• Cachaça San Valle - Topo - Nilton Baresi
sábado - 26/07/2008 - 22:16h

A Ilíada: edição atualizada


Dizem que toda grande obra da literatura, ou é a Ilíada ou é a Odisséia. Afinal, Homero colocou tudo ali, pois sabia que a vida nada mais era do que uma batalha e uma jornada. E a batalha de Homero começa quando, na sua Ilíada, ele narra o rapto de Helena, a bela esposa de Menelau, por Páris, filho do rei de Tróia.

Agredidos na sua honra, os gregos partem para sitiar Tróia por longos dez anos. E esse conflito, de tão importante, fizera com que até os deuses se envolvessem: os grandes guerreiros recebiam as suas bênçãos: o troiano Heitor, irmão de Páris, era ajudado por Zeus, Afrodite e Apolo; enquanto, do lado dos gregos, Aquiles era protegido por Hera (mulher de Zeus), Atena (deusa da sabedoria) e Poseidon (deus dos mares).

No entanto, essa proteção dos deuses em nada podia garantir a vitória de um dos lados, por um simples fato: os deuses de Homero podiam ser, ao mesmo tempo, perversos e mentirosos. Zeus e Apolo abandonam Heitor à própria sorte, e este ainda contando com a contra-ajuda de Atena que – passando-se por um dos irmãos do guerreiro troiano -, estimula-o a lutar com Aquiles, mesmo sabendo que ele morrerá neste combate.

E é exatamente o funeral de Heitor que põe fim ao poema, a Ilíada, de Homero, que tinha esse nome por ser cego, mas enxergava como ninguém… Outro que enxergava como ninguém era Nietzsche, por isso ele apresentou ao mundo a sua “terrível” lei do eterno retorno:

"Esta vida, assim como tu vives agora e como a viveste, terás de vivê-la ainda uma vez e ainda inúmeras vezes”

A Ilíada foi escrita no século VI a.C, mas ela pode ser muito bem reescrita e atualizada, agora, e por incrível que pareça, aqui em Natal. Afinal, não estamos num período de batalha, de guerra, pela prefeitura da nossa cidade?  Pois bem! Assumo a ousadia e a pretensão de fazer a versão “jerimum-caboclo” da Ilíada, e, por favor, caro leitor, tenha compaixão deste pobre arremedo de escritor que de semelhança com Homero só tem o fato de um dia ter sido cego também… um dia não: por treze anos…

Então, alivie as críticas, pois a minha versão é bem ruinzinha mesmo, e não poderia ser diferente: os personagens também não ajudam… Na minha versão, o personagem de Heitor será representado pela deputada Fátima Bezerra, pois ela tem as maiores lideranças, os todos poderosos (inclusive Zeus) do seu lado; já a deputada estadual Micarla de Souza será Aquiles… (espero que elas gostem da escolha).

O senador Garibaldi Filho é sem dúvida um dos mais fáceis personagens para se encaixar na história: ele será o oráculo de Delfos – o local onde os deuses se comunicavam com os humanos, dando-lhes os seus conselhos. E o conselho foi dado – “retire a sua candidatura enquanto é tempo” – pelo senador a deputada Fátima Bezerra, mas ela fez ouvido de mercador e agora está pagando o pato por isso. Melancólicos– e ninguém precisa ser cego, como Homero, para enxergar – os rumos tomados pela campanha da deputada Fátima.

Domingo, estava eu deitado, logo após o almoço, tentando reabastecer as baterias para mais doze horas de plantão noturno, quando sou despertado por alguns carros de sons, gritando, na verdade, implorando o nome da candidata da base do Presidente. E que base… Com certeza, nunca leram Cristo que alertava: “É insensato o homem que constrói sua casa sobre a areia.”

E olha que não eram só os carros que estavam implorando não, o senador e a governadora agitavam as suas mãos, tentando obter alguma resposta da população nas paradas de ônibus e em frente ao farol bar e, literalmente, ninguém esboçava qualquer reação. Era uma indiferença – que é o contrário do amor – de doer…

Além da indiferença da população – o que só vem corroborar com as pesquisas apontando a deputada como a de maior rejeição –, Fátima paga o preço do seu comportamento dúbio, nestes últimos anos: dizendo-se a favor dos funcionários públicos e votando sempre contra eles – Judas beijou Cristo antes de entregá-lo. Chamou-me atenção o profundo mau gosto das bandeiras: onde o vermelho vivo foi substituído pelas cores rosa e roxo, que agridem, tanto quanto esse acordão, a estética e a inteligência do eleitor.

Para finalizar, resta-me encontrar em qual papel colocarei o prefeito Carlos Eduardo.

Se fosse a Odisséia de Homero, o personagem perfeito do prefeito seria Tirésias, aquele que tinha o dom da previsão. Carlos Eduardo, no seu discurso, assim que rompeu com os seus primos, em abril de 2002, para ficar do lado da ex-prefeita, naquela época, Wilma de Faria, disse: “Os pioneiros correm o risco de serem picados pelas cobras, mas são os primeiros a verem o vôo das borboletas…”. 

Profético, não acham? Afinal, as borboletas estão voando de vento em popa…

Francisco Edilson Leite Pinto Júnior Professor, médico e escritor

Compartilhe:
Categoria(s): Fred Mercury

Comentários

  1. Aluisio Barros diz:

    E o teu texto faz a manhã de domingo subir balão. De tão bonito.

  2. lucia de fatima santos diz:

    Dr. Edilson, Parabenizo pela edição bem atualizada da Ilíada. Belo texto.

Faça um Comentário

*


Current day month ye@r *

Home | Quem Somos | Regras | Opinião | Especial | Favoritos | Histórico | Fale Conosco
© Copyright 2011 - 2024. Todos os Direitos Reservados.