“A experiência é um troféu composto por todas as armas que nos feriram.”
Marco Aurelio
Jornalismo com Opinião
“A experiência é um troféu composto por todas as armas que nos feriram.”
Marco Aurelio
Entre essa terça-feira (25) e quinta-feira (27), a Feira Internacional da Fruticultura Tropical Irrigada (EXPOFRUIT) e o Comitê Executivo de Fruticultura do Rio Grande do Norte (COEX-RN) estarão representados em um dos principais eventos do setor: a Fruit Attraction São Paulo, que acontece no Centro de Convenções São Paulo Expo & Convention Center.
A participação reforça o potencial da fruticultura potiguar no cenário internacional e abre portas para novos negócios.
A Fruit Attraction São Paulo reúne produtores de todo o Brasil e de diversos países da América Latina, consolidando-se como um dos principais encontros do setor. O evento contará com a presença de 400 marcas expositoras, nacionais e internacionais, representando mais de 18 países.
Com um público estimado entre 15 e 20 mil visitantes, a feira se torna uma oportunidade única para pequenos produtores e agricultores familiares ampliarem sua rede de contatos, se aproximarem de compradores – inclusive internacionais – e apresentarem sua produção diretamente a potenciais clientes.
Entre os dias 20 e 22 de agosto deste ano vai ocorrer mais uma edição da Expofruit em Mossoró.
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Os professores da Rede Municipal de Ensino de Mossoró decidiram nesta segunda-feira (24), em assembleia geral, acabar greve iniciada no último dia 14. Decisão judicial desfavorável ao movimento (veja AQUI), considerado “ilegal”, precipitou o seu fim. Paralisação já vinha bem debilitada em termos de adesão.
O Sindiserpum cobra o pagamento do reajuste do Piso Nacional do Magistério 2025 em 6,27% e ainda 14,95% do reajuste de 2023.
Recurso
A assessoria jurídica do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Mossoró (SINDISERPUM) deixou claro na assembleia geral da categoria, nesta segunda-feira, que vai recorrer da decisão.
“É uma decisão judicial e, ao contrário da gestão, o sindicato cumpre as leis. Já era esperado pela categoria essa medida, pois já é conhecida a forma de agir do atual gestor Allyson Bezerra (UB), de não admitir ser contrariado, não negociar, ignorar a categoria e o sindicato e acionar a Justiça para resolver os seus problemas. Mostrando a sua incapacidade de resolvê-los, mesmo faltando com a verdade”, criticou a presidente do Sindiserpum, Eliete Vieira.
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Terminou há poucos minutos a cirurgia cardíaca a que foi submetida a repórter social, editora jornalística e professora Marilene Paiva, no Hospital Wilson Rosado, em Mossoró.
Recebeu implante de três pontes de safena.
Informação preliminar, de fonte do próprio hospital, é de que tem “quadro estável e Está estável, hemodinamicamente bem.”
Ela foi internada no início da semana passada com princípio de infarto. Exames diversos constataram a necessidade de cirurgia.
O que é uma ponte de safena? – A ponte de safena é uma cirurgia cardíaca que desobstrui as artérias coronárias, que levam sangue ao coração. É também conhecida como cirurgia de revascularização do miocárdio. Um segmento da veia safena, localizada na perna, é utilizado para criar uma nova rota para o sangue. O procedimento é considerado muito seguro e bastante disseminado em todo o mundo.
Nota do Blog – Excelentes notícias. Vai dar tudo certo. Amém.
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Em assembleia realizada nesta segunda-feira (24) na Escola Estadual Winston Churchill, em Natal, os professores em Educação da Rede Estadual de Ensino rejeitaram a última proposta apresentada à semana passada (veja AQUI), pelo Governo Fátima Bezerra (PT), para quitação do Piso Nacional do Magistério 2025. Ao mesmo tempo, elaboraram uma contraproposta.
A proposta rejeitada pela Rede Estadual previa a implantação do reajuste de 6,27% em duas parcelas: 4,83% em abril e 1,44% apenas em dezembro deste ano, sem qualquer previsão de pagamento dos retroativos do Piso.
Insatisfeita, a categoria elaborou e aprovou uma contraproposta, que será encaminhada ainda nesta segunda ao Governo:
✓ Implantação dos 6,27% do Piso do Magistério 2025 em duas parcelas, sendo 4,83% em abril e 1,44% em maio; e
✓ Quitação dos retroativos referentes aos anos de 2023, 2024 e 2025 a partir de julho de 2025.
Além da aprovação da contraproposta para o Piso, a assembleia deliberou os seguintes encaminhamentos:
✓ 27 de março (quinta-feira): Dia de luta da Rede Estadual, com caminhada do Midway Mall até a Governadoria. Concentração às 9h;
✓ 31 de março (segunda-feira): nova Assembleia de Greve (horário e local ainda a definir); e
✓ Garantia de elaboração do calendário letivo pós-greve com autonomia das escolas.
A assembleia foi coordenada pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do RN ( SINTE/RN) e contou com a participação da assessoria jurídica do Sindicato.
Outros temas
Além do tema do Piso, outras demandas da categoria foram ressaltadas e mantidas, vide:
✓Pagamento dos 60% do décimo terceiro salário de 2024 e do 1/3 (terço) de férias dos trabalhadores temporários;
✓Encaminhamento do Plano de Cargos, Carreira e Remuneração (PCCR) dos funcionários da Educação à Assembleia Legislativa; e
✓Envio de projeto de lei do Porte das Escolas à Assembleia Legislativa.
A categoria está em greve desde o dia 25 de fevereiro. A greve completará um mês amanhã (terça-feira, 25).
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O documentário “A Terra da Boa Esperança” será apresentado ao público nesta quarta-feira, 26 de março, na Praça Boa Esperança, Centro de Antônio Martins-RN, às 19h. Iniciativa faz parte da programação comemorativa dos 62 anos de emancipação política desse município oestano.
O documentário contém fatos e informações inéditas a respeito da historiografia do município, contada por historiadores, agentes políticos, advogados, escritores, professores e personagens reais da construção do que hoje é o município de Antônio Martins.
São registros antigos e atuais do município, como a passagem do feroz e cruel Bando de Lampião pela Vila de Boa Esperança em 1927; relatos e cenas do “Caminho de Aço” detalhando a criação do município.
O projeto tem como idealizador o produtor cultural e publicitário Gildam Dantas, com incentivos do Edital Paulo Gustavo.
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Em entrevista à jornalista Micarla de Sousa no programa Sem Filtro, da TV Ponta Negra, nesse sábado (22), o ex-prefeito natalense Álvaro Dias (Republicanos) resumiu como quer viabilizar sua pré-candidatura ao governo do RN.
Para ele, chegou sua vez e outros nomes da oposição que são citados, em pesquisas, devem abrir mão de qualquer projeto nesse sentido, para apoiá-lo.
No caso do prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra (UB), que sequer se apresentou como concorrente, mas sempre aparece muito bem nas sondagens, Dias fez quase um apelo público.
Pregou que ele não deva ser candidato por “ser muito novo.”
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Programa criado este ano pelo governo federal para auxiliar na regularização das dívidas dos agricultores familiares e cooperativas, facilitando o acesso ao crédito, o Desenrola Rural será tema de audiência pública na ALRN. A iniciativa é do mandato do deputado Francisco do PT e o debate será realizado nesta quarta-feira (26), a partir das 14h30 no auditório da Casa.
“O programa é essencial para a classe produtora e beneficia os agricultores familiares, pescadores artesanais, povos e comunidades tradicionais, além de cooperativas da agricultura familiar, produtores com dívidas do PRONAF e produtores com dívidas de cartões e empréstimos. Nesse contexto, é fundamental que a audiência pública seja um espaço de reflexão coletiva sobre os impactos do programa no RN”, afirmou Francisco.
De acordo com o deputado, a audiência pública, com a participação dos produtores, governo e entidades relacionadas a essa questão, permitirá um melhor entendimento sobre as condições de acesso ao programa, os desafios de sua implementação no estado e as formas de maximizar seus benefícios para os agricultores potiguares.
“Além disso, será uma oportunidade para promover o engajamento da sociedade civil, das entidades representativas e das autoridades públicas, com o objetivo de adotar uma abordagem colaborativa que garanta o sucesso do programa no estado e dando uma contribuição da Assembleia Legislativa para aprofunda a discussão sobre essa temática de extrema relevância”, disse o parlamentar.
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Faleceu nesta segunda-feira (24), em Natal, um amigo e ex-vizinho em Mossoró: o médico João Bosco de Souza, 75.
Estava com problemas acentuados de diabetes e o óbito adveio desse quadro.
Velório e sepultamento na Vila Memorial São José entre 13 e 16 horas de hoje.
Vá em paz, meu caro.
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Claro que não é o bem-estar social ou o interesse coletivo, a grande prioridade dos partidos políticos no Brasil. Para funcionarem e de forma forte, é imprescindível estar atento a outros aspectos mais palpáveis.
Todos estão de olho no gigantesco Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC), conhecido como Fundo Eleitoral. Também não se desgarram do Fundo Especial de Assistência Financeira aos Partidos Políticos, o chamado Fundo Partidário.
A continuada redução do número de partidos no país, inversamente proporcional ao bolo financeiro à distribuição entre eles, é o foco e sonho dos sonhos de cada um.
Por isso, atentai-vos: não pense que eleger governador (a) esteja no topo dos projetos dessas legendas. O mais importante é ter bancada numerosa na Câmara dos Deputados e no Senado, o que concorre decisivamente para empalmar maior fatia dos fundos.
Só para as eleições de 2024, ano passado, os partidos devoraram R$ 4,9 bilhões de Fundo Eleitoral.
Entenda melhor
O que é Fundo Eleitoral e o que é Fundo Partidário? – O Fundo Eleitoral é voltado exclusivamente para o financiamento de campanhas eleitorais e é distribuído somente no ano da eleição. Já o Fundo Partidário é destinado à manutenção dos partidos políticos e é distribuído mensalmente para custear despesas cotidianas das legendas, como contas de luz, água, aluguel, passagens aéreas e salários de funcionários.
Quais os critérios de rateio do Fundo Eleitoral entre os partidos? – De acordo com a Lei nº 13.487/2017, os recursos do FEFC são distribuídos conforme os seguintes critérios: 2% igualmente entre todos os partidos; 35% divididos entre aqueles que tenham pelo menos um representante na Câmara dos Deputados, na proporção do percentual de votos obtidos na última eleição geral para a Câmara; 48% divididos entre as siglas, na proporção do número de representantes na Câmara, consideradas as legendas dos titulares; e 15% divididos entre os partidos, na proporção do número de representantes no Senado Federal, com base nas legendas dos titulares.
O Fundo Especial de Assistência Financeira aos Partidos Políticos (Fundo Partidário) tem rateio da seguinte forma: 5% do montante divididos de modo igualitário entre todos os partidos legalizados no país e 95% com base na votação obtida na eleição para a Câmara federal.
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Lançado oficialmente na sexta-feira (21), o empréstimo consignado para trabalhadores no regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), tendo como garantia o FGTS, ultrapassou neste domingo 40 milhões de simulações, com 11 mil contratos fechados. As consultas e movimentações foram feitas por meio do aplicativo Carteira de Trabalho Digital, que, em função do novo produto, apresentou um número de acessos 12 vezes maior que o normal.
Criado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por medida provisória, o consignado CLT é voltado para trabalhadores formais do setor privado, incluindo empregados rurais, domésticos e empregados de microempreendedores individuais (MEI).
O empréstimo é tomado junto a uma instituição financeira credenciada no limite de 10% do FGTS e 100% da multa rescisória, e as parcelas são descontadas do contracheque. Em caso de demissão do trabalhador, o banco pode pegar o fundo e a multa para cobrir o saldo do empréstimo. (g1)
A alta procura pelo consignado CLT, ainda mais em um momento de baixa popularidade do governo, motivou um uso personalista do novo serviço pela ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann. Ela fez, no Instagram, uma publicação onde associa o consignado ao presidente. “Apertou o orçamento? O juro tá alto? Pega o empréstimo do Lula”, diz ela na gravação, acrescentando que a linha de crédito é uma alternativa para quem está em dificuldades financeiras. Na sexta-feira, em vídeo oficial sem o apelido citado por Gleisi, Lula recomendou que o dinheiro do empréstimo fosse usado principalmente para quitar dívidas. (Poder360)
Embora tenham forte apelo popular, as medidas do governo para conquistar a classe média, como o consignado CLT e a isenção do Imposto de Renda até R$ 5 mil, vão, segundo especialistas, na contramão dos esforços do Banco Central para conter a inflação, além de dependerem de aprovação do Congresso. A injeção desse dinheiro na economia, afirmam analistas, tende a manter a atividade superaquecida e aumentar a pressão inflacionária, além de aumentar o já alto endividamento das famílias. O governo, por sua vez, nega que tenha tomado as medidas de olho nas eleições de 2026. (Valor)
Nota do Blog Carlos Santos – Vai chegar o dia em que não existirá um único brasileiro ativo e inativo sem ter alto endividamento, num meio circulante raso. Os banqueiros seguem com os cofres fartos.
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“Seja grato pelos tempos difíceis, eles só podem torná-lo mais forte.”
Keanu Reeves
8ª Feira do Livro de Mossoró no dia 11 de agosto de 2012, há quase 13 anos, o editor do BCS e Lira Neto (Foto: Arquivo)
O jornalista e escritor cearense, Lira Neto, anunciou neste domingo (23):
“Estou trabalhando no livro que, acredito, será o melhor e mais importante de minha carreira como autor de não ficção. A biografia de Luiz Gonzaga, que já tem contrato assinado com a Companhia das Letras.”
Lira tem mais de dez livros publicados e venceu quatro vezes o Prêmio Jabuti de Literatura (2007, 2010, 2013 e 2014).
Na lista de livros, esses, por exemplo:
Padre Cícero: Poder, Fé e Guerra no Sertão;
Castello: A marcha para a ditadura;
O Inimigo do Rei: Uma biografia de José de Alencar;
Maysa: Só numa multidão de amores;
Trilogia sobre o presidente e ditador Getúlio Vargas;
Oswald de Andrade – O mau selvagem.
Vem à minha memória, uma oportunidade especial de intermediar bate-papo dele com plateia, na 8ª Feira do Livro de Mossoró, dia 11 de agosto de 2012.
Agora, fico no aguardo da chegada de “Gonzagão”.
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A demissão do jornalista/colunista Heitor Gregório de forma pública, no sábado (22), virou uma bola de neve com desdobramento quase instantâneo. Sócio e presidente da Tribuna do Norte, o ex-deputado federal Henrique Eduardo Alves reagiu neste domingo (23). “É com tristeza que renuncio à Presidência desta Tribuna!”, assinalou em postagem em suas redes sociais.
Segundo Alves, filho do ex-governador Aluízio Alves (in memoriam), um dos fundadores do Tribuna do Norte, deixar a função no jornal é “a única atitude que poderia ter em reação à repugnante censura a um profissional de comunicação, como Heitor Gregório, respeitado e correto.” Para o ex-deputado federal, o jornalista foi “impelido a sair de forma agressiva e desproporcional.”
Dessa forma, “ficarei em paz com minha consciência e meus ‘ancestrais’, que tanto fizeram para a Tribuna do Norte chegar aos 75 anos,” disse.
O fato
O suplente do senador Rogério Marinho (PL) e principal dirigente do Tribuna do Norte, Flávio Azevedo, avisou em texto abaixo de matéria escrita por Gregório, no sábado, que ele deveria “encontrar outra forma veicular suas críticas e opiniões (sic).” Simplificando: estava demitido.
“Suas críticas, veiculadas no Portal da Tribuna do Norte, me causam constrangimento pessoal”, bradou Azevedo.
Foi uma referência à postagem questionadora de Heitor Gregório sobre o prefeito natalense Paulinho Freire (UB), simplificada num título seu na TN on-line: “Cadê o prefeito?”.
Agradecimento
Heitor Gregório agradeceu Henrique Alves pela solidariedade. E lembrou que foi levado ao jornal pelo ex-deputado, que “nunca sequer fez algum comentário, qualquer que seja, a respeito de algo que eu tenha postado.”
Nota do Blog – Lamentável, lamento demais essa situação constrangedora. Não podemos relativizar o episódio e considerar o caso como “normal.”
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Por Marcelo Alves
Devemos a Alfred Russel Wallace (1823-1923) e, mais badaladamente, a Charles Darwin (1809-1892) a ideia da seleção natural. Essa seleção favorece a sobrevivência genética das caraterísticas úteis dos indivíduos, características essas que os ajudam tanto a viver como a se reproduzir. Ademais, na natureza e ao longo de muito tempo, a seleção natural produz novas espécies. E aqui chegamos, nós humanos, teoricamente evoluídos, se comparados aos nossos primos chimpanzés, embora eu muitas vezes desconfie que o inverso é o verdadeiro.
Esse “darwinismo” (como tudo isso também restou conhecido) acabou pulando da natureza para a sociedade, por intermédio, sobretudo, do filósofo, sociólogo e antropólogo Herbert Spencer (1820-1903), que reconheceu ter apenas posto “em prática os pontos de vista do Sr. Darwin no que eles se aplicam à raça humana”. Aliás, segundo registra John Kenneth Galbraith (1908-2006), em “A era da incerteza” (Livraria Pioneira Editora, 1980), “é a Spencer, e não a Darwin, como geralmente se imagina, que devemos a frase lapidar: ‘sobrevivência do mais forte’. Falava ele, não da sobrevivência no reino animal, mas sim da sobrevivência no mundo muito mais exigente, como Spencer o via, da vida econômica e social”.
Spencer foi um escritor fecundo e célebre. Como lembra Galbraith, “seus inúmeros livros tiveram grande influência na Inglaterra, mas nos Estados Unidos chegaram a ser quase uma revelação divina. (…). Spencer tornou-se um evangelho americano porque suas ideias ajustavam-se às necessidades e anseios do capitalismo americano, especialmente às dos novos capitalistas, como uma luva, ou até melhor do que isso”.
Graças a Spencer, de uma hora para a outra, ninguém precisava mais sentir-se culpado por sua boa sorte. Ela era o resultado inevitável da própria capacidade de adaptação. Todo aquele que tinha sucesso na vida era simplesmente premiado pela sua própria excelência. Ao desfrute da riqueza, foi assim acrescentado o prazer, talvez até maior, de saber que esse gozo era merecido, sem culpa, simplesmente porque se era melhor. Para alguns: “Viva o darwinismo social”.
Só que isso, meus amigos, ao longo da história, acabou nos trazendo alguns problemas. Basta mencionar o nazismo e a ideia de pureza e superioridade de raça. Aliás, nesse processo de seleção, através do qual a humanidade estaria sendo purificada e melhorada, ninguém poderia mexer, a não ser que fosse para acelerá-lo: leia-se eugenia, como forma de seleção humana artificial. E nós sabemos as barbaridades que aqueles “puros”, de raça, vieram a praticar.
Hoje em dia, eu vejo por aí, sobretudo entre pessoas de meia idade, muitos “darwinistas sociais”, seguidores tardios, mesmo sem o saber, do tal Spencer. Acreditam-se melhores porque “tiveram sorte na vida”. Desprovidos de qualquer sentimento de solidariedade, são contra os pobres. Os índios. Os portadores de necessidades especiais. Os idosos. As empregadas domésticas. São contra, boquirrotamente contra, o que eles não são a favor.
Curiosamente, muitos deles nunca precisaram, enfrentando as dificuldades que a vida dá, lutar/trabalhar para sobreviver. Nem mesmo quiseram, já que, nascendo em uma família “remediada”, seria uma obrigação buscar ser melhor hoje do que foram ontem. E, para além disso, são antropologicamente ignorantes, porque desconhecem que o que nos fez evoluir como espécie homo sapiens não foi sermos fortes fisicamente (os neandertais eram muito mais), mas, sim, uma revolução cognitiva que nos ensinou a cooperamos uns com os outros.
Marcelo Alves Dias de Souza é procurador Regional da República, doutor em Direito (PhD in Law) pelo King’s College London – KCL e membro da Academia Norte-rio-grandense de Letras (ANRL)
Por Guilherme Werneck (Do Canal Meio)
Em 1976, há quase 49 anos, Elis Regina entrou no estúdio Vice-Versa, na época gerido por Luiz Augusto de Arruda Botelho, Rogério Duprat, Sá e Guarabira, para gravar um especial para a Band, dirigido por Roberto Oliveira. O técnico de som do estúdio era Rogério Costa, irmão de Elis, e gravou as músicas em 16 canais. Enquanto era viva, essas gravações nunca se materializaram em um álbum.
Em 1984, Costa e o executivo da gravadora Som Livre Max Pierre usaram essas gravações para lançar o terceiro disco póstumo da cantora, que havia morrido dois anos antes. Só que, em vez de usar o som da banda original, aproveitaram apenas as vozes gravadas e convidaram uma série de músicos para vestir aquelas canções com o som da época, mais elétrico, com a timbragem inconfundível do DX7 — até hoje o sintetizador digital de mais sucesso da Yamaha, que havia sido lançado um ano antes — e da bateria eletrônica Simmons.
O disco Elis — Luz das Estrelas contava com arranjos de gente como Dori Caymmi, Guto Graça Mello, Wagner Tiso e Lincoln Olivetti. E o som era radicalmente diferente daquele gravado para a Band oito anos antes.
Com a máquina de promoção da Som Livre por trás, o álbum explodiu. “Foi trilha sonora da novela Corpo a Corpo, tinha capa do Elifas Andreato, mídia à noite, no horário nobre, chamada no Jornal Nacional, chamada de rádio pra caramba e vendeu 300 mil peças”, conta o filho mais velho de Elis, João Marcello Bôscoli, lembrando que a faixa que abre o disco, Para Lennon & McCartney, com arranjo de Wagner Tiso, fez até com que a música voltasse para o repertório de Milton Nascimento, que não a tocava nos shows.
Terminado o contrato com a gravadora, a família recebeu de volta a master. Para surpresa de Bôscoli, não eram os originais gravados para o especial da Band, mas as do disco da Som Livre. Daquele som de 1976, gravado depois do sucesso de Falso Brilhante, o que restou foi apenas a voz de Elis. “Se existe alguma fita que foi preservada, não chegou até a gente. Ninguém sabe onde está, ninguém viu. A fita tem as coisas gravadas sem ela 1984, cujo conceito eu respeito, mas é altamente discutível.”
Músicas do especial
00:00 – ’’Beguine Dodói’’
01:08 – MEDLEY Baden Powell – ‘’Canto de Ossanha/Deixa/Lapinha/Vou Deitar e Rolar/Aviso aos Navegantes”
06:57 – Elis fala sobre o grupo Humahuaca
07:14 – Elis e grupo Humauca
13:38 – Elis fala sobre a sua vida
14:21 – ”O Que Tinha De Ser/Tatuagem” 21:14 – ‘’Triste’’ 24:17 – ‘’Gol Anulado’’
27:36 – ‘’Corsário’’
31:29 – ‘’Mestre Sala dos Mares’’
34:05 – ‘’Bodas de Prata’’
37:46 – Elis fala sobre o Teatro Bandeirantes e do show Falso Brilhante (Com cenas do show)
40:07 – MEDLEY Falso Brilhante – ‘’O Guarani/Uno/Olhos Verdes/Singin In The Rain/Volare/Hymne a l’amour/La Puerta/Gira, Gira (Yira, Yira)/Diz Que Tem/Canta Brasil/Aquarela Do Brasil”
49:17 – ”20 Anos Blue”
Isso colocou em marcha um dos projetos mais interessantes das comemorações dos 80 anos de Elis, celebrados nesta semana, mais precisamente na última segunda-feira, dia 17. Bôscoli resolveu remontar o som original dessas gravações para lançar um disco neste ano, que será batizado de Elis para Sempre. O projeto começou em 2023, a partir de uma conversa com seu irmão, Pedro Mariano. Sabendo quais os instrumentos foram usados, reconstruindo os arranjos a partir do vídeo do especial, eles começaram a recriar o original.
A baliza era de que tudo o que Elis tinha aprovado no especial teria de estar nas faixas, usando instrumentos lançados antes de 1976. E, para gravar, Bôscoli tinha uma vantagem extra. Em 2000, quando estava à frente da gravadora Trama, ele comprou o estúdio Vice-Versa, então tem os equipamentos usados na gravação original.
No ano passado, uma primeira canção recuperada foi lançada. Justamente Para Lennon & McCartney. “Toda a família de sons que ela trabalhou a vida inteira tinham de estar na faixa”, diz, e foi atrás de replicar tudo exatamente como era, dos sintetizadores analógicos aos pedais das guitarras. Até o baixo do mestre Luizão, o maior dos baixistas brasileiros, que acompanhou Elis por boa parte de sua carreira, foi recomprado para o projeto.
Furacão Elis
Se esse é o projeto mais interessante a marcar os 80 da cantora, está longe de ser o único. Afinal não é todo dia que se celebram os 80 anos de uma das cantoras mais icônicas do país. Pimentinha ou furacão, dotada de uma uma voz excepcional, marcada por uma impressionante extensão, e talvez uma das cantoras a melhor dosar a emoção em cada interpretação, Elis teve uma carreira superlativa em todos os sentidos. Em curtos 36 anos de vida, gravou 28 álbuns, destes 21 de estúdio e sete ao vivo, além de 33 compactos. São números impressionantes, mas frios diante do que representou para a música brasileira.
Inquieta, nunca se fixou a um só estilo. Não só sempre encontrava novas maneiras de se apropriar das canções que escolhia cantar, como buscou lançar luz sobre jovens compositores que pudessem lhe dar músicas que ganharam versões definitivas a partir de sua interpretação. A lista é gigantesca, mas, só para dar dimensão dessa grandeza e generosidade, estão nela Jorge Benjor, Gilberto Gil, João Bosco, Belchior, Ivan Lins, Hyldon, só para citar alguns.
Para fazer jus a esse legado, neste final de semana aconteceu o show Elis 80, no Theatro São Pedro, em Porto Alegre. No fim de semana seguinte, em 28 de março, é a vez de São Paulo. Pedro Mariano, João Bosco, Fagner e Ivan Lins se reúnem no Espaço Unimed para o show também batizado de Elis 80.
Na última terça, uma versão revista e ampliada do livro Elis — Nada Será Como Antes, de Julio Maria, foi lançada pela Companhia das Letras com informações inéditas, além de centenas de declarações marcantes sobre a cantora. João Marcello Bôscoli gosta da primeira versão do livro, mas tem algumas ressalvas em relação aos depoimentos. “Gostei do livro, tem algumas coisas desconfortáveis. Eu acho que as pessoas mentem muito, né? Não é na maldade, mas é complexo”, diz.
Outros projetos que estão em produção são o documentário Elis com a Palavra, feito por Hugo Prata, que em 2016 dirigiu a cinebiografia Elis (Netflix, Telecine), a partir de vídeos e áudios recolhidos pelo pesquisador Allen Guimarães. E existe o desejo da atriz Bianca Comparato de fazer um filme a partir das gravações do disco Elis & Tom. Esse é o assunto justamente do excelente documentário Elis & Tom — Só Tinha de Ser com Você (Globoplay). E há ainda projetos documentais no forno, baseados no livro que João Marcello Bôscoli lançou em 2019 pela editora Planeta: Elis e Eu: 11 anos, 6 meses e 19 dias com minha mãe.
Exposição
Mas nenhum projeto é mais completo do que a exposição que ele planeja há anos sobre a sua mãe, que deveria ter estreado em março deste ano no MIS, mas não conseguiu vender todas as cotas.
“A gente tem follow up de 40 empresas, mas ainda não conseguimos fechar. Mas a exposição do MIS vai acontecer. Sabe por quê? Porque se não acontecer, a responsabilidade não é minha, dei o meu melhor. Estamos com uma equipe super profissional, uma empresa especializada vendendo. Tem os 80 anos, e tudo da Elis é superlativo. Elis & Tom ia ficar 15 dias em cartaz e ficou quatro meses. Todo mundo nos trata bem, mas até agora não bateram o martelo”, diz Bôscoli, que tem esperança de ver a exposição de pé no próximo semestre.
Pensando não só na qualidade artística, mas no quanto Elis está viva entre nós — basta pensar que ela foi a primeira cantora a ter uma faixa vertida para o revolucionário sistema de som tridimensional Dolby Atmos ou no sucesso da propaganda da Volkswagen em que uma Elis recriada por inteligência artificial interage com a filha Maria Rita — as marcas poderiam dar logo esse presente para os fãs.
No vídeo abaixo, a gravação original do Especial de 1976, com substituição do áudio original pelo áudio remixado do disco póstumo “Luz Das Estrelas”:
Elis Regina faleceu em 19 de janeiro de 1982, aos 36 anos, em São Paulo-SP. Sofreu uma parada cardíaca após consumir uísque, cocaína e tranquilizantes em seu apartamento. A demora no socorro à cantora teria concorrido à sua morte.
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Na primeira partida da decisão do Campeonato Estadual 2025, América e ABC ficaram no empate em 1 x 1 na Arena das Dunas, nesse sábado (22).
O ABC esteve superior no primeiro tempo e marcou com Wallyson, depois de cobrar pênalti defendido parcialmente pelo goleiro Renan Bragança. Na etapa final, o América retomou fôlego e chegou ao empate com Souza.
No sábado (29), às 16h, no Estádio Frasqueirão, em Natal, haverá a segunda partida decisiva. Se houver um novo empate, o campeão será conhecido nos pênaltis.
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Por Ayala Gurgel
B.O: N° 09-6492/2020
NATUREZA: INQUÉRITO INVESTIGATIVO
DATA DA COMUNICAÇÃO: 21 DE JULHO DE 2020
COMUNICANTE: ELEANOR DAS DORES E SILVA
O senhor Eleanor das Dores e Silva, vulgo Nanô, sessenta e oito anos, casado, carroceiro licenciado, nascido e residente nesta freguesia, compareceu a esta delegacia na companhia de advogado, devidamente identificado na forma da lei, para oferecer versão dos fatos, perante mim, escrivã de polícia, sobre ato que consta em inquérito investigativo. O depoente disse ter conhecimento da denúncia e dos fatos que foram trazidos a esta delegacia por meio da jovem Pâmela Chair da Costa Rodrigues e suas testemunhas e acha um absurdo o poder público, por meio desta delegacia de polícia, ser envolvido numa questão simplória como a apresentada. Declarou que, realmente, reside na mesma rua da reclamante há mais de cinquenta anos, antes mesmo da mãe dela nascer. Que a família dela é conhecida por ter muita gente feia e já saiu reportagem sobre isso. Que tem uma música de Falcão sobre gente feia que os ouvintes costumam dedicá-la a eles na rádio comunitária. Os que escaparam da feiura são bem poucos. Mas, assegurou o depoente perante esta delegacia, que sempre teve boa relação com os Costa Rodrigues e nunca antes fez qualquer ofensa nem brincadeira que pudesse ser mal interpretada. Que, na qualidade de homem casado e pai de família, sabe se comportar e respeitar os mandamentos da lei de Deus, em especial os que mandam não matar, não roubar e não desejar a mulher do próximo. Que é preciso respeitar o próximo e procura fazer isso. Que, no dia em questão, estava na rua da matriz conversando com sua madrinha, dona Titonha, sobre a morte de seu Guilhermino e como essa doença é uma praga infeliz. Que a morte de seu Guilhermino foi por covid, a quinta no bairro em que mora e tem certeza que não será a última, e, por conta disso, tem raiva das pessoas que não usam máscaras e não se protegem contra a doença. Que tem toda a certeza do mundo que Guilhermino só morreu porque o neto dele levou a doença pra dentro de casa, pois os jovens de hoje estão brincando com fogo e não respeitam os mais velhos. Solicitado para se ater aos fatos importantes para o inquérito, o depoente retomou dizendo que naquele dia falava sobre a morte de Guilhermino com dona Titonha e estava muito triste por ter que se despedir de mais um amigo, sem poder sepultá-lo com a dignidade que ele merecia. Naquela hora, viu que havia um grupo de jovens na praça, a poucos metros de onde estavam, e percebeu que estavam rindo, bebendo e furando a quarentena. Como percebeu que alguns estavam sem máscaras, começou a ficar incomodado com aquele comportamento e avisou a dona Titonha que iria lá para reclamar. Que dona Titonha se posicionou contra o que ela chamou de intromissão e até alertou que os jovens de hoje têm uma língua muito grande, e ele podia ouvir uma resposta que não iria gostar. Que não levou nada disso em consideração e apenas pensou na morte dos amigos e no sofrimento que todo mundo vem passando por conta da pandemia e como aumentaram os riscos por conta de pessoas que não se cuidam. Que ele mesmo tem muito medo de contrair a doença, de precisar ser entubado e morrer. Que tem mulher e filhos que dependem de seu trabalho como carroceiro, não tem aposentadoria e não pode morrer agora. Que, munido desse sentimento, decidiu ir até o grupo de jovens e pedir que colocassem a máscara e respeitassem a quarentena. Disse que se dirigiu ao grupo e manteve distância de dois metros, o suficiente para ser ouvido e seguro para não ser contaminado. Que, dessa distância, pediu ao grupo para que respeitassem a quarentena e os que estavam sem, colocar a máscara. Que nesse momento, a moça de nome Pâmela se virou para ele, tirou a máscara e perguntou se ele era da vigilância sanitária para querer obrigá-la a ter que usar a máscara. O depoente disse que a reclamante estava, até aquele momento, com máscara e somente quando ela retirou, ele a reconheceu como sua vizinha e lhe pediu para colocar a máscara de volta. Que a jovem não atendeu o pedido e ainda respondeu que não tinha covid e ninguém iria obrigá-la a usar máscara. Que, diante disso, pensando nos amigos que já morreram, o sangue lhe subiu pela cabeça e falou a frase que se tornou objeto de denúncia, para a qual veio prestar seus esclarecimentos. Que na raiva, olhou para a reclamante e falou que no caso dela era melhor colocar a máscara, porque ninguém era obrigado a conviver com uma feiura tão medonha. Era o que tinha a relatar.
Ayala Gurgel é escritor, professor da Ufersa, doutor em Políticas Públicas e Filosofia, além de especialista em saúde mental
*O texto faz parte do livro homônimo e tem como desafio transformar a escrita ordinária, informal, em literatura, tal como os clássicos fizeram com as cartas (criando a literatura epistolar). Veja abaixo, links para as postagens anteriores:
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Por Odemirton Filho
Na minha infância e na adolescência, as minhas disciplinas preferidas eram História e Geografia. Matemática? Deus me livre! Nas aulas de Português, gostava quando a professora fazia ditado, a fim de que pudéssemos escrever corretamente. E sempre gostei de ler, sempre.
Lembro da Série Vaga-Lume, com livros da escritora Maria José Dupré. Havia, também, a Coleção de livros do Cachorrinho Samba. Creio que li praticamente todos os livros que faziam parte dessas coleções.
Contudo, o livro que mais gostei de ler foi A Ilha Perdida, da mencionada escritora. Nele, dois garotos se aventuram em uma ilha, um deles se perde, e encontra um homem misterioso, um eremita que habita o lugar, chamado Simão. O garoto passa a morar com ele, e descobre um mundo desconhecido, explorando uma rica fauna e uma abundante flora.
A partir da minha adolescência, outros livros começaram a fazer parte do meu dia a dia. Li Machado de Assis, José de Alencar, entre vários autores nacionais. Li, também, livros de Sidney Sheldon.
Na fase adulta enveredei por vários caminhos, leio romances escritos por Jane Austen, Ernest Hemingway, Dostoievsky, entre outros literatos. Um livro que me encantou foi o Conde de Monte-Cristo, de Alexandre Dumas.
Há meses que tento “escalar” a Montanha Mágica, de Thomas Mann. O livro é denso, por vezes cansativo, mas hei de alcançar o “topo da Montanha”. Lembro que na minha juventude, pedi de presente ao meu pai a coleção de O Capital, de Karl Marx. Todavia, o meu velho não me presentou. Somente tempos depois, adquiri e li algumas páginas.
Atualmente, no entanto, sou apaixonado pelas crônicas. Não importa o tema ou o autor, se for crônica, leio. Tenho consciência que leio pouco, há muito o que ler e, sobretudo, aprender.
Mas, voltando à Ilha Perdida, o livro marcou a minha memória afetiva. Conta o livro que, quando o garoto consegue voltar para casa, e narra aos familiares a aventura que viveu, ninguém acreditou. Para provar que estava falando a verdade, retorna à ilha com algumas pessoas.
Todavia, o velho Simão soube se esconder e não o encontraram. Quando estavam voltando para casa num pequeno barco, o garoto viu uma mão acenando, lá da ilha perdida. Emocionado, ficando em pé no barco, gritou: “até um dia, Simão”.
Eis, portanto, o final de uma singela história que marcou a minha infância.
Odemirton Filho é colaborador do Blog Carlos Santos
Por Marcos Ferreira
Alguém pode imaginar que toda vez que sentamos à escrivaninha já estamos com uma ideia fermentando na cuca para converter isso em redação, em crônica, conto, romance, poesia. Não. Às vezes é apenas diante da página em branco que nos ocorre aquele estalo inspirativo, uma ideia para um texto ao menos apresentável. Há ocasiões em que de fato nos colocamos à mesa de escrita com um tipo de mote, de leitmotiv, o feijão com arroz pré-cozido e dispondo de certos temperos linguísticos e com uma boa pitada de literariedade. Admito que isso acontece com um pouco maior de frequência. No entanto experimentamos dias como hoje. Falo por mim.
Pois é, hoje não se trata de um desses dias de cérebro fecundo. De toda forma, ao me instalar neste recanto das letras, parece assim (nem sempre) que o assunto necessário para urdir o texto se descortina na minha cabeça.
Não sei explicar direito, mas paira neste recanto da casa uma atmosfera de inventividade, uma aura de engenho. Aqui, à maneira de um para-raios de arte, tudo à minha volta pode resultar em matéria para a elaboração, por exemplo, de uma crônica que explore o lugar-comum de escrever sobre o ato de escrever. O que importa é que neste cantinho de trabalho, nesta oficina abstrata, existe essa coisa de extrairmos da pedra bruta uma peça que se possa classificar como artística.
Arte, quer seja música, literatura, cinema, artesanato) difere por inteiro de outros exercícios profissionais. Pois não se trata de um serviço prático, uma ciência, um ramo objetivo, preciso. Um engenheiro ou arquiteto adquire conhecimentos específicos para tocar adiante as suas edificações e projetos. Não se pratica a medicina sem estudos, aprendizados e experimentações inerentes à profissão, ao juramento e compromisso de salvar vidas. Um advogado, por mais medíocre que se revele, não avança no métier da advocacia sem ao menos lograr êxito na provinha da OAB.
Um pedreiro não constrói uma casa ou até um arranha-céu se não reunir expertise, experiência na sua labuta braçal. Um sapateiro, ainda que das letras, não assegura o pão de cada dia se não for bom no ramo de calçados.
A escrita, portanto, é uma linha de produção imprecisa, sujeita a uma voltagem abstrata. É diversa das ciências exatas. Nunca temos absoluta certeza de que atingiremos o sucesso quando queremos converter em texto supostas intimidades com nosso alfabeto. Fala-se em dom, todavia prefiro chamar isso de pendor, de vocação. Porém vocação não vale nada sem que a pessoa busque se aprimorar, adquirir um mínimo de destreza perante o mister literário. Existem homens de letras que produzem muito pouco, sem um estro prolífero, contudo o pouco que deitam no papel é de uma qualidade inquestionável. Encontra-se em Mossoró e no mundo inteiro (permitam-me esta indelicadeza) escritores que têm uma prenhez de coelhas, já com trinta ou cinquenta livros publicados, embora tragam a lume uma produção de saúde muito fraquinha.
Ninguém pode contar vantagem diante de uma página em branco. Pois o risco de o sujeito ser derrotado pelo monstro da infertilidade é iminente. Tanto é, isto no que me toca, que agora meu discernimento me parece prejudicado e não estou convicto de que estas linhas podem ser vistas como apreciáveis.
Não raro, entretanto, me sinto hipoteticamente beneficiado pela atmosfera criativa que este recanto das letras me proporciona. Então, aos trancos e barrancos, costumo sair vencedor neste arriscado octógono da literatura.
Marcos Ferreira é escritor
Por Flora Figueiredo
Por onde andamos
nós, que raramente nos falamos?
Engolidos pela pressa
Ou pela saga do compromisso?
Ó Deus, que maratona é essa?
Deixo um recado de saudade
Para você pensar.
Por mais que a vida corra e o mundo agite.
Por favor, acredite:
o nosso coração não muda de lugar.
O tempo e a distância
Costumam nos arrastar.
É como se folhas de outono
Se separassem pelo sopro de algum vento.
Mas nosso coração não muda de lugar.
Conservo a mão estendida,
O peito aberto.
O ombro compreensivo.
O pensamento alerta.
A qualquer hora você pode me chamar.
O meu carinho permanece vivo.
É que nosso coração não muda de lugar.
Flora Figueiredo é poeta, tradutora, compositora e escritora
“Só o conhecimento liberta.”
José Martí