Por Mário Chamie
A carne é crápula
sob o olho cego
do desejo.
A carne é trôpega
se fala sob o pêlo
de outro desejo alheio.
A carne é trêmula
e fracta.
Crina de nervos,
veneno de víbora,
a carne é égua
sob o cabresto
de seus incestos
sem freios.
Fálica e côncava,
intrépida e férvida,
a carne é estrábica
nos entreveros
do sexo
com seus desacertos
conexos.
Sob o olho
sem mácula e cego,
a carne é crápula
nos arpejos
indefesos
de seus perversos
desejos.
Mário Chamie (1933-2011) – Poeta paulista
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