segunda-feira - 02/06/2025 - 17:32h
Aneel

Junho é mês de aumento na tarifa de energia elétrica no país

Bandeira verde poderá continuar até o fim deste ano (Foto ilustrativa)

Bandeira Vermelha vai elevar custo em R$ 4,46 a cada 100 kW/h (Foto ilustrativa)

Segure-se. Aí vem mais um arrocho. Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), junho é mês de Bandeira Vermelha, no patamar 1.

O que isso significa? Aumento no custo da energia para os consumidores.

As contas de energia elétrica terão cobrança adicional de R$ 4,46 (quatro reais e quarenta e seis centavos) a cada 100 kW/h (quilowatt-hora) consumidos.

Diante do cenário de afluências abaixo da média em todo o país indicado pelo Operador Nacional do Sistema (ONS), projeta-se uma redução da geração hidrelétrica em relação ao mês anterior, com um aumento nos custos de geração devido à necessidade de acionamento de fontes de energia mais onerosas, como as usinas termoelétricas.

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segunda-feira - 02/06/2025 - 16:42h
Saúde pública

Mossoró aplica 2.393 doses de vacinas no fim de semana

Vacinação é mais uma etapa de trabalho da Saúde (Foto: Arquivo)

Vacinação contra Influenza chegou ao total de 1.782 doses (Foto: Arquivo)

A Prefeitura de Mossoró informa que entre a sexta-feira (30) e o domingo (1), foram aplicadas quase 2.400 doses de vacinas. No fim de semana, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) colocou em funcionamento cinco pontos extras de vacinação, oportunizando proteção contra doenças e agravos à população mossoroense.

Confira os dados do balanço da Coordenação de Imunizações do município:

Influenza: 1.782 doses;

Covid-19: 149 doses;

Rotina:  462 doses;

Total: 2.393 doses aplicadas

Influenza

A Campanha de Vacinação contra Influenza segue em Mossoró para toda a população acima dos seis meses de idade. A vacina é ofertada de segunda a sexta-feira, das 7h às 11h e das 13h às 17h, nas Unidades Básicas de Saúde, zonas urbana e rural.

Desde o dia 20 de maio, o Município ampliou a vacina para toda a população acima dos seis meses de idade. A medida segue uma recomendação do Ministério da Saúde com o objetivo de aumentar a cobertura vacinal e proteção contra a gripe.

A vacina disponível na rede pública é trivalente, garantindo proteção contra os vírus Influenza A (H1N1), A (H3N2) e B.

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segunda-feira - 02/06/2025 - 09:10h
Burocracia

RN ocupa vice-liderança em ranking de lentidão para se abrir empresa

RN ganhou celeridade, mesmo com colocação precária em relatório do governo federal (Arte ilustrativa do FreePik)

RN ganhou celeridade, mesmo com colocação precária em relatório do governo federal (Arte ilustrativa do FreePik)

O Rio Grande do Norte é o segundo estado mais lento do Brasil para abertura de empresas, com tempo médio de 1 dia e 6 horas para a conclusão do processo. Os dados constam no Mapa de Empresas, relatório divulgado pelo governo federal, e são referentes ao primeiro quadrimestre de 2025.

O tempo representa um aumento de 87,5% em relação ao mesmo período do ano passado e coloca o estado atrás apenas de São Paulo no ranking nacional.

Ainda segundo o levantamento, apesar do desempenho negativo na lentidão do processo, o estado registrou um saldo positivo no número de empresas abertas neste início de 2025.

Entre janeiro e abril, 19.680 empresas foram abertas no RN, enquanto 10.790 encerraram suas atividades, resultando em um saldo de 8.890 novos negócios. Atualmente, o estado conta com 266.535 empresas ativas.

Para especialistas, a lentidão no processo de abertura é reflexo de entraves estruturais que vão além do desejo de empreender. “A demora pode estar relacionada à falta de integração entre os sistemas dos órgãos públicos, à morosidade em processos internos e à variação no cumprimento de etapas burocráticas, como registro, licenciamento e alvarás”, avalia o contador Gustavo Vieira, diretor da Rui Cadete.

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segunda-feira - 02/06/2025 - 08:28h
BR-304

PRF apreende caminhão lotado com mercadorias irregulares

PRF abordou caminhão com mercadorias na BR-304 (Foto: Divulgação)

PRF abordou caminhão com mercadorias na BR-304 (Foto: Divulgação)

Em uma ação de fiscalização realizada na manhã desse domingo (01), por volta das 09h30, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) apreendeu uma grande carga de mercadorias importadas de forma irregular, além de calçados com indícios de falsificação e documentação fiscal inconsistente. A abordagem ocorreu na BR-304, no município de Riachuelo.

O veículo, que seguia de Fortaleza/CE com destino a São Paulo/SP, transportava em sua maior parte lançadores de gel — conhecidos popularmente como armas de gel — e tênis com características de fortes indícios de falsificação de marcas conhecidas, além de outras mercadorias.

A carga foi avaliada preliminarmente em cerca de R$ 15 milhões, demonstrando o alto impacto financeiro de mais uma tentativa de burlar a legislação aduaneira e de propriedade intelectual.

O veículo, os produtos e os documentos foram encaminhados à Receita Federal do Brasil em Natal/RN, onde serão adotados os procedimentos legais cabíveis, incluindo a análise técnica das mercadorias e apuração das responsabilidades fiscais e penais.

Com informações da PRF/RN.

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segunda-feira - 02/06/2025 - 07:50h
Série D

Mecão vence na Arena das Dunas e alcança a 2ª colocação

Deu Mecão no confronto contra o Sousa da Paraíba, nesse domingo (01) na Arena das Dunas, em Natal.

O América fez 2 x 0 no time do interior paraibano e se garantiu na segunda posição do Grupo C do Brasileirão da Série D 2025.

Os gols foram marcados por Souza e Salatiel.

O time natalense chega aos 13  pontos, ficando atrás do Santa Cruz de Recife que soma 19.

ABC

Já o ABC ficou no 0 x 0 no sábado (31), ao enfrentar o Náutico de Recife, no Estádio Frasqueirão, sua casa. Apesar de jogar com um atleta a mais desde os dois minutos do primeiro tempo, devido expulsão do alvirrubro Auremir, não conseguiu vencer o adversário.

A partida foi pela Série C.

Entre os 20 disputantes, o time de Natal está na 15ª colocação com 9 pontos.

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segunda-feira - 02/06/2025 - 07:02h
PF apura

Senadores e deputados podem estar envolvidos em desvio do INSS

Arte ilustrativa

Arte ilustrativa

Do Canal Meio e outras fontes

A Polícia Federal vai enviar nos próximos dias ao Supremo Tribunal Federal parte das investigações que apuram o esquema bilionário de desvio dos benefícios de aposentados e inativos do INSS.

De acordo com o colunista Lauro Jardim, a PF descobriu indícios de que vários deputados e senadores estão envolvidos no esquema de desvios. (Globo)

Para ler com calma. Investigações da PF indicam que empresas de Antonio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”, fizeram pagamentos desde 2022 ao então procurador-geral do instituto, Virgílio de Oliveira Filho, como conta reportagem de Breno Pires.

Oliveira Filho reassumiu o cargo em setembro de 2023, contra um parecer da Advocacia-Geral da União, até ser afastado com a revelação do escândalo dos descontos fraudulentos. (Revista Piauí)

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Categoria(s): Política
domingo - 01/06/2025 - 23:56h

Pensando bem…

“Não tenhas pressa em fazer novos amigos nem em abandonar aqueles que tens.”

Solon

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domingo - 01/06/2025 - 19:38h
Luto

Ex-juíza do Trabalho morre em São Paulo neste domingo

Maria Suzete Monte de Hollanda Diógenes estava em São Paulo (Foto: Reprodução)

Maria Suzete Monte de Hollanda Diógenes estava em São Paulo (Foto: Reprodução)

A juíza do Trabalho aposentada e advogada Maria Suzete Monte de Hollanda Diógenes, 62, faleceu neste domingo (01) em São Paulo-SP. Estava em visita a uma filha, quando veio a óbito.

Informações sobre velório e sepultamento ainda não foram divulgadas. O Tribunal Regional do Trabalho da 21ª Região (TRT21) e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), do RN, emitiram Nota de Pesar. Veja abaixo:

TRT21

O Tribunal Regional do Trabalho da 21ª Região (TRT21) lamenta profundamente a partida da juíza do Trabalho aposentada Maria Suzete Monte de Hollanda Diógenes, aos 62 anos, ocorrida em São Paulo.

Maria Suzete construiu uma carreira dedicada ao serviço público e à área jurídica. Serviu como juíza titular do Trabalho nas comarcas de Assú e Ceará-Mirim e dedicou-se à magistratura por 30 anos na Justiça do Trabalho do Rio Grande do Norte. Também advogada, retornou aos quadros da OAB-RN após a aposentadoria.

Maria Suzete Monte de Hollanda Diógenes era irmã dos servidores do TRT-RN Dirceu Victor Monte de Hollanda, atual secretário de Planejamento e Gestão Estratégica, e de Sonja Magaly Monte de Holanda Oliveira, do setor de Precatórios. A magistrada deixa  esposo Gutemberg Rego Diógenes, filhos João Victor, Dirceu e Marina e netos.

O velório e sepultamento serão confirmados após o traslado do corpo para Natal.

O TRT-RN, em nome do desembargador Eduardo Serrano da Rocha e de todos os magistrados (as) e servidores (as), se solidariza com familiares e amigos da juíza Maria Suzete.

OAB

A OAB/RN lamenta profundamente a irreparável perda e se solidariza com todos os familiares e amigos, desejando que encontrem conforto na fé, na união e nas memórias afetivas que Maria Suzete deixa. Que o legado de sua trajetória inspire e permaneça vivo no coração de todos que tiveram o privilégio de conhece-la e conviver com ela.

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domingo - 01/06/2025 - 17:50h
Preocupação

Economista Elviro Rebouças tem “piora no quadro” de saúde

Família anunciou transferência do paciente para outro centro médico maior Foto: cedida ao BCS)

Família anunciou transferência do paciente para outro centro médico maior Foto: cedida ao BCS)

“Houve piora no quadro, com alguns broncoespasmos que prejudicam a recuperação dele. Em função disso, a família resolveu levá-lo para um centro maior (Fortaleza-CE).”

O relato acima foi recebido pelo Blog Carlos Santos à tarde deste domingo (01), de fonte ligada à família do economista e ex-presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Mossoró (CDL) Elviro do Carmo Rebouças. Há preocupação considerável e temor de regressão nos avanços que vinha obtendo nos últimos dias.

Rebouças estava internado no Hospital Wilson Rosado, em Mossoró, desde o dia 25 de abril. Com sério problema respiratório e infeccioso decorrente da H1N1, ele foi logo intubado. Só no último dia 23 de maio, quase um mês após ser hospitalizado, o paciente foi extubado. Mas passou a usar máscara não invasiva denominada de Bipap, além de seguir acamado, com escassa mobilidade – como ficar sentado.

Ocorreram avanços diversos, porém nova instabilidade deixou médicos e familiares sobressaltados.

Fique sabendo

O que é Broncoespasmos – são contrações espasmódicas dos músculos lisos que revestem os brônquios, causando estreitamento das vias aéreas e dificuldade para respirar, como em quadros asmáticos e de enfisema.

O que é Bipap – Bilevel Positive Airway Pressure (BIPAP) é um tipo de ventilação não invasiva que ajuda a respirar, fornecendo ar pressurizado através de uma máscara no rosto.

O que é H1N1  – É um subtipo do vírus influenza A, responsável por causar uma infecção respiratória muito delicada. Crianças pequenas, idosos e pessoas com doenças crônicas (como asma, diabetes, doenças cardíacas ou imunodeficiência) estão mais suscetíveis a complicações.

Veja nos links a seguir, notícias que publicamos mostrando passa a passo as dificuldades enfrentadas por Elviro Rebouas – AQUI, AQUI, AQUI, AQUI, AQUI, AQUI e AQUI.

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domingo - 01/06/2025 - 15:26h

Mais perto de você – Notas de amor e cura

Por Carlos Oliveira

Capa do livro na versão em inglês (Reprodução do BCS)

Capa do livro na versão em inglês (Reprodução do BCS)

Como você volta para si mesmo quando a vida te afastou tanto?

“Mais Perto de Você” (veja vídeo AQUI) começou como uma coleção de notas escritas nos momentos silenciosos entre o coração partido, a ansiedade e a cura — uma forma de dar sentido ao caos interior e encontrar palavras para emoções que pareciam impossíveis de nomear.

Através de prompts reflexivos, verdades suaves e lembretes poéticos, ele explora o que significa amolecer, deixar ir e escolher a si mesmo, vez após vez.

Estas páginas não oferecem respostas prontas. Elas oferecem companhia, um convite para desacelerar, respirar fundo e se reconectar com a parte de você que sempre foi suficiente.

Se você está atravessando a dor da perda, buscando paz ou simplesmente desejando se sentir inteiro, este livro é para você.

* Texto da contracapa do livro bilíngue (Português e Inglês) “Mais Perto De Você – Notas de Amor e Cura”, de Carlos Oliveira (Carlos dos Santos Oliveira Júnior). O autor desnuda-se, mergulha em suas fraquezas, decepções e derrotas para descobrir que no fundo do poço “o único caminho que resta é para cima. É para lá que ele resolver ir.

É preciso subir, mesmo que despedaçado, para ser de novo inteiro, ainda que incompleto.

Carlos Oliveira é consultor global de eventos, palestrante, escritor e gestor de projetos sustentáveis (veja AQUI)

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domingo - 01/06/2025 - 10:10h

Tive medo

Por Honório de Medeiros

Foto em Natal, do autor da crônica

Foto em Natal, do autor da crônica

Nessa rua, da qual somente se percebe um vislumbre, durante o dia raros sãos os pedestres e mais ainda aqueles carros ansiosos, a passarem velozes, em sua busca frenética e atormentada.

Suas poucas casas, inclusive as comerciais, têm grades. Os vizinhos, poucos – ainda os há – não se conhecem, me disse o vigilante que a percorre durante a noite portando um apito, e, na cintura, um cassetete de madeira, para amedrontar os incautos.

Nunca vi crianças correrem em suas calçadas, gritando uma com as outras, brincando despreocupadas, vigiadas por pais amorosos a conversarem serenos, como ocorria na minha meninice.

Entretanto, outro dia vi uma criança grande dormindo no chão. Quis confortá-lo, mas tive medo.

Natal, algum dia de 2024.

Honório de Medeiros é professor, escritor e ex-secretário da Prefeitura de Natal e do Governo do RN

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domingo - 01/06/2025 - 09:56h

Vida e arte em Nuremberg

Por Marcelo Alves

Foto com alguns dos principais criminosos nazistas (Reprodução da Web)

Foto com alguns dos principais criminosos nazistas (Reprodução da Web)

Por estes dias, enviei um artigo para a revista da Academia de Letras Jurídicas do Rio Grande do Norte – ALEJURN analisando, de uma forma mais extensa do que é possível num espaço de jornal, o filme “Julgamento em Nuremberg” (“Judgment at Nuremberg”), de 1961.

Um clássico dos “filmes de tribunal”, do ponto de vista cinematográfico, “Julgamento em Nuremberg” é simplesmente uma película fantástica. Sob a direção de Stanley Kramer, é protagonizado por gente do top de Spencer Tracy, Burt Lancaster, Marlene Dietrich, Judy Garland, Montgomery Clift, Richard Widmark, Maximilian Schell, Werner Klemperer e William Shatner, entre outros. Em 1962, ele foi indicado a onze estatuetas do Oscar, entre elas as de melhor filme, melhor direção, melhor roteiro adaptado, melhor fotografia, melhor direção de arte, melhor ator (duas vezes) e por aí vai.

Levou dois prêmios, melhor ator (Maximilian Schell) e melhor roteiro adaptado (para Abby Mann), aos quais se somaram alguns globos de ouro. Ao mesmo tempo “film d’acteurs” e “film à thése”, “Julgamento em Nuremberg” dramatiza um acontecimento verídico – na verdade, uma parte dele, e mesmo assim com muita liberdade, já que estamos falando de ficção –, o “julgamento dos juízes” pós-2ª Guerra Mundial, em que, embora não fossem eles as maiores autoridades do sistema de justiça nazista (estas estavam já falecidas), nove membros do Ministério da Justiça do Reich e sete membros de tribunais do povo e de tribunais especiais foram acusados de abusar dos seus poderes de promotores e juízes para cometer crimes de guerra e crimes contra a humanidade, fomentando e autorizando a perseguição racial e horrendas práticas de eugenia, entre outras coisas, levando à prisão e à morte inúmeros inocentes.

O julgamento durou de 5 de março a 4 de dezembro de 1947. Dez dos acusados foram condenados, quatro absolvidos e dois acabaram não julgados.

E foi com a repercussão do envio do artigo que mais uma vez observei algo curioso na relação arte e vida, ficção e fato. Embora o “julgamento dos juízes” não tenha sido nem de longe o mais importante dos julgamentos então acontecidos na cidade de Nuremberg, ele é hoje, pela força de Hollywood, um dos mais badalados. A versão supera os fatos; a arte, muitas vezes, a vida.

De fato, os “julgamentos de Nuremberg”, decorrentes dos horrores acontecidos na 2ª Guerra Mundial, começaram em 20 de novembro de 1945 e terminaram em 13 de abril de 1949. O principal julgamento, o primeiro deles, teve fim em 1º de outubro de 1946 e concentrou-se na suposta cúpula do regime nazista. Vinte e quatro líderes foram indiciados/denunciados, vinte e um réus acabaram sendo ali julgados, gente como Hermman Goering, Ruldof Hess, Joaquim von Ribbentrop, Alfred Rosenberg, Albert Speer e Franz von Papen, que dispensam apresentações, e até militares como Erich Raeder, Wilhelm Keitel, Alfred Jodl e Karl Dönitz.

A ideia, deveras louvável em termos civilizatórios, era de que, com esses julgamentos, os nazistas seriam severamente punidos, mas de uma maneira digna, o que serviria de exemplo para a posteridade. Como lembra Paul Roland (em “The Nuremberg Trials: the Nazis and their Crimes against Humanity”, Arcturus Publishing, 2010), “os julgamentos não fizeram do mundo um lugar mais seguro, nem eles erradicaram a injustiça, a perseguição religiosa e racial, a escravidão, a tortura e o genocídio. Entretanto, os julgamentos de Nuremberg estabeleceram um precedente no sentido da punição dos responsáveis por crimes que a comunidade internacional considera intoleráveis – onde e por quem quer que eles tenham sido cometidos. Depois de Nuremberg, nenhum chefe de Estado pode alegar estar acima do direito e indivíduos não podem mais evadir-se de suas responsabilidades escondendo-se atrás da impessoalidade da administração à qual serviram. A limpeza étnica, a guerra selvagem e os responsáveis por esses males/crimes são agora puníveis sob o direito internacional. Nós agora temos claros códigos de conduta onde uma vez havia incerteza e ambiguidade. Militares não podem mais alegar que foram forçados a cometer crimes sob coação, nem podem se fiar na [antes tão comum] tese de que foram simplesmente obrigados a cumprir ordens superiores”.

Embora tenha sido apenas no primeiro julgamento que as quatro grandes potências aliadas (EUA, Reino Unido, França e União Soviética) estiveram oficialmente representadas com seus respectivos julgadores, subsequentemente, a partir de 9 de dezembro de 1946, foram levados a cabo, pelos americanos, mais doze julgamentos de criminosos de guerra nazistas de suposta menor relevância. E o nosso real e dramatizado “julgamento dos juízes” foi, anote-se, apenas um deles.

Marcelo Alves Dias de Souza é procurador Regional da República, doutor em Direito (PhD in Law) pelo King’s College London – KCL e membro da Academia Norte-rio-grandense de Letras – ANRL

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domingo - 01/06/2025 - 09:42h

Lampião, o rifle e o sobrenome que salvou a Vila de Boa Esperança

Por César Amorim

Arte ilustrativa produzida com recursos de Inteligência Artificial

Arte ilustrativa produzida com recursos de Inteligência Artificial

Durante o Cariri Cangaço realizado na cidade de Antônio Martins/RN no último dia 24 de maio, um episódio até então pouco conhecido da história do cangaço veio à tona. Revelou não apenas um artefato raro, mas também os bastidores de um pacto improvável em meio ao terror instaurado pelo bando de Lampião em sua passagem pela Vila de Boa Esperança – hoje cidade de Antônio Martins.

Em apresentação conduzida pelo historiador Luan Alendes, foi exibido ao público um rifle que, segundo documentos e relatos orais compilados em sua pesquisa, que deu origem a um livro, foi entregue pelo próprio Lampião a um casal de moradores da antiga Vila de Boa Esperança. O objeto pertencia à Rosina Novaes e Augusto Nunes de Aquino, protagonistas de um momento singular durante a invasão da vila pelo bando cangaceiro, na tarde de 11 de junho de 1927.

O episódio se desenrolou quando Sabino, um dos homens de confiança de Lampião, liderava o saque à residência do casal. Em meio ao tumulto e à tensão da cena, Rosina foi ameaçada de sequestro. Porém, ao reagir, a mulher revelou sua origem sertaneja: Ela era natural do Pajeú pernambucano e tinha laços de sangue com Emiliano Novaes, de Floresta do Navio, hoje apenas Floresta, em Pernambuco.

A menção ao nome “Novaes” causou imediata comoção no grupo. Sabino recuou e chamou Lampião, que, ao chegar, pediu provas do parentesco, o que de pronto foi apresentado através de correspondências e fotografias dos primos. Assim, Lampião reconheceu em Rosina uma parente de Emiliano Novaes, figura conhecida por ser coiteiro e amigo pessoal do Rei do Cangaço. A identificação alterou radicalmente os rumos da ação: Lampião suspendeu o saque em Boa Esperança e ordenou a retirada de seus homens.

Como gesto simbólico e estratégico, afirmou o que foi feito está feito, mas não se bole mais em nada aqui”. E presenteou o casal com um rifle pessoal, arma que agora ressurge como prova silenciosa de um pacto de respeito entre o bando e a família poupada, que salvou a vila de um banho de sangue.

Boa Esperança foi, até aquele momento, um dos pontos mais duramente atingidos pela ofensiva de Lampião rumo a Mossoró, alvo principal da campanha cangaceira naquele ano. Casas saqueadas, moradores aterrorizados, e um vilarejo à mercê de um exército de sertanejos armados, até que a memória familiar e os vínculos invisíveis do sertão mudaram tudo.

O rifle, até então mantido em sigilo por um colecionador, é agora apresentado como símbolo de um Brasil profundo, onde honra e sangue se entrelaçam em narrativas que resistem ao tempo.

Uma história que ultrapassa o folclore, eleva o patamar de Antônio Martins sobre o tema, para nos lembrar que, mesmo em meio à brutalidade do Cangaço, havia espaço para pactos de honra e respeito.

Vila de Boa Esperança, um ambiente que foi poupado de banho de sangue (Reprodução)

Vila de Boa Esperança, um ambiente que foi poupado de banho de sangue (Reprodução)

Boa Esperança foi duramente atacada, mas escapou de um destino ainda pior por conta de um sobrenome. A história, agora resgatada, está registrada no livro “Lampião em Boa Esperança”, de autoria de Luan Alendes.

O episódio do rifle de Lampião é apenas um entre tantos frutos colhidos graças ao esforço coletivo de valorização da nossa memória nordestina. O Cariri Cangaço, mais do que um evento de pesquisa histórica, tem se afirmado como espaço vivo de identidade e pertencimento. Sua passagem por Antônio Martins, Martins, Patu e Lucrécia plantou sementes duradouras no solo cultural do oeste potiguar, reacendendo vozes, resgatando personagens e revelando narrativas que, por décadas, dormiram nos silêncios do sertão.

É preciso reconhecer: iniciativas como essa não apenas preservam o passado, mas dignificam o presente e iluminam o futuro de nossa cultura. Aplausos!

César Amorim é advogado

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domingo - 01/06/2025 - 09:28h

Guardar

Por Odemirton Filho

Arte ilustrativa

Arte ilustrativa

De vez em quando eu leio, ou melhor, releio o poema Guardar (veja AQUI e em vídeo mais abaixo), de Antonio Cícero, e fico impressionado com a sensibilidade dos versos e a leveza das palavras.

O que é guardar na visão do poeta?

Guardar é observar, olhar, cuidar. Quando guardamos alguma coisa em um cofre perde-se a coisa à vista. Em seu poema, ele fala sobre o ato de preservar o que é importante, de encontrar sentido na permanência da coisa.

E nós? O que verdadeiramente guardamos? Guardamos os momentos a dois? Desfrutamos do amor, nem que seja por um instante? Guardamos a companhia das pessoas que nos fazem bem? Fazemos a vida valer a pena?

Pense. Pensemos.

Toda vez que eu leio sobre alguém que tira a sua própria vida, sobretudo se for jovem, bate-me uma profunda tristeza. Fico a remoer o quão àquela pessoa sofreu, mergulhada nos problemas d`alma. E Antonio Cícero, autor do poema que ora se desnuda, tirou a sua própria vida. Porém, quem somos nós para julgar essas pessoas?

Assim, guardar a nossa vida é iluminá-la, e por ela ser iluminado, procurando sentido para os nossos afazeres, fazendo o cotidiano ficar interessante, vivo, pulsante, apesar das dificuldades que todos nós carregamos sobre os ombros.

Quando escrevemos, escolhemos cada palavra como se fosse uma flecha que quer atingir o alvo, o coração e o sentimento das pessoas que nos leem.

Por isso, como diz Cícero, quando publicamos um texto ou declamamos um poema, queremos vigiá-lo, guardá-lo, com enorme carinho e devoção.

Como diz o poeta:

“Por isso melhor se guarda o voo de um pássaro, do que pássaros sem voo”.

Não é lindo o voo de um pássaro?

*Antônio Cícero – (1945-1924) foi poeta, crítico literário, escritor e membro da Academia Brasileira de Letras

Odemirton Filho é colaborador do Blog Carlos Santos

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domingo - 01/06/2025 - 09:02h

Medo de viajar

Por Bruno Ernesto

Caixa d´água no campus da Ufersa em Mossoró Foto: Bruno Ernesto)

Caixa d´água no campus da Ufersa em Mossoró Foto: Bruno Ernesto)

Eram os Deuses astronautas?

Todos nós, indistintamente – sim -, ao menos uma vez na vida, já se perguntou se, de fato, estamos sós no universo.

Muito além de uma questão filosófica, ou mesmo de cosmovisão, no fundo, tem quem não acredite, mas não duvida.

A bem da verdade, certamente você pode ter alguma simpatia por astrologia. Talvez seja a gênese da dúvida.

Embora a pergunta aparentemente conduza a uma resposta científica, talvez a dúvida seja o seu maior segredo.

Quando surgem boatos de avistamentos de fenômenos e objetos inexplicáveis, parece que essa dúvida reacende como um rastilho de pólvora.

Com o avança da inteligência artificial na manipulação e criação de imagens, ficou praticamente impossível frear qualquer tipo argumento sobre a veracidade ou não desses fenômenos.

Melhor, portanto, seria deixar que a imaginação siga o seu curso natural, especialmente na ficção científica, quer seja na literatura ou no cinema. Estamos todos cansados da realidade. Aliás, para quê tanta realidade?

Desde que me entendo por gente, avisto uma caixa d´água localizada no campus da Ufersa, erguida praticamente em frente ao antigo clube Scream, local onde os professores da antiga Esam frequentavam todos os finais de semana e, com os amigos e familiares, tinham num momento de lazer na Mossoró das décadas de 1980 e 1990.

Contava os dias da semana para poder ir tomar banho de piscina, mas também aguardava esse dia para poder olhar novamente aquela enorme caixa d ´água, num formato de disco voador, posta numa única coluna de concreto e a pintura caiada já toda desbotada, dando-lhe um aspecto ainda mais sinistro quando saíamos no final do dia, e mais pavoroso ainda, à noite.

No auge dos meus oito ou dez anos, aquela imagem não me apavorava. Pelo contrário, ficava impressionado, ainda mais quando vivíamos a febre do filme ET, de Steven Spielberg.

Naquele tempo, aquela caixa d´água de formato incomum, ficava praticamente solta ali, no meio do nada, e meio que surgia como que sobrevoando todo aquele matagal da Ufersa, como se em busca de abduzir quem ali passasse.

Nesses quarenta anos, a pintura está exatamente como na minha infância.do mesmo jeito e, embora hoje a minha mente tenha um pouco mais de lógica – apenas para parte do dia -, sempre quando passo por ela tenho aquela mesma impressão de outrora. Especialmente à noite.

Zé Ramalho, não está de um todo errado ao dizer que muita gente vai “Rebuscando a consciência com medo de viajar. Até o meio da cabeça do cometa. Girando na carrapeta no jogo de improvisar. Entrecortando, eu sigo dentro a linha reta Eu tenho a palavra certa pra doutor não reclamar. Não reclamar!”

A bem da verdade, melhor não duvidar.

Bruno Ernesto é advogado, professor e escritor

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domingo - 01/06/2025 - 08:28h

O Efeito Casulo – Dia 1

Por Marcos Ferreira

Arte ilustrativa com recursos de Inteligência Artificial para o BCS

Arte ilustrativa com recursos de Inteligência Artificial para o BCS

“Sabemos o que somos, mas ignoramos

o que podemos nos tornar.”

(William Shakespeare)

Hoje pela manhã, antes das nove, eu já estava diante do médico. Entregou-me um tipo de envelope de papel grosso e luminoso com duas folhas contendo o resultado dos últimos exames. Nossa conversa foi direta. Mal tive tempo de assimilar aquela informação devastadora. Sendo franco, a ficha ainda não caiu. Vai demorar um bocado. Apesar de tudo, como veem, começo a escrever.

Pediu que eu me sentasse. Ele se mexia em sua cadeira giratória revestida com um material parecido com couro. Sentei-me. Presumi que a informação que me daria não era boa. Doutor Epitácio Coelho, com a mansuetude de sempre, não fez rodeios. Pareceu-me que não foi (decerto não) a primeira vez que comunicou a um paciente que o fim chegou. Não franziu a testa, não titubeou, não gaguejou. Disse tudo olhando bem dentro dos meus olhos. Perguntei, com voz trêmula, quanto tempo ele achava que ainda me resta. “Uns seis ou sete meses”, respondeu.

O tumor, segundo ele, já se alastrou para outros órgãos, inclusive para os ossos. A sensação que tive nessa hora foi de que a minha alma saiu do meu corpo. O sangue me fugiu. Devo ter ficado tão branco quanto o jaleco do doutor Epitácio. “Não adianta operar. Seria inútil, Fernando. O seu pâncreas está comprometido em quase oitenta por cento”, observou.

Fiz outra pergunta ao oncologista. Indaguei se estava levando em conta a quimioterapia. “Sim. Sem ela, que a essa altura não nos deixa muita opção, talvez você não dure seis meses”, avaliou com absoluta impassibilidade. “Sinto muito”, disse por último, desta vez erguendo as grossas sobrancelhas. Cruzou os dedos alvos e peludos. Estava ali um homem pouco mais velho que eu, alto, magro e com vasta careca. Diante das circunstâncias, falei que não vou me submeter à quimioterapia. Ele balançou a cabeça num gesto de reprovação. Tornou a frisar que assim o meu tempo de vida diminuirá possivelmente em quarenta ou cinquenta dias. Respirei fundo.

— Ok. Mas não vou esperar o fim.

— O que pretende dizer com isso.

— É que vou me antecipar, doutor.

Não falei mais uma palavra. Saí do consultório e me sentei em um banco de jardim na área à direita da clínica, perto de onde eu havia trancado a bicicleta. Fiquei naquele banco de madeira e alvenaria durante uma meia hora. Tempo o bastante para que eu fumasse dois cigarros compulsivamente. Um sentimento de revolta se apoderou de mim. Pensei logo nos nove ou dez livros inéditos que tenho neste computador. Também estão salvos no e-mail. Preciso compartilhar a senha com alguém para que tenha acesso aos arquivos. Aposto na improvável possibilidade de que um mecenas se interesse em publicar minhas obras depois que me for. É o que posso fazer. Deixarei aos amigos mais próximos a incumbência de publicar meus livros.

Não fui para a loja, destranquei a bicicleta, que havia prendido em uma parte de madeira de outro banco, e vim direto para casa. Pensei em telefonar para alguém. A primeira pessoa que veio à minha mente foi Evandro Gurgel. Peguei o telefone, localizei o nome dele, mas apaguei o celular e o larguei em cima da escrivaninha. Nosso relacionamento acabou em novembro de 2023. Semana passada tive notícias de que está com outro homem. Isso mexeu comigo. Ainda me sinto ligado a ele de alguma maneira. Relação tóxica. Evandro Gurgel só queria o meu pouco dinheiro para comprar maconha. Águas passadas.

Agora preciso me fixar na escrita desta autobiografia desesperada. Amanhã irei à loja pedir demissão para obter os valores rescisórios. Terei que falar sobre o câncer. Torço que o patrão seja camarada, que encerre o vínculo empregatício como se a decisão partisse dele. Assim terei direito a alguns benefícios. O próximo passo é procurar a previdência social e requerer um auxílio-doença.

Talvez esta narrativa, que planejo publicar no blogue, tome rumos inesperados e alcance um público muito maior. Quem sabe, por meios que ignoro, isto ultrapasse as fronteiras do estado e até desta nação. Portugal seria ótimo. Não sei por quais destinos o vento conduzirá estas páginas de pessimismo e amargor. Isto está longe de ser um projeto, uma publicação do gênero autoajuda. Não tenho ideia, portanto, do rumo que isto tomará. O mais provável, sendo racional, é que se perca no esquecimento. A exemplo de outros planos que vi sumirem pelo ralo de minha vida.

Vim à luz e vivo em Mossoró, segunda maior cidade do Rio Grande do Norte, neste Brasil de tanta politicagem, roubalheiras e gente sofrida. Depois de diversas reflexões e considerações, decidi que vou me suicidar no momento oportuno. Por enquanto, não. Antes, além de outros objetivos, pretendo escrever este livro. Se nunca for publicado, sequer de forma póstuma, não interessa. Muita coisa deixou de ter importância para mim. Melhor dizendo, nada mais me importa. A literatura é a única âncora que me prende a este mundo caótico e mesquinho. Estou cansado, de saco cheio. Cansei de rastejar, de me contentar com migalhas. Nasci e cresci na miséria, passei fome como um cachorro abandonado, mas aos poucos, de um jeito medíocre, sobrevivi à poderosa máquina de moer miseráveis que continua em plena atividade.

Sei que contestarão e vão dizer que devo agradecer a Deus por “tudo” que tenho. Por exemplo, por estar vivo e com saúde. Que saúde?! Porra nenhuma! Ninguém está sabendo de nada. Dirão também que devo me sentir privilegiado porque tenho alguns amigos bacanas, pessoas que de fato me têm consideração e me querem bem. Não nego que isso é verdade. Porém, por diversas razões, já estou farto. Farto da vida. Faço uma rápida análise e vejo que nos últimos tempos me expus demais, e sem necessidade alguma. Dei palpite em temas que não devia.

Esqueci de me apresentar. Para quem não sabe, meu nome é João Fernando Soares Barros. Como literato, no entanto, eu me assino Fernando Barros. Nunca publiquei um livro. Quem sabe, por mais improvável que pareça, este seja o primeiro. Torço, sem querer abusar, que façam uma boa edição. Estou com cinquenta e dois anos, completados no último dia 27 de fevereiro.

Sou o unigênito de Pedro Soares dos Reis e de Amélia Soares Barros, ambos cearenses de Itapipoca. Tenho um metro setenta e dois e peso pouco mais de oitenta quilos. Minha pele é branca, os olhos e cabelos são castanhos claros. A maior parte do meu cabelo já é grisalha. Trabalho atualmente de vendedor em uma loja de peças de motocicleta na Avenida Presidente Dutra. Concluí somente o ensino médio. Ainda tentei duas vezes ingressar no curso de agronomia, contudo fui reprovado. Contentei-me a vida toda com subempregos no comércio.

Analfabeto, meu pai morreu há quase sessenta anos. Tinha só vinte e cinco. Carroceiro, foi atropelado por um caminhão juntamente com sua carroça. Ele e o burro morreram na hora. Minha mãe, lavadeira de roupas e empregada doméstica, findou-se com trinta e sete. Vítima de um infarto fulminante na casa dos patrões, um casal de dentistas que ouvi dizer que hoje mora no Alphaville.

É tarde. São duas e catorze. A tosse voltou. Tomarei o xarope que o doutor Epitácio Coelho me prescreveu. Por onde andará Evandro Gurgel? A julgar pelo horário, talvez já tenha dado e comido a bunda do cara com quem vive e fumado sua maconha. Que se fodam o maconheiro Evandro e o macho dele.

Vou me fechar. Não sairei de casa, não irei a eventos culturais como costumava fazer. Anteontem, por sinal, faltei ao lançamento do segundo livro de poemas de Júlio Rosado. Nesse caso, que fique registrado, foi apenas por esquecimento. Minha memória está prejudicada há um bom tempo. De fato, no entanto, eu não iria. Meu plano era enviar um motobói para adquirir um exemplar de “Alternâncias”, obra decerto de boa qualidade. Sairei, destaco, tão só para cuidar do que for estritamente necessário. Depois desse diagnóstico, a minha fobia social disparou. Espero que o poeta Júlio Rosado possa me desculpar pela ausência em sua noite de autógrafos.

Tenho menos de seis meses para concluir esta narrativa. Será escrita assim, à moda de um diário. Tentarei registrar algumas banalidades de minha vida. Penso no que seria e não encontro nada de muito relevante. De qualquer jeito, como o tempo é curto, talvez eu consiga publicar no blogue todo domingo, um capítulo de cada vez. Também é possível, a depender do câncer, que não vá muito longe. Além disso, preciso pensar em um meio indolor de abreviar minha própria existência.

Marcos Ferreira é escritor

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Categoria(s): Conto/Romance
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