Na verdade a obra deveria ter sido inaugurada em junho do ano passado, mas a escassez de recursos postergou o acontecimento. Trata-se de um complexo destinado ao lazer e à cultura dos mossoroenses, formado por uma série de construções que contam, duma certa maneira, a história arquitetônica da cidade com seus variados estilos de época, em grande parte desaparecidos pela ação corrosiva do homem.
Não sei de quem terá sido a idéia de promover, em pleno coração da cidade, o renascimento de uma significativa parcela da sua história, representada, no presente caso, pela arquitetura, caracterizadamente, eclética, que passa a conviver e se relacionar, em termos estéticos e espaciais, com novas e arrojadas construções que privilegiam a verticalidade. Mossoró, fiel à sua vocação expansionista que a transformou, no curso dos anos, na segunda mais importante cidade-pólo do estado, alcança, assim, o céu, por orgulho de ser da terra.
Parte da memória desaparecida de Mossoró é recuperada, agora, através desse empreendimento – um conjunto de vinte e quatro edificações, de variadas dimensões e formatos –, construÃdo com a finalidade proporcionar oportunidades de negócios, otimizando as relações interpessoais e, a um tempo, servindo de eixo associativo ao que se caracteriza como um complexo multifuncional que coloca a cidade numa posição de vanguarda em relação a Natal, uma cidade que carece de equipamentos desse porte destinado ao incremento da cultura, do turismo e do lazer no estado. Tudo em uma grande área de fácil acesso.
Há quem afirme que a obra é desnecessária. De fato, se considerarmos que a segunda cidade mais importante do estado não conta ainda com uma UTI Neonatal, a critica se justifica.
Ainda mais considerando-se que a atual prefeita é enfermeira formada e, como tal, deveria dispensar melhor atenção à saúde dos cidadãos que governa. Não sei se há estatÃstica, mas o número de crianças que morrem em Mossoró, por falta de assistência hospitalar adequada, é alarmante. Um espÃrito galhofeiro ou indiferente ao drama de centenas de famÃlias, diria simplesmente que o espÃrito de Herodes reincarnou em Mossoró…
No momento a obra [voltando ao assunto desta crônica] está se arrastando, quase parando, dizem que por falta de recursos, pois a prefeitura está com os cofres emborcados e a própria administração à beira da falência.
A responsabilidade de tamanho descalabro é atribuÃda à falta de comedimento do interino da prefeita, seu irmão Gustavo Rosado, que pensa mais nos seus do que nos interesses dos outros – os desvalidos mossoroenses que esperam seja o dinheiro de seus impostos usados em favor de toda gente e não apenas de um grupo empenhado em se dar bem.
Franklin Jorge é escritor e jornalista – franklinjorge@yahoo.com.br
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