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terça-feira - 03/09/2024 - 10:04h
Prefeitura de Natal

Apesar de ausente, Carlos Eduardo é alvo principal em debate

Três candidatos elegeram Carlos Eduardo como alvo (Foto: redes sociais)

Três candidatos elegeram Carlos Eduardo como alvo (Foto: redes sociais)

Candidato a prefeito de Natal, Carlos Eduardo (PSD) faltou ao segundo debate entre candidatos à prefeitura. O evento promovido pelo consórcio de comunicação 98 FM/Jovem Pan Natal foi palco para seus principais adversários.

O debate aconteceu à noite dessa segunda-feira (2) no auditório do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio Grande do Norte (CREA/RN), com participações de Paulinho Freire (UB), Natália Bonavides (PT) e Rafael Motta (Avante). Apesar da ausência, Carlos Eduardo foi o nome mais citado no programa especial, mediado por Felinto Filho da 98 FM.

“Carlos Eduardo age com covardia,” definiu Natália Bonavides. ” Foge de debate quem tem medo,” apontou Paulinho Freire. Para Rafael Motta, Carlos Eduardo “não tem compromisso com o eleitor.”

Com vantagem larga em todas as pesquisas de pré-campanha e campanha, além de possibilidade de vencer o pleito logo no primeiro turno, o ex-prefeito por quatro vezes de Natal deverá continuar distante de qualquer debate. O anterior foi promovido pela TV Band Natal, dia 8 de agosto.

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terça-feira - 03/09/2024 - 09:26h
Venezuela

Candidato da oposição enfrenta mandado de prisão

Urrutia teria vencido no voto, e agora também precisa estar preso, segundo Maduro (Foto: Jeampier Arguinzonespicture alliance via Getty Images)

Urrutia teria vencido no voto, e agora também precisa estar preso, segundo Maduro (Foto: Jeampier Arguinzon – via Getty Images)

Do Canal Meio e outras fontes

A Justiça da Venezuela acolheu o pedido da Procuradoria-Geral, ambos alinhados ao regime de Nicolás Maduro, e emitiu um mandado de prisão contra Edmundo González Urrutia, candidato da oposição nas eleições presidenciais de 28 de julho, por “crimes associados ao terrorismo”. Ele já havia sido ameaçado de prisão por faltar a depoimentos sobre a publicação de atas eleitorais do pleito em um site.

A oposição sustenta que teve acesso a 83,5% das atas e que, segundo elas, Urrutia venceu com 67% dos votos. Até hoje o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), dominado pelo chavismo, não divulgou os documentos que permitiriam comprovar a suposta reeleição de Maduro, apesar da pressão de boa parte da comunidade internacional. (g1)

Pouco depois, Maduro foi à TV e pediu uma “revolução dentro da revolução”, afirmando que, quando for o momento, dará lugar a outro chavista. “Sou o primeiro presidente chavista e, quando eu entregar o comando, quando chegar a hora, eu o entregarei a um presidente chavista”, afirmou. (Globo)

Já a líder da oposição, María Corina Machado, afirmou que o governo “perdeu completamente o contato com a realidade”. “Ao ameaçar o presidente eleito, apenas conseguem nos unir mais e aumentar o apoio dos venezuelanos e do mundo a Edmundo González. Serenidade, coragem e firmeza. Seguimos em frente”, afirmou no X. (El País)

Mais cedo, os Estados Unidos anunciaram que apreenderam na República Dominicana o avião de Maduro, dizendo que sua aquisição viola as sanções impostas ao país e envolve outras questões criminais. A aeronave Dassault Falcon 900EX foi levada para a Flórida. O avião foi comprado de uma empresa no estado americano, segundo o Departamento de Justiça, e exportado ilegalmente em abril de 2023. A Venezuela classificou o ato como “pirataria”. (CNN)

Enquanto isso… Veículos independentes da Venezuela estão usando apresentadores criados por inteligência artificial – o casal “El Pana” e “La Chama” – para divulgar notícias protegendo a identidade dos jornalistas. Pelo menos dez profissionais de imprensa foram presos desde meados de julho. (g1)

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terça-feira - 03/09/2024 - 08:42h
Luto

Candidato a vereador em Mossoró morre de infarto

Alcivan Moura tinha 48 anos e era filiado ao Rede (Foto: redes sociais)

Alcivan Moura tinha 48 anos e era filiado ao Rede (Foto: redes sociais)

O comerciante Alcivan Rocha de Moura (Rede), 48, candidato a vereador em Mossoró, faleceu à madrugada desta terça-feira (3). Estava em sua residência quando teve infarto fatal.

Ele foi atendido na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Santo Antônio, sentindo um mal-estar. Após examinado e medicado, retornou à sua residência, onde ocorreu o óbito.

Era a quarta vez que Alcivan tentava uma cadeira na Câmara Municipal e fazia parte da Federação Rede/Psol, que está vinculada à candidatura à reeleição do prefeito Allyson Bezerra (UB).

O prefeito anunciou que está suspensa toda programação de campanha desta terça-feira. Em redes sociais, até lembrou de última conversa com o  candidato: “(…) Ontem, ao final da noite, nos falamos por telefone e ele muito feliz me passando vídeos e fotos sobre uma reunião que estava fazendo com sua militância.”

Depois atualizaremos informações nessa postagem sobre velório e sepultamento de Alcivan Moura.

P.S – Velório ocorre na Igreja São Vicente e sepultamento será às 9h de amanhã, no Cemitério São Sebastião, Centro.

Nota do Blog Carlos Santos – Nossa solidariedade a seus familiares e amigos. Que ele descanse em paz.

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segunda-feira - 02/09/2024 - 23:50h

Pensando bem…

“Uma mentira pode dar a volta ao mundo, enquanto a verdade ainda calça seus sapatos.”

Mark Twain

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segunda-feira - 02/09/2024 - 14:20h
Eleições 2024

Grupo TCM promove quatro debates nessa semana

Banner de divulgação da TCM

Banner de divulgação da TCM

Dentro do projeto Eleições 2024, o Grupo TCM Telecom realiza nesta semana, de 02 a 05 de setembro, uma série de debates com os candidatos às Prefeituras de Pau dos Ferros, Assú, Apodi e Mossoró. Todos os dias a programação começa às 20h15 e pode ser conferida pelos Canais 10 e 14.1 da TCM, das Rádios da Rede TCM (90, 95 e 98 FM), Canal TCM10 HD no YouTube e site www.tcmplay.tv.br.

Nesta segunda (2) será realizado debate com os candidatos à Prefeitura de Pau dos Ferros; na terça (3), será a vez dos candidatos de Assú; na quarta (4), será com os candidatos de Apodi e na quinta (5), será a vez do debate com os candidatos à prefeitura de Mossoró.

O moderador será o jornalista e diretor do Canal TCM 10 HD, Moisés Albuquerque.

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segunda-feira - 02/09/2024 - 13:20h
Caixa Econômica Federal

Justiça determina perícia em casas com comprometimento estrutural

Residencial tem centenas de casas comprometidas em sua estrutura (Foto a partir de vídeo da TCM, Canal 10)

Residencial tem centenas de casas comprometidas (Reprodução de imagem a partir de vídeo da TCM, Canal 10)

A Justiça Federal do Rio Grande do Norte (JFRN) determinou que a Caixa Econômica Federal (CEF) apresente o cronograma para perícia das casas que apresentaram problemas estruturais no Residencial Maria Odete. Ao Judiciário o banco deverá especificar o início dos trabalhos e os dias de vistoria em cada um dos imóveis.

Nas Varas da Subseção de Mossoró tramitam processos judiciais envolvendo 400 imóveis do residencial. O chamado “processo piloto” está na 10ª Vara Federal. Ou seja, todos os demais processos seguem na dependência desse.

Foi produzido um laudo inicial que destacou que o loteamento (Residencial Maria Odete de Góis Rosado) ocupa uma área de 218.300 m², com 844 casas distribuídas em 28 quadras. Algumas dessas casas apresentam comprometimento estrutural, estando os casos identificados com maior criticidade – até o momento – concentrados em certa região do território.

Residencial foi entregue em 21 de dezembro de 2017 e Corpo de Bombeiros já interditou 400 imóveis. Segundo estudos da Defesa Civil, o cerne da questão é o solo colapsível onde foi construído o conjunto habitacional.

“Somente com tal análise individualizada é que se poderá afirmar, com a objetividade e segurança necessária, se o imóvel de cada autor é suscetível de recuperação, bem como se, mesmo com a intervenção proposta, haveria probabilidade do surgimento de novos vícios estruturais, em decorrência da natureza do solo do local onde construído o empreendimento residencial”, escreveu o juiz federal Lauro Bandeira, titular da 10ª Vara Federal.

A perícia individual de cada imóvel será custeada pela Caixa.

O que é solo colapsível? – É um tipo de solo que apresenta estrutura instável e porosa. Quando está seco, pode parecer firme e resistente. No entanto, ao ser saturado com água, sua estrutura perde coesão, levando a um colapso ou redução significativa de volume. Esse fenômeno ocorre devido à dissolução ou reorganização das partículas que compõem o solo, resultando em uma compactação súbita.

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segunda-feira - 02/09/2024 - 08:46h
Lamentável

Estudante de medicina perde luta contra o câncer

José Daniel Florêncio Duarte, uma perda a se lamentar muito (Foto: Reprodução da Ufersa)

José Daniel Florêncio Duarte, uma perda a se lamentar muito (Foto: Reprodução da Ufersa)

O estudante universitário José Daniel Florêncio Duarte, 22, faleceu nesse domingo (01) em Mossoró. Estava em tratamento contra o câncer, mas não superou a doença. Uma campanha de solidariedade foi desencadeada para reforçar seu tratamento, e havia esperança de que vencesse o problema.

A Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), onde era acadêmico de Medicina, emitiu Nota de Pesar. Leia abaixo:

A Ufersa manifesta profundo pesar e solidariedade à família, aos amigos e à comunidade acadêmica pelo falecimento do estudante José Daniel Florêncio Duarte (2001-2024).

José Daniel cursava Medicina na Ufersa e, infelizmente, faleceu neste domingo, dia primeiro de setembro. O velório acontece a partir das 16h de hoje, no Centro de Velório Plasp, Rua José Negreiros, 340, Centro. O sepultamento será no Cemitério Novo, às 10h, de segunda, dia 02/09.

O reitor da Ufersa, professor Rodrigo Codes, em nome da comunidade acadêmica, solidariza-se com os familiares, amigos(as) e colegas universitários neste momento de dor e tristeza.

Nota do Blog Carlos Santos – Notícia que machuca demais a todos nós. Jovem, estudioso, promissor, mas que vai embora muito cedo. Que esse moço descanse em paz e sua família e amigos saibam conviver com essa perda.

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segunda-feira - 02/09/2024 - 07:30h
Luto

Falece em Mossoró dona Noílde Chaves, matriarca da família Porcino

Noílde Chaves faleceu pela manhã desse domingo (Foto: Redes sociais)

Noílde Chaves faleceu pela manhã desse domingo (Foto: Redes sociais)

Faleceu em Mossoró nesse domingo (1º), dona Noílde Chaves, 88.

Era matriarca da família Porcino, viúva do empresário Porcino Fernandes da Costa.

Seu velório ocorre na capela do Seminário Santa Teresinha, honras fúnebres serão às 16h e o sepultamento acontecerá às 16h30 desta segunda-feira (2), no Cemitério São Sebastião, Centro de Mossoró.

Que dona Noilde descanse em paz. Cumpriu sua missão com muita dignidade.

E que seus familiares e amigos administrem essa perda.

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segunda-feira - 02/09/2024 - 06:46h
Números

Exatus registra pesquisa eleitoral focada nas eleições em Mossoró

Arte ilustrativa Web

Arte ilustrativa Web

O Instituto Exatus de Natal registrou pesquisa nessa última sexta-feira (31). Captará o pensamento do eleitorado mossoroense dentro da campanha municipal 2024, oficialmente iniciada dia 16 de agosto.

Será a quinta pesquisa focada em Mossoró nesse período oficial de luta pelo voto.

Está registrada sob o número RN-03704/2024 e deverá ser divulgada pelo jornal/portal Agora RN, também da capital, na sexta-feira (6).

Seu questionário levanta informações sobre eleições a prefeito e à Câmara Municipal, bem como avalição dos governos local, estadual e federal.

Até o momento, a campanha eleitoral local teve o registro/veiculação de três pesquisas – AQUIAQUI e AQUI – realizadas por três empresas especializadas e divulgadas em três órgãos de imprensa diferentes.

A quarta será do Instituto DataVero, através do jornal/portal Diário do RN, ambos natalenses. Estará publicada na quarta-feira (4) – veja AQUI.

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segunda-feira - 02/09/2024 - 04:22h

Pensando bem…

“A derrota na competição e no treinamento não deve ser uma fonte de desânimo ou de desespero. É sinal da necessidade de uma prática maior e de esforços redobrados.”

Jigoro Kano

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domingo - 01/09/2024 - 11:30h

Ciência e imagem

Por Marcelo Alves

Arte ilustrativa do Ciência Hoje

Arte ilustrativa do Ciência Hoje

Já confessei outras vezes a minha paixão por alguns livros que são o resultado da adaptação, para o papel, de séries/documentários de TV: “Civilização” (“Civilisation”, 1969), “A escalada do homem” (“The Ascent of Man”, 1973), “A era da incerteza” (“The Age of Uncertainty”, 1977), “A música do homem” (“The Music of Man”, 1979) e “Cosmos” (“Cosmos: a Personal Voyage”, 1980). Esses livros, sob a batuta de especialistas nas respectivas áreas do conhecimento – Kenneth Clark (1903-1983), Jacob Bronowski (1908-1974), John Kenneth Galbraith (1908-2006), Yehudi Menuhin (1916-1999) e Carl Sagan (1934-1996) –, nos contam a história da humanidade através das artes, das ciências, da economia/sociologia, da música e do universo/cosmos. Eu os li algumas vezes, sem falar que vivo xeretando-os ou mesmo reassistindo a capítulos das respectivas séries.

Outro dia, meditando sobre essa minha paixão, acho que descobri as suas causas/motivos.

Primeiramente, relaciono essa paixão com o que esses livros realmente são: exemplos de “divulgação científica”, aqui entendida em sentido amplo para englobar todas as artes. E de altíssimo nível, tanto quanto ao conteúdo como – e sobretudo – ao estilo/qualidade literária.

Sou um curioso (a maioria de nós o é, nem que seja sobre fofocas quanto à vida alheia…). Para além da minha suposta especialização (o direito), no que toca às ciências, sempre me interesso em saber mais um pouco, para interdisciplinarmente poder interagir ou para, pelo menos, quando for o caso, saber raciocinar dentro do respectivo sistema.

Acredito que a aprendizagem de qualquer ciência, nos seus diversos níveis de conhecimento, é uma questão de desenvolvimento do senso comum aplicado à respectiva área. O etnólogo e arqueólogo Augustus Pitt Rivers (1827-1900) já dizia que a ciência era “senso comum organizado”. E, mais recentemente, o economista formado em direito Gunnar Myrdal (1898-1987) sentenciou: “a ciência nada mais é que o senso comum refinado e disciplinado”. Esse potencial mínimo de refinamento do senso comum, nos seus variados níveis (desde o raciocínio do agricultor sobre a meteorologia do sertão às elucubrações dos físicos teóricos), é comum a todos nós.

Possuo inclusive um livro – “Scientifica Historica: how the world’s great science books chart the history of knowledge” (Ivy Press, 2019) – cujo autor, Brian Clegg, nos leva exatamente “a uma jornada bibliográfica através do tempo/história e examina como a literatura científica redirecionou seu foco da elite acadêmica para uma audiência generalizada ansiosa para se educar. Essa transformação demonstra como os livros têm sido um condutor para a promoção do nosso conhecimento do universo e de nós mesmos”.

Mas também acredito que há uma razão mais simples para a minha paixão pelos livros acima citados. Trivial mesmo. Para explicá-la, talvez bastasse uma releitura do ditado “uma imagem vale mais do que mil palavras”. Lembremos que os livros aqui referidos têm algo de inusitado em comum. Se, em regra, livros é que são transformados/adaptados, embora quase sempre resumidos, em filmes ou séries de TV, os livros acima citados são o resultado expandido de um percurso inverso, da tela para a página.

Penso que isso faz serem eles livros muito visuais. E posso até dizer que eles são perfeitamente visuais no sentido de agradar aos olhos, ao nosso importantíssimo sentido da visão.

Sempre fui – e ainda sou hoje – mais um homem da página do que da tela. Mas não custa nada misturarmos as coisas, letras, imagens e até sons. Estou ficando mais velho – estamos todos, não? –, e intercalar a leitura de alguns parágrafos com uma bela fotografia vai muito bem. Para não termos, como disse o Pessoa, “um supremíssimo cansaço / Íssimo, íssimo, íssimo / Cansaço…”.

Marcelo Alves Dias de Souza é procurador Regional da República, doutor em Direito (PhD in Law) pelo King’s College London – KCL e membro da Academia Norte-rio-grandense de Letras – ANRL

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domingo - 01/09/2024 - 10:52h

Futebol de cego

Por Bruno Ernesto

Ilustração da Wikimedia

Ilustração da Wikimedia

Não sou – nem de longe – a pessoa mais indicada para comentar futebol, embora reconheça seja ele o esporte mais sociável do mundo.

Dizem que quando uma partida de futebol não terminar em polêmica, confusão ou intriga, as conversas sobre ele concluirão o trabalho.

Lembro muito bem, entretanto, de um episódio envolvendo os jogadores Romário e Edmundo, que no início dos anos dois mil, protagonizaram uma das maiores rusgas dentro e fora do campo; tudo em razão da braçadeira de capitão do time e dos privilégios que Romário tinha no time.

Ao final daquela partida, Edmundo, questionado sobre a sua atuação em campo, disse que o príncipe – Romário-, com as bênçãos do rei – Eurico Miranda, finado cartola-, podia tudo no time, até atrapalhar o desempenho.

O príncipe, digo, Romário, ainda em campo, ao saber da declaração de Edmundo, não se fez de rogado e disparou:

– Bem, então o time agora está completo. Temos o rei, o príncipe e o bobo da corte.

Além de bem colocada, a declaração de Romário demonstra que, na vida, é preciso, antes de tudo, ter sagacidade e perspicácia.

Com um sorriso nos lábios e uma voz suave, há quem ofenda mais do que aquele que perde a compostura e eleve o tom.

A despeito desse episódio, a história de Triboulet – o verdadeiro bobo da corte -, deve sempre servir de exemplo de sagacidade e fazer com que fiquemos atentos a tudo.

O papel de Triboulet consista em expor a hipocrisia na autoridade e os excessos reais, especialmente durante os reinados de Luís XII e Francisco I, da França, beirando, por vezes, o escárnio; e, embora dispusesse da piedade do rei, ele foi longe demais.

Certo dia, após uma de suas apresentações na corte de Francisco I, Triboulet deu um tapa na bunda do rei, que ficou furioso e decidiu por executar o bobo da corte naquele mesmo instante.

Entretanto o rei, como misericórdia, ofereceu à Triboulet a chance de escapar da morte, caso ele conseguisse lhe pedir desculpas de forma ainda mais ofensiva.

Sem titubear, Triboulet se desculpou da pior forma possível: – Desculpe, Majestade. Te confundi com a rainha.

Ao invés de ser perdoado e, pois, escapar da sentença de morte, sua resposta enfureceu ainda mais o rei que, apesar de ter estabelecido tal condicionante, determinou a imediata execução de Triboulet por tamanha ofensa.

Apesar disso, o rei ainda lhe concedeu um último pedido. Talvez como forma de compensação por tantos anos divertindo a corte: poderia escolher como morreria.

De pronto, Triboulet disse ao rei:  – De velhice, Majestade. Quero morrer de velhice.

Triboulet foi um personagem tão marcante, que Victor Hugo o imortalizou em sua peça “O Rei se Diverte”, de 1832.

Quanto à Triboulet, apesar de ter sido banido da corte, escapou da morte e ainda tripudiou do rei na frente de toda a corte.

Como diz o famoso adágio popular: em terra de cego, quem tem um olho é rei.

Entretanto, penso que Triboulet teria dito outra coisa: – Me arrependo do que disse. Era para ter dito coisa muito pior.

Bruno Ernesto é advogado, professor e escritor

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domingo - 01/09/2024 - 09:58h

Reminiscências…

Por Marcos Araújo

Imagem ilustrativa Freepik

Imagem ilustrativa Freepik

“A minha meta de vida? Apenas gastar o resto da areia da ampulheta, antes que chegue ao fim!” 

Segundo o dito popular, “quem vive de passado é museu”, e confesso que estou nessa condição de “museólogo”. Sou um memorialista, um historiógrafo vivencial. Depois de cinco décadas de existência, meu pensamento se retém mais no passado, sem conseguir expectrar quase nada sobre o futuro. Na ampulheta da vida, vejo que escorreu muito mais areia para a parte de baixo, remanescendo uma pequena porção na parte de cima…

Estou preso nas memórias do ontem, vivendo o hoje, sem pensar muito no amanhã. Outro dia, entre jovens do “Segue-me” (movimento da igreja católica), dei um depoimento do tempo de adolescência, falando sobre a importância da Catedral de Santa Luzia na formação das famílias mossoroenses, na construção dos relacionamentos… Contei aos garotos que muitos dos casais de hoje se conheceram nas paqueras da Praça do Cid, depois da missa da Catedral na noite aos domingos. Foi por ali que dei as minhas primeiras piscadas, depois de girar na praça umas cinco vezes…

Desde sempre tive um pendor para olhar o passado. Fui um “velho” na pele de um adolescente. Sempre convivi e adorava conversar com idosos. Fui amigo de Rafael Negreiros, Cristóvão Frota, Negro Chico do Bar, Chiquinho Germano, Tibério Rosado, Osires Pinheiro, Francisco Revorêdo, Heriberto Bezerra, Antônio Rosado, entre tantos…

Ainda garoto, fui frequentador do Café e Bar Mossoró, tendo conhecido seu Fransquinho e Aurino. Minhas primeiras cervejas foram no bar de Raimundão, na rua Almino Afonso, sob seu olhar de censura à minha falta de recursos. Alcancei ainda o Castelinho, e frequentei algumas festas no clube ACEU. Conheci seu João Pinheiro, do IP, e “roía” por não poder beber whisky e conversar sobre política no seu bar.  Assisti a filmes nos Cines Pax e Cid, comprando bombons nos carrinhos que ficavam em frente.

Testemunhei a abertura do bar de Zé da Volta na Abolição II, proximidades da Usibrás, aonde aos domingos papai e mamãe iam dançar. E também “pastorei” minha irmã Odinha e suas amigas Patrícia, Daniela, Rosimeire e as irmãs Kênia e Kélia Rosado na boate/bar Burburinho, propriedade de Gustavo Rosado. Esperei por elas cochilando dentro de um carro muitas noites, enquanto elas se divertiam e dançavam na Hastafari, uma boate de Samuel Alves, na rua Mário Negócio (em cima da Panificadora 2001).

No período político, panfletei algumas vezes durante a madrugada colocando “santinhos” nas portas das casas, com imagens de Vingt Rosado e Francisco Lobato (pai do meu colega do curso de Direito, Serlan Lobato).  Ao receber o título de eleitor, fui recepcionado à vida eleitoral com a candidatura do Professor Paulo Linhares a Prefeito Municipal.

“Ganhei” minha primeira habilitação do então candidato a vereador Regy Campelo, sob o patrocínio do governador Lavoisier Maia, e posso testemunhar haver assistido, com entusiasmo juvenil, no largo do “Jumbo” (local onde está edificado o Ginásio Pedro Ciarlini), os discursos emocionados de Geraldo Melo (o “tamborete”), Odilon Ribeiro Coutinho e do velho alcaide Dix-Huit Rosado.

Minha predileção musical também denuncia a minha maturidade, e, principalmente, a inaptidão aos ritmos atuais.  Fui incitado a refletir sobre cidadania com Zé Geraldo (“Cidadão”); protestei ao som de Geraldo Vandré (“Pra não dizer que não falei das flores”); fui agitado pela revolta cívica de Renato Russo (“Que País é este?”); vibrei com a personalidade confusa de Belchior (“Paralelas”), e envolvido pela loucura sana de Raul Seixas…

O romantismo e a fossa sempre ressoaram como bálsamo nas canções de Tom Jobim, Vinicius de Morais, Roberto Carlos, Moacyr Franco e Altemar Dutra. A devoção à música americana veio pelos acordes de “My Way” e “New York, New York”, com Frank Sinatra. Ou por “Unforgettable”, de Nat King Cole.

A “mão” da idade pesa nos ombros da minha existência. Resguardo no coração a tristeza de ter assistido a partida de tantos amigos para a eternidade, agradecendo a Deus com fervor pela minha vida, e mais ainda pela dos que ficaram.

Observando bem o ontem, fico genuflexo aos céus pela não contemporaneidade com os jovens de hoje. Não vejo muita graça no divertimento dos adolescentes do presente. Os jogos eletrônicos e as redes sociais como passatempo não superam os jogos de bola nos terreiros com carrascos de pedra de antanho. O passado é história. O hoje é o amanhã de ontem. E o hoje será o ontem de amanhã. Por aqui, conto o passado, sem saber o porvir.

Espero que meus filhos possam reproduzir memórias felizes. A minha meta de vida? Apenas gastar o resto da areia da ampulheta, antes que chegue ao fim!

Marcos Araújo é advogado, escritor e professor da Uern

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domingo - 01/09/2024 - 09:02h
Posse

TRE-RN tem novos dirigentes que enfrentarão as eleições 2024

Desembargadores Lourdes Azevêdo e Ricardo Procópio pegam, de saída, as eleições 2024 (Foto: TRE-RN)

Desembargadores Lourdes Azevêdo e Ricardo Procópio tiveram posse sexta-feira (Foto: TRE-RN)

Nessa sexta-feira (30), aconteceu, no plenário do prédio sede do Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Norte (TRE-RN), a solenidade de posse da nova presidente do regional, desembargadora Lourdes Azevêdo. Também tomaram posse para o biênio 2024-2026 o desembargador Ricardo Procópio, como vice-presidente e corregedor Regional Eleitoral, e o desembargador Vivaldo Otávio Pinheiro, como suplente da presidência.

O suplente da vice-presidência, desembargador Saraiva Sobrinho, deve tomar posse posteriormente.

A sessão solene de posse teve início às 17h e contou com a apresentação do coral do Tribunal, sob a regência do maestro Eli Cavalcanti e participação do violoncelista Diego Paixão. O coral, que tem a participação de servidores, terceirizados e aposentados da instituição, interpretou a música “Falando de amor”, de Tom Jobim; o “Hino da Justiça Eleitoral”, composto pelo servidor Renato Vilar; e o Hino Nacional Brasileiro.

A mesa foi composta pelos desembargadores Cornélio Alves e Expedito Ferreira, presidente e vice do biênio 2022-2024; desembargador Amílcar Maia, presidente do Tribunal de Justiça do RN; Fátima Bezerra, governadora do Estado do RN; os juízes da Corte Fábio Bezerra, Ticiana Nobre, Suely Silveira e Marcello Rocha, e a secretária da sessão, Ana Esmera Pimentel. Além disso, estavam presentes várias autoridades representando a Justiça Federal, OAB, Ministério Público, Forças de Segurança, Procuradoria-Geral de Justiça, entre outros.

Despedida

Em seu discurso de despedida, o desembargador Cornélio Alves destacou que o magistrado que vem para Justiça Eleitoral, assume sua função já sabendo que sua atividade tem prazo determinado de encerramento. O desembargador agradeceu também a todos que fizeram sua gestão no biênio 2022-2024 possível, pontuando os projetos e ações desenvolvidos durante os últimos dois anos. “Procurei ser o magistrado de sempre. Cultuando os princípios e valores da justiça, como a integridade, imparcialidade, bondade, ética, respeito, serenidade, e quando necessário, a firmeza. Mas mantendo sempre a discrição”, disse.

Discurso de boas-vindas

A juíza e integrante da Corte, Ticiana Nobre, pontuou a importância de uma gestão presidida por mulheres, destacando que ao longo da história muitas mulheres lutaram pelos espaços na sociedade. “As conquistas, ainda mais quando direcionadas às questões de comando e poder, passam por ciclos e desafios (…) graças a nossa resistência e da certeza do equilíbrio que temos entre as diversas missões sociais que nos são confiadas, não desistimos e não desistiremos,” destacou.

Desembargadora falou à imprensa em dia de posse (Foto: Reprodução do BCS)

Desembargadora falou à imprensa em dia de posse (Foto: Reprodução do BCS)

Posse 

Após tomar posse e receber sua toga das mãos da neta, Ester Azevêdo, e do filho Leopoldo Azevêdo, a desembargadora Lourdes Azevêdo deu posse ao seu colega, desembargador Ricardo Procópio. O vice-presidente recebeu sua toga dos filhos Nina Simonetti Bandeira, Ana Luíza Ferraz Procópio e João Simonetti Bandeira.

A desembargadora citou há exatos 652 dias, no dia 17 de novembro de 2022, há 1 anos e 8 meses, foi empossada como desembargadora do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte após 36 anos atuando no Ministério Público, e que mais uma vez sentia-se honrada, surpresa e feliz em assumir mais essa missão como presidente do Tribunal Regional Eleitoral.

“Sou a quarta mulher a assumir a presidência deste Tribunal, o que é motivo de orgulho, de muita honra e também de imensa responsabilidade,” assinalou.

A desembargadora destacou ainda qualidades de seu colega durante esse biênio, e disse que ele é um “magistrado comprometido, conhecido por princípios e valores da justiça, como a integridade, imparcialidade, lealdade, ética, respeito, com certeza terá participação efetiva, não só na construção do justo e concreto, como também sua companhia será preciosa na condução das eleições que se avizinham”, ressaltou.

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domingo - 01/09/2024 - 08:42h

Ao som dos Paralamas do Sucesso

Por Odemirton Filho

Reprodução (capa do livro de João Barone)

Reprodução (capa do livro de João Barone)

O domingo deve ser um dia leve. Os leitores, creio eu, gostam de uma leitura singela, que traga bons sentimentos e boas lembranças. Por isso, deixemos de lado, por ora, as regras eleitorais e o intolerante debate político-partidário. Falemos um pouco sobre o que vivi no junho de minha vida e que, talvez, você também tenha vivido. Enfim, “falemos ao coração dos homens”.

Estou lendo o livro do baterista João Barone, da banda Os Paralamas do Sucesso. O livro resgata o início dos Paralamas, na visão de Barone. São muitas histórias interessantes, principalmente para quem é fã. Pra quem não sabe, “Vital e sua moto” foi o primeiro grande sucesso; Vital era o baterista da futura banda.

O grupo foi contemporâneo, entre outros, de Kid Abelha, Titãs, Legião Urbana, Blitz. Isso lá pelo início dos anos oitenta. Lulu Santos já era um artista consagrado, e foi um dos “padrinhos” dos Paralamas. O cantor Lobão, com o seu temperamento forte, teve um entrevero com a banda. A década de oitenta, como se costuma afirmar, foi o auge do Pop Rock nacional.

De acordo com Barone, a música Lanterna dos Afogados foi inspirada no livro de Jorge Amado, Jubiabá. Lanterna dos Afogados é um bar fictício na região portuária de Salvador, onde as castas da sociedade se encontram e as esposas dos pescadores aguardam o regresso de seus amados.

A leitura do livro sobre os Paralamas despertou a minha memória afetiva, as lembranças da minha juventude. Eu e alguns amigos estávamos na primavera dos nossos dias, e saíamos pelas noites de Mossoró. Uma Mossoró ainda com ares de cidade do interior. Barzinhos? Contavam-se nos dedos. Festas? Vez ou outra.

Então, fazíamos as nossas programações. Andávamos no Chevette vermelho do nosso querido e saudoso amigo, Márcio Iuri. Aqui ou acolá, após muito “moído”, eu conseguia dar uma voltinha no carro do meu pai. Tempos depois, eu dirigia um Fiat 147, “me achando”.

Ouvíamos as músicas das bandas no som dos nossos “potentes” carros, com equalizadores e fitas cassetes. O som não era lá essas coisas, mas sobravam a alegria e os arroubos da juventude. Quem, na adolescência, não andou em carros lotados de amigos? Quem não fez uma cotinha pra comprar um litrão de bebida? Foi um tempo bom das nossas vidas, porque, alguém já disse, que de todos os animais selvagens o homem jovem é o mais difícil de domar.

Íamos ao Burburinho, um barzinho “descolado”, ao Meca shopping, ao Imperial, a uma boate que ficava em cima da padaria 2001; além das festas na AABB, ACDP e no Realce. Quem viveu essa época deve lembrar das vaquejadas no Puxa-boi. Eram comuns as festinhas nas casas de colegas do colégio, ou nas casas de colegas dos colegas.

Se o webleitor é de um tempo mais longínquo, lembrará dos carnavais do clube Ipiranga e da ACDP; da boate Snob, de Tony Drinks, do Ferrão. Mergulhe em sua memória, e brotará do coração boas lembranças, pois faz um bem medonho a alma.

Pois é, no último mês de janeiro fui ao show dos Paralamas, em Natal. A cada música que Herbert Vianna, Bi Ribeiro e João Barone tocavam, eu viajava nas lembranças da minha adolescência; e bebia mais uma dose, ao som de suas inesquecíveis canções. Tempo bom, onde a juventude vivia longe, muito longe das preocupações.

Odemirton Filho é colaborador do Blog Carlos Santos

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Categoria(s): Crônica
domingo - 01/09/2024 - 06:42h

Visita inconveniente

Por Marcos Ferreira

Imagem de GG Artes Digitais na Freepik

Imagem de GG Artes Digitais na Freepik

Imagino que alguma vez você passou por algo parecido. E diante de situação dessa natureza cada indivíduo reage à sua maneira.

Depois do jantar, em torno das oito horas, eu já havia tomado banho e a pouca louça estava lavada. Jantei ovos mexidos (cinco) com uma banana em rodelas. É esse, dentro das minhas limitações culinárias, o meu prato favorito. Então coloquei a velha e confortável roupa de dormir: uma bermuda fininha e uma camisa de algodão bem macia de mangas longas. Ressalto que disponho de outras peças semelhantes. Não gosto de dormir sem camisa. A casa não tem forro e por isso não faz calor. Deixo aberta por um tempo a janela da cozinha, situada na lateral esquerda.

Uso o ventilador até certo horário da madrugada. Depois desligo porque fica bastante frio. Sobretudo quando chega a cruviana.

Armo a rede na sala, coloco o ventilador sobre uma banqueta de plástico, além de uma cadeira em cima da qual coloco o telefone, o controle remoto da tevê e meus óculos. Assim aguardo o Jornal Nacional, seguido da novela das nove, que agora venho acompanhando porque a desalmada da Netflix me bloqueou só porque não sou assinante. Uma malvadeza! Antes eu dispunha da plataforma graças ao Elias Epaminondas, que compartilhava comigo. Mas a Netflix meteu a tesoura nessa opção e cortou meu barato. No mais das vezes era esse aí o ponto alto do meu dia.

Deixem quieto! Estou preparando a volta por cima. Logo poderei contar com o cineminha à noite. De vez em quando me viro com o YouTube. Contudo não duvido de que também esse qualquer dia invente de liberar acesso tão só para assinantes. Assistir a filmes e séries nos streamings tornou-se um pequeno luxo, uma carestia que vai frustrando um sem-número de gente mundo afora.

Bem, agora esqueçamos tal assunto. Desejo contar uma história curiosa. Foi na terça-feira passada. Trata-se de uma visita que me apareceu quando eu menos esperava. Portanto, sem ser convidada. Justo quando me encontrava deitado e com a sala iluminada somente pela televisão. William Bonner havia acabado de me dar um solene boa-noite, a exemplo da competentíssima Renata Vasconcellos. Não teve jeito. Eu precisei me levantar às pressas, tamanha foi a inconveniência.

Num voo rasante, a referida visita quase se chocou contra a minha cara. Fiquei em polvorosa, logicamente. Considerei, entretanto, que poderia ser uma coisa ainda pior: um monstro chamado barata, por exemplo. Sim, uma barata voadora. Aquela peste, com as suas asas envernizadas, representaria uma completa desgraça para o meu repouso. Fico arrepiado apenas imaginando. É muito rápida, dificílima de matar. O pânico é imediato. Se uma infeliz dessas aparece aqui em casa à noite, não vou dormir (não ao menos em paz) se antes eu não puder extinguir a intrusa.

Mesmo inconveniente, o ser alado que invadiu o espaço aéreo de minha residência foi outro muito menos asqueroso: um morcego dos grandes, mais ou menos do tamanho de um albatroz. Como se sabe, é uma criatura desprovida de beleza e um tanto quanto desagradável, porém é de caráter inofensivo.

Levantei-me com receio de que o mascote do Batman caísse dentro da rede. É admirável a capacidade, a desenvoltura com que esses orelhudos mamíferos conseguem voar de forma tão arrojada, tão precisa. Exatamente. São os únicos mamíferos capazes de voar, para a nossa inveja e despeito. Morcegos do tipo hematófagos são raros. A grande maioria se alimenta de frutos e insetos. Sei que essas informações não são bem uma novidade para os leitores, mas talvez alguém desconheça. Ao contrário de baratas, não se deve matar um morcego que invada sua casa.

Nessa noite, pois, o “albatroz” voava de um lado para o outro. Abri portas e janelas, apaguei a luz da sala (que eu havia acendido) e liguei a da garagem. Passados dez ou quinze minutos, a visita inconveniente foi-se embora. Tranquei tudo e, apesar do pequeno transtorno, voltei a ver televisão tranquilo. O Jornal Nacional estava bem adiantado; consultei as horas e daí a pouco assisti à novela.

Afora isso (o Jornal Nacional e a novela das nove) não há mais nada suportável que se possa ver de segunda a sábado. No domingo ao menos contamos com o Fantástico. Estou fechado na dita TV aberta, sem muitas opções para quando a noite cai e o sono demora a chegar. Os outros canais são piores.

Marcos Ferreira é escritor

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  • MOGE 2024 - Opa -
domingo - 01/09/2024 - 04:30h

Uma emenda no meio do caminho

Por Kennedy Diógenes

Ilustração do Correio Braziliense

Ilustração do Correio Braziliense (Arquivo)

A legislação eleitoral, mormente depois da redemocratização, lá nos idos da década de 1980, vem se aperfeiçoando a cada eleição, tendo, como meio, as minirreformas que alteram o arcabouço jurídico com o fim de manter a higidez do processo eleitoral e a transparência dos resultados das urnas, buscando fazer valer a vontade clara e espontânea do eleitor.

Apesar desta praxis legislativa, raras eleições surpreendem pelo ineditismo em que desenrolam, tal qual a eleição de 2020 – a chamada eleição tardia – que teve seu calendário eleitoral alterado e várias regras de saúde adotadas em face do flagelo mundial da covid 19.

Quase quatro anos depois, às vésperas do ano eleitoral de 2024, outra surpresa: Senado e Câmara Federal não entraram em acordo e a minirreforma eleitoral de 2023 não saiu, impingindo ao Tribunal Superior Eleitoral a publicação de várias normas para a campanha em curso, notadamente as que regulam a inteligência artificial, deepfakes e candidaturas laranjas, dentre outras.

Eis que, depois das convenções partidárias e período de registro de candidatura dos prefeitos, vices e vereadores dos 5.569 municípios brasileiros, há mais um sobressalto no regime jurídico eleitoral, este advindo da promulgação da Emenda Constitucional n. 133, de 22 de agosto de 2024, que trouxe, dentre outras, mudanças para candidaturas de pessoas pretas e pardas, ampliação da aplicação do fundo partidário e refinanciamento de débitos dos partidos políticos.

Embora não se fale em princípio da anualidade quando se trata de norma constitucional, a verdade é que, com vigência imediata, a EC 133 muda as regras com “a bola rolando”, passando a valer agora, no meio destas eleições de 2024.

Com isso, passa a ser constitucional a aplicação obrigatória de 30% dos recursos dos fundos Eleitoral  e Partidário em candidaturas de pessoas pretas e pardas, tendo, os partidos políticos, anistia no descumprimento anterior desta regra, desde que, haja a aplicação dos recursos que deixou de repassar para estas candidaturas nas 4 eleições subsequentes, a partir de 2026.

Além disso, a EC 133 reforçou a imunidade tributária dos partidos políticos e instituiu o Programa de Recuperação Fiscal (REFIS), inclusive para seus institutos e fundações, para que regularizem seus débitos com isenção dos juros e das multas acumulados, parcelando-os em até 180 meses.

Neste particular, os partidos foram contemplados com a ampliação da possibilidade do uso do fundo partidário para parcelamento de sanções e penalidades de multas eleitorais, de sanções e débitos de qualquer natureza, inclusive para devolver recursos públicos ou privados quando houver sobra ou não tiverem origem identificada, excetuando-se os de fonte vedada.

Destaque-se que os recursos do fundo partidário poderão ser utilizados entre instâncias do mesmo partido, como o nacional pagando conta do estadual, por exemplo, e cobrirão processos de prestação de contas de exercícios financeiros e eleitorais, independentemente de terem sido julgados ou de estarem em execução, mesmo que transitados em julgado.

Por fim, a prestação de contas também foi impactada pela emenda, pois passa a ser dispensada a emissão do recibo eleitoral para doação dos fundos eleitoral e partidário por meio de transferência bancária feita pelo partido aos candidatos e às candidatas, e de doações recebidas por meio de PIX por partidos, candidatos e candidatas.

Diante destas mudanças legislativas, e passando ao largo do debate acerca da pertinência ou não dos temas abordados pela emenda, o que sinaliza como alerta para os atores das eleições é a inconveniência de se mudar as regras no meio do jogo, atingindo, por mais bem intencionada que seja, a segurança jurídica do processo eleitoral.

Kennedy Diógenes é advogado e escritor

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Categoria(s): Artigo
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