O noticiário que vejo em redes de TV e na Internet, sobre a morte de 12 crianças e o suposto suicídio, em seguida, do responsável por esse massacre, Wellington Menezes de Oliveira, é muito desencontrado. Está confuso.
Mistura sensacionalismo com passionalidade, numa análise conflitante quanto ao homicida e suas razões. O que parece óbvio é o perfil psicológico-psiquiátrico do assassino: sofria de distúrbios mentais.
Noutra vertente, também se debate a questão da venda e uso de armas de fogo no Brasil, além da segurança obrigatória que o poder público deve oferecer ao seu alunado.
Bom deixarmos a "poeira" baixar um pouco. A distância e o tempo vão nos ajudar a compreender essa barbárie pouco comum, em suas características, no Brasil. Normalmente ouvimos algo do gênero nos Estados Unidos. Pelo menos os casos mais célebres surgem de lá.
Em 2005, através de referendum, o Brasil decidiu que as armas de fogo podem continuar sendo comercializadas, seguindo a critérios relativamente rígidos para seu porte. De lá para cá, a violência não diminuiu em nada. Contudo não é o cidadão comum que tem um revólver na cintura, o principal algoz da própria sociedade.
A bandidagem é que possui pleno "porte de arma", promovendo chacinas, mortes em escala industrial, ano após ano. Mossoró é um exemplo disso.
Temos já mais de 50 assassinatos este ano e em sua quase totalidade a autoria não é do cidadão de bem. O bandido anda armado e mata quem quer, quando quer. Sabe que na enorme maioria dos casos não será preso e se for, logo estará nas ruas em curto tempo.
Nos Estados Unidos, a legislação assegura venda de armas e munição até pela Internet e correios. A população é bem maior e o número de mortes por armas de fogo fica atrás dos números do Brasil.
Em Israel, qualquer cidadão, até por incentivo do Estado que vive em permanente regime militar, incentiva e facilita a aquisição de armas. É tão comum ter uma pistola na bolsa quanto um aparelho celular.
Lá, os índices de homicídios por arma de fogo são ainda menores.
Portanto é frágil a tese – baseada no barulho emocional – de que esse jovem promoveu esse morticínio por ter facilidade em pegar em armas.
O caso que se evidencia é de distúrbio psíquico do autor, que não teria recebido o devido acompanhamento, até chegar nessa erupção. Era um esquizofrênico que matou e feriu várias crianças à bala por entender ser justo. Provavelmente, em sua mente insana, se imaginava um "iluminado".
A esquizofrenia tem como um de suas características, a diminuição do afeto, quando não a sua total retração.
Poderia ter ocorrido em Natal, em Pelotas (RS), em Rio Branco (AC), não importa. Ocorreu no subúrbio do Rio de Janeiro e virou uma dor nacional e talvez planetária.
Mexer com criança é sempre delicado e suscita extremismos. Filhos, em si, sempre são bens preciosos demais, mesmo que muitos entendem como normal zelar apenas os seus próprios herdeiros, olhando o rebento alheio como um zé-ninguém.
Nesse episódio, entendo, a primeira vítima foi o próprio homicida. As crianças fuziladas e seus familiares, cada um de nós com sua comoção, também estamos nesse rol.
Tem muito Wellington Menezes de Oliveira zanzando por aí, à espera de tratamento humanizado e profilático, antes de explodir em fúria.
A escola, militarizada, com detector de metais, rondas armadas internas e externas, pode inibir o trânsito de drogas, a violência física e chacinas como essa. Mas continuará sendo "depósito de crianças" em vez de melhor ajudá-las em sua formação como ser humano de carne, osso e cérebro.
Assim, aqui ou ali, continuaremos testemunhando o "lado B" de alguns indivíduos rosnando contra a vida, ameaçando a dignidade alheia e comprometendo o futuro de milhares e milhões de indivíduos – jovens ou não.
De louco, tenha certeza, todos temos um pouco.
Carlos , as escolas só ensinam o conhecimento , a responsabilidade , a maturidade e o respeito quem têm o dever de ensinar é a familia ,
Minha opinião: É claro que não foi suicídio. Seria inocência imaginar que um policial, na situação em que ocorreu naquele momento, teria outra atitude, senão eliminar, tal qual se apresentou o indivíduo. E não podemos nem devemos ser, de maneira nenhuma hipócritas, pois o homem da lei, neste caso, foi correto, evitando o que poderia ser, segundo todas as descrições, um massacre indescritível (Deus…). O que não podemos, é deixar que tal situação, inimaginável até aqui, nesta nação verde e amarela, torne-se apêndice para sensacionalismos exacerbados. Nossa imprensa, muitas vezes exagera e a situação triste e indescritível como foi esta de Realengo, não pode ser explorada…
“O homem é um ser tão imperfeito que ainda precisa de documentos pra provar que existe”. NEIMAR DE BARROS.
Caro CARLOS SANTOS, mesmo pesando e sopesando todas as variantes quanto a violência urbana nas ditas metrópolis e cidades médias brasileiras, não esqueçamos que o epidódio, sobretudo e infelizmente soma-se a mais um, que, traduz-se em mais um triste simbolo do quanto o ser humano é capaz de positiva e negativamente se expressar e de fazer eclodir de sua mente e do seu corpo as mais sublimes e as mais repugantes ações.
A propósito, fatos dantescos como esse nos faz e nos obriga a parar e refletir no sentido de tentar de alguma maneira dificultar ao máximo a possibilidade de que, novamente venham a se repetir.
Nâo esqueçamos da campanha de desarmamento encetada pelo governo LULA, e que, infelizmente foi solenemente ((ATRAVÉS DO PLEBISCITO)ignorada pela maior parte da sociedade brasielira.
Daí eu pergunto, esse sociopata tendo ao seu alcance uma simples arma branca – facão, canivete peixeira e outros (ou) instrumentos cortantes – teria realizado tamanha carnificina e conseguido matar e ferir dezenas de criancinhas inocentes…!!!???
Desse episódio fica um emblemático, pungente e urgente aviso. A facilidade com que os particulares de todos os estamentos sociais têm acesso a arma, precisa urgentenmente ser revista, sob pena de presenciarmos e vivenciarmos mais e mais episódios e relatos semelhantes.
FRANSUÊLDO VIEIRA DE ARAÚJO.
OAB/RN. 77318.
De louco, tenha certeza, todos temos um pouco. E com uma arma de fogo em mãos nesses momentos de loucura …
A facilidade com que as pessoas têm acesso aas armas de fogo em nosso país nos coloca em constante estado de alerta total onde quer que possamos estar. Diante disso, temos a certeza de que, além do comportamento humano face aas adversidades da vida ser, em partes, imprevisível, existem também, em nosso meio, pessoas com transtornos de personalidades graves como é o caso da esquizofrenia, do transtorno de personalidade esquizotípica e os sociopatas (conhecidos pelo senso comum de psicopatas). É bastante assustador saber que para cada grupo de 100 pessoas, quatro entre elas têm instinto antissocial, ao “menos” é o que nos revela o resultado de uma pesquisa realizada por um psicólogo canadense. Isso sem levar em consideração os outros transtornos de personalidades que são também de comportamentos imprevisíveis e potencialmente perigosos e que, na maioria das vezes, são conseqüências de valores fundamentados na cultura.
Como uma simples tentativa de entender e explicar em partes as “razões” por trás desses fenômenos que não se restringem apenas aquelas pessoas com problemas psicossomáticos (congênitos, acidentais ou traumáticos), mas também a todos de um modo absoluto, é plausível afirmar que o comportamento humano é duplamente programado: por um código genético herdado de seus antecessores e pelos valores semióticos em circulação na sociedade que vão edificar a estrutura psicossocial do indivíduo e determinar seu comportamento.
Nessas perspectivas, todos se incluem e partem da seguinte prerrogativa ou apanágio: O maior desejo do ser humano é o de ser o “objeto” de afeição e admiração do seu semelhante, isto é, de ser amado. Em busca da plenitude desse objetivo, o indivíduo (natureza única, indivídua) investe toda sua força libidinal (energia motriz psíquica e física) nesse sentido. A natureza desse investimento, em uma determinada sociedade, vai depender, para as pessoas de senso comum – a grande maioria, dos valores semióticos preexistentes e em pleno vigor no seio social. Na nossa sociedade, esses valores atualmente são os substratos da cultura do TER para depois SER digno que qualquer atenção afetiva do seu semelhante.
“PERCEBEMOS”, nesse sentido, em todas as partes e a todo momento, um esforço descomunal e, na maioria das vezes, inconscientemente desumano das pessoas na tentativa de obter SUCESSO na vida em detrimento do próximo e nos parâmetros desses valores. “DESPERCEBIDAMENTE” tornamo-nos cidadãos paranoicos. Para nos fazer compreender essa falta de percepção da consciência do ser-em-si pela confirmação do outro foi muito oportuna a observação do psicanalísta Sandor FERENCSI quando ele afirma que os traços de caráter são EGOSSINTÕNICOS, isto é, passam despercebidos pelas pessoas – quem é chato não se acha chato. Da mesma forma, quem é alienado, arrogante, orgulhoso, fanático, doente etc. não se vê assim por julgar assim SER natural.
Gilmar Henrique
Hillmax1@hotmail.com
Nacoruja1.blogspot.com