Enquanto Mossoró acompanha uma briga cretina para saber quem é o responsável pelo não-funcionamento de uma UTI Neonatal na cidade, bebês continuam morrendo. Nessa terça, 4, chegamos ao terceiro óbito em menos de 15 dias, informa-me um jornalista amigo.
São três minúsculos cadáveres, sonhos desfeitos, vidas amputadas na raiz. Ninguém assume responsabilidade e o que se evidencia é o complexo da transferência de culpa, deformidade comum aos covardes e patifes. Algo que abunda na polÃtica mossoroense.
Nesse enredo é difÃcil se encontrar algum mocinho. Prospera a indústria da "pilantropia" e tremulam estandartes enganosos do espÃrito público. Sobram vigaristas. Num paÃs sério, muitos estariam presos. CaÃssem nas mãos de justiceiros, seriam imolados até a morte. Não fariam falta.
Tudo uma farsa imunda, na terra que vive a fraude da trilogia libertária, mas que não tem a dignidade de salvar suas crianças da morte infame e cruel. Inexistem médicos especialistas, alardeiam alguns. Não há estrutura, dizem outros.
Faltam-nos vergonha na cara e uma gota, mÃnima que seja, de respeito à vida e ao próximo. Um traço de humanidade bastaria. Somos tomados por um egoÃsmo doentio, que nos distancia da dor alheia e nos faz pensar que tudo é "normal", até porque não é comigo. O choro na casa ao lado não me diz respeito.
Em termos de sociedade, Mossoró quer se impor como desenvolvida, isso porque ver dezenas de arranha-céus brotando da terra. Entretanto ainda convive com epidemias de bicho-de-pé, mendiga esmola para sustentar seus idosos e assassina crianças em série.
Como se vê, sobra mesmo é cinismo.