• Cachaça San Valle - Topo - Nilton Baresi
domingo - 02/03/2008 - 00:43h

A Praça da Convivência

A prefeita Fafá Rosado lega a Mossoró uma “praça da convivência”, construída ao longo de um trecho da Avenida Rio Branco, numa área nobre da cidade que constitui uma espécie de corredor cultural integrado pela Estação das Artes, pelo Teatro Municipal e o Memorial da Resistência, desembocando mais adiante num parque infantil, como grande parte desse empreendimento, ainda em fase de conclusão.

Na verdade a obra deveria ter sido inaugurada em junho do ano passado, mas a escassez de recursos postergou o acontecimento. Trata-se de um complexo destinado ao lazer e à cultura dos mossoroenses, formado por uma série de construções que contam, duma certa maneira, a história arquitetônica da cidade com seus variados estilos de época, em grande parte desaparecidos pela ação corrosiva do homem.

Não sei de quem terá sido a idéia de promover, em pleno coração da cidade, o renascimento de uma significativa parcela da sua história, representada, no presente caso, pela arquitetura, caracterizadamente, eclética, que passa a conviver e se relacionar, em termos estéticos e espaciais, com novas e arrojadas construções que privilegiam a verticalidade. Mossoró, fiel à sua vocação expansionista que a transformou, no curso dos anos, na segunda mais importante cidade-pólo do estado, alcança, assim, o céu, por orgulho de ser da terra.

Parte da memória desaparecida de Mossoró é recuperada, agora, através desse empreendimento – um conjunto de vinte e quatro edificações, de variadas dimensões e formatos –, construído com a finalidade proporcionar oportunidades de negócios, otimizando as relações interpessoais e, a um tempo, servindo de eixo associativo ao que se caracteriza como um complexo multifuncional que coloca a cidade numa posição de vanguarda em relação a Natal, uma cidade que carece de equipamentos desse porte destinado ao incremento da cultura, do turismo e do lazer no estado. Tudo em uma grande área de fácil acesso.

Há quem afirme que a obra é desnecessária. De fato, se considerarmos que a segunda cidade mais importante do estado não conta ainda com uma UTI Neonatal, a critica se justifica.

Ainda mais considerando-se que a atual prefeita é enfermeira formada e, como tal, deveria dispensar melhor atenção à saúde dos cidadãos que governa. Não sei se há estatística, mas o número de crianças que morrem em Mossoró, por falta de assistência hospitalar adequada, é alarmante. Um espírito galhofeiro ou indiferente ao drama de centenas de famílias, diria simplesmente que o espírito de Herodes reincarnou em Mossoró…

No momento a obra [voltando ao assunto desta crônica] está se arrastando, quase parando, dizem que por falta de recursos, pois a prefeitura está com os cofres emborcados e a própria administração à beira da falência.

A responsabilidade de tamanho descalabro é atribuída à falta de comedimento do interino da prefeita, seu irmão Gustavo Rosado, que pensa mais nos seus do que nos interesses dos outros – os desvalidos mossoroenses que esperam seja o dinheiro de seus impostos usados em favor de toda gente e não apenas de um grupo empenhado em se dar bem.

Franklin Jorge é escritor e jornalista – franklinjorge@yahoo.com.br

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Categoria(s): Fred Mercury

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