fazem a leitura dessa publicação exclusivamente no papel, contra 55% em 2013. Outros 11% também a leem em computadores; 5% também acessam esse noticiário apenas por dispositivos móveis; e 11% o leem em todas as plataformas.

Por outro lado, o relatório aponta que cada vez mais americanos estão usando celulares e tablets para se manterem informados. Dos 50 maiores sites jornalísticos do país, 39 recebem mais tráfego via dispositivos móveis que por computadores, segundo dados de janeiro da comScore. Entre os sites de jornais, o fenômeno é ainda mais claro: dos 25 maiores, o tráfego mobile supera o gerado por desktops em 19, em cinco há um empate e em apenas um, o “Houston Chronicle”, as visitas por computadores superam as geradas por dispositivos móveis.

Para os grandes jornais, aponta o relatório, a audiência digital ultrapassa de longe a circulação. O “New York Times”, por exemplo, registrou circulação média da versão impressa de 650 mil em setembro de 2014. Por outro lado, ele possui 1,4 milhão de assinantes digitais e, em janeiro deste ano, o site e seus aplicativos receberam 54 milhões de visitantes únicos.

Esse dado aparentemente contradiz o estudo da Nielsen, que aponta que a leitura de jornais se dá predominantemente no impresso. Para os pesquisadores do Pew, a resposta está no tipo de uso de cada mídia.

“O visitante chega por um link visto em uma rede social ou recebido por e-mail, e, por isso, pode não considerar a experiência como ‘ler um jornal’, mas apenas navegar por um artigo on-line”, afirma o estudo.

Publicidade em alta

Atrás dos leitores, vai a publicidade. No ano passado, foram investidos US$ 19 bilhões em anúncios móveis, alta de 78% em relação a 2013, de um total de US$ 50,7 bilhões gastos em publicidade digital, mas a maior parte deste montante fica com companhias de tecnologia. Apenas o Google abocanha 38% do total.

Os jornais impressos ainda se recuperam da crise do fim da década passada e disputam o mercado de publicidade digital. No ano passado, a receita com anúncios em sites e aplicativos cresceu 3% em relação a 2013.

Contudo, o resultado não foi suficiente para compensar a queda de 5% na publicidade impressa. Ao todo, o setor faturou US$ 16,4 bilhões com anúncios, queda de 4% frente a 2013.

A circulação das versões impressas interrompeu a trajetória de alta dos últimos três anos e registrou queda de 4% em 2014 na média semanal, após registrar alta de 22% entre 2012 e 2013; e de 3% entre 2013 e 2014.

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Categoria(s): Comunicação

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