Um passado baseado no poder da força, da força ilimitada. É uma ameaça ao Estado Democrático de Direito, por mais que muitos prefiram tratar a questão de forma passional, apenas como um episódio de campanha eleitoral.
Existem sinais claros de que o Estado está sendo aparelhado para intimidar, garrotear e desnudar a vida de qualquer pessoa física ou jurídica. Quem não é aliado, é inimigo.
Esse novo episódio, que envolve Verônica Serra, filha do candidato oposicionista José Serra (PSDB), é nauseante.
Difícil acreditar que tenha sido ato isolado. Porém é pouco provável que as "investigações" cheguem aos verdadeiros mandantes.
Todo brasileiro consciente, o que é uma minoria, precisa estar atento à tamanha violência.
Num país de democracia mais consistente e respeito ao cidadão, o secretário-geral da Receita Federal, Otacílio Cartaxo, já teria sido demitido.
Toda ditadura é, por si só, imunda e desqualificada moralmente. Tanto faz de esquerda ou direita. Até porque em termos de métodos arbitrários, uma não difere em nada da outra.
Vice-presidente da República do regime Costa e Silva, o civil Pedro Aleixo foi a única voz – no governo – contra o Ato Institucional número 5, o AI-5, que recrudesceu a ditadura.
Em reunião ocorrida no dia 13 de dezembro de 1968, em que era lapidado o texto final do AI-5, sua posição foi questionada por uma autoridade verde-oliva:
– O senhor não confia no presidente, nos generais?
– Confio. O que me preocupa é o soldado da esquina – teria ponderado ele.