Sempre sorridente e, às vezes irônico, ele dessa feita soltou uma máxima óbvia ou quase óbvia, tratando-me com o bordão que o caracteriza:

– Quem manda é a maioria, "juventude!"

Realmente é o comum. É o óbvio nas casas parlamentares. Tanto faz aqui como nos Estados Unidos, Japão ou algum país europeu.

O legislativo, denominado de "casa do povo", é ocupado por bancadas que se rivalizam e ter maioria é quase sempre sinal de vantagem em votações.

Pela primeira vez em quase seis anos de gestão, segundo mandato, a prefeita de direito de Mossoró, Fátima Rosado (DEM), não possui a maioria na Câmara Municipal. Está inferiorizada em um voto.

Placar de 6 x 7.

Isso explica, sem justificar, o ambiente conturbado e moralmente insalubre, em que se transformou a Casa nas últimas semanas.

Culpa-se a Câmara como um todo, tanto nas conversas informais do cidadão como através de setores da imprensa e na mídia social. Exagero! Meia verdade.

A generalização e certa miopia atribuem a esse poder o pecado por tudo. É mais fácil do que apontar o dedo na direção do Executivo e sua ingerência perniciosa.

Simplesmente a Câmara de Mossoró é vítima da intolerância, da inabilidade política e da arrogância.

Inferiorizado, o governismo partiu pro tudo ou nada. Conta, nessa operação, com a participação desesperada e sem limites, do próprio presidente desse poder, o vereador Claudionor dos Santos (PDT).

Outros vereadores colaboram por omissão; alguns por consórcio cúmplice e aspirações escusas.

O governo quer, a todo custo, voltar a ser maioria. Justo, muito justo.

Para isso, como já postado neste Blog no dia passado, desencadeou uma operação de guerra. Precisa que a Câmara não funcione, ao mesmo tempo em que procura cooptar um vereador pelo menos da oposição ou do chamado "Bloco Independente".

Tem conseguido o primeiro objetivo e aspira o outro.

A fase seguinte, com a maioria retomada, é impor outra vez sua vontade com a vantagem  numérica.

O raciocínio de Chico da Prefeitura valeu e valia enquanto o Governo "Da Gente" (deles) tinha a maioria. Chegou a ter 10 vereadores contra 3 da oposição, mas sem um pingo de talento à política, extraviou esse capital.

Em desvantagem, o mesmo governo e os remanescentes de sua bancada tentam, de qualquer modo, quebrar a ordem legal, princípios morais, a tese política defendida por Chico da Prefeitura e uma lei da matemática: 7 é maior do que 6.

Portanto, fiquemos atentos ao que se passa na Câmara de Mossoró.

Ela chegou a esse estágio porque, por certas circunstâncias, não é mais a Câmara da Prefeitura de Mossoró.