Por Josivan Barbosa
Passada a metade dos 100 primeiros dias do mandato do prefeito Allyson Bezerra (Solidariedade), não se registra a sua ousadia de falar em novos projetos para Mossoró e região. Falta pragmatismo do prefeito de uma cidade com mais de 300 mil habitantes e que necessita tanto de investimentos em infraestrutura, como a complementação da Avenida do Contorno e uma via ligando o grande Vingt Rosado às Barrocas, desafogando a Leste Oeste e a duplicação da avenida Francisco Mota.
O prefeito também não deu importância à sinalização do deputado Girão em relação ao compromisso assumido com a reitoria da Ufersa em alocar recursos de Emenda Parlamentar para a duplicação da Avenida Francisco Mota, que corta essa instituição em Mossoró.
A duplicação da Francisco Mota é um projeto da década passada que foi elaborado por uma empresa especializada em serviços de Engenharia sob a contratação da Prefeitura Municipal de Mossoró e que até o momento encontra-se no DNIT para adequação à realidade do tráfego nos dias de hoje. É normal que o prefeito ao assumir avalie a necessidade de retomar as negociações com a Bancada Federal no tocante ao andamento desse projeto.
Ignorar e esperar sentado não vai resolver o problema do nosso município no tocante à mobilidade da Grande Alto de São Manoel.
O prefeito precisa entender que naquela região da cidade encontram-se quatro instituições de ensino superior e técnico públicas, uma universidade particular e o Complexo Judiciário de Mossoró, cujo projeto é único entre as cidades do Norte e Nordeste.
Além disso, a Avenida Francisco Mota servirá de acesso ao Hospital Maternidade que está sendo construído dentro do campus da UERN e à Escola SENAT recém-inaugurada no Vingt Rosado.
Ainda como importância daquela avenida, representa a principal ligação da cidade com grandes conjuntos habitacionais como o Vingt Rosado e o Maria Odete.
Não estamos aqui defendendo que o prefeito de Mossoró consiga duplicar a Francisco Mota com recursos próprios, pois sabemos que a exemplo do Governo do RN, a PMM não tem recursos para investimentos. Mas, uma articulação política em torno desse projeto é fundamental e urgente. Afinal de contas, foi através de uma articulação dessa natureza que o projeto da Reta Tabajara está sendo desenvolvido.
Mossoró não pode se intimidar diante da necessidade de captar recursos para os seus grandes projetos. Se assim fizer, está contribuindo para que os recursos oriundos de Brasília permaneçam predominantemente sendo alocados pós-Reta Tabajara como tem sido nos últimos anos.
Basta analisar a distribuição das Emendas de Bancada nesta década e fazer a proporcionalidade levando em consideração a concentração da população nas macrorregiões do RN que se percebe facilmente que o pêndulo está sempre a favor da Grande Natal.
Novo São Camilo
Para não se injusto com o prefeito Allyson Bezerra, ele tem dado demonstração de que lutará para um novo hospital municipal psiquiátrico, uma espécie de novo São Camilo.
A estrutura é mais do que urgente. O São Camilo que é um equipamento alugado pela municipalidade só serve para passar a máquina, demolir e ser aproveitado para o mercado imobiliário. Não compensa fazer qualquer tipo de investimento numa estrutura tão comprometida.
O problema é que o município não tem recursos para construir um hospital de tanta complexidade. Novamente será necessário uma ampla articulação com a Bancada Federal e com o Governo do Estado para avançar nessa direção.
Outro grande problema é que se construído esse equipamento a prefeitura não tem recursos de custeio para mantê-lo em funcionamento. Em saúde o mais caro é o custeio, e não o investimento. Expandir na área de saúde exige certa estrutura, espaço, equipes. O mais difícil, contudo, é a manutenção desse gasto.
RN fora da curva
O pacote de ajuda da União aos governos regionais para fazer jus aos efeitos econômicos da pandemia contribuiu para que Estados tivessem recursos disponíveis para investimentos.
Mesmo com uma arrecadação própria agregada que cresceu apenas 2% nominais em 2020, abaixo da inflação de 4,5% no ano, os investimentos do conjunto dos 27 entes federados avançaram 10,8% nominais contra o ano anterior. Em 13 Estados a variação ficou acima de 20% e em dez deles a alta superou os 30%.
Nem todos os Estados, porém, elevaram os investimentos no segundo ano de mandato dos governadores. Entre as exceções ficaram Paraíba, Minas Gerais, Rio Grande do Norte, Mato Grosso do Sul e Rio de Janeiro.
Josivan Barbosa é professor e ex-reitor da Universidade Federal Rural do Semiárido