segunda-feira - 04/08/2025 - 14:24h
CPNU 2

RN registra mais de 17 mil inscrições no Concurso Público Nacional

Arte do Governo Federal e foto do MGI

Arte do Governo Federal e foto do MGI

O estado do Rio Grande do Norte teve 17.202 inscrições confirmadas na segunda edição do Concurso Público Nacional Unificado (CPNU 2). O certame, que contempla 3.652 vagas – sendo 3.144 para nível superior e 508 para  nível intermediário – em 32 órgãos e entidades, busca garantir igualdade de acesso ao serviço público federal em todo o território nacional, valorizando a diversidade regional.

No Rio Grande do Norte, as mulheres representam 59% do total de inscritos, com 10.150 confirmações. Candidatos do sexo masculino somam 7.051, ou 40,99%. Uma pessoa não identificou o gênero.

O Bloco 5 – Administração foi o que despertou mais interesse dos candidatos e candidatas potiguares, com 4.167 inscrições homologadas. Em seguida aparecem o Bloco 1 – Seguridade Social: Saúde e Assistência, com 3.560; o Bloco 9 – Intermediário – Regulação, com 3.436; o Bloco 2 – Cultura e Educação, com 1.844; Bloco 4 – Engenharia e Arquitetura, com 915; Bloco 7 – Justiça e Defesa, com 906; Bloco 3 – Ciências, Dados e Tecnologia, com 889; Bloco 8 – Intermediário – Saúde, com 769; e o Bloco 6 – Desenvolvimento Socioeconômico, com 716.

País

Em todo o país, o Governo Federal registrou 761.528 inscrições no CPNU 2, com pessoas de 4.951 municípios, de todos os estados. As regiões Sudeste (247.838) e Nordeste (229.436) concentram o maior número de inscrições, seguidas pelas regiões Centro-Oeste (150.870), Norte (84.651) e Sul (48.733).

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segunda-feira - 04/08/2025 - 13:24h
Assembleia Universitária

Professora Isaura Amélia será homenageada pela Ufersa

Isaura Amélia entre obras doadas da sua coleção para a pinacoteca (Foto: Monaliza Teixeira/Ufersa)

Isaura Amélia doou centenas de obras para formação da Pinacoteca (Foto: Monaliza Teixeira/Ufersa/Arquivo)

A Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA) vai celebrar, no próximo dia 29, sua tradicional Assembleia Universitária com a entrega de honrarias a personalidades de destaque.

A professora Isaura Amélia Rosado, dos quadros da instituição, será agraciada com a Medalha Jerônimo Vingt-un Rosado Maia, uma das maiores comendas concedidas pela Ufersa. A homenagem foi aprovada pelo Conselho Universitário (CONSUNI) em reconhecimento à sua trajetória acadêmica e contribuição à universidade e à educação na região semiárida.

A cerimônia acontecerá no Requinte Buffet, em Mossoró, e reunirá autoridades, acadêmicos, estudantes e convidados especiais.

Perfil

Isaura foi secretária Municipal de Cultura de Mossoró e de Natal, diretora da Fundação José Augusto (FJA), secretária da Cultura do Estado do RN, presidente da Fundação de Pesquisa e da Educação Estadual. É autora de livros e organizadora de mais de 100 bibliotecas pelo RN. Além disso, integra a Academia Norte-rio-grandense de Letras (ANRL).

Mais recentemente, ela idealizou e instalou a Pinacoteca e Memorial (PIM) da Ufersa, entregando em comodato mais de 1.111 obras do seu acervo pessoal, que contam a história das artes plásticas do RN.

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segunda-feira - 04/08/2025 - 12:22h
Dia 05

Assembleia Legislativa retoma atividades nessa terça-feira

Retomada de atividades tem várias tarefas para os parlamentares em plenário e comissões (Foto: João Gilberto)

Retomada de atividades tem várias tarefas para os parlamentares em plenário e comissões (Foto: João Gilberto)

Os deputados estaduais retomam atividades em Plenário nesta terça-feira (05) após duas semanas de recesso na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte (ALRN). A volta das atividades coincide com a apreciação de projetos em sessão plenária e reuniões das comissões, além das sessões solenes e audiência públicas.

Durante o recesso dos deputados, a Casa funcionou normalmente com atendimento ao público, andamento dos processos legislativos internos, atuação técnica das comissões e serviços administrativos e institucionais mantidos.

No período, a Assembleia apreciou mais de 500 iniciativas, incluindo projetos de lei, audiências públicas, sessões solenes, campanhas educativas e ações de cidadania.

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segunda-feira - 04/08/2025 - 11:22h
Nota

Agressor de mulher se diz arrependido por pancadaria

Print de nota enviada à TV Ponta Negra

Print de nota enviada à TV Ponta Negra

Em nota enviada à TV Ponta Negra nesta segunda-feira (04), o ex-jogador de basquete e estudante de Ciências Contábeis, Igor Eduardo Pereira Cabral, 29, manifesta arrependimento pelos acontecimentos recentes que “causaram sofrimento a diversas pessoas,” especialmente a Juliana, namorada a quem agrediu com mais de 60 socos. O caso aconteceu dia 26 de julho (veja AQUI), no elevador de um condomínio na Zona Sul de Natal.

Reconhece que sua conduta, influenciada por uso de substâncias e instabilidade emocional, contribuiu para a situação.

A mulher agredida passou por cirurgia para reconstrução da face com múltiplas fraturas.

Veja a nota em print acima nesta postagem.

Prisão e denúncia

Transferido no dia 1º para a Cadeia Pública Dinorá Simas, em Ceará-mirim, no último dia 1º, Igor Cabral teria sido agredido fisicamente e com spray de pimenta, por policiais penais. Seus advogados formalizaram denúncia.

Igor empregou violência para matar a namorada (Foto: reprodução)

Igor empregou violência para matar a namorada (Foto: reprodução)

Nota do BCS – A nota deve ter sido produzida por advogado. Ele está preso em Ceará-mirim, sem acesso algum a meios à produção dessa defesa.

Normal o posicionamento. Procura atenuar a imagem que existe dele na opinião pública, já com uso de mais uma versão. Primeiro, teria sofrido surto devido claustrofobia (trancado no elevador), depois acrescentou que era autista (vá entender). Agora, substâncias e instabilidade emocional teriam o levado à fúria.

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segunda-feira - 04/08/2025 - 07:24h
Brasil

Governadores evitam manifestações em favor da anistia de Bolsonaro

Manifestação na Avenida Paulista em São Paulo-SP nesse domingo (03), em foco da CNN

Manifestação na Avenida Paulista em São Paulo-SP nesse domingo (03), em foco da CNN

Do Canal Meio e outras fontes

Coincidência ou não, governadores do espectro da direita que vinham marcando presença em atos em defesa da anistia aos envolvidos na tentativa de golpe, não compareceram ao ato convocado por bolsonaristas neste fim de semana. O próprio Jair Bolsonaro (PL) esteve ausente, já que cumpre medida cautelar que proíbe que ele saia de casa aos sábados e domingos.

Já os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos); do Paraná, Ratinho Júnior (PSD); de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil); e de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), alegaram outros compromissos para justificar sua ausência. As manifestações ocorreram em pelo menos 20 capitais, incluindo São Paulo, Belo Horizonte, Salvador, Fortaleza e Belém, além de Brasília. No Rio, Bolsonaro fez uma participação por videochamada.

Segundo o Monitor do Debate Político e a ONG More in Common, 37,6 mil pessoas compareceram à manifestação “Reaja, Brasil: Agora é a hora” na avenida Paulista. A margem de erro de 12% indica um público entre 33,1 mil e 42,1 mil participantes. (Globo)

Segundo levantamento do jornal digital Poder360, a manifestação deste domingo (3) na Avenida Paulista reuniu 57,6 mil pessoas. Foram utilizadas fotos aéreas de alta resolução pelo jornal digital para realizar o cálculo de estimativa.

O pastor Silas Malafaia, organizador do evento, não poupou críticas aos governadores: “Isso prova que Bolsonaro é insubstituível! Vão enganar trouxa! E eu não sou trouxa. Estão com medo do STF, né? Por isso não vieram. Arrumaram desculpa, né? Por isso, minha gente, 2026 é Bolsonaro”. (Estadão)

Em São Paulo, o deputado federal Nikolas Ferreira (PL) foi a principal atração entre políticos que fizeram uso da fala durante o ato. No discurso, o parlamentar atacou o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), criticou a diplomacia do governo Lula (PT) e cobrou os presidentes da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos), e do Senado, Davi Alcolumbre (União). Também por vídeochamada, Nikolas mostrou o ato para Jair Bolsonaro. (Metrópoles)

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segunda-feira - 04/08/2025 - 05:22h

Pensando bem…

“Ter o que queremos, é riqueza; mas ser capaz de ficar sem, é poder.”

George MacDonald

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domingo - 03/08/2025 - 21:38h
Fiasco

Mossoró tem mobilização acanhada do bolsonarismo

A mobilização do bolsonarismo em Mossoró neste domingo (03), acabou sendo muito acanhada.

Denominado de “Reaja, Mossoró” – o movimento juntou poucas pessoas em frente à Estação das Artes Elizeu Ventania, Centro.

“Fora, Lula” e “fora, Moraes” (ministro Alexandre de Moraes) – pregaram os bolsonaristas.

As principais estrelas do evento foram o ex-candidato a prefeito Genivan Vale e o vereador Jailson Nogueira, ambos do PL.

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domingo - 03/08/2025 - 20:28h
Domingo, 03

Bolsonarismo faz movimentação expressiva em Natal

Movimento do bolsonarismo em Natal, neste domingo (03), defendeu anistia para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), hostilizou o ministro Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal Federal (STF) e fez ataques ao presidente Lula e seu partido, o PT.

O senador Rogério Marinho (PL) foi a principal estrela da manifestação expressiva na capital do RN, que ocorreu também em diversas outras cidades do país.

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domingo - 03/08/2025 - 12:24h
Traição a Magnitsky

Lei usada por Trump contra Moraes é descabida, diz o seu criador

"Ministro não é violador de direitos humanos, tampouco é um cleptocrata", diz William Browder

Por Pedro Dória (Canal Meio)

Sir William Browder fomentou lei que ganhou dimensão internacional, a partir de uma experiência dolorosa (Foto: Canal Meio)

Sir William Browder fomentou lei que ganhou dimensão internacional, a partir de uma experiência dolorosa (Foto: Canal Meio)

“O ministro Alexandre de Moraes não é um violador grave de direitos humanos, não é acusado de sê-lo, tampouco é um grande cleptocrata que ganhou bilhões em corrupção.” A frase é de Sir William Browder, 61 anos, americano naturalizado inglês, financista e, a um tempo entre finais de anos 1990 e princípios deste século, o maior investidor estrangeiro na Rússia. Browder é, também, o pai da Lei Magnitsky, aquela utilizada pelo governo de Donald Trump contra o relator do processo de tentativa de golpe de Estado no Supremo Tribunal Federal. “Essas são as únicas categorias pelas quais alguém deve ser sancionado pela lei.”

Em entrevista ao Meio, disponível na íntegra, em inglês, no nosso streaming, Browder se mostrou simultaneamente indignado e aliviado. “Eu temia que eles quisessem acabar com a Lei Magnitsky”, diz sobre o atual governo americano. “Este é claramente um abuso da lei mas, ironicamente, agora eles também estão comprometidos com ela.”

No princípio do governo de Vladimir Putin, o Kremlin começou a partir contra os negócios em que o fundo de Browder havia investido. Era um leque de companhias focadas em energia como Gazprom, Surgutneftegaz, Unified Energy Systems e Sidanco. Foram pressionadas de toda forma, vieram processos estapafúrdios até, no fim, serem encampadas. Para questionar nas cortes o que era o início dos muitos abusos do governo Putin, ele constituiu um jovem advogado tributarista chamado Sergei Magnitsky. Quando descobriu uma fraude fiscal de US$ 230 milhões cometida pelo governo, Magnitsky foi preso, torturado por 358 dias e, ao fim, morto. Tinha 37 anos.

Perante o choque, Browder fez de sua missão de vida constituir um aparato legal que permitisse punir os responsáveis por crimes de alto grau de violência e corrupção como este. A Lei Magnitsky não é apenas americana — há legislações equivalentes a ela no Canadá, no Reino Unido, na União Europeia e na Austrália. A praxe é de que quando um dos governos decide após muita análise punir alguém com ela, que o ato ocorra em concerto com os outros. Esta rede faz com que os grandes corruptos e violadores de direitos humanos tenham muita dificuldade de transitar com seu dinheiro pelo mundo.

Para o criador da Lei Magnitsky, o uso da lei contra Moraes é tão absurdo que, se o governo brasileiro entrar na Justiça americana, ganha já desde a primeira instância. “Os tribunais são independentes; e a lei, escrita de forma muito clara”, ele diz. “As instituições americanas são muito fortes, mas vamos sofrer um tanto porque este presidente ainda tem mais três anos e meio de mandato.”

Sir William, como surgiu a Lei Magnitsky? O que aconteceu?

Fui o maior investidor estrangeiro na Rússia por cerca de uma década, do fim dos anos 1990 ao início dos anos 2000. Comecei a descobrir corrupção nas empresas em que investia e denunciei esses esquemas. Como retaliação, fui expulso do país. Meus escritórios foram invadidos e a polícia confiscou diversos documentos. Pedi a um jovem advogado, Sergei Magnitsky, que investigasse por que estavam apreendendo esses papéis. Ele descobriu que os documentos vinham sendo usados numa fraude fiscal complexa em que autoridades corruptas e membros de organizações criminosas se uniram para desviar e roubar US$ 230 milhões em impostos que minha empresa havia pagado ao governo russo. Sergei expôs o crime, testemunhou contra os envolvidos e, em seguida, foi preso, torturado por 358 dias para tentar fazê-lo retirar seu depoimento e, depois, assassinado sob custódia da polícia russa aos 37 anos. Isso foi em 16 de novembro de 2009. Desde então, abandonei a vida empresarial para dedicar todo o meu tempo, energia e recursos a buscar justiça contra os responsáveis.

Acabei chegando a uma ideia: a Rússia é um país sem justiça, totalmente dominado pelo crime, mas talvez esses criminosos se sentissem pior se seus bens no Ocidente fossem congelados, e eles não pudessem viajar para lá. Levei essa ideia a Washington, depois ao Reino Unido, ao Canadá, à União Europeia e a outros lugares, perguntando: “Podemos congelar os ativos e negar vistos a esses violadores de direitos humanos e cleptocratas russos?”. Essa proposta se tornou a Lei Magnitsky. A lei foi aprovada nos Estados Unidos em 2012, no Canadá em 2017, no Reino Unido em 2018, na UE em 2020 e na Austrália em 2021. Hoje, ela existe em 36 países e é a ferramenta mais poderosa para responsabilizar abusadores de direitos humanos, torturadores, assassinos e grandes cleptocratas que antes eram intocáveis.

Normalmente, quando alguém entra na lista da Lei Magnitsky nos EUA, essa decisão é espelhada no Canadá, no Reino Unido, na UE e na Austrália, certo?

Certo. Não é 100 %, mas, em geral, se uma pessoa é considerada violadora de direitos humanos num país, isso é reconhecido em outros. É muito difícil colocar alguém na lista Magnitsky. É preciso ter feito algo realmente horrível. Por exemplo, os responsáveis pelos campos de concentração dos uigures em Xinjiang, na China — cinco ou seis generais envolvidos em genocídio —, estão na lista. Autoridades nicaraguenses que mandaram atirar em manifestantes pacíficos também. É preciso ser alguém bem perverso para entrar ali.

Pois o governo americano atual optou por usar a lei politicamente e incluiu um ministro do Supremo Tribunal Federal brasileiro. Não temos uma democracia perfeita no Brasil, mas há Estado de Direito: um ex-presidente está sendo julgado por tentar um golpe por um colegiado, e esse ministro, que conduz o julgamento, agora aparece na lista. O que isso significa?

Até onde sei, o juiz Alexandre de Moraes não é um grande violador de direitos humanos nem um cleptocrata que ganhou bilhões com corrupção — as duas categorias que justificam sanções pela Lei Magnitsky. Apontar alguém por razões políticas é um abuso da lei. Além disso, se um governo usa essa lei para ajustar contas políticas em outro país, essa decisão degrada o objetivo nobre da legislação. Não é um bom dia para a Lei Magnitsky.

A lei existe para incentivar comportamentos corretos e fortalecer democracias. Quando ela é usada assim…

A Lei Magnitsky foi pensada para países sem Estado de Direito — lugares onde assassinos e torturadores são intocáveis e vítimas não têm recurso. São esses indivíduos que devem ser sancionados. Veja o exemplo da África do Sul sob Jacob Zuma, um governo totalmente corrupto. E muitos sujeitos ajudaram Zuma a operar sua corrupção. Os irmãos Gupta, da Índia, supostamente roubaram dezenas de bilhões do Estado, e o país não conseguia puni-los. Os EUA e outros usaram a Lei Magnitsky contra eles. Esse é o uso correto da lei.

Quais são as consequências de usar esse poder contra democracias consolidadas que combatem corrupção e autoritarismo? Se os EUA impõem sua própria visão a outras democracias, o que acontece?

A questão vai além da Lei Magnitsky. O atual governo está abusando de outras leis: tarifas via IEEPA (International Emergency Economic Powers Act), o chamado “Alien Invasion Act” e mais. Isso faz muita gente estremecer. Democracias costumam cooperar. A Lei Magnitsky existe em vários blocos democráticos justamente para isso. Mas hoje há um grande país que se retirou de acordos como o Acordo de Paris e de instâncias da ONU. Os EUA, antes âncora do Estado de Direito e da democracia, se afastaram.

Há quem acuse grandes democracias de hipocrisia. Usar a Lei Magnitsky desse modo parece confirmar isso, não?

O mundo é vasto, com muitas opiniões. Democracia, Estado de Direito, bem e mal não desapareceram. Muitos tentam fazer o certo; alguns não. Também se pode criticar o Brasil por se alinhar a Vladimir Putin na guerra da Ucrânia. É complicado.
Trump sancionou o juiz porque seu amigo Bolsonaro está na berlinda, assim como ele esteve. Ele vai longe por isso. O mundo — e a Lei Magnitsky — seguirão. Eu temia que Trump desmontasse a lei, mas, ironicamente, ao abusar dela, ele também se compromete com ela. Este é um abuso específico. Se Moraes recorrer à Justiça dos EUA para contestar a sanção, provavelmente vencerá.

Túmulo de Sergei Magnitsky (Foto: James Hill - The New York Times)

Túmulo de Sergei Magnitsky (Foto: James Hill – The New York Times)

Esse caminho jurídico é viável?

Com certeza. Os tribunais nos EUA são independentes do Executivo, e a lei é clara: ele não se enquadra nas categorias. Se fosse ele, entraria com revisão judicial imediatamente.

Democracias no mundo se sentem atacadas pelo atual governo dos Estados Unidos. Trump é um erro passageiro corrigível no próximo mandato ou estamos diante de uma crise prolongada?

Não acredito que o movimento Maga (Make America Great Again) represente a maioria dos americanos. É uma minoria barulhenta. Muitos se sentem sem opção. Mas um grande grupo quer um governo normal — sem “britadeiras” de notícias todo dia. Confio na força das instituições americanas. Vi na Rússia o que é um governo tomado por criminosos. As instituições dos EUA são fortes. Teremos de aguentar mais — este presidente ainda tem três anos e meio —, mas eleições intermediárias, juízes, imprensa e estados decidirão as coisas. Um grupo só não toma um país sem representar a maioria.

No Brasil, muitos políticos se sentem reféns do bolsonarismo, como republicanos do Maga. Acham que precisam escolher entre ter votos ou ter uma espinha dorsal. O que lhes diria?

Não sei bem o que dizer a essas pessoas. Ao governo atual eu diria: se vocês não entregam para a maioria e continuam atendendo só a um grupo pequeno, líderes populistas surgirão. Foi o que ocorreu nos EUA — o governo Biden não entregou para a maioria, e um populista raivoso, com promessas falsas, capturou a atenção do público. Isso acontece em qualquer lugar onde o governo falha com a maioria. As pessoas têm razão de estar frustradas, mas precisam decidir se acreditam em promessas vazias ou em quem realmente entrega resultados.

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domingo - 03/08/2025 - 10:38h

Em defesa (moderada) do juridiquês

Por Marcelo Alves

Arte ilustrativa com recurso de Inteligência Artificial para o BCS

Arte ilustrativa com recurso de Inteligência Artificial para o BCS

O direito está mais intimamente ligado à linguagem do que ousa imaginar a nossa vã filosofia. Nós, os juristas, trabalhamos simbioticamente com a linguagem. E, em princípio, tendo por base a mesma linguagem comum ao homem médio.

Mas essa linguagem “comum” dos homens, independentemente do idioma que se utilize, é um veículo imperfeito para a expressão segura dos conceitos jurídicos. Por isso, assim como os médicos, os filósofos, os economistas etc. desenvolveram um vocabulário próprio, os juristas também o fizeram (ou tentam fazer). Afinal, toda ciência/arte precisa de uma linguagem técnica própria.

É verdade que essa linguagem técnica dos juristas é muitas vezes cafonamente distorcida. Vira o famoso e odiado “vocabulário empolado dos juristas”, o “juridiquês”, complicado não só para os leigos, mas também, em grande medida, para nós, supostos juristas.

De toda sorte, mesmo correndo o risco de ser mal compreendido, hoje vou fazer uma defesa do juridiquês, digamos assim, moderado. Até porque acredito ser um dos grandes desafios do jurista contemporâneo (falo aqui do jurista de verdade) estudar e trabalhar melhor sua linguagem.

André Karam Trindade e Roberta Magalhães Gubert (no texto “Direito e literatura: aproximações e perspectivas para se repensar o direito”, que faz parte do livro “Direito & literatura: reflexões teóricas”, publicado pela Livraria do Advogado Editora em 2008), embora o fazendo com propósitos diversos dos nossos, apontam algumas características da linguagem/discurso jurídico. Essas características estão intimamente relacionadas ao caráter e aos objetivos próprios desse discurso.

Enquanto a linguagem comum é em grande medida informal, emotiva e dinâmica, o discurso jurídico busca a abstração e a generalidade, a convenção e a clareza, o comando e a segurança, a padronização dos seus conceitos e dos seus sujeitos.

De fato, o direito e o seu discurso – e isso vale muito para um país filiado à tradição romano-germânica, como é o nosso – trabalham sobremaneira com a abstração e a generalidade como características fundamentais dos códigos e das leis.

O discurso jurídico organiza a realidade através de fórmulas e procedimentos preestabelecidos, com um conjunto de significações já convencionadas, formando um sistema quase fechado, com direcionamentos, obrigações e interdições linguísticas e vocabulárias bem claras. “Intimem-se”, “não provimento”, competência, ação, parte, recurso, sentença, acórdão etc., para ficar apenas no direito processual, são alguns dos muitíssimos exemplos de fórmulas e termos jurídicos com significações já previamente convencionadas e de usos recomendados.

E do texto jurídico espera-se sobretudo um comando claro, íntegro e coerente (não podemos viver de embargos de declaração), seja ele uma decisão, uma ordem, uma interdição, uma sanção, uma medida justa, um mandado ou um mandato e por aí vai.

Ademais, nas palavras de André Karam Trindade e Roberta Magalhães Gubert, “a função do direito é estabilizar as expectativas sociais, em busca da segurança jurídica”, o que requer, na medida do possível, a “perenização” do tempo e das coisas, o aprisionamento dos sentidos e o extermínio das emoções e dos afetos no texto jurídico.

Por fim, conforme ensinam os recitados André Karam Trindade e Roberta Magalhães Gubert, é próprio e esperado do discurso jurídico produzir/normatizar os seus diversos sujeitos/personagens – bem como investir as pessoas nos papéis normatizados, concedendo-lhes os direitos e os deveres convencionados –, cujos estatutos modelares devem servir como padrão das condutas no foro/lides jurídicas e como arquétipos esperados dos indivíduos na vida em sociedade. Aí temos tanto o juiz, o promotor, o advogado, o policial, como o pai de família, o administrador público, o comerciante, o empregado, o comprador e por aí vai, numa lista de necessários personagens/sujeitos jurídicos, linguisticamente padronizados, impossível de terminar.

Bom, para atender a tudo isso, então, viva a um moderado juridiquês!

Marcelo Alves Dias de Souza é procurador Regional da República, doutor em Direito (PhD in Law) pelo King’s College London – KCL e membro da Academia Norte-rio-grandense de Letras – ANRL

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Categoria(s): Crônica
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domingo - 03/08/2025 - 09:48h

Ao redor do buraco, tudo é beira

Por Bruno Ernesto

Traíra em açude seco (Foto: Bruno Ernesto)

Traíra em açude seco (Foto: Bruno Ernesto)

Um dos pontos esquecidos sobre o chamado “período do banditismo”, que eclodiu nos sertões profundos do Nordeste brasileiro no final do século XIX e que se intensificou até a década de 1940, foi a paradoxal relação entre o santo e o profano.

O protoreligiosismo sertanejo, com suas rezas incisivas, especialmente de proteção e fechamento do corpo, com alguma pouca incursão no sincretismo religioso, mas acentuada correlação entre a injustiça terrena e a salvação divina, foi a gênese do que se renova hoje no Brasil, sob outra tutela e cosmovisão, porém com mesmo proselitismo e interesses econômicos, sempre subjacentes.

Religiosidade nos grotões do sertão Nordestino sempre foi um fenômeno endêmico, peculiar, e de uma mistura mística difícil de compreender, e que deixou marcas indeléveis.

Nos tempos revoltosos do sertão, a mão que pedia a bênção e debulhava o terço, era a mesma que erguia o punhal, puxava o gatilho ou apertava a carne.

A religiosidade primitiva, se assim podemos dizer, guarda inúmeras facetas. O perdão nem sempre se conquista com a fé.

Lembro muito bem a colocação do escritor Honório de Medeiros, autor da importante obra “Histórias de Cangaceiros e Coronéis”, que destaca que o coronelismo foi o braço forte desse movimento, com nomes que até hoje reverberam entre nós, porém com pouca correlação de poder econômico e paralelo daquele tempo, como Veras, Maias, Saldanhas e tantos outros.

A religiosidade sempre foi esteio do povo, especialmente no meio da miséria econômica. Que o diga Cícero Romão.

O poder da palavra é exponencialmente maior do que o da força bruta, ainda que essa também lhe sirva.

No caldeirão nordestino daquele tempo, podia se dizer que, ao redor do buraco, tudo é beira. ‎

Bruno Ernesto é advogado, professor e escritor

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Categoria(s): Crônica
domingo - 03/08/2025 - 08:50h

Seu Lula Nogueira

Por Honório de Medeiros

Reprodução de foto do autor da crônica

Reprodução de foto do autor da crônica

Ali e acolá, em livros que somente alguns leem, seja porque deliberadamente os procuram, seja por um desses acasos da vida, me deparo com seu nome.

Está posto em um pé-de-página, ou em algum parágrafo.

Recentemente, ao reler a literatura norte-rio-grandense acerca da saga lampiônica em Mossoró – Raul Fernandes e Raimundo Nonato da Silva – lá estava seu nome, “en passant”, como teria dito, trazendo expressões próprias do jogo de xadrez, que tanto amava, para o cotidiano.

Foi exatamente o jogo de xadrez que me levou a conhecê-lo. Eu e vários de minha geração, a quem ele pacientemente ensinou a jogar.

Tínhamos em torno dos oito anos e nosso mundo era muito simples: brincar no Colégio Diocesano, brincar no patamar da Igreja de São Vicente, brincar em casa nas raras vezes em que a rua nos era proibida.

Assim como brincar de aprender a jogar xadrez nas tardes provincianas de Mossoró, anos sessenta, na pequena casa onde Lula Nogueira – “Seu” Lula – vivia sozinho com o filho solteirão – uma figura misteriosa a quem quase nunca víamos e acerca de quem falávamos aos sussurros.

“Seu” Lula morava nessa casinha branca que tinha uma área de entrada diminuta, porta e janela dando imediatamente para a salinha de visita e jantar, ao mesmo tempo. Do lado esquerdo de quem entrava dois quartos: o primeiro, com janelão para a rua, era o seu; o outro, do filho.

A sala emendava com uma pequena cozinha dela separada por uma mureta onde pontificava um filtro de água de cerâmica e um varal de madeira de empilhar pratos, meio escondidos por um pano.

Tudo muito normal, tudo muito comum, não fosse uma mesa oficial de xadrez colocada perpendicularmente à janela da sala para aproveitar a luz do sol, na qual ficavam postados, desde sempre, livros e revistas argentinas acerca do jogo, além de majestosas e manuseadas peças tipo “Stauton”, para os embates enxadrísticos.

Embora possa lembrar de “Seu” Lula conversando na nossa rua, principalmente na roda de “Seu” Napoleão, onde o escutei, entre perplexo e admirado, certa vez, afirmar enfaticamente que somente morreria após a passagem do ano 2000, tais incursões eram raras.

Certo, mesmo, era passar em frente à sua casinha, fosse manhã ou tarde, e encontra-lo defronte ao tabuleiro de xadrez, mão esquerda com dedos polegar e indicador apoiando a cabeça, cigarro esquecido embora aceso entre os dedos médio e anular, enquanto a mão direita movia as peças para cima e para baixo, para um lado e para o outro, ou na diagonal, na tentativa de criar ou solucionar problemas enxadrísticos que já haviam lhe granjeado reputação nacional.

Podia, também, ser o caso de estar, simplesmente, reproduzindo uma partida de xadrez de grandes mestres internacionais.

Depois eu, como os outros, fui embora. O mundo nos esperava. Entretanto, nunca esquecemos – aqueles que fomos seus alunos – nosso professor de xadrez.

A ele ofereci, em silêncio, minha primeira medalha de ouro nos Jogos Estudantis do Rio Grande do Norte, disputando pela então Escola Técnica Federal do Rio Grande do Norte.

Basta, ainda hoje, ver peças tipo “Stauton”, ou mesmo um tabuleiro oficial, que volto no tempo para aqueles dias já longínquos quando um menino magro, tímido, e um ancião de mãos nodosas, emoldurados pela claridade solar que ultrapassava a janela da sala e escandia a fumaça dos muitos cigarros fumados ou esquecidos, jogavam intermináveis partidas nas quais somente a profunda gentileza do professor impedia uma humilhação contínua ao aluno.

Honório de Medeiros é professor, escritor e ex-secretário da Prefeitura de Natal e do Governo do RN

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domingo - 03/08/2025 - 08:00h

O Efeito Casulo – Dia 10

Por Marcos Ferreira

Arte ilustrativa com recursos de Inteligência Artificial para o BCS

Arte ilustrativa com recursos de Inteligência Artificial para o BCS

Hoje à tarde, ao contrário da inércia que tenho vivido há dez dias, fechado nesta casa à Rua Pedro Velho, no Santo Antônio, feito um fora da lei, um bicho assustado, reuni coragem e coloquei a cara fora. Mas apenas por força das circunstâncias. Depois de hesitar, vesti calça, camiseta, tênis, peguei a carteira, o celular e a bicicleta e fui a um supermercado a cerca de meio quilômetro daqui.

Devo dizer que tive um dia sobressaltado. Aliás, para ser sincero, o simples ato de ir ao mercado é que foi uma experiência desconfortável, senão assustadora. E tudo (sei agora) por nada mais do que caraminholas de meu cérebro enfermiço, receios e sensações oriundos de meu estado de nervos. É isso mesmo. Embora muitas vezes eu me permita abater por alguns mal-estares, fobias e paranoias, tenho consciência de que o problema quase sempre é fruto tão só do meu juízo, desta cabeça exponencialmente perturbada desde que o doutor Epitácio Coelho me apresentou aquele diagnóstico, a condição sem escapatória de meu câncer já em estágio quatro, metastático. Fiquei, e continuo, desconcertado. Não é fácil a gente descobrir de repente que está à beira da morte, com um pé na sepultura, restando poucos meses de vida.

É segunda-feira, 28 de julho deste infeliz (para mim) 2025. Olho o canto inferior direito do notebook e constato que são precisamente dezenove horas e vinte e quatro minutos. O dia inteiro transcorreu nublado, e eu me animei com a acentuada possibilidade de chuva. Dias sombrios, de preferência com chuva torrencial e duradoura, é algo que me agrada sobremaneira. De início choveu pouquinho; fiquei na vontade. Bem, não é acerca de eventos pluviométricos que desejo falar.

Tranquei, antes das cinco da tarde, a bicicleta no estacionamento do mercado e entrei naquele sortido comércio. Contrariando o horário, que eu imaginei não fosse tão disputado, deparei-me com a loja muito frequentada. Considerei excessivo o volume do sistema de alto-falantes, que se referia a produtos em promoção, discurso de local perfeito para economizar, diversas vantagens que, ao fim e ao cabo, têm mais de propaganda enganosa do que veracidade. Incomodou-me também o vozerio, o burburinho da clientela, o vaivém de elementos empurrando carros de compras ou portando cestas de plástico vermelhas.

Fiquei com a sensação de que todos me olhavam com indiscrição, com cenhos carregados. Um tipo de desconforto que me fez imaginar que o nome câncer estivesse escrito em uma placa pendurada no meu peito com letras muito legíveis. Por que me encaravam daquela forma? Não faço ideia.

Daí a pouco uma idosa de maquiagem azul nos olhos arregalados segurou meu braço esquerdo e afirmou com voz roufenha: “Você é um morto-vivo! Não deveria estar aqui. O seu lugar é em uma cova no São Sebastião. Você está se decompondo, começa a cheirar mal. Vai morrer! Se não exatamente agora, entretanto o seu fim está bastante perto!” Meu coração ficou aos pulos.

Na sequência, quando me dei conta, eu estava cercado por pessoas estranhas, homens, mulheres e até crianças; cidadãos de várias idades. Sim. Encontrava-me rodeado, debaixo de olhares carrancudos. Senti que meu oxigênio ia diminuindo lentamente. Aqueles olhos me fitavam com severidade. Cogitei que tiveram acesso ao texto que publiquei no domingo.

Recordei-me, em especial, do comentário de uma leitora chamada Bernadete Lino, de Caruaru, que fez duras e arrazoadas críticas ao meu relato de ontem, 27. O círculo parecia se estreitar. Súbito, como num gesto de desespero, empurrei o meu carrinho por entre a velha e um rapaz e me afastei daquele grupo de elementos mal-encarados. No mesmo minuto olhei para trás; não avistei ninguém. Não daquele modo: aglomerados. Então concluí que aquilo não tinha sido real.

Minha respiração voltou à normalidade, o ar regressou aos pulmões. Virei-me umas duas ou três vezes para ver se estava sendo seguido pela velha raivosa. Nada. Nem sinal daquele rosto iracundo; nenhum outro semblante me apareceu com aspecto aborrecido. Tratei de encontrar (nas seções específicas) os produtos e gêneros alimentícios que me interessavam. Fui ao setor de massas e peguei dez pães franceses, um pacote de bolachas salgadas, um bolo de macaxeira e quase quatrocentos gramas de bolinhas de queijo, iguaria quentinha que a moça acabara de colocar em um recipiente de alumínio cujas bordas tinham cerca de cinco centímetros.

Comprei três pacotes de macarrão, um pote de manteiga, duas barras de chocolate meio amargo, seis pacotes de café, dois quilos de açúcar, leite em pó, creme dental, xampu, sabonetes, três sacos de bebidas lácteas, frutas, verduras, feijão, arroz, queijo de coalho, sobrecoxas de frango, pasta de amendoim, cinco latas de sardinha e outras cinco de atum.

Se não estou me esquecendo de nada, acredito que foram essas as coisas. Dirigi-me a um caixa com fila um tanto menor, arrumei as compras em três sacolas grandes, amarrei as alças destas e consegui acomodar as sacolas no bagageiro da bicicleta com uma corda elástica provida de ganchos nas pontas. Cheguei à boca da noite, a chuva ameaçava retornar, contudo a Pedro Velho (próximo deste meu domicílio) se encontrava cheia de vizinhos com suas cadeiras nas calçadas. Outra vez tive a sensação de que todos passaram a prestar atenção em mim. De imediato refleti e considerei essa impressão semelhante à espécie de surto que tive no mercado.

Com os itens guardados nos devidos lugares, tomei um banho e agora me encontro descrevendo o esforço, a aventura de ir às compras. É óbvio que não existiu nenhuma idosa de maquiagem azul nos olhos proferindo maledicências contra mim, entretanto, no justo instante em que redijo este capítulo, momento em que, felizmente, a chuva voltou com abundância, não pude me esquecer de uma única daquelas palavras de mau agouro: “Você é um morto-vivo! Não deveria estar aqui. O seu lugar é em uma cova no São Sebastião. Você está se decompondo, começa a cheirar mal. Vai morrer! Se não exatamente agora, entretanto o seu fim está bastante perto!” Decorrido todo esse tempo, tal prognóstico ainda me dá certo frio na espinha. Embora a mulher não passe de um delírio, o tipo de mal que me rouba o sono e a paz é concreto.

Não estava nos meus planos morrer com apenas cinquenta e dois janeiros. Exato! Nasci aos 27 de janeiro de 1973. Preciso me reunir o quanto antes com os amigos e escritores Marcos Araújo e Clauder Arcanjo, indivíduos de grande sensibilidade e recursos econômicos, aos quais deixarei a batata quente de publicar meus livros inéditos, inclusive esta narrativa desesperada, correndo contra o tempo. Chamarei os dois aqui para falar sobre minha enfermidade e fornecer algumas orientações acerca da edição das obras que almejo sejam lançadas em edições póstumas.

Não sei se mereço tanto crédito e vultoso investimento depois de morto. Não sou o que se possa chamar de mossoroense exemplar, de literato querido e bem-comportado. Longe disso. Apesar de tudo, torço que meus hipotéticos editores atendam este meu último desejo quase no leito de morte. Se acaso se comprometerem e depois abandonarem o compromisso, asseguro que meu espírito (acaso isso exista) voltará para aturdir esses autênticos luminares de nossa intelectualidade.

Tais cavalheiros honrarão nosso trato.

Marcos Ferreira é escritor

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Leia também: O Efeito Casulo – Dia 9

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Categoria(s): Conto/Romance
domingo - 03/08/2025 - 06:32h

O velho e o mar

Por Odemirton Filho

Arte ilustrativa com recursos de Inteligência Artificial para o BCS

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Reli o livro O Velho e o Mar, do escritor norte-americano Ernest Hemingway. Dessa vez, porém, reli o livro devagar, apreciando o desenvolver do texto, as palavras, a cadência da história.

Enquanto escritor, Hemingway adotou um estilo direto, talvez, valendo-se de sua formação em Jornalismo. No decorrer da vida escreveu vários clássicos, a exemplo de Adeus às Armas e Por quem os sinos dobram.

Em apertada síntese, O Velho e Mar trata da vida do velho pescador Santiago e do seu único amigo, o garoto Manolin.

O livro conta a história de um velho pescador que passa dias e dias sem fisgar nenhum peixe, trazendo para os seus sofridos dias um enorme desalento. Aliás, não sei por qual razão essas histórias de pescador me fascinam.

Talvez, seja porque eu sempre encontro pescadores lá pelas praias das areias brancas e, vez em quando, troco um dedo de prosa com eles. Quantas vezes eu tive que esperar pescadores voltarem do alto-mar para que pudesse efetivar a intimação? Muitas e muitas, não conto as vezes.

No livro, o velho Santiago parte mais uma vez para o alto-mar em busca de uma farta pescaria. Depois de alguns dias, consegue fisgar um grande peixe. Inicia-se, então, uma luta renhida para conseguir mata-lo e colocá-lo junto ao barco.

São dias de uma batalha que parece interminável. O grande peixe puxa o barco do velho pescador mar adentro. Porém, o velho, apesar de cansado, e sofrendo com a linha que feria as suas mãos, com pouca água e comida, permanece firme, fazendo-se forte.

“O homem não feito para a derrota, pensava, um homem pode ser destruído, mas nunca derrotado”. Assim é a nossa vida, repleta de batalhas. Umas conseguimos vencer, outras, não. Entretanto, precisamos continuar firmes, mesmo que machucados, pois a vida não é fácil para ninguém.

Como diria o velho pescador, “é uma estupidez não ter esperança, acho que é um pecado perder a esperança”.

E lá vamos nós singrando nossos mares. Às vezes, navegamos por mar calmo, outras vezes, revoltos. Além disso, enfrentamos tubarões, como fez o velho pescador. Tubarões de todas as espécies e tamanhos. Vencê-los é a nossa luta diuturna. Sem esquecer, decerto, que inúmeras vezes a nossa luta é solitária, sem ninguém para nos ajudar a remar o barco.

Ao fim e ao cabo de vários dias, depois de uma longa e exaustiva batalha, o velho pescador voltou pra sua humilde cabana. Ao seu lado, somente o garoto, seu único e fiel amigo.

Odemirton Filho é colaborador do Blog Carlos Santos

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domingo - 03/08/2025 - 04:04h

O Brasil e o quadro “Xeque-Mate” – a esperança na última jogada

Por Marcos Araújo

Friedrich Moritz August Retzsch, em pintura óleo sobre painel, 1831 (Reprodução)

Friedrich Moritz August Retzsch, em pintura óleo sobre painel, 1831 (Reprodução)

Há uma famosa pintura atribuída a Friedrich Moritz August Retzsch, artista alemão do século XIX, intitulada “Xeque-Mate”. A obra retrata uma cena tensa: de um lado da mesa, o Diabo triunfante; do outro, um jovem abatido, desesperançado. No tabuleiro de xadrez entre eles, parece não haver mais escapatória: o Diabo sorri, certo de sua vitória, enquanto o jovem vê todas as peças alinhadas contra ele. Mas, a despeito das aparências, há uma peça esquecida: o rei ainda não foi vencido. Existe uma última jogada.

Esse quadro tem servido, ao longo dos tempos, como metáfora poderosa da luta entre o bem e o mal, entre o desespero e a resistência. E talvez não haja figura mais apropriada para ilustrar o momento que vivemos no Brasil.

Vivemos um tempo em que o tabuleiro nacional parece dominado por forças hostis à racionalidade, à liberdade e ao senso comum. A política se vê encurralada por polarizações que se retroalimentam. A sociedade, fraturada, busca identidade em extremos. E o Direito — última trincheira da civilidade — parece por vezes cooptado por conveniências ideológicas, ativismos institucionais ou silêncios convenientes.

Em nome de causas, esquecem-se os princípios. Em nome da ordem, rasga-se o devido processo legal. Em nome do bem comum, toleram-se abusos que seriam intoleráveis em qualquer democracia madura. O povo — como o jovem do quadro — observa o tabuleiro com crescente desesperança, como se os lances já tivessem sido todos feitos e a derrota fosse inevitável. Mas talvez, como no quadro de Retzsch, o jogo ainda não esteja perdido.

Conta-se que um grande enxadrista, ao observar essa pintura, exclamou: “O jogo ainda não acabou! O rei ainda tem uma última jogada!”.  A observação partira do lendário campeão de xadrez Paul Morphy (1837–1884). Essa frase, que virou quase uma lenda, carrega um ensinamento poderoso: a esperança não está em negar a gravidade do cenário, mas em enxergar além do óbvio. O que parece xeque-mate pode ser apenas aparência — se houver sabedoria, coragem e fé.

O Brasil precisa reencontrar essa última jogada.

Talvez ela esteja na redescoberta dos valores republicanos, na restauração dos freios e contrapesos constitucionais, na recuperação da confiança entre as instituições e os cidadãos. Talvez esteja na sociedade civil, que pode — e deve — abandonar a passividade e exigir ética, técnica e decência na política. Talvez esteja na juventude, nos educadores, nos pequenos atos de resistência ao cinismo e à mentira.

A democracia brasileira não pode ser reduzida a um duelo de torcidas nem a um teatro de vaidades togadas. É tempo de nos lembrar de que o jogo da história nunca está encerrado enquanto houver um povo disposto a lutar, pensar e crer.

Como no quadro de Retzsch, pode parecer que o Diabo venceu. Mas o rei ainda pode se mover. Ainda há uma última jogada…Nas mãos do povo.

Marcos Araújo é advogado, escritor e professor da Uern

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Categoria(s): Crônica
sábado - 02/08/2025 - 23:24h

Pensando bem…

“Procura a satisfação de veres morrer os teus vícios antes de ti.”

Sêneca

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sábado - 02/08/2025 - 21:12h
De novo, outra vez…

Fátima volta a ser vaiada em evento popular

Na abertura da 1ª edição da Feira Nacional Boné Brasil em Serra Negra do Norte, nessa quinta-feira (31), a governadora Fátima Bezerra voltou a ser vaiada.

Episódio semelhante aconteceu na mesma região Seridó, na sexta-feira anterior, em Caicó.

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Categoria(s): Política
sábado - 02/08/2025 - 10:22h
Negociação

Servidores do Detran suspendem greve, mas seguem mobilizados

Movimento grevista anunciou decisão tomada nessa sexta-feira à noite (Fotomontagem: Luta Detran-RN)

Movimento grevista anunciou decisão tomada nessa sexta-feira à noite (Fotomontagem: Luta Detran-RN)

Reunidos em Assembleia nesta sexta-feira (01), servidores do Departamento Estadual de Trânsito DETRAN/RN) decidiram suspender a greve da categoria, iniciada em 28 de julho. A suspensão ocorreu após os profissionais identificarem avanços nas negociações com o Governo do Estado, retomadas em audiência com o Sindicato dos Servidores Públicos da Administração Indireta do RN (SINAI-RN), na quinta-feira (31).

Esses avanços, apontam os dirigentes do Sindicato, não significam que a gestão Fátima Bezerra atendeu à principal reivindicação do movimento grevista. Contudo, os servidores do Detran acreditam que a reabertura das negociações sobre a majoração do auxílio alimentação, suspensas desde 2024, é um sinal positivo.

Agora, como de praxe, a categoria vai retomar as atividades na segunda-feira (04). No entanto, o Sinai-RN alerta que a mobilização em defesa dos direitos dos trabalhadores do DETRAN vai continuar.

Recentemente, nos dias 08 e 15 de julho, os trabalhadores da autarquia promoveram paralisações por tempo determinado. Essas paradas sinalizaram que a categoria estava disposta a entrar em greve.

Reivindicações

Entre outras coisas, os trabalhadores do Detran-RN reivindicam a majoração do Auxílio Alimentação, a autonomia administrativa e financeira da Autarquia, o fim das terceirizações, a implantação de um Programa de Incentivo à Qualificação (PIQ), a adoção de pisos salariais profissionais; e a atualização do PCCR, com reenquadramento e reconhecimento de atribuições.

Na concepção da categoria e do Sindicato, essas reivindicações podem ser atendidas porque a arrecadação do DETRAN-RN cresce e a folha de pagamento representa apenas 18% da receita do órgão (0,41% da folha estadual).

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sábado - 02/08/2025 - 09:16h
Mossoró

Escola de Formação Feminista tem segundo módulo de aulas e debates

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Nos dias 5 (terça-feira) e 6 (quarta-feira) de agosto em Mossoró, às 9h, o Centro Feminista 8 de Março (CF8) realiza aula virtual aberta como parte do segundo módulo da Escola de Formação Feminista. A atividade integra uma série de ações do Projeto Autonomia Econômica e Cuidado desenvolvido em parceria com a Secretaria Nacional de Autonomia Econômica e Política de Cuidados, e conta com o apoio institucional do Ministério das Mulheres.

A aula será transmitida ao vivo pelo canal do CF8 no YouTube, com possibilidade de participação via plataforma Google Meet, mediante inscrição prévia.

No dia 5 de agosto, o debate será centrado no tema “Divisão sexual e racial do trabalho”, com a presença da renomada socióloga Helena Hirata, doutora em Sociologia Política com o foco de pesquisa em Sociologia do Trabalho e pesquisadora da Universidade de Paris. Também participa da mesa a vereadora de Mossoró, Plúvia Oliveira (PT), que é militante da Marcha Mundial das Mulheres. A mediação será feita por Conceição Dantas, do CF8.

Já no dia 6 de agosto, a aula abordará o tema “Defesa dos bens comuns contra as corporações transnacionais: justiça climática, luta contra a mineração e os impactos da energia eólica e solar”. A discussão faz parte das atividades de mobilização da 6ª Ação Internacional da Marcha Mundial das Mulheres, neste ano de 2025. Estarão presentes Tica Moreno, militante da Marcha Mundial das Mulheres, e Katiana Barbosa, agricultora e assistente social. A mediação será conduzida por Adriana Vieira, do CF8.

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sábado - 02/08/2025 - 08:00h
Liga de Mossoró

Agosto Branco tem campanha de enfrentamento ao câncer de pulmão

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O mês de agosto é de conscientização e prevenção ao câncer de pulmão. Por isso, a Liga de Mossoró – de Estudos e Combate ao Câncer (LMECC) dá início à campanha do “Agosto Branco.” Tratada de forma precoce, essa modalidade da doença tem bons índices de cura.

A campanha será aberta na próxima quinta-feira (07), às 14h, no Hospital da Liga, com explanação do dr. Hugo Amorim, oncologista, além da participação de estudantes do curso de Fisioterapia da Uninassau, ofertando massagens e procedimentos estéticos para os presentes.

Serão disponibilizadas 100 tomografias ofertadas pelo SUS, além de consultas com oncologista especializado em pulmão.

O público alvo são pessoas entre 50 e 80 anos, fumantes ou que já deixaram o vício nos últimos 15 anos.

Os interessados devem se dirigir ao Hospital da Liga, na antiga Casa de Saúde Santa Luzia, na Praça dos Hospitais, de segunda a sexta, com cartão do SUS, RG, CPF e comprovante de residência(originais e cópias).

A campanha será aberta na próxima quinta-feira (07), às 14h, no Hospital da Liga, com explanação do dr. Hugo Amorim, oncologista, além da participação de estudantes do curso de Fisioterapia da Uninassau, ofertando massagens e procedimentos estéticos para os presentes.

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sábado - 02/08/2025 - 07:22h
Mossoró

Fagner é atração na 22ª Convenção do Comércio e Serviços do RN

Artista é uma das atrações do evento (Foto: Divulgação)

Artista é uma das atrações do evento (Foto: Divulgação)

Mossoró receberá show da comemoração dos 50 anos de carreira do cantor Fagner.

A apresentação será no encerramento 22ª Convenção do Comércio e Serviços do Rio Grande do Norte que corre nos dias 05 e 06 de setembro no Garbos Recepções.

Outra atração confirmada no show de encerramento é o sambista potiguar radicado no Rio de Janeiro, André da Mata, que fará uma verdadeira roda de samba no Garbos Recepções convidando o público para cantar junto.

A Convenção é o maior evento corporativo do setor de comércio se serviços do estado promovida pela Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Rio Grande do Norte (FCDL RN) em parceria com a Câmara de Dirigentes Lojistas de Mossoró – CDL Mossoró.

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sexta-feira - 01/08/2025 - 23:10h

Pensando bem…

“Chorar é diminuir a profundidade da dor.”

William Shakespeare

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