Eu era vice-prefeito da nossa querida urbe (1997/2004) quando foram iniciadas as negociações para a instalação aqui no nosso Município de uma fábrica da Porcellanati Revestimentos Cerâmicos, do Grupo Itagrês, grupo do Estado de Santa Catarina.
Fiquei animado, pensei que seria rápido o processo, mas havia uma série de pré-condições colocadas à municipalidade, principalmente na área de infra-estrutura. Tudo bem!
A municipalidade decidiu, na área destinada ao parque industrial, criar as condições, não só para a Itagrês, mas para incentivar a chegada de outras fábricas, seria o nosso pólo industrial se concretizando.
Lendo os jornais, aqui do Estado nessa sexta-feira, 12 de dezembro de 2008, li em um deles a seguinte noticia que reproduzo ipsis litteris: “A governadora Wilma de Faria recebeu na manhã de ontem a confirmação oficial sobre a liberação de cerca de R$ 51 milhões para instalação de uma fábrica da empresa Porcellanati Revestimentos Cerâmicos, do Grupo Itagrês, em Mossoró. Os recursos virão do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FNDE), através da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE). Com isso, o Rio Grande do Norte receberá uma das maiores fábricas de pisos e revestimentos do país, com investimento total estimado em quase R$ 100 milhões”.
Mais adiante o jornal dá a seguinte informação: "Para a instalação da fábrica em Mossoró, o Governo do Estado também cumpriu com todo o protocolo de intenções, viabilizando junto a CAERN a ligação de água, com a COSERN a ligação da rede de alta tensão e com o DNIT a construção da via de acesso".
Lembro que algum tempo atrás era um poço profundo que estava faltando e as noticiais era “se não sair o poço não sai à fábrica”. Parece que o poço saiu.
Diante dessas noticias, lembrei-me do grupo Fragoso Pires, aquele que adquiriu a Alcanorte e a Álcalis, a preço de banana, e nem sei se pagou. Nesse tempo eu era deputado estadual (1991/1994) e o governador era José Agripino Maia.
Nesse período o assunto mais debatido na Assembléia Legislativa e nos principais jornais do Estado, era a retomada das obras da fábrica de Barrilha no Município de Macau, seria a salvação do nosso Estado, a vinda do grupo Fragoso Pires iria ser a redenção econômica do Rio Grande do Norte.
Essa iniciativa iria gerar milhares de empregos e para isso era necessária uma série de incentivos, ao “bondoso” empresário carioca, por parte do Erário Estadual como também do Federal.
Entre outras coisas era preciso isentar de impostos a fábrica de Barrilha, com isso viabilizando o empreendimento.
O Governador enviou uma mensagem à Assembléia concedendo isenções ao grupo Fragoso Pires. Lembro que a Assembléia estava instalada em Pau dos Ferros, era o programa Assembléia Itinerante, na época o Presidente do Legislativo Estadual era o Deputado Raimundo Fernandes.
O Governo, através da sua liderança, fez uma pressão danada para ser aprovada a mensagem que chegou em regime de urgência urgentíssima. Se não fosse logo aprovada corria o risco da fábrica não abrir e o prejuízo para o Parque Petroquímico do Estado seria incalculável. Esse era o argumento da urgência da mensagem.
Como líder da oposição e do PMDB fiz um discurso analisando a mensagem. Lembro que levantei uma série de questionamento e no final fiz um pequeno comentário, meio irônico, onde disse, “… Senhor Presidente, nessa mensagem só está faltando dizer que é o Estado quem vai contratar e pagar os trabalhadores durante vinte anos”.
Afirmei isso diante do absurdo do que o empresário estava pedindo e do que o Estado estava fazendo. Isso no auge do neoliberalismo, logo eles que defendem a não ingerência do estado na economia.
Quando Fragoso Pires vinha ao Estado era muito paparicado, recebeu até o título de Cidadão Norte-rio-grandense, entregue em sessão solene concorridíssima, com muitos discursos em louvação ao salvador da Pátria.
Os deputados Júnior Souto, Leonardo Arruda e José Dias, comigo, faziam o coro contra essa descabida mensagem. A mensagem foi aprovada e a fábrica de Barrilha continuou um elefante branco, milhões de dólares enterrados sem nenhum retorno.
Esse é um assunto que merece uma investigação, uma reportagens investigativa, esclarecimentos a população, até porque no meio disso tudo tem umas histórias cabeludas de uns terrenos em Cabo Frio, no Estado do Rio de Janeiro, que entrou na aquisição do espólio da Álcalis e da Alcanorte.
Todo processo de privatização que fizeram na onda neoliberal, nos governos Fernando Collor e Fernando Henrique, merece ser passado a limpo.
Tudo bem, os grandes capitalistas sempre acumularam riquezas agindo assim, no frigir dos ovos somos nós, o povo, que pagamos à conta, isso é próprio do capitalismo, o Estado é quem sempre lhe deu o suporte e as condições de enriquecimento. Vamos ver o que vai acontecer com a Itagrês.
É marcar serrado e, fiscalização neles.
Antônio Capistrano foi deputado Estadual (1991/94) e vice-prefeito de Mossoró (1997/2004)
Para quem será os emprgos gereados pela Itagrês?? Uma cidade onde o Mapa de Pobreza e Desigualdade 2003, do IBGE, 55,3% dos Mossoroense vivem na situação de pobreza absoluta. Será que esse povo tem algum tipo de qualificação para trabalhar??? No mesmo estudo do IBGE, Mossoró aparece com 20,4% da população vivendo em situação de extrema pobreza. Cadê os empregos??? O discurso de crescimento e desenvolvimento econômico aliado ao discurso da Gestão de Resultados ou de obras estruturantes por parte do poder público municipal não garante a cidade de Mossoró, uma situação privilegiada, porque a geração de empregos não é para os Mossoroenses e sim para quem aqui vem de fora, com maior qualificação. Temos uma Universidade Estdual, uma Federal, duas Particulares, um Centro Proficionalizante, Senai, Sesc, Sesi, instituições que qualificam alguns poucos que podem pagar, mais não garantes que esses oucos consigam trabalhar. Esses índices de pobreza demonstram a pobreza dos nossos govrnandes e a falta de zêlo pela população de Mossoró. Abraços Carlos.