segunda-feira - 02/03/2009 - 09:23h

A opinião do Blog sobre crise entre Unimed e usuária

Li atentamente a denúncia de Teresa Cristina de Sousa Duarte e do médico Paiva Lopes, sobre suposta negligência da Unimed, na relação com uma criança e usuária desse plano médico. Duas postagens foram feitas no domingo (1).

Nâo consigo dimensionar a aflição de uma mãe, com criança à mão e sob patologia irreversível. A morte pode ser questão de dias, semanas ou alguns anos. Deve ser dilacerante.

Ao mesmo tempo, é claro que o olhar médico se volta para o cerco da sociedade e julgamento antecipado ao seu trabalho. Juízo de valor condenatório, que se diga.

Existem médicos e médicos, jornalistas e jornalistas…

O fato de termos uma criança com doença "degenerativa", "sem cura", não a torna imprestável. Ou será que vamos copiar povos da antiguidade, que deixavam ao relento ou executavam friamente, bebês "defeituosos"?

Até onde enxergo, o Brasil não contempla em sua legislação o "direito" ou "poder" à promoção da eutanásia.

Faço um comparativo pessoal, mas longe de se assemelhar ao que dona Teresa certamente passa. Uma dor particular.

Há alguns anos perdi dois cachorros, Plutão e Átila, para o Calazar. Um Pastor, outro mestiço. Diagnóstico que me arrasou.

Não tive coragem de fazer o que me foi aconselhado por veterinários: "Sacrifique-os".

Resolvi tentar mantê-los vivos, mesmo com tudo em contrário. Vi-os morrer e até hoje não saem de minha memória: fiéis, carinhosos e disciplinados (Átila, nem tanto), eram parte de mim.

E um filho? Como eu reagiria se fosse gente? Creio que lutaria para sentir sua respiração, mesmo que tênue, até o último suspiro, com todas as minhas forças.

É isso.

Compartilhe:
Categoria(s): Blog

Comentários

  1. Larissa Gabrielle Araújo diz:

    Eu aprendi muito cedo a me colocar no lugar das pessoas. Imagine você, com seu filho deficiente, de 11 anos, chorando praticamente 24 horas por dia. Você leva ao médico e ela precisa de um exame simples como um EEG para ser medicada, um exame que de tão simples dispensaria uma viagem à Natal ou Fortaleza para fazer, o que traria um despesa financeira enorme e desnecessária, já que pode ser feito na cidade onde habita a criança, e a familia passa quase dois meses sem satisfações da UNIMED ou da clínica por conta de um simples medicamento que também é fabricado em Mossoró. Em nenhum momento a mãe questionou a competência de Dr Paiva, nem a qualidade dos serviços ou de sua clínica. Dona Teresa, que por sinal é Presidente da APAE Mossoró, daí já resalva-se a sua credibilidade, competência e excelente referência, está certa, por indagar o descaso. Se fosse você, se fosse seu filho, se fosse eu? Se o caso da menina Fernanda fosse mais grave? Queria saber de Dr. Paiva, se fosse o filho dele, teria feito na clínica ou teria ido à Natal ou a Fortaleza? Paciência. Temos que nos colocar no lugar das pessoas antes de criticar uma atitude. Vai viver o problema de uma mãe dessas. Teresa está certa na sua revolta. Está certa como mãe, está certa como usuária. Tempestade em copo d’água? É a vida de um filho. Sabe lá o senhor Dr. Paiva o que é fazer tempestade em copo d´água com um filho deficiente chorando sem parar e precisando ser medicado? Tendo DIREITO ao atendimento da sua clínica, porque paga e caro por isso.

  2. Bruno Falcão diz:

    Tempestade em copo d’água? Todo mundo sabe que a única coisa que a UNIMED Mossoró não tem é qualidade em seus serviços. Quem conhece Teresa em sua índole e inteligência sabe que jamais ela faria Tempestade em copo d’água.

  3. zeroberto diz:

    A Unimed Mossoró,é caso de polícia,pago Univida,uma “fortuna”,teoricamente,tenho direito de avião a tratamento de “remela”,mas,precisei de um oftalmologista,só tinha vaga dalí a 90 dias,de uma Esteira Ergométrica,só com 60.
    Vou pro “terço dos homens”.

  4. Dorian Filho diz:

    Carlos:
    A classe médica de Mossoró precisa ser reciclada, existem bons profissionais, é claro. Mas existe uma boa parcela que deixa muito a desejar, profissionais que tratam o paciente como gado, sem o mínimo respeito, arrogântes e despreparados.
    Não se atualizam , não participam de congresso e de cursos dentro de sua área. Se acomodam e quem sofre com esse descaso é a população. eu mesmo já fui vítima de vários maus profissionais.
    Mas lógico existem os médicos comprometidos com a população e que continuam se aperfeiçoando a cada dia, pena que não sejam todos.

  5. Paiva Lopes diz:

    Carlos, não pretendo polemizar e, esta é a última opinião sobre o fato em epígrafe.Quando eu falei que a Sind Rett é degenerativa,e sem cura, é aquí em Mossóró e, em qualquer ponto deste universo.Não me referí a não ser feito nada.Esses pacientes têm que ter assitencia fisoterápica,terapia ocupcional, fonoaudiólogo,medicação sintomática e, principalmente muito carinho e amor.O que me levou a responder a esta senhora(que continuo sem conhece-la e em nenhum momento ela se derigiu a minha pessoa) é que o EEG não é diagnóstico , nem terapeutico e nem de urgência.E que uma semana a mais ou a menos não vai modificar em nada a doença de sua filha.Com a medicação chegada hoje, através da salutaris, aguardo a paciente pra realizar o exame, que por sinal será o último que farei com sedação.Continuarei a fazer só em adultos que não há necessidade de tanto auê.Já comuniquei o fato a Unimed.
    um abraço

    Paiva

    P.S. Deixo de informar o valor pago por um EEG, pois você não irá acreditar.
    Paiva

  6. Teresa Cristina de Sousa Ferreira Araújo Duarte diz:

    Dr. Paiva,

    Também não quero polemizar, em nenhum momento tive essa intenção. Realmente o Senhor não me conhece; sou paciente eventual do seu consultório, desses que entra e sai sem chamar muita atenção.

    Será mesmo TEMPESTADE EM COPO D’AGUA?

    Sinceramente, ao concluir a leitura do comentário médico a cerca do meu artigo, parei! A primeira reação que tive foi exatamente me perguntar: Por que não fiz uma Tempestade em Copo d’água? Como pude reagir de forma tão fria a indiferença sofrida pela minha filha? Quando se está no limite da indignação e da revolta o ato de apenas escrever um texto, um desabafo por escrito, reivindicar dentro dos aspectos legais os seus direitos, tentar fazer com que se enxergue passivamente que a situação envolvia um ser humano é fazer Tempestade em Copo d’água? Reconheci neste momento que faltaram ação e reação de minha parte. Ficou claro também que na visão de quem avalia a condição das pessoas com Síndrome de Rett elas estão naquela do tanto faz como tanto fez, entre outros ditos. Quem sabe tivesse feito eu, Tempestade em Copo d’água a exemplo do que sugere o Doutor a minha filha tivesse realizado o seu exame em Natal ou Fortaleza com todos os custos assegurados pela UNIMED? Ou quem sabe ainda a medicação não teria vindo de uma dessas cidades?

    Responderei seu comentário sobre dois aspectos:

    Primeiramente, em nenhum momento foi minha intenção ofendê-lo ou denegrir sua imagem profissional até porque minha filha é usuária da UNIMED e é pelos seus serviços que pago e foi sobre a deficiência na prestação dos mesmo que escrevi. Se houve “auê” não foi da minha parte. Com relação à Síndrome de Rett fico muito feliz que hoje o senhor detenha tantos conhecimentos a respeito. Pois há exatos dez anos e um mês, quando Fernanda tinha 11 meses, o senhor foi o primeiro profissional da área de neurologia por mim procurado e mesmo o diagnóstico da SR sendo essencialmente clínico, foi levantada pelo o Senhor a hipótese de se tratar de uma Distrofia Muscular do tipo Duchenne. Quem sabe pela confusão em afirmar que a Síndrome de Rett se manifesta EM TORNO DOS DOIS ANOS DE IDADE E NÃO ATÉ OS DOIS ANOS. Sabemos que no início o diagnóstico da SR é muito confuso, e creia que isso foi muito bom para mim, pois fez com que eu não me acomodasse na busca por conhecer o que a minha filha tem e hoje não me considero autodidata, mas reconheço a condição de tratar assuntos sobre a Síndrome de Rett com quem quer que seja. Afirmo que lhe tenho todo respeito e confiança profissional, tanto é que hoje (03 de março de 2009), às 15 horas, estaremos eu e Fernanda na sua clínica para realização do exame conforme agendado ontem pela UNIMED.

    Esclareço ainda que a condição que levou a neuropediatra a solicitar o exame foi o fato de nos últimos tempos a minha filha apresentar irritabilidade que a leva a chorar horas sem causa aparente, distúrbio do sono, não dorme durante o dia e tem passado madrugadas acordada, apresenta crise de ausência, sem contar que foi usuária de anticonvulsivante durante seis anos. Eu pergunto: estes sintomas são indicação de EEG? Havia meios de medicá-la ou avançar na pesquisa sem conhecer o resultado desse exame?

    O outro aspecto; para mim o mais importante!

    A ação que tive ao ler seu comentário foi ir até a sala onde Fernanda se encontrava. Fiquei a observá-la… É uma menina, ela é linda, tem enormes olhos castanhos, está feliz, o nome dela é FERNANDA. Essa menina não fala, não corre, tem apnéia, hiperventilação, movimentos constantes involuntários das mãos, não se alimenta sozinha, não controla os esfíncteres, tem dificuldade de comunicação, mas ela continua sendo FERNANDA. O nome ou definição do estado dessa menina em nada muda sua realidade o que melhora sua condição é nossa atitude em relação a ela.

    No meu percurso diante das lutas e desafios impostos pela Síndrome de Rett, aprendi a ter muita admiração por alguns profissionais que acreditam no que fazem e que me ensinaram a valorizar o menor movimento que vem acenar para evolução. Profissionais que podem enxergar que atrás dos seus olhos existe uma vida cheia de esperança. Que bom, Doutor perceber que em seu segundo comentário o senhor as reconhece como pessoas merecedoras do nosso carinho e amor.

    Quando estava ainda a observá-la recebi de volta um olhar profundo desses que perscruta a alma, senti nesse momento que não poderia deixar de respondê-lo, não apenas por ela, mas por todas as meninas jovens e mulheres com Síndrome de Rett, que são gente, que têm sentimentos, preferências, que amam, que VIVEM!

    Fernanda, Doutor, me ensina numa pedagogia muito particular as coisas de Jesus Cristo. Com ela tenho aprendido a valorizar as pequenas coisas, a não desistir nem desanimar, a jamais perder a esperança, a ser paciente, viver cada dia de forma única, a ter felicidade. Tudo isso ensinado não com palavras, mas com sua própria VIDA.

    Não tenho mais nada a lhe falar, sabe por quê? Aprendi com a minha filha com muita profundidade, o que é a vida e o que nela realmente importa.

    Paz e bem!

    Obrigada a Carlos Santos e a todas as pessoas que nos compreenderam.

  7. Gutemberg Dias diz:

    Caros,
    Me solidarizo com a Sra. Tereza que veio a esse espaço democrático levantar a voz contra uma empresa que a muito não vêm honrando com seus compromissos em favor dos seus clientes. O que foi dito pelo Zé Roberto e Bruno Falcão é a realidade, ou seja, a UNIMED deixou de ser um plano de saúde forte e consolidado, pelo menos aqui em Mossoró, mas creio que seja assim em todos os lugares. Basta analisarmos os problemas que essa cooperativa está tendo desde 2006 (acho??), quando por falta de uma gestão séria levou os seus cooperados a pagarem pelos prejuizos oriundos da má gestão. Lembro que naquela ocasião muitos médicos deixaram de atender e outros limitaram suas agendas para atender esse plano. Na realidade, vivemos num país onde o sistema público de saúde não dar as respostas necessárias a população, forçando aquelas que detém um poder aquisitivo maior recorrer a esse tipo empresas para poderem receber o que o estado não é capaz de suprir, mas essas empresas que parecem tão sólidas, as vezes, são só aparências. Para finalizar, gostaria de deixar claro que os médicos que fazem essa cooperativa são os que menos ganham, ou seja, de um modo geral imagino que dos custos operacionais de um plano como esse os médicos devem corresponder a uns 20%. Sendo assim, se a cooperativa foi criada para garatir a integridade dos honorários dos médicos, eles estão fazendo um mal negócio (do ponto de vista do retorno do capital) pois ganham a menor fatia do bolo e, ainda, se a cooperativa der prejuizo são eles os responsáveis pelo problema, ou seja, é o mesmo que investir em ações, nem sempre se ganha. Dessa forma quem perde são os usuários e os cooperados, quem estará ganhando????

  8. Marcia Célia Freitas de Souza Dias diz:

    Caro Carlos Santos, caríssimos leitores. Sou médica, ex-cooperada da UNIMED, porém sua usuária. Vejo com muita preocupação esse dilema. Meu pai, o saudoso Dr Osias se orgulhava de ser um dos fundadores da UNIMED Mossoró e lutou e acreditou em uma classe médica unida, forte e bem remunerada. No entanto, quase 5 anos após a sua morte, vemos usuários insatisfeitos e seguradora em dificuldades. Em 2004, qno 3m 1u3 deixei de ser cooperada, paguei um prejuízo de mais de R$ 8.000,00. Dr Paiva Lopes não quis dizer o valor do EEG, mas faço ideia! Hoje a UNIMED paga menos aos seus cooperados que muitos outros planos de saúde “que exploram a classe médica”. Resultado: médicos que limitam seu atendimento ou pelos baixos valores pagos ou pelo medo de novo prejuízo. Às vezes, só consigo uma consulta para mim ou alguém meu por ser médica também. Sinceramente, uma operação matemática dificil de contabilizar: os custos da saúde tecnológica e os valores pagos pelos usuários. Um problema bem maior que UNIMED-usuário. Um problema de saúde pública.
    Atenciosamente,
    Márcia

  9. LEO DE SOUZA GUERREIRO diz:

    RECICLAGEM ACONTECE SEMPRE, CONGRESSOS ANUAIS, LIVROS, INTERNET…. NOSSOS HOSPITAIS ESTÃO EM BOA FORMA, TOMOGRAFOS, RESSONANCIAS, ELETROENCEFALOGRAMAS, ATÉ A SAO CAMILO TEM UM APARELHO…. BONS PROFISSIONAIS DE FORA ATENDENDO NA CIDADE, VIERAM DE ONDE TODOS VEM, DOS HOSPITAIS DO CENTRO-SUL…. ESTAMOS NUM PARAÍSO. O PROBLEMA SAO ESSES PLANOS SAFADOS. EM MACEIO HOJE TODA CLASSE MEDICA SAIU DO SUS…..

  10. Dra. Vida Maria Burgos diz:

    Depois da resposta de Teresa ao “auê” de Dr. Paiva Lopes, eu, se fosse ele, pederia desculpas a essa mãe. Quem dá uma resposta educada dessas a uma pessoa que durante todo o tempo tratou-a com ironia e descaso cumpre o maior e mais verdadeiro protocolo da justiça, da ética e do caráter. Acho sinceramente, Dr. Paiva Lopes, que está na hora de fazer o que senhor mesmo disse em outros comentários – se aposentar. E dona Teresa, não conheço a senhora, mas desde já tens minha admiração. Vou visitá-la qualquer dia. A senhora nos deu uma lição de vida, uma aula de dignidade, de caráter, de decência, características raras hoje em dia. Que resposta! Que resposta! Carlos, como leitora, peço publicação em espaço aberto, outra pessoas devem ler a resposta dessa mãe.

  11. Márcia Lima diz:

    Caracaaaaaa!!! Excelente a resposta de Dona Teresa, viu! E se eu fosse DR. Paiva estendia era uma tapete vermelho pra quando ela chegasse com Fernanda.

  12. Gabriela Damásio diz:

    Carlos Santos, a resposta de Teresa merece ser republicada! Agora, eu, sendo ela, não deixava esse médico tocar na minha filha. Ele não é digno disso.

  13. Eduardo Magalhães - Jornal de Hoje diz:

    Qualquer pessoa sã, que seja dotada da mínima inteligência deve fazer uma comparação entre a resposta do médico e da mãe. Analise e responda: quem realmente está com a razão?
    Caráter é berço. É tratamento. A tranquilidade de Teresa, a firmeza, a segurança da verdade e da honra. Dona Teresa, estou emocionada com sua palavras. Dr. Paiva, aprenda a lição dessa vez. Aprenda o que realmente é fazer tempesta em copo d’água e pare de fazer tempestade em copinhos de café. Deveria ter tido outra conduta, ligado pra mãe, se redimido, feito cumprir seu juramento. Merecia um processo pelo o que deixou entender o que significa uma pessoa deficiente pra você. Agora, lembre-se, o senhor deve ser pai, deve ter filhos, netos, bisnetos, não está livre de uma criança especial na família, não está livre de um dia, idoso, ficar num quadro crônico como o de Fernanda. E ai? É para pensarmos de você o que você pensa dela? Foi no mínimo mal educado, pra não chamar de outras coisas… E outra coisa que não consigo entender é esse descaso da UNIMED. É indecente.

  14. Juliana P. Fernandes diz:

    “O que me levou a responder a esta senhora (que continuo sem conhece-la…” Como sempre esnobe. Você não a conhecia, Dr. Paiva, corrija-se, porque a partir de agora tem um detalhe: tenho certeza que você nunca mais você vai esquecê-la. É uma senhora que tem respeito pelo próximo e que parece ter mais conhecimento sobre a Síndrome e respeito na sociedade do que o senhor. Mesmo os que não a conhecem, como eu, se solidarizam.

    Vou só corrigir o ‘conhecê-la’ da sua citação, ok?

Faça um Comentário

*


Current day month ye@r *

Home | Quem Somos | Regras | Opinião | Especial | Favoritos | Histórico | Fale Conosco
© Copyright 2011 - 2025. Todos os Direitos Reservados.