Olhando como tem ocorrido algumas campanhas eleitorais no Rio Grande do Norte, nos últimos anos, transporto-me para a experiência do "Super G", há 24 anos. Merece ser contada em livro. Documentada.
O que é ou o que foi o Super G?
Foi o formato de organização, comando e ação de uma das mais célebres campanhas eleitorais do Rio Grande do Norte, ocorrida em 1986. Catapultou à vitória o nome do ex-vice-governador Geraldo Melo (PMDB).
Foi uma eleição emblemática no paÃs.
Na prática, seria a primeira grande disputa eleitoral do Brasil, sem amarras do voto vinculado, sem a figura do senador biônico e sob a batuta do primeiro governo civil desde 1964 (José Sarney-PMDB).
Seriam, ainda, as primeiras eleições para o Legislativo do Distrito Federal (BrasÃlia). Além disso, os dois senadores eleitos por cada um dos 23 estados federados e 487 deputados federais fariam a sétima Constituição do Brasil, a primeira após a ditadura militar de 1964.
Os três Maia
Com um paÃs tomado pela euforia do Plano Cruzado, programa econômico que dava sinais de sucesso no controle inflacionário, distribuição de renda e empregabilidade, o PMDB arrasou a tênue oposição. Só perdeu o governo em Sergipe e assim mesmo para o PFL, que fazia parte da base de apoio a Sarney.
No Rio Grande do Norte, o deputado federal João Faustino (PDS), apesar de favoritÃssimo, apoiado pelos ex-governadores TarcÃsio Maia (PDS), Lavoisier Maia (PDS) e José Agripino Maia (PFL), sucumbiu à avalanche do "Efeito Cruzado" à boa performance pessoal do adversário Geraldo Melo e à gestão profissional da campanha.
O Super G era um grupo de alto nÃvel, formado por sete pessoas, sob o comando do professor-advogado Pedro Simões. Recebeu plena autonomia para gerir a campanha, sem que o próprio Geraldo pudesse intervir diretamente ou o ex-governador AluÃzio Alves (PMDB), principal lÃder oposicionista no estado.
Esse núcleo central chegou a sofrer ataques internos. Pedro Melo, médico e irmão de Geraldo, em determinada situação tomou decisão sobre acordos polÃticos no Alto Oeste. Com sinais de defecções, o Super G agiu: desautorizou-o e impôs sua autonomia e soberania.
Num comparativo com o que pode ser visto de uns tempos para cá, na polÃtica potiguar, temos em evidência a "ditadura do marketing". O modelo do Super G poderia ser lembrado com maior possibilidade de eficácia, sobretudo estancando vaidades, autosuficiência e centralismo doentio que tanto prejudicam campanhas e candidatos.
Foto – Arquivo – Geraldo Melo soube gerir campanha dando plenos poderes a Pedro Simões e demais membros do "Super G".