Depois de seis meses da efetiva atuação da Gerência-Executiva de Trânsito (GETRAN) do município, através de sua municipalização, já pode-se perceber alguns episódios preocupantes que estão revolvendo as rodas de conversa da sociedade e automaticamente preocupando as autoridades públicas de uma forma em geral.
De princípio questiona-se a formação dos agentes de rua os denominados "amarelinhos" e a sua empregabilidade, pois, pasmem, estes não tiveram sequer uma formação a caráter: aulas práticas de abordagem, defesa pessoal, noções de relações humanas e o principal – quem os teoricamente formou. Apareceu de forma latente, que a sociedade não teve acesso à publicidade de seus instrutores e a veridicidade de sua capacidade técnica.
Para se ter uma ideia, o próprio presidente do Sindicato da categoria, o agente Àlamo Jackson, denunciou a carência de alguns tópicos acima mencionados, inclusive a carência de meios logísticos.
Para completar, há poucos dias ocorreu uma tragédia já anunciada: um agente, o jovem Ítalo Thiago, foi alvejado com três disparos de arma de fogo, justamente no momento de uma abordagem. Sabe-se lá, de maneira audaz, e infelizmente hoje encontra-se entre a vida e a morte numa das unidades de emergência da cidade, ou seja, até para preservar sua própria integridade física não foi norteado.
Pelo menos é o que podemos deduzir diante de tudo que já foi mencionado.
O fato é que culpabilizar estes noviços profissionais por suas ações equivocadas, é extrema covardia, já que eles mesmos têm plena convicção de que ainda não se sentem preparados para uma eficaz atuação no trânsito de nosso município. Ai vem a velha pergunta. De quem então é a verdadeira culpa?
Não vão faltar pessoas da administração para apresentar justificativas tolas ou mirabolantes nem expertes de plantão com formulas mágicas de deliberação.
A verdade é que desde de 1998 está em vigor a lei federal 9.503, o nosso Código de Tânsito Brasileiro, e este, desde o mesmo período já determinou através de seu artigo 24, que seus municípios tomassem de conta do seu trânsito, logicamente guardando-se as proporções e peculiaridades de cada recanto, associado também, ao número mínimo de habitantes para que se possa efetivar uma municipalização.
Ou seja, dez anos se passaram.
De tal modo era de se esperar que os gestores de cada município, teriam por obrigação, de terem se preparado para tal empreitada. Mossoró que na data da vigência do código já contava com uma massa populacional aproximada de 200 mil habitantes, já teria que se preparar para este evento de forma correta!
Acho que não. Pois apenas recentemente no inicio de 2009 é que nosso município integrou-se ao sistema e iniciou o processo de municipalização. A lei demandava urgência no seu cumprimento, pois era notório o crescimento desordenado na dinâmica do trânsito de algumas cidades e tudo isto precedido de estudos estatísticos que comprovavam o acontecimento.
O que realmente os gestores de nosso município estavam fazendo nestes 10 anos?
já que a lei determinava brevidade em sua aplicabilidade, até mesmo, porque abria perspectiva de no futuro próximo sofrer um colapso na gestão, em Mossoró o que realmente aconteceu foi negligência, e hoje está se pagando um preço muito alto.
Já contamos hoje com mais de 85 mil veículos em nossa frota, e esta vem sendo aumentada entre 5% a 7% a cada mês. Sem uma solução para este advento vamos caminhar para uma insolvência.
A palavra chave é ação.
Cadê a verdadeira responsabilidade e probidade administrativa tão vociferada atualmente por quem nós elegemos? Por que estamos priorizando tanto os conchavos políticos vislumbrando eleições vindouras, enquanto problemas de tão grande vulto como estes, estão afetando amargamente o seio da sociedade?
Aqui vai apenas um alerta. Não existe mais essa estória de ditados populares de que: “o povo brasileiro é um povo sem memória”, “ o povo brasileiro não sabe votar”, “só esperamos pelo milagre de Deus”.
Nosso povo esta em constante mutação para com a sua consciência e pode ter a certeza de que a cada dia, estamos procurando escolher quem melhor nos governa. É como dizia a retórica de Lactáncio: "O povo é mais sábio, porque só é tão sábio quanto é necessário”.
Alertai-vos.
Luiz Flávio Rabelo é tenente e subcomandante do 2º Departamento de Polícia Rodoviária Estadual (DPRE)