Há uma luta polÃtica mais barulhenta do que é normalmente vista, acontecendo nos subterrâneos do mundo elegante e pomposo da alta cúpula do poder em Mossoró. Ao contrário dos primos Carlos Augusto Rosado (DEM) e Sandra Rosado (PSB), que volta e meia gostam de dar demonstrações públicas de "civilidade", nem todos se entendem na famÃlia que se dividiu para somar.
Nem tudo é tão harmonioso como parece.
Pelo menos entre a facção familiar da deputada federal Sandra Rosado e da prima e prefeita Fafá Rosado (DEM), as relações são tensas e quase esgarçadas. Nem tudo que é noticiado ou está nas entrelinhas das colunas e reportagens jornalÃsticas revela a dimensão das diferenças.
O enredo é quase policial. Ou policial mesmo.
Desde que a deputada estadual e pré-candidata a prefeito Larissa Rosado (PSB) e sua mãe, Sandra (DEM), andaram ameaçando contaminar a campanha com denúncias, caso fossem provocadas, a fleuma é só de fachada. Às vezes, nem isso.
"LaÃre não pode ser prejulgado. Ele vai ter tempo para mostrar sua inocência (…) Mas se for partir para essa questão de processo, de denúncia, o marido da prefeita (deputado estadual Leonardo Nogueira-DEM) enfrenta processo seriÃssimo na área da saúde (…). Sendo assim, a prefeita não vai nem botar o pé fora de casa, porque ela mesma enfrenta processos depois que tomou posse."
As estocadas acima foram feitas pela secretária estadual e deputada Larissa Rosado, no dia 6 de janeiro. Um pouco antes, sua mãe disse o mesmo. Ambas protegem o ex-deputado federal LaÃre Rosado (PSB), casado com Sandra.
Sob investigação do Ministério Público Federal e denunciado por alguns crimes no âmbito da Justiça Federal, como formação de quadrilha e corrupção passiva, LaÃre pode ser o alvo que indiretamente atingiria a postulação de Larissa.
ESCÂNDALO
A deputada estadual tirou não apenas carta de seguro, mas encurralou a prefeita e o marido, que tem seu nome incluÃdo em investigação no caso denominado de "A máfia dos homens de branco". O escândalo envolvendo recursos da saúde foi desencadeado pelo Jornal Página Certa em 2004. Daà em diante foi tocado por apurações da PolÃcia Federal, apesar do "abafa" articulado pelo restante da mÃdia.
Em pelo menos duas situações, a PolÃcia Federal ocupou prédios da prefeitura para recolher documentos impressos e eletrônicos. Até hoje, bem ao seu estilo investigativo, a autarquia mantém o resultado do que recolheu no mais absoluto silêncio, incluindo os depoimentos de certos figurões.
Como se observa com facilidade, os dois lados desse iminente embate polÃtico não têm interesse real em discutir problemas da cidade e eventuais desnÃveis morais de cada um dos grupos. A arenga com tamanha escaramuça é uma espécie de preventivo, antÃdoto contra eventual acesso de fúria do oponente.
"Se for medir por questão de processos, acho que não será conveniente…" sufocou Larissa Rosado na mesma entrevista.
A prefeita e o marido apostaram no silêncio como resposta (veja matéria a ser postada em seguida). Fez-se um pacto de não-agressão, ou o que pode ser chamado de "guarda-sujeira" debaixo do "tapete".
Cada um fica com a sua no armário e não se fala mais nisso. Contudo, ninguém pode apostar que o odor da vida polÃtica desse e de outros personagens seja acondicionado em "container" durante toda a campanha. A tentação de lado a lado e o açulamento de partidários mais incendiários, podem causar estragos.
Quanto à imprensa, a expectativa e que cada um dos lados controle a sua e a manipule, para passar ao largo de questões desagradáveis. A menos que receba ordem para disparar o coquetel de impurezas numa necessidade estratégica.
* Veja ainda hoje:
– A segunda parte dessa reportagem analÃtica;
– Pesquisa para vereador revela surpresa e cenário de dificuldades
– Investigações sobre entidades "filantrópicas" trarão fatos aterradores;
– E muito mais.