Sou instado a emitir ponto de vista sobre a iminente possibilidade da facção política da prefeita-enfermeira Fátima Rosado (DEM) lançar candidatura própria à Câmara Federal. Vou fazê-lo agora.
Na verdade, é apenas reiterar o que escrevo há anos.
É legítimo, compreensível e politicamente sensato o projeto em gestação para que existam duas candidaturas, uma a deputado federal e outra a deputado estadual, nascidas do "útero" do chamado "fafaísmo".
Cantei a "pedra" ainda ano passado. A partir daí desabou uma avalanche de desmentidos, sobretudo de setores da imprensa que fazem jornalismo político conforme a vontade alheia, terceirizando opinião. Os próprios personagens de meus enfoques injetaram declarações despistando a realidade.
Bem, mas aí são outros quinhentos. Não vou divagar. Vamos ao que realmente interessa.
A ala política de Fátima nunca teve aproveitamento no metiêr no clã Rosado, em termos de candidatura direta. Sempre cumprira papel secundário e como força auxiliar do líder Vingt Rosado, até por imposição do patriarca Dix-neuf Rosado, que nunca admitiu candidatura de nenhum de seus filhos.
Fátima, ou "Fafá", foi uma "invenção" do grupo da deputada federal Sandra Rosado (PSB), que temia outra derrota fragorosa para Rosalba Ciarlini (DEM) em 2000. Botou Fátima como boi-de-piranha e essa virou um "fenômeno" por perder por menos de 15 mil votos de maioria.
Depois, nas mãos do outro primo Carlos Augusto Rosado (DEM), marido de Rosalba (hoje senadora), Fátima mudou de lado e ganhou a Prefeitura de Mossoró por duas vezes. Mesmo com administrações que se destacam pela esqualidez moral e flacidez gerencial, tem um caixa com receita/mês da ordem de R$ 30 milhões.
Quem desistiria de avançar na política, com uma arma de tamanha envergadura e alcance à mão?
O fafaísmo tem uma bifurcação adiante de si. São escolhas escludentes: pode terminar no mandato de Fátima, que vai constitucionalmente até 31 de dezembro de 2012 (caso consiga se livrar de processo de cassação em curso) ou segue em frente com nomes na Assembleia Legislativa e Câmara Federal.
Como continuar então? Com gente de sua estrita confiança em mais mandatos eletivos.
Umbigo
Num detalhe os Rosado são todos iguais, seja qual for sua banda política: só enxergam o próprio umbigo. São oligárquicos extremados. A patota de Fafá funciona de modo ainda mais fechado, como uma seita. Na prática já promoveu a ruptura, com distanciamento do casal Carlos-Rosalba.
Ambos não apitam nada na prefeitura. Simulam aparente normalidade, porque querem pelo menos o apoio da máquina municipal ao projeto da senadora chegar ao governo em 2010. Resta saber se até a campanha do próximo ano, mesmo só de fachada, essa coabitação sobreviverá a interesses que não param de se conflitar.
O líder do fafaísmo, agitador cultural Gustavo Rosado, irmão da prefeita, tem meios para fazer um deputado federal e um estadual à sombra do estandarte Fátima Rosado e sob o combustível da prefeitura. Só não acionará o botão desse projeto em definitivo e de modo irreversível, se for catapultado do poder pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ou por surto de medo. Do contrário, quem for frouxo que saia da frente.
Gustavo, o deputado estadual songamonga Leonardo Nogueira (DEM) e sua mulher, Fátima, não maquinam nenhuma anormalidade. Apenas repetem, na prática, o que a própria Rosalba e Carlos fizeram com o ex-prefeito Dix-huit Rosado no final dos anos 80.
Rosalba foi eleita à primeira a vez à prefeitura em 1988, com o apoio de Dix-huit, tio de Carlos, que era o governante. No poder, o casal promoveu expurgo de tudo que pudesse lembrar a passagem dele pelo governo. Hoje não podem se queixar. A história se repete, como teorizava o filósofo Hegel.
Com o mínimo de distanciamento crítico é possível se perceber o seguinte: Carlos e Rosalba não estão em condições políticas e morais de atirarem a primeira pedra contra a patota de Fafá, Gustavo e de Leonardo (com aquele olhar bovino).
Foto: Carlos Augusto (Acervo do Blog do Carlos Santos).
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