O principal propósito de oposição e governismo com vistas às eleições municipais de Mossoró, em 2020, em tese é absolutamente igual: vencer o pleito.
Mas há uma profunda diferença entre ambos numa hipótese inversa: a derrota.
A prefeita Rosalba Ciarlini (PP) não pode perder em hipótese alguma. Por isso, há tempos partiu pro “vale-tudo”, ao antecipar a pré-campanha municipal de 2020 ainda no final das eleições estaduais de 2018.
A oposição necessariamente não precisa ganhar. Suas obrigações são bem menores e, aparentemente, não eleger o prefeito (a) não será o fim.A explicação de cada caso é simples, bastando uma interpretação lógica – sem qualquer rodeio.
Rosalba Ciarlini Rosado tem sobre seus ombros a responsabilidade de dar sobrevida a um ciclo de poder de mais de 70 anos, desgastado pelo próprio tempo, e que depende dela diretamente para continuar vivo e proeminente no município. Hoje, o grupo só possui três mandatos: o da prefeita, outro na Câmara Municipal de Mossoró (Sandra Rosado-PSDB) e um terceiro na Câmara Federal (Beto Rosado).
À Assembleia Legislativa a última vitória de um nome Rosado foi em 2010 (há quase dez anos).
Na oposição, todos os nomes em evidência não têm muito ou nada a perder. Um revés não representará o esfacelamento de alguma mega estrutura atrás ou em torno de qualquer um deles. Ocupam espaço numa faixa eleitoral que era quase que completamente dos próprios Rosados. Abrem caminho; são desbravadores e aprendizes numa experiência ainda nova à maioria.
É preciso compreender que o rosalbismo sustenta a tarefa de manter respirando um sistema de rara capacidade de sobrevivência no país: a oligarquia Rosado. Ela baseia-se na concentração de comando e privilégios nas mãos de poucos indivíduos de um mesmo tronco familiar.
Para os contendores, é novidade ser protagonista; quase tudo parte do zero. Até 2012, Rosados e Rosados cumpriam os dois papeis na polarização política. Os escassos atores que avançavam e tentavam ameaçá-los na política municipal, logo eram seduzidos (cooptados) ou alijados de outras formas.
No máximo recebiam cargos mixurucas ou espaço secundário em chapas majoritárias.
Por uma confluência de fatores e, não necessariamente por estratégia maquiavélica, o dividant et adde (dividir para somar) dos Rosados começou em meados dos anos 80 do século passado. Porém só em 2016, na mais recente eleição municipal, com a chapa Tião Couto (PSDB, hoje no PL)-Jorge do Rosário (PL), é que o clã experimentou o susto de ser ameaçado nas urnas por estranhos à família.
Que fique claro: Rosados e Rosados que por décadas arengaram de público e se afinaram às escondidas, aqui e ali, resolveram se ‘unir’ pela incapacidade de continuarem dando as cartas nos dois lados desse campo político. Valeu o aguçado instinto à preservação da espécie.
Com esse vácuo, o universo de eleitores que historicamente se inclinava à oposição ficou órfão de referências e chegará à sua segunda eleição municipal consecutiva podendo testemunhar outro fracionamento de forças e pulverização de candidaturas.
Os governistas fazem uso de toda sua expertise para que agora prevaleça a máxima divide et impera (dividir para reinar) na outra extremidade. Trabalham e torcem para que seus principais opositores não se componham.
Eles, os Rosados, bem sabem, que sua ‘união’ não lhes deu mais robustez. Foi e é sinal de anemia.
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