domingo - 01/04/2018 - 08:00h

Aluízio Alves e uma lição para adultos e um “menino”

Por Herbert Mota

Finalizadas as eleições de 1982, foram diplomados os eleitos para os cargos municipais em Mossoró, a saber: o prefeito Dix-Huit Rosado, em seu 2º mandato; o vice-prefeito Silvio Mendes de Souza; e os 21 vereadores.

A definição das bancadas do legislativo restou na seguinte composição: o PDS, partido da situação, com doze vereadores, e o PMDB, cujo “slogan” era “oposição pra valer”, com nove vereadores. Nunca a oposição tivera tamanha representatividade no legislativo mossoroense.

Somava-se a esta realidade, é certo, o fato de a situação estar dividida em dois blocos distintos, sendo um bloco composto por oito vereadores ligados ao então deputado federal Vingt Rosado, e outro bloco, composto por quatro vereadores, ligados ao ex-governador Tarcísio Maia.

Diante da divisão da bancada situacionista, o PMDB constituiu-se na maior bancada, surgindo, desta forma, a possibilidade de eleger o presidente da Câmara, fato que por si só já justificava o “frisson” entre as lideranças políticas locais.

A disputa, inclusive acirradíssima, se daria entre Evaristo Nogueira (PDS) e Janúncio Soares (PMDB).

As articulações eram tantas que os vereadores da oposição assumiram o compromisso, por escrito e registrado, de votarem todos em Janúncio Soares, o candidato oficial do partido.

Mesmo diante desse “Prego batido e ponta virada”, quanto ao nome do partido, a poucos dias da posse dos vereadores e a subsequente eleição para a escolha do presidente da câmara, o ex-candidato a governador derrotado em 1982, Aluízio Alves, convoca os vereadores eleitos, João Batista Xavier e Rogério Dias (que tinham sido candidatos a prefeito e vice pelo PMDB), Manoel Mário de Oliveira, então presidente do partido; Luís Lourival de Góis, secretário do partido, entre outros nomes, para uma reunião no São Pedro Palace Hotel (atual sede da Câmara de Vereadores).

Mas não adiantou qual seria a pauta da reunião.

Iniciada a reunião, carismático como de praxe, Aluízio faz uma espécie de preleção consubstanciada num relato sobre o pleito transposto, explicando, principalmente, dois pontos: o primeiro, em rápidas palavras, sobre as razões da derrota para o governo do estado, e, a segunda, esta bem mais demorada, sobre a importância de todos votarem em Evaristo Nogueira, ligado ao Deputado Vingt Rosado, para presidente da Câmara de Vereadores.

Depois de quase meia hora discorrendo sobre este assunto, lembro bem de uma passagem de sua fala:

– “O voto em Evaristo é um voto de gratidão ao Deputado Federal Vingt Rosado, principalmente por ele ter defendido o ‘voto camarão'” (na cédula de papel, o eleitor do líder Rosado foi orientado a deixar voto para Governador em branco, já que não podia votar em Aluízio Alves, de outro partido, conforme a legislação eleitoral normatizava).

Ao final de sua explanação, indagou dos presentes se todos estavam de acordo. Seguiu-se, por alguns instantes, um silêncio sepulcral…

Entretanto, lá na ponta, bem no cantinho, levantei a mão e, com a voz um tanto embargada pelo nervosismo dos meus dezenove anos, bem assim pelos olhares de admiração, disse-lhe:

– Dr. Aluízio…eu vou votar no candidato do PMDB.

A partir daí, ele, fitando-me, começou um discurso que se prolongou por uns dez/quinze minutos, cuja frase inicial eu jamais esqueci:

– Você é um menino; não sabe o que está dizendo!

O mais interessante é que nenhum dos presentes disse absolutamente nada em relação à minha intervenção, nem tampouco às palavras de repreensão de Aluízio.

Em seguida, numa espécie de futurologia, Aluízio disse que o altíssimo número de “voto camarão”, representava uma real possibilidade de a oposição vencer as vindouras eleições para o governo. Aliás, ele foi enfático: “nós vamos eleger o governador em 1986”.

De fato, as suas previsões se concretizaram com a eleição de Geraldo Melo.

Evaristo foi eleito presidente da Câmara de Vereadores de Mossoró para o biênio 1983/1984, sem o meu voto. Já o vereador Janúncio Soares, foi eleito presidente para o biênio seguinte (1985/1986). Edmilson Lucena (PMDB) foi o presidente no biênio final da legislatura, 1987/1988.

Aluízio Alves, a maior liderança política do RN, faleceu em Natal, em 6 de maio de 2006, vítima de isquemia cerebral.

Herbert Mota é advogado e ex-vereador em Mossoró (1983-1988)

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domingo - 01/04/2018 - 07:14h

Testemunho de uma história muito especial

Por José Bezerra Neto

Meu nome é José Bezerra Neto, conhecido como “Barbosa”, ou “Zezinho Barbosa”. Tenho muito orgulho em estudar na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN).

Entrei no processo de  seleção  por cotas  e  hoje sou discente do Curso de  Administração de Empresa. Sou um aluno proativo, procuro resolver os desafios durante meu processo de aprendizado na universidade. Sei que não é fácil, para uma pessoa com necessidades especiais,  estudar.

Venho mostrar aos alunos com Deficiências e com Necessidades Educacionais Especiais que todos temos condição de superar nossas limitações.  Hoje sou convidado a proferir palestras, rodas de conversas e entrevistas.

Sou convidado para assistir defesa de monografia e defesa de dissertação nos Programas de Pós-Graduação e fui, recentemente, convidado para publicar um livro sobre minha história, mas optei por organizar o livro com minha orientadora a Professora-doutora Ana Lúcia Oliveira Aguiar e buscar a publicação nas Edições Uern. Não é tarefa fácil.

Levanto-me às 05 horas para me preparar para os estudos e hoje estou colhendo os frutos que estou plantando e quando terminar o curso desejo fazer mestrado e doutorado.

Em conjunto com a professora Ana Lucia Oliveira Aguiar, Pós-Doutora em Educação, que é a minha orientadora do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) participo de cursos, minicursos, oficinas levando minha experiência e contribuindo para a visibilidade das discussões sobre o direito das pessoas com deficiência, educação, diversidade e inclusão.

Sei que é muito difícil para uma pessoa conseguir estudar em uma universidade que não tenha uma Política de Inclusão e uma Diretoria de Políticas e Ações Inclusiva, como é o caso da Uern que tem o Departamento de Apoio à Inclusão (DAIN). Temos uma equipe multiprofissional, composta de Pedagoga, Psicóloga Educacional, Psicóloga Clínica, Assistente Social, Ledores para nos acompanhar e orientar os professores nas necessidades de adequações avaliativas, curriculares, metodológicas e de tempo.

Hoje,  curso o 6º Período de Administração de Empresa. Sou bolsista do Programa Institucional de Iniciação Científica (PIBIC) da UERN e fui bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Alguns dos Projetos de Pesquisa de Iniciação Científica (PIBIC) que desenvolvi e desenvolvo com a Professora Ana Lúcia Aguiar, minha orientadora: Histórias Silenciadas: discentes com deficiência mútuas rompem barreiras do silêncio e contam histórias de inclusão.

Outro projeto intitulado Acessibilidade de Efetivação de Diretos de pessoas com deficiências mútuas: experiências exitosas no processo de adequação da avaliação dos conteúdos. Atualmente realizo a pesquisa Pibic como o título Indagando a universidade, sob a perspectiva dos discentes com deficiência, o acesso e o acompanhamento de estudantes com deficiências no Ensino Superior. Outra pesquisa Pibic muito importante foi “Iniciação científica como prática de reflexão crítica no ensino superior: construções e superações”.

Com a mesma importância tenho artigos publicados em Anais de Eventos como os seguintes: Acessibilidade e efetivação de direito das pessoas com deficiência intelectual: experiências exitosas no processo de adequação da avaliação dos conteúdos, publicado no III Seminário Potiguar: Educação, Diversidade, Acessibilidade e Direitos Humanos.

O artigo Histórias silenciadas: discentes com deficiências mútuas rompem barreiras do silêncio e contam histórias de inclusão, publicado no  IX Encontro Internacional ‘Presencia de Paulo Freire’, em Cuba.

Escrever um artigo, participar de eventos, ser bolsista de Iniciação Científica me fez amadurecer e poucos alunos tem essa oportunidade de um professor aceitar a sua pesquisa. Vou continuar me dedicando, com compromisso, aos meus estudos, pois é através da minha formação acadêmica que entrarei no mercado de trabalho com qualidade. Quero mostrar a minha capacidade e minha determinação deixando à sociedade que a pessoa com deficiência tem condição de superar barreira que surgiram.

Quando as oportunidades aparecem pela minha frente eu pego logo. As oportunidades na vida são poucas.  Não deixo passar.

Encerro a minha fala, como aluno com Necessidades Educacionais Especiais, que tem, dia a dia, buscado seus direitos e cumprindo seus deveres que com determinação, foco, planejamento e disciplina superamos os obstáculos que aparecem em nosso caminho.

Portanto esses anos todos de estudo na Uern trazem para minha vida conhecimentos, melhorias para a vida profissional e um futuro promissor.

Agradeço a minha orientadora professora-doutora Ana Lúcia Aguiar pelo incentivo diário e por acreditar no meu potencial estando comigo desde que eu fui aprovado no vestibular e ingressei na Uern. Também agradeço aos meus amigos Martiniano, Victoria Bica, Jailson, José Medeiros, Leandro, Amanda Lima e Pedro, os quais me incentivam diariamente no grupo em que frequentamos diariamente.

Por fim, agradeço ao professor José Raposo Coelho que, através dos seus ensinamentos, possibilitou o meu ingresso na Universidade, bem com ao ex-reitor Milton Marques de Medeiros (in memorian) que me incentivou e me colocou no caminho rumo à aprovação, me fornecendo a oportunidade de estudos em cursinhos preparatórios.

José Bezerra Neto (Zezinho Barbosa) – Discente da Uern

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domingo - 01/04/2018 - 06:12h

O pior cego é aquele que não quer ver

Por Honório de Medeiros

Lenta, mas persistentemente, a violência toma conta do País. Em todos os níveis, sem poupar nada ou ninguém.

Age como águas que transbordam e avançam por sobre as margens do rio arrastando tudo que encontra pela frente. Muito dessa circunstância – não toda, claro – é decorrente da forma como a aplicação das leis é percebida pela Sociedade.

Isso é algo antigo, aliás, e hoje crônico, e sedimentou-se na nossa Paideia, na nossa cultura: basta lembrarmo-nos da famosa Lei de Gérson: “o importante é levar vantagem em tudo, certo?”.

O fenômeno se tornou agudo com o impacto que as redes sociais causaram nas pessoas: hoje quase tudo é do conhecimento de quase todos em tempo real, desde o sertanejo mais insulado até o pós-doutor em sua cátedra nas universidades.

O Supremo Tribunal Federal (STF) teve e tem um papel relevante nesse processo. Fez por onde, sistematicamente, ao longo do tempo, cristalizasse, na Sociedade, a percepção de que a Lei não é para todos, de que as elites, com raras e honrosas exceções, não podem ser tratadas como é tratado o comum dos mortais.

A sensação de impunidade, a sensação de que tudo vale, já que nada vale, há de aumentar consideravelmente com a conduta do STF no episódio da tentativa de salvar Lula da cadeia, e começa a cobrar radicalmente sua fatura: o País, dividido entre esquerda radical e direita intransigente, é o palco dilacerado onde o ódio assume, sem barreiras, o papel principal.

Aviltando-se, como ocorre, desde há muito, no exercício de sua atribuição, o STF escreve uma história canhestra, para não dizer outra coisa, e prepara o cenário para um futuro desolador, até mesmo trágico, neste ano de eleições fundamentais para o destino do Brasil.

Enquanto o crime de colarinho branco, agindo nas sombras, arreganha os dentes e prepara os botes futuros.

Como agirão as Forças Armadas? Leiam, escrito aqui, em 23 de setembro de 2017: As forças armadas estão inquietas.

O pior cego é aquele que não quer ver.

Honório de Medeiros é escritor, professor e ex-secretário da Prefeitura do Natal e Governo do RN

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domingo - 01/04/2018 - 05:30h

Quanta carência de tolerância e empatia

Por Odemirton Filho

Vivemos tempos delicados. O mundo, tão evoluído em alguns aspectos, parece-me está retrocedendo. O homem, apesar de todo o conhecimento, pouco amadureceu.

Se volvermos o olhar para cada aspecto de nossas vidas veremos quão difícil estão os relacionamentos pessoais. Intolerância e falta de empatia são marcas registradas do homem contemporâneo.

A intolerância “é uma atitude mental caracterizada pela falta de habilidade ou vontade em reconhecer e respeitar diferenças em crenças e opiniões”.

Por outro lado, a empatia significa a “capacidade psicológica” para sentir o que sentiria uma outra pessoa caso estivesse na mesma situação vivenciada por ela. Consiste em tentar compreender sentimentos e emoções, procurando experimentar de forma objetiva e racional o que sente outro indivíduo”.

Tomemos, como exemplo, o Brasil das redes sociais.

Atualmente, muitos se escondem no mundo virtual para disseminar o ódio e a intolerância. Revelam-se da pior forma. Não se trata de não aceitar o pensamento do outro, pois a divergência de opiniões é salutar para a convivência humana, mas de ofensas que nada acrescentam.

Na seara política o debate entre a extrema esquerda e a extrema direita revela-se não uma discussão ideológica, mas de cunho eminentemente político-partidário, fragilizando, mais ainda, a incipiente democracia brasileira.

Partidários de A e B digladiam-se de forma irracional, sem ponderar os pontos positivos e negativos de seus candidatos.

Nessa “guerra” insana perdemos a oportunidade de discutir com racionalidade os melhores quadros para o país.

Noutra ponta, a religião é discutida de forma intolerante, sem abertura ao diálogo. Poucos buscam o ecumenismo como forma de conciliar divergências e de formatar um mundo melhor. Discutem qual é a melhor interpretação da Bíblia ou qual é a religião ideal para se chegar a Deus.

O ódio, de igual modo, é disseminado contra pessoas que, para alguns, não estão de acordo com o padrão social que idealizam. Agridem sem o menor pudor ou respeito.

São tempos difíceis.

Aproveitemos a celebração do tempo quaresmal e, em especial, este domingo de Páscoa para rever nossas atitudes. Independentemente da religião que professemos, ou não, é momento para uma profunda reflexão.

Um pouco de tolerância e empatia, por favor.

Odemirton Filho é professor e oficial de Justiça

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domingo - 01/04/2018 - 03:50h

Agricultura tem problemas mas há bom sinal à fruticultura

Por Josivan Barbosa

A Superintendência Federal de Agricultura (SFA) está desempenhando importante tarefa na ampliação dos mercados externos para a nossa fruticultura. A conquista desses novos mercados a partir da Holanda para o Leste Europeu e o mercado dos países asiáticos sempre ocorre com novas exigências pelos países importadores. É nesse momento que o exportador necessita dos laudos técnicos e dos relatórios para serem enviados as autoridades sanitárias daqueles países como forma de cumprir os aspectos burocráticos do processo de exportação. A SFA atua, também, na fiscalização de registro de defensivos, fertilizantes e sementes que precisam sem importadas.

O processo de importação exige uma autorização prévia do MAPA, a qual é feita dentro do Estado pela SFA. Assim, a SFA desempenha papel ímpar no atendimento ao produtor que deseja conquistar novos mercados para a sua fruta.

Cajucultura

De acordo com o Secretário de Agricultura do RN, no ex-aluno Guilherme Saldanha, a revitalização da cultura do caju para pequenos produtores necessita de 1,2 milhão de mudas de cajueiro. O Estado conseguiu entregar em 2017 cerca de 1/3 dessa demanda.

Melancia na Serra do Mel

A falta de chuvas no mês de março já provocou um grande prejuízo. Os produtores de melancia da Serra do Mel, que cultivam há vários anos a melancia de sequeiro, não conseguiram avançar este ano com a produção. Em função da falta d`água, as perdas estão sendo consideráveis e isto desanima o produtor e, consequentemente, representa uma ducha de água frita na já tão sofrida agricultura familiar da Serra do Mel. As recentes chuvas que caíram nesta semana não revertem o quadro. A perda é definitiva para o produtor.

Plano Safra

Num cenário de taxa básica de juros (Selic) e inflação em baixa, a equipe econômica do governo já dá mostras que uma nova queda nos juros dos financiamentos cobrados à agricultura empresarial é irreversível. Mas a redução poderá ser bem menor do que esperam os produtores. É difícil que no Plano Safra 2018/19, que entrará em vigor no dia 1º de julho, ela seja maior que 1,5 ponto percentual.

Alesat

A Alesat, distribuidora de combustíveis dona da rede de postos Ale, está em negociação para vender sua operação para o grupo holandês Vitol. A negociação envolve a participação total dos acionistas – o fundo Darby, o grupo mineiro Asamar e o empresário Marcelo Alecrim.

O grupo francês Total também discute com a Alesat uma possível aquisição, que teria ainda um terceiro interessado, uma trading americana de commodities.

Cofres públicos em ano eleitoral

O presidente Michel Temer pretende ordenar seu apoio no Congresso fazendo uma reforma ministerial em que os cargos vagos sejam ocupados por partidos que possam ajudá-lo na travessia eleitoral – ou no trecho dela que for possível, pois as chances de levá-la até o fim, nas urnas, não são nem um pouco favoráveis. É nesse alinhamento que mora o perigo para as contas públicas, já que os gastos crescem significativamente em anos eleitorais. Há espaço orçamentário para as realizações governistas. Nos doze meses encerrados em fevereiro, o déficit público foi de R$ 110,6 bilhões, cifra que até dezembro pode, pelo orçamento, chegar a R$ 156 bilhões. Não se trata apenas de gastos previstos, porém, mas das tentativas de ir além deles para obter votos.

Cofres públicos em ano eleitoral 2

Um bom exemplo de irresponsabilidade fiscal é a iniciativa de Temer de conseguir liberar empréstimos de bancos federais, em especial da Caixa Econômica Federal, para Estados e municípios, tendo como garantia recursos dos fundos de participação. O Conselho de administração da CEF, presidido pela secretária do Tesouro, Ana Vescovi, apontou dúvidas sérias sobre a legalidade dos empréstimos e os vetou. Temer recorreu à Advocacia Geral da União (AGU), que elaborou um parecer considerando-os legais. O presidente da CEF que está de saída é Gilberto Occhi, do PP, citado na Lava-Jato em depoimentos de Lúcio Funaro.

Cofres públicos em ano eleitoral 3

A Fazenda e o Tesouro têm bons motivos, além dos legais, para impedir esses créditos. Boa parte dos que pleiteiam os empréstimos não devem ter condições de pagá-los. No rating feito pelo Tesouro, ao fim de 2017, apenas metade dos Estados tinham nota A e B que lhes propicia obter o aval do Tesouro. O caminho escolhido, por isso, foi o da garantia das receitas futuras dos fundos de participação, ou seja, produto de impostos, o que é vedado pela Constituição.

Cofres públicos em ano eleitoral 4

Os apoiadores de Temer gostariam de ter alguém de confiança na Fazenda e no BNDES, que tem caixa para empréstimos a governadores e prefeitos. Também no entorno do presidente, medebistas sugeriram que o presidente Temer aceite a derrubada do veto do programa de refinanciamento de dívidas (Refis) das micro e pequenas empresas, com o argumento de que elas até fazem jus ao parcelamento em condições favoráveis, depois de mais de uma dezena de programas semelhantes para médios e grandes devedores. O endividamento público não foi contido, está em nível elevado e continua crescendo. Garantir a proteção dos cofres públicos neste período é vital para impedir a deterioração geral das expectativas, já naturalmente muito instáveis em uma campanha presidencial, e deixar a recuperação da economia seguir seu curso natural.

Empréstimos para estados e municípios

A Advocacia-Geral da União (AGU) finalizou parecer que visa pacificar juridicamente a questão dos empréstimos de bancos públicos a Estados e Municípios. O documento deve deixar claro que as instituições financeiras federais podem efetuar sem problemas empréstimos com garantia dos fundos de participação de Estados (FPE) e municípios (FPM).

Esse parecer deverá ser assinado não só pela ministra-chefe da AGU, Grace Mendonça, mas também pelo presidente Michel Temer, tendo “efeito vinculante” para toda administração pública. Ou seja, colocaria um fim na polêmica provocada pelo Tesouro Nacional, cuja secretária Ana Paula Vescovi, que hoje preside o conselho de administração da Caixa, determinou a interrupção desse tipo de empréstimo pelo banco.

Josivan Barbosa é professor e ex-reitor da Universidade Federal Rural do Semiárido

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