Por Vonúvio Praxedes
As eleições municipais funcionam diferente das gerais. É muito mais fácil você encontrar nas ruas um candidato a vereador do que um que disputa vaga ao Senado Federal, Governo Estadual ou Presidência. As demandas urbanas que interferem diretamente em nosso cotidiano, são aquelas onde normalmente as soluções partem dos gestores que conhecemos, onde moram e sabemos a rotina política.
É mais comum ver um prefeito passando na rua pedindo voto tendo contato direto com os eleitores. Esta obviedade mostra que nos municípios votamos em pessoas conhecidas e pouco em partidos. As cores definem os grupos, mas os nomes nos ligam e conquistam. Falar em ideologia quando tratamos em escolha de vereador(a) e prefeito(a) é algo distante no aspecto convencimento. Talvez fosse mais fácil o eleitor se sentir repelido que atraído em meio às falas normalmente destacadas no debate Nacional. Essa é uma compreensão de massa, mas é claro que existem aqueles críticos fundamentalistas que enxergam primeiro o lado ideológico.
Neste momento é interessante deixar as teorias ideológicas daqueles que nas cadeiras acadêmicas se debruçam sobre Antoine Destutt de Tracy ou Karl Marx para a lógica diária de quem vive política municipal, aquela raiz. Isso porque a ideologia não é fácil de ser compreendida no aspecto teórico nem mesmo por quem estuda este assunto.
Imagine, portanto, como alguém que sequer tem estudos elementares conseguiria apropriar-se deste pensamento crítico para embasar a definição de voto ou cobranças de políticas públicas. Aos de classes mais abastadas, onde talvez isso pudesse ser mais bem consumido e compreendido, existe um enviesamento do pensar.
Certamente, a conduta mais ideológica em termos da famigerada “pauta de costumes” pode causar tanta controvérsia, quanta desinformação, justamente pela falta de preparo dos que dela se apropriam. E veja que os vieses forjados não são limitados a um lado da balança, mas de ambos os espectros dominantes, esquerda e direita.
Existe um esforço por parte do bolsonarismo para reivindicar a propriedade dos assuntos mais “conservadores” em detrimento daquilo que é apontado como pautas lulistas dos valores encabeçados e defendidos pela esquerda. Comum entre os dois lados é a busca pelo populismo que abraça grandes multidões trazendo um efeito de manada, onde tópicos se confrontam e mantêm a separação das defesas, não permitindo a coexistência, mas tão somente protagonismo único.
Certo x errado; Bem x mal; Deus x diabo. Cada lado querendo estar do lado da sua verdade absoluta.
Estrategicamente, nenhum candidato a vereador ou prefeito vai chegar numa visita de campanha na casa quem não conhece, para esbravejar a defesa nacional de Bolsonaro ou Lula. Primeiro pede voto para si, deve falar das necessidades locais e soluções viáveis, além das tradicionais promessas.
Se, e somente se, achar que pode entrar neste quesito, podendo emitir alguma posição, e com isso fazer necessariamente parte do convencimento usará o argumento ideológico do embate nacional.
“Você vota em mim e mais adiante a gente fala sobre Lula e Bolsonaro”. Escutaremos assim nos pedidos de votos este ano. Basicamente, o eleitor nos municípios votam em nomes conhecidos e por serviços prestados.
Claro que os eleitos em 2024 darão sustentação à votação de 2026, mas este é assunto para um outro momento.
Vonúvio Praxedes é jornalista com atuação no Grupo TCM (rádio 95 FM e TCM Canal 10) e editor do Diário Político
Série Eleições Municipais 2024
Leia também: Convidados especiais vão nos ajudar a entender as eleições 2024
Leia também: Uma eleição fria, por enquanto – Por Sávio Hackradt
Faça um Comentário