Tenho acompanhado algumas distorções na campanha eleitoral de Mossoró este ano. Em especial, observo alguns componentes da mídia no olho do tufão.
Há um estardalhaço desnecessário e tolo em torno do trabalho jornalístico realizado por Bruno Barreto, de "O Mossoroense." Ele tem aparecido em relevo, satanizado por setores da própria imprensa ou nos bastidores da campanha.
Conheço Bruno razoavelmente. Talvez nem sejamos amigos, mas no mínimo nos respeitamos e há traços de admiração mútua. Aprecio seu trabalho, que só tende a crescer. Só uma pessoa pode impedir sua progressão profissional: o próprio.
A acusação que pesa sobre ele é de estar acuando a prefeita Fafá Rosado (DEM), ao tentar entrevistá-la. Pelo menos uns dois incidentes teriam ocorrido.
Há uma inversão de valores não apenas nesse caso, mas na atmosfera político-social da Mossoró contemporânea. O comum, querer colher depoimento da maior autoridade constituída do município, é sinal de desrespeito e petulância.
O "normal" é testemunharmos um jornalismo de resultados, com odor de "assessoria de incenso". Remetem-nos a um período de trevas, do arbítrio verde-oliva, onde a liberdade de imprensa era associada à licença para elogiar.
Criticar é atestado de insolência, recalque e despreparo.
Quando tudo isso passar, jornalistas e jornalistas vão estar outra vez na planície das redações, no cotidiano da caça à notícia e coabitando o mesmo espaço. Eles, os mandachuvas, dividirão mesas fartas com vinho importado e caviar, rindo de todo esse enredo rocambolesco.
Já vi esse filme antes.
Lembro-me de JK. Para ele, não existia inimigo eterno nem amigo para sempre. "Tudo se tranforma", descobriu o doutor Antoine Lavoisier. Quem possui caráter não o converte em servilismo torpe.
Já já a campanha eleitoral vai passar. O rescaldo poderá ser asfixiante para muita gente.