• Cachaça San Valle - Topo - Nilton Baresi
sábado - 21/02/2009 - 10:41h

A crise dos jornais e os passageiros da agonia

Bem antes da crise mundial pipocar, a mídia impressa já sentia abalos. Os jornais em todo o mundo experimentam queda na circulação, recuo de anunciantes e desmanche.

A revista Exame traz um ótimo material sobre o tema. "A má notícia dos jornais", é a manchete.

Fala desde o sufoco bilionário do gigante "The New York Times" (EUA), ao quadro de angústia em congêneres brasileiros. Uma tendência é que gradualmente haja migração de importantes marcas impressas para outras plataformas, com base na alta tecnologia.

O fim dos jornais é prognosticado, mas sem a repetição pura e simples da tragédia imposta aos dinossauros.  Há esperança de sobrevivência com dinamismo e dignidade.

"Os grandes jornais continuariam a existir, sem papel e sem tinta. Além de computadores, celulares, iPhone e seus similares, começam a surgir equipamentos sofisticados, como o Kindle da Amazon, que tem o tamanho de um livro (…). Mediante assinatura, ele recebe o conteúdo dos jornais em sua tela", assinala a reportagem.

Hoje, 60% do custo fixo de um jornal advém de papel, impressão e logística. Lamentavelmente, boa parte de seus dirigentes sequer sabem disso. Agarram-se a atalhos à garantia de funcionamento. Por vezes, como simples zumbis, mortos vivos – dependentes da irrigação do erário. 

Eu continuo apaixonado pelo jornalismo impresso. Foi uma afeição que derivou do apetite inicial pelo rádio, mas extraída do costume no tato e visão desde a infância. Impossível não ler "O Mossoroense" de Lauro da Escóssia, Dorian Jorge Freire e Jaime Hipólito. Nem esqueço das revistas "O Cruzeiro" e "Seleções". 

Hoje, sou devoto do webjornalismo com igual fervor. É uma realidade irreversível, com aprendizado diário. Recomeçar empolgante, com repercussão maior do que alcancei em mais de 20 anos de jornal.

As novas gerações são forjadas por outra cultura: são teclas e telas explorando seus sentidos. Raridade a gente testemunhar um jovem folheando nossos periódicos. 

Estudiosos, jornalistas e executivos do setor precisam estar atentos às mudanças sociológicas, sem preconceito ou pânico. A tríade Internet-computador-celular exige revisão de hábitos, conceitos e reengenharia pessoal-profissional.

Há um processo de alteração na linguagem, relação com o leitor-ouvinte-expectador-webleitor e no que denominamos de "emprego". Não adianta encontrar culpados. A humanidade experimenta a maior de todas as suas revoluções e quem não estiver envolvido, logo será vomitado.

A comunicação está ainda mais valorizada. Não são os Blogs e outras ferramentas que vêm matando os impressos. Esses veículos estão agonizando por seus próprios erros, sendo o principal deles a arrogância, que os impede de acordar à modernidade.

Como no início da revolução industrial, final do século XVIII, não adianta espernear, para impedir a chegada do novo. Inteligente é aprender para tirar proveito.

Àquele período, na Inglaterra, surgiu o movimento denominado de "luddismo". Derivava do operário Ned Ludd. Com as engenhocas começando a ocupar espaços que antes empregavam vários homens, ele liderou cruzada para impedir a industrialização. "Quebrai as máquinas", incitava.

Até os dias atuais ainda prospera entre insanos e muitos "instruídos", o medo da robotização, da nanotecnologia, informática etc. Há até quem persiga blogueiro, numa reedição milenar do complexo da transferência de culpa. Tolice. Burrice.

O futuro chegou. Quem não se cuidar será apenas passageiro da agonia.

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Categoria(s): Blog

Comentários

  1. Alexandra Ambrósio Machado diz:

    Carlos Santos, mais uma vez você fez, o que é natural, um análise real do drama financeiro por que passa a imprensa como um todo. Parabéns! Agora o que eu gostaria de saber é como em Mossoró conseguem sobreviver 4 jornais diários e mais, acho, que uns 2 ou 3 semanais, a Revista Papangu, a Revista Presença e outras que são editadas em determinados eventos. O mais estranho disso tudo é que alguns proprietários vivem babescamente. E as rádios? Como sobrevivem? Sei que a Rádio Rural, que não tem quem “ajude” vive precisando de aportes financeiro. É, amigo, esse filme não mudou nem nunca vai mudar. É o dinheiro público financiando a manutenção de um poder que só tem beneficiado alguns apadrinhados. O mais interessante é que o Ministério Público nunca procurou saber como se formaram, do dia para a noite, algumas fortunas, olhe não estou falando só da turma da PMM não, existem outros de órgão estaduais, federais. Tem gente que nunca colocou um prego em uma barra de sabão é de repente é empresário. Por que a proteção? Quando alguém terá coragem de mexer nesse vespeiro? Aproveito e pergunto: Por que até agora, ninguém questionou o valor da reforma daquela ponte, ou melhor pontilhão que fica na BR 304, próximo a Petrobrás, por mais de 7 milhões de reais? Cadê os plantonistas da ética e da moral? A gente precisa ter o mesmo julgamento para todos. É assim que deve ser! Vamos ser justos!

  2. Evaldo De Lima Rebouças diz:

    Prezados Carlos Santos, sou leitor diário de jornais Ha mais de vinte anos. Porém o conteúdo desta matéria é uma realidade. Existe uma migração rápida, eficaz e irremovível do público alvo dos jornais para os blogs e home pages. Onde ao meu ver,além de otimizar a velocidade da informação até o leitor, existe também a vantagem significativa da interatividade entre as partes. Não poderia fechar este comentário destacando o meu apreço e satisfação na preferência diária pelo seu blog. A felicidade ainda aumenta ao olhar para trás, e relembrar de você quando começou no Banco do Brasil ao lado do meu pai, Everardo Rebouças, nas conversas informais com nosso amigo comum Aldo Rebouças, e hoje, vejo um ícone no jornalismo de nosso estado. Um grande Abraço!!!!!!!!!

  3. Aline diz:

    Carlos Santos. Se possível fosse adoraria que você pudesse ser professor de Comunicação Social. Se as universidades tivessem outros dicernimentos aprovariam que houvesse professores práticos, pois a distância que existe entre a teoria e a prática é tão profunda que, às vezes, assusta. Eu com certeza seria sua aluna, meio que já sou. Nesse texto há algo que é evidente: o egoísmo de quem domina os meios de comunicação e não querem, na verdade, aceitar que ‘o novo SEMPRE vem’, já disse Belchior em sua canção Como nossos pais. Porém existe alguns que não querem apenas que o impresso deixe de existir. Natural, também não desejo que ele acabe. Por incrível que pareça ainda existe gente sincera no mundo. Este texto estará no blog //www.alinelinhares.com, pois além de ótimo é reflexivo. Viva a internet e salve o impresso!

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